You are on page 1of 15

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ARQUITETURA E URBANISMO

ANA LUÍSA VOLTOLINI


FÁBIO ALEXANDRE MEDVID
HENRIQUE STEFFENS

LEVANTAMENTO, IDENTIFICAÇÃO E MAPEAMENTO DE PATOLOGIAS EM


CONSTRUÇÃO PRÉ-EXISTENTE
Túmulo do Cemitério Municipal São Francisco de Paula, Curitiba/PR

Trabalho de graduação apresentado


à disciplina de Patrimônio e
Técnicas Retrospectivas II (TA098)
do curso de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Profª. Draª. Elizabeth
Amorim de Castro

CURITIBA
2018
3

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................4
2. DIAGNÓSTICO................................................................................................5
2.1. MAPEAMENTO DE DANOS..............................................................5
2.2. ANÁLISES DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO.................................6
2.2.1. AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS
MATERIAIS.....................................................................................7
2.2.1.1. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS MATERIAIS
SEGUNDO VISTA DO MAPEAMENTO DE DANOS...........8
2.2.1.2. SUGESTÃO DE TRATAMENTO DAS
PATOLOGIAS DOS MATERIAIS.......................................13
REFERÊNCIAS.................................................................................................15
4

1.INTRODUÇÃO

O presente trabalho é a segunda dentre duas etapas de um


levantamento de dados referentes ao túmulo da família Ciro Mondrone, que se
encontra no Cemitério São Francisco de Paula, localizado no bairro São
Francisco, na cidade de Curitiba. O projeto faz parte de uma parceria entre a
Profª. Draª Elizabeth Amorim de Castro e a Pesquisadora Cemiterial Clarissa
Grassi, no qual os alunos daquela analisam e compilam dados acerca de
túmulos, que posteriormente podem vir a tornar-se subsídios para o processo
de tombamento e restauração do cemitério.
Esta parte do levantamento será organizada a partir da segunda etapa
recomendada para projeto de intervenção no patrimônio edificado, do Manual
de Elaboração de Projetos do Programa Monumenta. Esta é uma iniciativa do
IPHAN para a recuperação de imóveis privados em centros históricos.

1. Identificação e Conhecimento do Bem;


2. Diagnóstico;
3. Proposta de Intervenção;

Conforme o manual, esta etapa será dividida em:

a) Mapeamento de Danos;

b) Análises do Estado de Conservação;


• Avaliação do Estado de Conservação dos Materiais;
• Avaliação do Estado de Conservação do Sistema Estrutural;
• Identificação dos Agentes Degradadores; *
• Caracterização dos Danos de Fundação e Danos Estruturais; **
*Os agentes degradadores serão relacionados aos materiais por meio de
tabela, não contanto com tópico específico;
** A etapa de caracterização dos danos de fundação e danos estruturais estará
junta à avaliação do estado de conservação do sistema estrutural.
5

c) Estudos Geotécnicos; *

d) Ensaios e Testes*
• Arquitetônica;
• Estrutural e do Sistema Construtivo;
• Arqueológica;

* Estudos geotécnicos e ensaios e testes não poderão ser efetuados, visto que
este trata-se de um trabalho de graduação realizado sem vínculos com a
Prefeitura Municipal de Curitiba. No entanto, parte dos dados referentes a essa
etapa poderão ser identificados pela análise das fotos anexas.

2. DIAGNÓSTICO

2.1. MAPEAMENTO DE DANOS

Em consonância com o guia para realização de mapeamento de danos


de Jorge Eduardo Lucena Tinoco (2009), optou-se pelo método misto para a
realização deste processo.
Dessa forma, a abordagem contou com métodos de análise diretos,
como, tendo sido o túmulo e suas patologias medidas in loco pela equipe
responsável por este trabalho. Os métodos indiretos, por sua vez, foram a
elaboração de desenhos à mão livre, e a sobreposição destes e de fotografias
por meio de software às elevações do levantamento anterior, para que se
obtivesse uma análise mais precisa do perímetro das patologias evidenciadas,
sem causar-se danos ao objeto de estudo.
O mapeamento de danos foi compilado nas 5 pranchas anexas a este
trabalho.
6

2.2. ANÁLISES DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO

Esta etapa faz-se necessária para que os dados obtidos no mapeamento


de danos analisados e compreendidos frente à materialidade física do objeto
em questão. Busca-se compreender a relação entre a localização dos danos e
a materialidade do túmulo – sua volumetria e materiais empregados.

Figuras 1 e 2 – Estado atual de conservação do túmulo


(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
7

2.2.1. AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS MATERIAIS

Como relatado na etapa anterior deste trabalho, a base do túmulo é feita


de granito, a carneira, de alvenaria, com uma porta de mármore escuro, o
oratório, também de alvenaria, com janelas laterais protegidas por vergalhões e
uma porta de metal ricamente adornado em sua fachada.
Acrescenta-se aos dados já levantados que a porta de metal foi pintada
com tinta metálica prateada e que carneira é revestida por uma argamassa de
superfície irregular, pintada em reforma posterior de branco. Aparentemente, a
reforma não contou com uma restauração da superfície do túmulo, visto que as
irregularidades de sua superfície estão recobertas por tinta.

Figura 3 – Lateral do Túmulo, evidenciando área onde a pintura descascou e este foi repintado
(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
8

A totalidade dos danos encontrados será caracterizada, localizada


segundo vista do mapeamento de danos e relacionada às suas respectivas
causas a seguir. Também serão sugeridas medidas de tratamento para eles.

2.2.1.1. ESTADO DE CONSERVAÇÃO DOS MATERIAIS


SEGUNDO VISTA DO MAPEAMENTO DE DANOS

TABELA 1 - RELAÇÃO DE PATOLOGIAS – ELEVAÇÃO SUPERIOR

ELEVAÇÃO SUPERIOR

MATERIAL COMPONENTE LOCAL PATOLOGIAS CAUSAS


Possíveis impactos,
contração e
expansão por
Granito Embasamento À frente da carneira Fissuras
variação térmica,
movimentos de
solo
Má aplicação da
4 pontos, próximos técnica,
Acabamento Carneira Fissuras
aos vasos umidade e/ou ação
humana
(FONTE: Os autores, com base no Manual de Conservação Preventiva)

Figuras 4 e 5 – fotos de danos da elevação superior


(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
9

TABELA 2 - RELAÇÃO DE PATOLOGIAS – ELEVAÇÃO FRONTAL

ELEVAÇÃO FRONTAL

MATERIAL COMPONENTE LOCAL PATOLOGIAS CAUSAS


Possíveis impactos,
contração e
expansão por
Granito Embasamento 4 pontos Fissuras
variação térmica,
movimentos de
solo
Interface entre
Umidade, poluição
Acabamento Carneira carneira e Crosta negra
atmosférica
embasamento
Má aplicação da
Canto superior técnica,
Acabamento Carneira Fissuras
direito umidade e/ou ação
humana
Oxidação das placas
Localização das 7 Manchas de
Acabamento Oratório anteriormente
placas furtadas ferrugem
presentes
Localização das 7
Acabamento Oratório Sobra de argamassa Furto das placas
placas furtadas
Localização das 7
Acabamento Oratório Desplacamento Furto das placas
placas furtadas
Próximo ao friso do Mancha irregular e Umidade, poluição
Acabamento Oratório
arco gótico imprecisa atmosférica
Superfícies Erosão química e
Acabamento Cruz Superfície corroída
superiores física (chuva)
Má aplicação da
Acabamento Cruz Bem distribuído Desplacamento técnica,
erosão

(FONTE: Os autores, com base no Manual de Conservação Preventiva)

Figuras 6 a 9 – fotos de danos da elevação frontal


(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
10

TABELA 3 - RELAÇÃO DE PATOLOGIAS – ELEVAÇÃO LATERAL 1

ELEVAÇÃO LATERAL 1

MATERIAL COMPONENTE LOCAL PATOLOGIAS CAUSAS

Interface entre
Umidade, poluição
Acabamento Carneira carneira e Crosta negra
atmosférica
embasamento
Má aplicação da
técnica,
Acabamento Carneira 7 pontos Fissuras
umidade e/ou ação
humana
Ao longo de toda a
superfície, no Mancha irregular e Umidade, poluição
Acabamento Carneira
sentido cima - imprecisa atmosférica
baixo
Umidade, poluição
Superfície superior,
Acabamento Carneira Desplacamento atmosférica,
em 2 pontos
impactos
Ao longo de toda a
superfície, no Mancha irregular e Umidade, poluição
Acabamento Oratório
sentido cima - imprecisa atmosférica
baixo
Interface entre argo Umidade, poluição
Acabamento Oratório Crosta negra
gótico e friso atmosférica

(FONTE: Os autores, com base no Manual de Conservação Preventiva)

Figuras 9 e 10 – fotos de danos da elevação lateral 1


(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
11

TABELA 4 - RELAÇÃO DE PATOLOGIAS – ELEVAÇÃO LATERAL 2

ELEVAÇÃO LATERAL 2

MATERIAL COMPONENTE LOCAL PATOLOGIAS CAUSAS


Interface entre
Umidade, poluição
Acabamento Carneira carneira e Crosta negra
atmosférica
embasamento
Má aplicação da
técnica,
Acabamento Carneira 7 pontos Fissuras
umidade e/ou ação
humana
Ao longo de toda a
superfície, no Mancha irregular e Umidade, poluição
Acabamento Carneira
sentido cima - imprecisa atmosférica
baixo
Umidade, poluição
Superfície superior,
Acabamento Carneira Desplacamento atmosférica,
em 2 pontos
impactos
Ao longo de toda a
superfície, no Mancha irregular e Umidade, poluição
Acabamento Oratório
sentido cima - imprecisa atmosférica
baixo
Interface entre argo Umidade, poluição
Acabamento Oratório Crosta negra
gótico e friso atmosférica

(FONTE: Os autores, com base no Manual de Conservação Preventiva)

Figuras 9 e 10 – fotos de danos da elevação lateral 2


(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
12

TABELA 5 - RELAÇÃO DE PATOLOGIAS – ELEVAÇÃO POSTERIOR

ELEVAÇÃO POSTERIOR

MATERIAL COMPONENTE LOCAL PATOLOGIAS CAUSAS

Possíveis impactos,
contração e
expansão por
Granito Embasamento 4 pontos Fissuras
variação térmica,
movimentos de
solo
Ao longo do
perímetro da Umidade, poluição
Acabamento Embasamento Crosta negra
elevação posterior atmosférica
do embasamento
Interface entre
Umidade, poluição
Acabamento Carneira carneira e Crosta negra
atmosférica
embasamento
Má aplicação da
Centro da elevação
técnica,
Acabamento Carneira posterior da Mancha escura
umidade e/ou ação
carneira
humana
Canto superior
Umidade, poluição
Acabamento Carneira esquerdo da Crosta negra
atmosférica
elevação
Interface entre cruz
Umidade, poluição
Acabamento Cruz e seu Crosta negra
atmosférica
embasamento
Superfícies Erosão química e
Acabamento Cruz Superfície corroída
superiores física (chuva)
Má aplicação da
Acabamento Cruz Bem distribuído Desplacamento técnica,
erosão
(FONTE: Os autores, com base no Manual de Conservação Preventiva)

Figuras 11 a 13 – fotos de danos da elevação posterior


(FONTE: VOLTOLINI, A, 2018. Editada pelos autores)
13

Frente ao levantamento, percebe-se a água como causadora da maior


parte das patologias. Tal fato se deve à presença de vários frisos que
favorecem a retenção de líquido e à interface entre a carneira e o
embasamento contar com nenhum tipo de tratamento específico.
A cruz acabou por ser o ponto mais atingido do bem, visto sua
localização e forma, estando sujeita a intemperismo físico e químico de todas
as direções através de ventos e chuva. Além disso, a retirada das placas foi
particularmente danosa para a composição formal do túmulo.
Por fim, pode-se ressaltar que embora uma série de patologias
tenha sido levantada e que estas requerem tratamentos específicos, o estado
de conservação do túmulo é razoável frente à sua idade.

2.2.1.2. SUGESTÃO DE TRATAMENTO DAS PATOLOGIAS DOS


MATERIAIS

TABELA 6 – SUGESTÃO DE TRATAMENTO POR MATERIAL


SUGESTÃO DE TRATAMENTO POR MATERIAL
MATERIAL PATOLOGIA TRATAMENTO
Granito Fissuras Preenchimento de fissuras com pasta
Acabamento Fissuras Preenchimento de fissuras com pasta ou argamassa
Limpeza por vaporização de água ou limpeza por micro-
Acabamento Crosta negra
jateamento (para elementos decorativos)
Eliminar totalmente todas as partes soltas ou mal
Acabamento Superfície corroída aderidas, raspando ou escovando a superfície;
Substituição ou recomposição de reboco.
Eliminar totalmente todas as partes soltas ou mal
Acabamento Desplacamento aderidas, raspando ou escovando a superfície;
Substituição ou recomposição de reboco.
Mancha irregular e
Acabamento Limpeza por vaporização de água
imprecisa
Eliminar totalmente todas as partes soltas ou mal
Acabamento Sobra de argamassa
aderidas, raspando a superfície
Acabamento Manchas de ferrugem Limpeza por microjateamento
Acabamento Mancha escura Limpeza por vaporização de água

(FONTE: Os autores, com base no Manual de Conservação Preventiva)


14

Percebe-se que a maior parte das patologias levantadas podem ser


solucionadas por métodos razoavelmente simples, sendo uma complexidade
maior apenas presentes nas fissuras do granito e do acabamento e na cruz,
devido ao elevado grau de corrosão de seu reboco. É notável, no entanto, que
embora o túmulo possa ser reparado, as placas permanecem insubstituíveis do
ponto de vista histórico, visto que marcam um acontecimento específico,
requerendo uma análise mais aprofundada acerca da ética da substituição
delas para com a veracidade histórica do patrimônio.

2.3. AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO SISTEMA


ESTRUTURAL

Levando-se em consideração a impossibilidade da realização de


prospecções neste levantamento, não foram constados danos de fundação e
danos estruturais no bem em questão. Há pequenas rachaduras ao longo de
todas as faces do embasamento e nas elevações frontal e laterais da carneira.
Seu pequeno tamanho e abertura sugerem que se trata de um problema
quanto ao revestimento do túmulo ao invés de envolver questões estruturais,
no entanto, tais rachaduras servem de pontos de infiltração, o que pode,
futuramente, danificar a estrutura de alvenaria do bem em questão. Além disso,
há uma grande macha na porção posterior do túmulo que sugere a
possibilidade de dano estrutural aos tijolos da carneira, mas tal caso também
pode ser apenas dano ao revestimento.
15

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Cultura. Instituto do Programa Monumenta. Manual de


elaboração de projetos de preservação do patrimônio cultural. CADERNO
TÉCNICO. Brasília: Ministério da Cultura, 2005.

KLÜPPEL, G. P; SANTANA, M. C. Manual de Conservação Preventiva para


Edificações. Brasília: Iphan / Programa Monumenta, 2008. 243p.

TINOCO, Jorge Eduardo Lucena. Mapa de Danos - Recomendações


básicas.
Textos para discussão - Série 2: Gestão de Restauro. Olinda: CECI, 2009

You might also like