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RECIFE
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
RECIFE
2013
UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
A monografia:
Data da defesa:
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Orientador – UFPE
____________________________________________
Examinador
RECIFE
2013
Agradecimentos
Aos meus pais, Antônio e Marta, pois o que sou eu, senão um produto do
amor de vocês? Agradeço a forma como me educaram e pelo exemplo de
honestidade que são. Sempre carregarei e tentarei transmitir aos que estiverem
comigo os ensinamentos que vocês me passaram.
À minha namorada, Thaís, por ter me feito crescer todos esses anos e por
acreditar em mim, quando, às vezes, nem eu mesmo acredito. Não poderia deixar
de mencionar, também, o incentivo para escrever essa monografia, se não fosse
você, eu provavelmente ainda estaria começando.
(Adam Smith)
RESUMO
This work’s objective was to analyze the configuration of the relationship between
concentration and profitability in the Brazilian industry throughout the first decade of
the XXI century. To that end, it was made a revision of the literature that deals with
this subject in order to show the relevance of the topic over the course of the various
schools of thought that ever dominated the mainstream of the industrial economics.
Furthermore, a brief explanation of the Brazilian economy in the period under study
was developed in order to situate the work in an economic context. The concentration
ratio and the profitability rate were calculated based on data taken from the
publication “Exame: Maiores e Melhores”. No clear trend of concentration or
deconcentration could be observed in the period. From statistical and econometric
tests we observed a small positive correlation between the elements discussed, the
result, however, was not statistically significant.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
2 REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................... 12
2.1 DEFINIÇÃO DE OLIGOPÓLIO............................................................................ 12
2.2 MODELOS TRADICIONAIS DE OLIGOPÓLIO ................................................... 13
2.2.1 Modelo de Counot ............................................................................................ 14
2.2.2 Modelo de Bertrand .......................................................................................... 15
2.2.3 Modelo de Stackelberg ..................................................................................... 16
2.2.4 Conluio ............................................................................................................. 17
2.3 PARADIGMA ESTRUTURA-CONDUTA-DESEMPENHO................................... 19
2.3.1 Críticas à Abordagem Marginalista .................................................................. 19
2.3.2 Base Teórica do Paradigma ECD .................................................................... 22
2.3.2.1 Contribuições de J. S. Bain ........................................................................... 24
2.4 ESCOLAS ALTERNATIVAS DE PENSAMENTO ................................................ 27
2.4.1 A Escola de Chicago ........................................................................................ 27
2.4.2 A Escola Austríaca ........................................................................................... 28
2.4.3 Mercados Contestáveis .................................................................................... 29
2.4.4 Nova Economia Industrial................................................................................. 31
2.4.5 Outras Abordagens Importantes ...................................................................... 32
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 57
9
1 INTRODUÇÃO
realizados por E.S. Mason e J.S. Bain, a Economia Industrial começa a firmar-se
como uma disciplina de estudo própria. O escopo central de análise dessa nova
disciplina foi deslocado da teorização de modelos focados no comportamento das
firmas para estudos empíricos que relacionavam a estrutura do mercado, a conduta
das firmas e o desempenho econômico das mesmas, base do que ficou conhecido
por Paradigma Estrutura-Conduta-Desempenho. Desenvolvimentos mais recentes
no campo da disciplina em questão retomam a importância da conduta da firma na
teorização matemática de modelos de oligopólio. Essa linha de pensamento recente,
conhecida como Nova Economia Industrial, ganhou força pela falta de evidências
empíricas que demonstrassem satisfatoriamente as relações propostas pelo
paradigma anterior.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
Antes de versar sobre as diferentes escolas que tratam sobre esse tema, é
primordial ter-se em mente o modo de funcionamento do oligopólio. A característica
principal de um mercado que se encontra sob a estrutura de oligopólio é a de
interdependência econômica dos participantes. Isso ocorre porque nessa estrutura
de mercado há apenas poucos produtores e, cada um deles, possui certo poder de
mercado. Essa propriedade o diferencia das outras estruturas de mercado clássicas
básicas; o monopólio, em que há apenas um produtor, o qual detém todo o poder de
mercado, e a concorrência perfeita, em que existem inúmeros produtores, mas
nenhum possui poder de mercado.
13
Pode-se, ainda, de acordo com definição dada por P.S. LABINI (1986, p.35),
tipificar o oligopólio em três grupos: diferenciado, puro ou misto. O primeiro grupo, o
de oligopólio diferenciado, está comumente presente na produção de produtos
manufaturados de consumo e nas atividades comerciais, os quais produzem,
geralmente, bens diferenciados em relação aos consumidores. Labini sugere que o
segundo caso, de oligopólio puro, encontra-se principalmente em casos de setores
industriais que produzem bens com alto grau de homogeneidade e apresentam,
normalmente, elevada concentração. Finalmente, ele sugere ainda outro grupo, o de
oligopólio misto, que seria uma situação intermediária, que apresenta as
características da concentração e da diferenciação.
Pode-se, então, concluir que esse modelo apresenta mais valor no campo
teórico do que significância para análises de mercados reais.
seguidora irá decidir em que nível produzirá somente depois que a estratégia da
dominante já esteja definida.
2.2.4 Conluio
que cada empresa irá deter irão depender da capacidade de negociação de seus
membros.
Outro ponto que dificulta o exercício do cartel é o fato dele ser indesejável
socialmente. Isso já foi exposto por Adam Smith em seu clássico livro “A Riqueza
das Nações” (1776), quando ele afirmou que “pessoas do mesmo negócio raramente
se encontram, mesmo para alegria e diversão, mas a conversa termina em
conspiração contra o público ou em alguma maquinação para aumentar preços”.
Essa rejeição econômico-social advém de o cartel atuar como um monopolista, o
qual não é eficiente economicamente, posto que existe uma perda de peso morto.
Como a formação de cartéis não é bem quista do ponto de vista social, a formação
de conluios é uma prática proibida na grande maioria dos países, sendo, assim, alvo
de investigações criminais, dificultando o sucesso dos cartéis. Assim, de acordo com
J.E. STIGLITZ & C.E. WALSH (2003, p. 210, grifo do autor):
Além dos pontos evidenciados até aqui, vale também destacar a simplicidade
do objeto de competição nesses modelos. Como mencionado anteriormente, os
modelos referidos utilizavam apenas uma ferramenta de competição, ou o preço ou
a quantidade. Assim, uma dessas variáveis era sempre tomada como fixa, e a
estratégia de competição era formulada levando apenas a outra em consideração.
22
Bain segue, então, para definir quatro fontes básicas de barreiras à entrada:
____________________
¹ Material de apoio às aulas de Economia Industrial, ministradas pelo professor Zionam Rolim, 2º
semestre de 2012.
26
−
=
= preço limite;
= (1 + )
² Origem do “Postulado de Sylos”, o qual supõe que as firmas entrantes esperam que as firmas
estabelecidas manterão a mesma produção se aquelas entrarem no mercado.
³ Responsável, através do exame dos trabalhos de Bain e Sylos-Labini, pela formalização de um
modelo microeconômico geral de determinação de preços limites.
28
Essa escola pode ser considerada bastante hostil a explicações que envolvam poder
de mercado.
7,5%
Taxa de crescimento do PIB
8,0%
7,0%
6,1%
6,0% 5,7%
5,2%
5,0%
4,0%
4,0%
3,2%
3,0% 2,7%
14,0%
Taxa de inflação
12,5%
12,0%
2,0%
0,0%
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Gráfico 2 – Regime de metas de inflação no Brasil.
Fonte: BCB.
36
O setor industrial é o foco central desse trabalho de modo que essa seção é
dedicada a uma análise específica sobre esse setor. É fácil de ser observado no
Gráfico 3 que a indústria apresenta grande correlação com o PIB, em termos
estatísticos a correlação foi estimada em 0,94, sendo considerada altíssima. Isso
indica a importância desse setor na economia, e, ao mesmo tempo, que ele tem um
comportamento bastante dependente do contexto econômico vigente.
Variação anual
7,53%
4,00%
-0,33%
0,00%
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
-0,62%
-4,00%
-5,60%
-8,00%
4 CONCENTRAÇÃO X LUCRATIVIDADE
Apesar de ser considerada pelo autor como a fonte de dados mais viável para
a produção desse trabalho, ela apresenta algumas falhas importantes capazes de
influenciar o resultado. A primeira, e mais óbvia, desvantagem ao empregar essa
base de dados é que ela não considera todas as empresas da indústria brasileira,
mas apenas, como mencionado, as 500 maiores. Mesmo que essas 500 empresas
42
sejam responsáveis por boa parte da produção industrial brasileira, elas formam
apenas uma secção da indústria nacional, de forma que a análise aqui desenvolvida
é restrita, e não de abrangência completa.
Outra fragilidade dessa base de dados está relacionada ao modo como eles
são colhidos. As informações são obtidas junto às empresas, que não têm
obrigatoriedade de fornecê-las. A ausência de certos campos afetou de algum modo
os dados colhidos sobre lucro, pois nem todas as empresas divulgaram tal
informação, de forma que estas foram desconsideradas do cálculo da taxa de
lucratividade média de seu respectivo setor.
( )=
A partir do cálculo desses dois índices, será verificado se eles podem ser
adotados como substitutos. Assim, será examinada a correlação entre eles e
45
4.3 LUCRATIVIDADE
a taxa de lucratividade de cada indústria será considerada como a média das taxas
de lucratividade das suas cinco maiores empresas.
.⁄/
Tabela 4 - Índice de concentração e de lucratividade (2001-2010).
Setor Industrial &' (
Atacado 71,7% 1,2%
Autoindústria 50,9% 9,2%
Bens de Consumo 42,1% 4,5%
Eletroeletrônico 50,2% 4,2%
Energia 61,1% 4,5%
Farmacêutico 61,8% 4,4%
Indústria da Construção 47,3% 16,9%
Indústria Digital 62,1% 5,6%
Mineração 82,2% 36,4%
Produção Agropecuária 57,6% 3,0%
Química e Petroquímica 39,1% 3,2%
Serviços 47,0% 20,8%
Siderurgia e Metalurgia 46,9% 20,8%
Telecomunicações 71,1% 8,5%
Transporte 66,0% 6,2%
Varejo 47,0% 5,3%
Fonte: Exame: Maiores e Melhores (2001-2010), cálculo nosso.
51
Assim como no trabalho pioneiro de J.S. Bain, e como previu J.M. Connor
(1977), a correlação encontrada foi fraca. Para os dados da Tabela 4, o valor do
coeficiente de correlação entre a concentração, medida pelo CR , e a lucratividade,
medida pela taxa de lucro, foi de ) = 0,24. Essa correlação fraca pode não ser
significativa estatisticamente, de forma que se deve realizar um teste de hipóteses.
Para se calcular, então, o teste t unicaudal são consideradas as hipóteses:
−2
5 = )6
1−)
Tem-se que 57897:98;< = 0,9244 é menor que 57>í@A7< = 2,145, para grau de
liberdade 14 e significância de 5%. Assim, não se pode rejeitar a hipótese nula, e a
fraca correlação obtida entre concentração e lucratividade é insignificante
estatisticamente a 5%.
+C
B = −0,0084 + 0,1859 = 0,0575
D
35,0%
30,0%
25,0%
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0,0%
35,00% 45,00% 55,00% 65,00% 75,00% Concentração
4.4.1 Comentários
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante o período abrangido por esse estudo, pode-se dizer que, em geral, a
economia brasileira apresentou um bom desempenho. Presenciou-se nessa primeira
década do século XXI a consolidação da política de estabilização econômica, com o
controle da inflação, taxas satisfatórias de crescimento econômico e fortalecimento
da imagem externa do país. Quando se faz, por outro lado, um exame específico do
desempenho industrial, observa-se uma clara deterioração do setor. O valor
adicionado da produção industrial brasileira tem perdido rapidamente importância
em relação ao PIB, atingindo níveis assustadoramente baixos nos últimos anos.
Destaca-se, também, a gradativa perda de importância dos produtos manufaturados
na pauta de exportações, simultaneamente ao ganho de relevância dos produtos
55
Por meio do banco de dados da revista Exame, foram obtidos dados sobre
vendas e lucro das 500 maiores empresas do país, para os 16 mais importantes
setores industriais da amostra, durante o período de 2001-2010. De posse desses
dados, foi possível calcular-se a razão de concentração de ordem 5 para cada uma
dessas indústrias, bem como a taxa de lucratividade média das 5 maiores empresas
de cada setor.
REFERÊNCIAS
CANO, Wilson; SILVA, Ana Lucia Gonçalves da. Política industrial do governo Lula.
Campinas: Texto para Discussão. IE/UNICAMP, n.181, julho 2010.
RACAN, Antonella. The Origin of the Sylos Postulate: Modigliani’s and Sylos-Labini’s
Contributions to Oligopoly Theory. University of Molise, Italy: ECONOMICS &
STATISTICS DISCUSSION PAPER No. 070/12.