You are on page 1of 86

Sequências Numéricas e Séries

Do Rigor às Aplicações

Paulo Sérgio Costa Lino


Ao meu filho Gabriel
Prefácio

"O mundo é cada vez mais dominado pela Matemática".


A. F. Rimbaud

Um dos assuntos centrais na Matemática é o estudo das sequências, das


séries numéricas e das séries de potências. O desenvolvimento desta ciên-
cia está vinculado a algum processo que envolve a ideia de infinito. A adição
de uma soma com um número infinito de parcelas confundiu os matemáticos
por muitos séculos, mas após muito esforço, desenvolveu-se o conceito de
convergência, possibilitando grandes avanços nesta área.
Esta obra é composta de três pequenos capítulos direcionadas para os
alunos de licenciatura e bacharelado em Matemática, Física ou Engenharia.
Preferi seguir a linha de rigor matemático no desenvolvimento deste ma-
terial, mas recomendo que sejam omitidas a maioria das provas em uma
primeira leitura. Existem muitos exemplos relacionados com as aplicações
das séries infinitas no cálculo dos valores de funções exponenciais, logarít-
micas e trigonométrica, no cálculo de integrais definidas e no cálculo de lim-
ites indeterminados. Além disso, com objetivo de auxiliar na autoavaliação
contínua do leitor, apresentamos no final de cada capítulo as respostas dos
exercícios propostos.

Barra do Bugres, maio de 2014

Paulo Sérgio Costa Lino


Sumário

1 Sequências Numéricas 7
1.1 Conceitos e Propriedades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2 Operações com Limites de Sequências . . . . . . . . . . . . . 10
1.3 A Regra de L’Hospital . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.4 Sequências Limitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.5 Sequências Monótonas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.6 O Axioma da Completude e Consequências . . . . . . . . . . . 21
1.7 O Número e . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.8 Teste da Razão Para Sequências e Limites Especiais . . . . . 25
1.9 A Notação Somatório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
1.10 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
1.11 Exercícios Selecionados e Resolvidos . . . . . . . . . . . . . . 42

2 Séries Numéricas 44
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.2 Conceitos Preliminares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.3 A Série Harmônica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
2.4 A Série Geométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.5 As Séries do Tipo Telescópicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
2.6 O Teste da Divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
2.7 O Teste da Integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
2.8 O Teste da Comparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.9 O Teste da Comparação de Limite . . . . . . . . . . . . . . . . 63
2.10 O Teste Para Séries Alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.11 Convergência Absoluta . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
2.12 O Teste da Razão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
2.13 O Teste da Raiz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
2.14 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71

4
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

3 Séries de Potências 77
3.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.2 Exercícios Propostos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 78

4 Algumas Aplicações das Séries de Potências 79

5 Anexo A: Valor Absoluto de um Número Real 80

5
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

6
Capítulo 1

Sequências Numéricas

1.1 Conceitos e Propriedades


Definição 1.1 Uma sequência é uma função cujo domínio é o conjunto dos
números naturais. Matematicamente, temos

a : N −→ R
n 7−→ a(n) = an

Existem muitos modos de denotar uma sequência, tais como:

{a1 , a2 , a3 , . . . , an , an+1 , . . .}, {an }, {an }∞


n=1

Exercício Resolvido 1.1 Escreva os 5 primeiros termos das sequências abaixo


e coloque os pares ordenados em um sistema de coordenadas cartesianas.
a) {(−1)n }+∞
n=0

b) {2n}+∞
n=1
{ }+∞
1
c)
n n=1

Resolução: Os 5 primeiros termos das sequências dadas são:

a) 1, −1, 1, −1, 1
b) 2, 4, 6, 8, 10
c) 1, 1/2, 1/3, 1/4, 1/5

7
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

A primeira sequência acima é uma sequência oscilante, a segunda é uma


sequência crescente , pois seus termos aumenta a medida que aumentamos
n. A última sequência aproxima-se cada vez mais de zero e neste caso, dize-
mos que ela converge para zero. Apresentamos o conceito de convergência
na definição abaixo.

Figura 1.1: Diagrama para a convergência de uma sequência

Definição 1.2 Dizemos que


lim an = L ou que an → L quando n → +∞
n→+∞

se an aproxima-se de L quando aumentamos indefinidamente n. Rigorosa-


mente,
lim an = L
n→+∞

se para todo ϵ > 0, existe N ∈ N tal que se n > N , então |an − L| < ϵ.
Uma sequência que converge para algum limite é chamada de sequência
convergente.
Teorema 1.1 (Unicidade do Limite) Se an → L quando n → +∞, então L
é único.
Demonstração: Sejam L1 ̸= L2 . Suponhamos que an → L1 e an → L2
quando n → ∞ e seja ϵ = |L2 − L1 | > 0. Assim, existem N1 ∈ N tais que
|an − L1 | < ϵ/2 para todo n > N1 e N2 ∈ N tais que |an − L2 | < ϵ/2 para
todo n > N2 . Tomando N = max{N1 , N2 }, se n > N , temos:
ϵ ϵ
|L2 − L1 | = |(an − L1 ) − (an − L2 )| ≤ |an − L1 | + |an − L2 | < + = ϵ
2 2
Absurdo!


8
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Exercício Resolvido 1.2 A sequência {1/n}+∞


n=1 converge para zero.

1
Seja ϵ > 0. Devemos achar N ∈ N tal que se n > N , então − 0 < ϵ.

n
Assim, tomando um natural N tal que N > 1/ϵ segue que, se n > N , então

1
− 0 = 1 = 1 < 1 < ϵ
n n n N

ou seja, a sequência {1/n}+∞


n=1 converge para zero.

Definição 1.3 Uma sequência {an }n=1


+∞
que não é convergente é dita diver-
gente.

Definição 1.4 Dizemos que

lim an = +∞
n→+∞

se para todo número M > 0, existe N ∈ N tal que an > M para todo n > N .

Definição 1.5 Dizemos que

lim an = −∞
n→+∞

se para todo número M < 0, existe N ∈ N tal que an < M para todo n > N .

Das definições acima, podemos afirmar que se lim an não existe ou é


n→+∞
±∞, a sequência é divergente.

Teorema 1.2 (Critério do inverso) Se an > 0 para todo n ∈ N∗ então


1
lim an = 0 ⇔ lim = +∞
n→+∞ n→+∞ an

Demonstração: Se lim an = 0, dado ϵ > 0, existe N ∈ N tal que se


n→+∞
1 1 1
n > N , então |an | < ϵ. Assim, an < ϵ ⇒ > . Tomando M = ,
an ϵ ϵ
1 1
segue que > M , M arbritrário. Logo, lim = +∞.
an n→+∞ an


Teorema 1.3 Se p > 0, então lim np = +∞.


n→+∞

9
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Demonstração:
M > 0, existe N ∈ N tal que se n > N , então
Note que para todo √
np > M . Tomando N > p M segue o resultado.

1
Corolário 1.1 Se p > 0, então lim = 0.
n→+∞ np

Demonstração: Segue imediatamente do critério do inverso.




1.2 Operações com Limites de Sequências


Teorema 1.4 Sejam as sequências {an }+∞
n=1 e {bn }n=1 . Se an → L e bn →
+∞

M quando n → +∞, então

i) lim (an + bn ) = lim an + lim bn = L + M ;


n→+∞ n→+∞ n→+∞

ii) lim (can ) = c lim an = cL, para todo c ∈ R;


n→+∞ n→+∞

iii) lim (an · bn ) = lim an · lim an = L · M ;


n→+∞ n→+∞ n→+∞

an lim an L
n→+∞
iv) lim = = , desde que M ̸= 0.
n→+∞ bn lim bn M
n→+∞

Demonstração:

i) Seja ϵ > 0. Como an → L, existe N1 ∈ N tal que se n > N1 , então


ϵ
|an − L| < (1.1)
2
Analogamente, como bn → M , existe N2 ∈ N tal que se n > N2 , então
ϵ
|an − L| < (1.2)
2
Tomando N = max{N1 , N2 } e se n > N , segue que
ϵ ϵ
|an +bn −(L+M )| = |(an −L)+(bn −M )| ≤ |an −L|+|bn −M | < + =ϵ
2 2

10
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

ii) Se c, o resultado é imediato. Suponhamos que c ̸= 0 e seja ϵ > 0.


Sendo {an }+∞
n=1 convergente, existe N ∈ N tal que se n > N ,

ϵ
|an − L| <
|c|

Assim, se n > N , então


ϵ
|can − cL| = |c||an − L| < |c| · =ϵ
|c|

iii) Sendo {bn }+∞


n=1 convergente, pelo Teor. (1.7), existe P > 0 tal que
|bn | < P para todo n ∈ N. Além disso, dado ϵ > 0, existe N1 ∈ N tal
que se n > N1 , então
ϵ
|bn − M | < (1.3)
2P
Por outro lado, sendo {an }n=1
+∞
convergente, existe N2 ∈ N tal que se
n > N2 ,
ϵ
|an − L| < (1.4)
2|L|
Tomando N = max{N1 , N2 }, segue que se n > N , então

|an bn − LM | = |an bn − Lbn + Lbn − LM |


ϵ ϵ
≤ |bn ||an − L| + |L||bn − M | < P + |L| =ϵ
2P 2|L|

devido as desigualdades (1.3) e (1.4).

iv) Como bn → M ̸= 0, existe N1 ∈ N tal que

|bn − M | < 1 se n > N1 ⇒ M − 1 < bn < M + 1 se n > N1

Assim, se n > N1 ,
1 1
0 < |M + 1| < |bn | ⇒ < (1.5)
|bn | |M + 1|

Por outro lado, sendo {an }+∞ n=1 e {bn }n=1 sequências convergentes, pelo
+∞

Teor. (1.7), existem P1 , P2 > 0 tais que |an | < P1 e |bn | < P2 para todo
n ∈ N. Dado ϵ > 0, devemos exibir N ∈ N tal que

an L

bn − M < ϵ se n > N

11
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Como an → L, existe N2 > 0 tal que


|M + 1||M | ϵ
|an − L| < · (1.6)
P1 2
Analogamente, como bn → M , existe N3 > 0 tal que
|M + 1||M | ϵ
|bn − M | < · (1.7)
P2 2
Tomando N = max{N1 , N2 , N3 }, e usando (1.6) e (2.9), segue que se n >
N , então

an L an M − bn L an M − an bn + an bn − bn L
− = =
bn M bn M bn M
|an (M − bn ) + bn (an − L)| |an ||bn − M | + |bn ||an − L|
= ≤
|M ||bn | |M ||bn |
P1 P2
< · |bn − M | + · |an − L|
|M ||M + 1| |M ||M + 1|
P1 |M + 1||M | ϵ P2 |M + 1||M | ϵ
< · · + · · =ϵ
|M ||M + 1| P1 2 |M ||M + 1| P2 2


Exercício Resolvido 1.3 Use o Teor. (1.4) e calcule os limites abaixo:


n+1
a) lim
n→+∞ n
1
b) lim
n→+∞ n2

Resolução:
( )
n+1 1 1
a) lim = lim 1 + = lim 1 + lim =1+0=0
n→+∞ n n→+∞ n n→+∞ n→+∞ n

1 1 1
b) lim = lim · lim =0·0=0
n→+∞ n2 n→+∞ n n→+∞ n

1.3 A Regra de L’Hospital


Nesta seção relacionaremos limites de sequências com funções contínuas.
Para isso, vejamos o conceito de função contínua e suas consequências.

12
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Definição 1.6 Dizemos que a função f é contínua em x = x0 , sendo x0 ∈


D(f ), se dado ϵ > 0, existe δ > 0 tal que se

0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x) − f (x0 )| < ϵ

Teorema 1.5 Seja {an }+∞ n=1 uma sequência de números reais. Se an → L
quando n → +∞ e se f for uma função contínua em L e definida para todo
an , então f (an ) → f (L) quando n → +∞.

Demonstração: Seja ϵ > 0. Como an → L quando n → +∞, existe


n ∈ +∞, existe N ∈ N tal que |an − L| < ϵ se n > N . Como f é contínua em
L, tomando δ = ϵ, então se |an − L| < ϵ = δ, segue que |f (an ) − f (L)| < ϵ.

{ }+∞
1
Exercício Resolvido 1.4 Como → 0 quando n → +∞, então:
n n=1

1 √
a) → 0 = 0 quando n → +∞
n

b) e1/n → e0 quando n → +∞
( )
1
c) sin → sin 0 quando n → +∞
n

pois as funções f (x) = x, g(x) = ex e h(x) = sin x são contínuas em
x = 0.

Teorema 1.6 Suponha que f (x) seja uma função definida para todo x ≥
N0 , N0 ∈ N e que {an }∞ n=1 seja uma sequência de números reais tal que
an = f (n) para n ≥ N . Então,

lim f (x) = L ⇒ lim an = L


x→+∞ n→+∞

Demonstração: Suponha que lim f (x) = L. Dado ϵ > 0, existe M > 0


x→+∞
tal que |f (x) − L| < ϵ se x < M . Seja N ∈ N tal que N > max{N0 , M }.
Então, se n > N , temos an = f (n) e |an − L| = |f (n) − L| < ϵ.

Através deste teorema, podemos usar a regra de L’Hospital para encon-
trar o limite de várias sequências.

Exercício Resolvido 1.5 Use a regra de L’Hospital e calcule os limites abaixo:

13
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

n2 + 3n
a) lim
n→+∞ 4 − n2

b) lim n n
n→+∞

Resolução:

x2 + 3x
a) Seja f (x) = para x ≥ 3. Note que an = f (n) para n ≥ 3.
4 − x2
Como
( )
x2 + 3x L′ H 2x + 3 3
lim f (x) = lim = lim = lim −1− = −1
x→+∞ x→+∞ 4 − x2 x→+∞ −2x x→+∞ 2x

n2 + 3n
Logo, lim = −1.
n→+∞ 4 − n2

b) Seja f (x) = x x = x1/x para x ≥ 1. Seja L = lim x1/x . Aplicando
x→+∞
logaritmo natural em ambos os lados, segue que
( )
1/x ln x
ln L = ln lim x = lim ln(x1/x ) = lim
x→+∞ x→+∞ x→+∞ x

L′ H 1/x
= lim = 0 ⇒ L = e0 = 1
x→+∞ 1

Logo, lim n n = 1.
n→+∞

Observação 1.1 Em algumas situações, por comodidade, aplicamos dire-


tamente a regra de L’Hospital na expressão indeterminada dada na variável
n.

1.4 Sequências Limitadas


Definição 1.7 A sequência {an }+∞ n=1 é limitada superiormente se existe um
número M1 tal que an ≤ M1 para todo n ∈ N. A sequência {an }+∞ n=1 é
limitada inferiormente se existe um número M2 tal que an ≥ M2 para todo
n ∈ N. Dizemos que {an }∞ n=1 é limitada se ela é limitada inferiormente e
superiormente.

Exercício Resolvido 1.6 A sequência {n + 1}n=0


+∞
é limitada inferiormente,
mas não superiormente. Por outro lado, a sequência {n/(n + 1)}+∞
n=1 é limi-
tada, pois 0 < an < 1 para todo n ∈ N∗ .

14
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Teorema 1.7 Se a sequência {an }n=1


+∞
é convergente, então ela limitada.

Demonstração: De fato, se an → L quando n → ∞, dado ϵ = 1, existe


N ∈ N tal que se n > N , então |an − L| < 1. Assim, se n > N , então

|an | − |L| < |an − L| < ϵ ⇒ |an | < |L| + 1 := M1

Tomando M = max{a1 , a2 , a3 , . . . , aN , M1 }, segue que |an | ≤ M para todo


n ∈ N.

Portanto, podemos afirmar que se uma sequência {an }+∞ n=1 não é limi-
tada, ela não é convergente.

Teorema 1.8 Se lim an = +∞ e {bn }+∞


n=1 é uma sequência limitada infe-
n→+∞
riormente, então lim (an + bn ) = +∞.
n→+∞

Demonstração: Sendo {bn }+∞n=1 é limitada inferiormente, existe um número


M2 tal que bn ≥ M2 para todo n ∈ N. Como lim an = +∞, dado M > 0,
n→+∞
existe N ∈ N tal que se n > N , então an > M . Assim, an + bn > M + M2
se n > N . Sendo M arbitrário, o número M + M2 também é, donde segue
o resultado.


Exercício Resolvido 1.7 lim [n2 + (−1)n ] = +∞, pois a sequência


n→+∞

{(−1)n }+∞
n=1

é limitada inferiormente por M1 = −1.

Corolário 1.2 Se lim an = +∞ e lim bn = +∞, então lim (an +bn ) =


n→+∞ n→+∞ n→+∞
+∞.

Demonstração: Segue do fato que a sequência {bn }+∞


n=1 é limitada inferior-
mente.


1.5 Sequências Monótonas


Definição 1.8 Dizemos que a sequência {an }+∞
n=1 é

i) não-decrescente, se an ≤ an+1 para todo n;

15
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

ii) não-crescente, se an ≥ an+1 para todo n.

Definição 1.9 Dizemos que a sequência {an }+∞


n=1 é

i) crescente, se an < an+1 para todo n;

ii) decrescente, se an > an+1 para todo n.

Chamamos de monótona uma sequência que seja não-decrescente, não-


crescente, crescente ou decrescente.

Exercício Resolvido 1.8 Como 2n+1 > 2n para todo n ∈ N, segue que a se-
quência {2n }+∞
n=0 é crescente e consequentemente, a sequência {1/2 }n=0
n +∞

é decrescente.

Teorema 1.9 Toda sequência não-decrescente é limitada inferiormente e


toda sequência não-crescente é limitada superiormente.

Demonstração: Suponhamos que {an }+∞ n=1 seja uma sequência não-decres-
cente. Mostraremos que a1 ≤ an para qualquer n ∈ N. Por definição,
ak+1 − ak ≥ 0 para todo k = 2, 3, 4, . . .. Assim,


n
0≤ (ak − ak−1 ) = an − a1 ⇒ a1 ≤ an ∀n∈N
k=2

Analogamente, se a sequência {an }+∞


n=1 é decrescente, mostraremos que
a1 ≥ an para qualquer n ∈ N. Por definição, ak − ak−1 ≤ 0 para todo
k = 2, 3, 4, . . .. Assim,


n
0≥ (ak − ak−1 ) = an − a1 ⇒ a1 ≥ an ∀n∈N
k=2

Proposição 1.1 Não existe sequência decrescente de números naturais.

Demonstração: Suponhamos que existe uma sequência {an }+∞ n=1 decres-
cente. Seja A = {an | n ∈ N} o conjunto dos termos da sequência. Sendo
A um conjunto de números naturais, pelo princípio da boa ordenação, existe
o menor elemento de A, ou seja, existe N0 ∈ N tal que aN0 é mínimo, porém
como a sequência é estritamente decrescente, então aN0 > aN0 +1 . Absurdo.


16
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


Definição 1.10 Dizemos que {bk }+∞
k=1 é uma subsequência de {an }n=1 se
existe uma sequência {nk }k=1 ⊂ N estritamente crescente tal que bk = ank
+∞

para todo k ∈ N.

Exercício Resolvido 1.9 Dada a sequência {(−1)n }+∞


n=1 . Tomando nk =
2k, k ∈ N, obtemos a subsequência constante {1}+∞ n=1 e tomando nk =
2k + 1, k ∈ N obtemos a subsequência constante {−1}n=1
+∞
.

Teorema 1.10 (Teste da subsequência) Uma sequência {an }+∞ n=1 converge
para a se e somente se, toda subsequência de {an }+∞
n=1 converge para a.

Demonstração: Suponhamos que exista a ∈ R tal que an → a. Seja


{bk }+∞
k=1 uma subsequência de {an }n=1 , isto é, bk = ank para alguma se-
+∞

quência crescente {nk }k=1 ⊂ N. Mostremos que bk → a. Para isso, seja


+∞

ϵ > 0. Como an → a, existe N ∈ N tal que |an − a| < ϵ se n > N . Como


{nk }+∞
k=1 ⊂ N é crescente, existe K ∈ N tal que se k > K, então nk ≥ N .
Assim, se k > K, segue que |bk − a| < ϵ. Logo, bk → a. A recíproca segue
do fato que {an }+∞
n=1 é subsequência de si mesma.


Exercício Resolvido 1.10 Deste teorema e do exemplo anterior segue que


{(−1)n }+∞
n=1 é uma sequência divergente.

Teorema 1.11 Se uma sequência monótona possui uma subsequência lim-


itada, então a sequência é limitada.

Demonstração: Suponha que {an }∞ n=1 seja uma sequência crescente e


que {bk }∞
k=1 seja uma subsequência limitada, isto é, bk = ank para alguma
sequência crescente {nk }+∞ k=1 ⊂ N. Por outro lado, existe k0 > n tal que
an ≤ ak0 , pois {an }+∞
n=1 é crescente. Sendo {b k } limitada, existe M > 0 tal
que bk0 < M , daí por transitividade, an < M . Como a sequência crescente
é limitada inferiormente e superiormente então ela é limitada.


Teorema 1.12 (Teorema do Sanduiche) Se existe N ∈ N tais que an ≤


bn ≤ cn para todo n > N e

lim an = lim cn = L
n→+∞ n→+∞

então lim bn = L.
n→+∞

17
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Demonstração: Seja ϵ > 0. Desde que an → L quando n → +∞, existe


N1 ∈ N tal que
|an − L| < ϵ se n > N1
Desde que cn → L quando n → +∞, existe N2 ∈ N tal que

|cn − L| < ϵ se n > N1

Seja N = max{N1 , N2 } e note que, em particular, −ϵ < an − L e cn − L < ϵ.

−ϵ < an − L ≤ bn − L ≤ cn − L < ϵ

ou seja,
−ϵ < bn − L < ϵ se n > N
Logo, bn → L quando n → +∞.

√ √
Exercício Resolvido 1.11 Mostre que lim ( n + 1 − n) = 0.
n→+∞

Resolução: Note que


√ √ √ √
√ √ ( n + 1 − n)( n + 1 + n) 1 1
0≤ n+1− n= √ √ =√ √ < √
n+1+ n n+1+ n 2 n

1 √
Como lim √ = 0, segue do teorema do sanduiche que lim ( n + 1 −
n→+∞ 2 n n→+∞

n) = 0.

Corolário 1.3 Se lim |an | = 0, então lim an = 0.


n→+∞ n→+∞

Demonstração: De fato, considere as sequências {−|an |}n=1


+∞
e {|an |}+∞
n=1 .
Note que

lim |an | = 0 e lim (−|an |) = − lim |an | = 0


n→+∞ n→+∞ n→+∞

Como −|an | ≤ an ≤ |an |, pelo Teor. (1.12) segue o resultado.



{ }+∞
(−1)n
Exercício Resolvido 1.12 Use o Cor. (1.3) e mostre que con-
n2 n=1
verge.

18
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Resolução:
(−1)n 1
De fato, 2 = 2 converge para zero, portanto, a sequência dada

n n
também converge para zero.

Teorema 1.13 Se lim bn = 0 e {an }+∞


n=1 é uma sequência limitada, então
n→+∞

lim an bn = 0
n→+∞

Demonstração: Seja ϵ > 0. Como an é limitada, existe M > 0 tal que


|an | < M para todo n ∈ N. Por outro lado, sendo lim bn = 0, existe N ∈ N
n→+∞
ϵ
tal que se n > N , então |bn | < . Assim, para n > N , temos:
N
ϵ
|an bn | = |an ||bn | < M |bn | < M · =ϵ
M
ou seja, lim an bn = 0.
n→+∞

{ }+∞
cos(n)
Exercício Resolvido 1.13 Mostre que a sequência converge
n2 n=1
para zero.
1
De fato, sendo {cos(n)}+∞
n=0 limitada e lim = 0, do teorema anterior
n→+∞ n2
segue o resultado.
{ }+∞
sin(n)
Exercício Resolvido 1.14 Mostre que 1− converge para 1.
en n=0

sin(n)
Resolução: De fato, basta provar que lim = 0. Para isso, sejam
n→+∞ en
1
an = sin(n) e bn = n Note que a sequência {sin(n)}+∞
n=0 é limitada e que
e
1
lim = 0. Logo, do Teor. (1.13), segue que
n→+∞ en

sin(n)
lim an bn = lim =0
n→+∞ n→+∞ en
Teorema 1.14 (A Desigualdade de Bernoulli) Dados x ∈ R com x > −1 e
n ∈ N. Então
(1 + x)n ≥ 1 + nx (1.8)

19
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Demonstração: Usaremos indução finita sobre n. É evidente que a ex-


pressão (1.15) é válida para n = 1. Suponhamos agora que esta expressão
seja válida e provaremos sua validade para n + 1. De fato,

(1+x)n+1 = (1+x)n (1+x) ≥ (1+nx)(1+x) = 1+nx+x+nx2 ≥ 1+(n+1)x

Exercício Resolvido 1.15 Seja a sequência en = {(1 + 1/n)n }. Mostre que


en ≥ 2 para todo n ∈ N∗ .

Resolução: Fazendo x = 1/n na expressão (1.8), segue o resultado.



n
Exercício Resolvido 1.16 Prove que lim 3 = 1.
n→+∞

Resolução: Substituindo x por 2/n na expressão (1.8), temos


( )n
2 2 √ 2
≥ 1 + n · = 3 ⇒ 31/n = 3 ≤ 1 +
n
1+ (1.9)
n n n

para todo n ∈ N∗ . Por outro lado, fazendo x = −2/(3n) > −1 em (1.8),


segue que
( )n ( )n
2 (−2) 1 3n − 2 1
1− ≥1+n· = ⇒ ≥ ⇒
3n 3n 3 3n 3

3n − 2 n 1 3n − 2 1
≥ ⇒ ≥ 1/n ou seja,
3n 3 3n 3
√ 3n
3≥
n
(1.10)
3n − 2
Das expressões (1.9) e (1.10), obtemos
3n √ 2
≤ 3≤1+
n
(1.11)
3n − 2 n
Fazendo n → +∞ na expressão (1.11) e usando o teorema do sanduiche,
segue o resultado.

Teorema 1.15 Seja x ∈ R.


i) Se x > 1, então lim xn = +∞;
n→+∞

ii) Se 0 < x < 1, então lim xn = 0;


n→+∞

20
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

iii) Se −1 < x < 0, então lim xn = 0.


n→+∞

Demonstração:
i) Sendo x > 1, fazemos x = 1 + y, sendo y > 0. Assim,
+∞ = lim (1 + ny) ≤ lim (1 + y)n = lim xn
n→+∞ n→+∞ n→+∞
n
ou seja, lim x = +∞.
n→+∞

1 1 1
ii) Seja y = − 1. Note que y > 0 e y + 1 = de modo que x = .
x x 1+y
Para n ≥ 1, temos
1 1 1
xn = ≤ <
(1 + y)n 1 + ny ny
Assim,
1
0 ≤ lim xn ≤ lim =0
n→+∞ n→+∞ny
Pelo Teor. do Sanduiche segue o resultado.
iii) Sendo −1 < x < 0, então 0 < −x < 1. Assim, xn = [(−1)(−x)]n =
(−1)n (−x)n . Observe que a sequência an = (−1)n é limitada e bn =
(−x)n → 0 quando n → +∞. Logo, pelo Teor. (1.13), xn → 0 quando
n → +∞.

Observação 1.2 Pelos ítens ii) e iii) do teorema anterior, podemos afirmar
que se |x| < 1, então lim |x|n = 0.
n→+∞

1.6 O Axioma da Completude e Consequências


Já vimos que toda sequência convergente é limitada (Ver Teor. 1.7) e pelo
exemplo anterior, notamos que existem sequências limitadas que não são
convergentes. Se além de limitada a sequência é monótona, então ela é
convergente e a prova baseia-se no seguinte axioma:
Axioma 1.1 (Axioma da completude de R) Se S é um conjunto não-vazio
de números reais que possui um limitante superior M (x ≤ M para todo
x ∈ S), então S tem um menor limitante superior b. Isto significa que b é
um limitante superior para S, mas se M é qualquer outro limitante superior,
então b ≤ M .

21
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Teorema 1.16 Toda sequência monótona e limitada é convergente.

Demonstração: Suponha que {an }+∞ n=1 seja uma sequência crescente.
Desde que {an }+∞n=1 é limitada, o conjunto S = {an : n ≥ 1} tem um limi-
tante superior. Pelo Axioma da Completude, este conjunto possui o menor
limitante superior que denotaremos por L. Dado ϵ > 0, L − ϵ não é um lim-
itante superior para S, desde que L é o menor limitante superior. Portanto,
aN > L − ϵ para algum N ∈ N. Mas esta sequência é crescente, de modo
que an ≥ aN para todo n > N . Portanto, se n > N , temos an > L − ϵ. Logo,

0 ≤ L − an < ϵ ⇒ |an − L| < ϵ se n>N

Corolário 1.4 Se uma sequência monótona possui subsequência limitada


então ela é convergente.

Demonstração: De fato, seja {an }+∞


n=1 uma sequência monótona e {bk }k=1
+∞

uma subsequência limitada. Assim, pelo Teor. (1.11), {an }n=1 é uma se-
+∞

quência monótona e limitada. Pelo teorema anterior segue o resultado.




Exercício Resolvido 1.17 Estude a convergência da sequência {an }+∞


n=1 definida
pela equação abaixo. 
a 1
n+1 = (an + 4)
2
a = 2
1

Resolução: De fato, seus primeiros termos são

a1 = 2, a2 = 3, a3 = 3, 5, a4 = 3, 75, a5 = 3, 875, a6 = 3, 9375, . . .

Isto sugere que {an }+∞


n=1 é estritamente crescente. Para confirmar isto, us-
aremos indução matemática mostrando que an+1 > an para todo n ∈ N∗ .
Para n = 1, temos a2 = 3 > 2 = a1 . Suponhamos que para n = k, temos
ak+1 > ak . Assim,

ak+1 > ak ⇒ ak+1 + 4 > ak + 4 ⇒


1 1
(ak+1 + 4) > (ak + 4) ⇒ ak+2 > ak+1
2 2
Provamos então que an+1 > an para n = k + 1. Mostraremos agora que a
sequência {an }+∞
n=1 é limitada. Note que an ≥ 2 e os demais termos listados

22
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

acima, sugere também que a sequência é limitada superiormente, ou seja,


an < 4 para todo n ∈ N. Usaremos indução matemática para provar este
resultado. Suponhamos que para n = k, temos ak < 4. Assim,
1
ak < 4 ⇒ ak + 4 < 8 ⇒ (ak + 4) < 4 ⇒ ak+1 < 4
2
Logo, a sequência dada é crescente e limitada. Pelo Teor. (1.16), existe
L ∈ R tal que lim an = L. Aplicando o limite na equação dada obtemos a
n→+∞
1
equação L = (L + 4), de modo que L = 4.
2

1.7 O Número e
O número e também conhecido por constante de Euler é a base dos logarit-
mos naturais ou neperianos em homenagem a John Napier inventor dos log-
aritmos no início do século XV II. No entanto em sua tabela do logaritmos
publicada em , há apenas indícios sobre o número e. A primeira indicação
da constante foi descoberta por Jakob Bernoulli quando estudava um prob-
lema relacionado a juros compostos. Nesta seção, veremos uma definição
concisa para esta constante baseada no conceito de limite de sequências
numéricas.
Para definir o número e , consideremos a sequência
( )n
1
en = 1 + (1.12)
n
para n ∈ N∗ .
Leonhard Euler que foi aluno de Jakob Bernoulli provou que a sequência
{en }+∞
n=1 converge para um número finito, o qual ele chamou de e.
( )n
1
lim 1 + =e (1.13)
n→+∞ n
Deve ser dito que Euler não provou rigorosamente a existência do limite
acima. Ele apresentou outras formulações para o número irracional
e = 2, 718281828459045 . . .
Para estabelecer o limite (1.13) usaremos alguns lemas e o Teor. (1.16).
Lema 1.1 Seja n um inteiro positivo. Então

b
xn − y n = (x − y) xn−k y k−1 (1.14)
k=1

23
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Demonstração: Usaremos indução finita sobre n. Para n = 1, temos:


1
(x − y) x1−k y k−1 = (x − y)x1−1 y 1−1 = x − y
k=1

Suponhamos que a expressão (1.14) seja válida e provaremos que ela é


verdadeira para n + 1. De fato,

xn+1 − y n+1 = xn x − y n y = xn x − xy n + xy n − y n y
∑ n
= x(xn − y n ) + y n (x − y) = x(x − y) xn−k y k−1 + y n (x − y)
k=1
[ ∑n ]
= (x − y) x xn−k k−1
y +y n

k=1
[∑
n ]
= (x − y) x n+1−k k−1
y +y n+1−1

k=1

n+1
= (x − y) xn+1−k y k−1
k=1

Lema 1.2 Se 0 ≤ a < b e n ∈ N, então


bn − an
nan−1 < < nbn−1
b−a
Demonstração: Pelo Lema (1.1),

bn − an ∑ n ∑ n ∑ n
= bn−k ak−1 < bn−k bk−1 = bn−1 = nbn−1
b−a
k=1 k=1 k=1

A outra desigualdade segue de maneira análoga.




Teorema 1.17 A sequência {en }+∞


n=1 dada em (1.12) é crescente e limitada.

Demonstração: Provaremos inicialmente que {en }+∞ n=1 é uma sequência


crescente e portanto monótona. Pelo Lema (1.2), temos:

bn+1 − an+1
< (n + 1)bn ⇒ bn+1 − an+1 < (b − a)(n + 1)bn ⇒
b−a

24
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

bn+1 − (b − a)(n + 1)bn < an+1 ⇒ bn [b − (b − a)(n + 1)] < an+1 ⇒


b [(n + 1)a − nb] < a
n n+1
(1.15)
1 1
Colocando a = 1 + e b = 1 + na expressão (1.15), segue que
n+1 n
( )n [ ( ) ( )] ( )n+1
1 1 1 1
1+ (n + 1) 1 + −n 1+ < 1+ ⇒
n n+1 n n+1
( )n ( )n+1
1 1
1+ < 1+
n n+1
ou seja, bn < bn+1 e {bn }+∞
n=1 é uma sequência crescente. Para provar que
esta sequência é limitada, note que
( )n ∑ n ( )
1 n 1
1 = e1 ≤ bn = 1 + =
n k nk
k=0
( ) ( ) ∑n n ( )

n 1 n 1 1 n 1
= 0
+ 1
+ k
= 1 + 1 + ⇒
0 n 1 n n k nk
k=2 k=2


n
n(n − 1)(n − 2) . . . (n − k + 1)
1 ≤ bn = 2 +
k!nk
k=2
n (
∑ )( ) ( )
1 2 k−1 1
=2+ 1− 1− ... 1 −
n n n k!
k=2
∑n ∞
∑ 1
1 1/2
<2+ <2+ =2+ =3
k! 2k−1 1 − 1/2
k=2 k=2


Portanto, pelo Teor. (1.16), a sequência {en }+∞
n=1 é convergente, cujo
limite que denotaremos por e, representa a segunda constante mais famosa
e importante no reino da Matemática.

1.8 Teste da Razão Para Sequências e Limites


Especiais
O limite de algumas sequências pode ser obtido através do cálculo do limite
da razão entre dois termos consecutivos e quaisquer da sequência. Tais
limites serão úteis no estudo da convergência sobre séries numéricas.

25
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


n
ak
k=1
Teorema 1.18 Se lim an = L, então lim = L.
n→+∞ n→+∞ n

Demonstração: Como an → L quando n → +∞, dado ϵ > 0 existe N1 ∈ N


ϵ
tal que |an − L| < . Por outro lado, observe que
2

1 n 1∑ 1∑ ∑
n N1 n
1
n ak − L ≤
n |ak − L| = |ak − L| + |ak − L|
n n
k=1 k=1 k=1 k=N1 +1
( )
1∑ ∑ 1∑
1 N n 1 N
1 1 N
< |ak − L| + ϵ= |ak − L| + − ϵ
n 2n n 2 2n
k=1 k=N1 +1 k=1

1 ∑
N1
ϵ
< |ak − L| +
n 2
k=1

1∑1N
ϵ
Em seguida, tomamos N2 > N1 tal que se n > N2 , temos |ak − L| < .
n 2
k=1
Logo, se n > N2 , então

1 n
ak − L < ϵ
n
k=1


n
ak
k=1
ou seja, lim = L.
n→+∞ n


Exercício Resolvido 1.18 Mostre que

1∑ k
n
lim =1
n→+∞ n k+1
k=1

n 1
Resolução: De fato, como lim = lim = 1, o resultado
n→+∞ n +1 n→+∞ 1 + 1/n
segue do Teor. (1.18).

Corolário 1.5 Seja {an }+∞


n=1 uma sequência numérica de termos positivos.

Se lim an = L, então lim n a1 a2 . . . an = L.
n→+∞ n→+∞

26
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Demonstração: Considere a sequência {bn }+∞


n=1 , definida por bn = ln an .
Note que
ln L = ln( lim an ) = lim ln an = lim bn
n→+∞ n→+∞ n→+∞
Assim, pelo teorema anterior,
1∑ 1∑
n n
1
ln L = lim bk = lim ln ak = lim ln(a1 a2 . . . an )
n→+∞ n n→+∞ n n→+∞ n
k=1 k=1

= lim ln(a1 a2 . . . an )1/n = ln( lim n a1 a2 . . . an )
n→+∞ n→+∞

donde segue o resultado.



Teorema 1.19 (Teste da razão para sequências) Se {an }+∞ n=1 é uma sequên-
an+1
cia numérica de termos positivos tal que lim = L, então
n→+∞ an

lim n
an = L
n→+∞
an
Demonstração: Considere a sequência {bn }+∞
n=1 com b1 = a1 e bn =
an−1
para n = 2, 3, . . .. Do Corolário (1.5),
√ an+1
lim n b1 b2 . . . bn = L = lim bn = lim (1.16)
n→+∞ n→+∞ n→+∞ an

Por outro lado,


a2 a3 an
b1 · b2 · b3 . . . bn = a1 ·
· ... = an ⇒
a1 a2 an−1
√ √
lim n b1 b2 . . . bn = lim n an (1.17)
n→+∞ n→+∞

De (1.16) e (1.17), segue que lim n an = L.
n→+∞


n
n! 1
Exercício Resolvido 1.19 Mostre que lim = .
n→+∞ n e
Resolução:
n!
(Método 1:) Seja a sequência {an }+∞
n=1 dada por an = . Note que
nn
an+1 (n + 1)! nn nn
lim = lim n+1
· = lim
n→+∞ an n→+∞ (n + 1) n! n→+∞ (n + 1)n
( )n ( )−n
n 1 1
= lim = lim 1 + = e−1 =
n→+∞ n + 1 n→+∞ n e

27
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Pelo Teor. (1.19),


√ √
1 √ n n!
n
n!
= lim n
an = lim n
= lim
e n→+∞ n→+∞ n n→+∞ n

n
n!
(Método 2:) Seja an = . Assim,
n
(√ n )
n! 1 1
ln an = ln = ln(n!) − ln(n) = [ln(n!) − n ln(n)] (1.18)
n n n

Note que


n ( ) ( ) ( ) ( )
k 1 2 n
ln = ln + ln + . . . + ln
n n n n
k=1
(1.19)
= (ln 1 − ln n) + (ln 2 − ln n) + . . . + (ln n − ln n)
= ln(1 · 2 · . . . · n) − n ln n = ln(n!) − n ln n

Substituindo (1.18) em (1.17), segue que


( )
1∑
n
k
an = ln
n n
k=1

Mas esta expressão é a soma de Riemann. Assim, quando n → +∞, temos:


∫ 1 ∫ 1
lim ln(an ) = ln xdx = lim+ ln xdx
n→+∞ 0 ϵ→0 ϵ
= lim+ [x ln x − x]1ϵ = −1 ⇒ ln( lim an ) = −1
ϵ→0 n→+∞

donde segue o resultado.

Exercício Resolvido 1.20 Mostre que:



n
a) lim ln n = 1;
n→+∞

n
b) lim n = 1;
n→+∞

1
c) lim √
n
= 0.
n→+∞ n!
Resolução:

28
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

a) Seja an = ln n. Como
1
an+1 ln(n + 1) L′ H n + 1 = lim n
lim = lim = lim =1
n→+∞ an n→+∞ ln n n→+∞ 1 n→+∞ n + 1
n
√ √n
segue do Teor. (1.19) que lim n an = lim ln n = 1.
n→+∞ n→+∞

b) Análogo ao item anterior e é deixado como exercício.


1
c) Seja an = . Como
n!
1
an+1 (n + 1)! 1
lim = lim = lim =0
n→+∞ an n→+∞ 1 n→+∞ n + 1
n!

√ 1 1
= lim √
n
Logo, do Teor. (1.19), lim n
an = lim n
= 0.
n→+∞ n→+∞ n! n→+∞ n!

Exercício Resolvido 1.21 Se a > 0, então lim n a = 1.
n→+∞

Resolução: De fato, considere a sequência an = a. Assim,


an+1 a
lim = lim =1
n→+∞ an n→+∞ a

Logo, pelo Teor. (1.19), segue que lim n a = 1.
n→+∞

Teorema 1.20 Se {an }+∞


n=1 é uma sequência de termos positivos para todo
an+1
n ∈ N e lim = L1 < 1, então lim an = 0.
n→+∞ an n→+∞

Demonstração: Seja L2 tal que L1 < L2 < 1. Assim, L2 an < an . Além


disso, para ϵ = L2 − L1 > 0, existe N ∈ N tal que se n > N , então

an+1 an+1
− L
1 < L2 − L1 ⇒ 0< < L2 ⇒ 0 < an+1 < L2 an < an
an an
Temos então que para n > N , a sequência {an }+∞ n=1 é estritamente decres-
cente e limitada inferiormente por 0. Logo é convergente. Seja L o seu limite.
Tomando o limite na desigualdade an+1 < L2 an , temos L ≤ LL2 ⇒ L ≤
0. Sendo {an }+∞
n=1 uma sequência de termos positivos, então L ≥ 0. Logo,
L = 0.


29
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Exercício Resolvido 1.22 Mostre que


np
a) Se a > 1 e p ∈ N, mostre que lim = 0;
n→+∞ an

an
b) Se a > 0, então lim = 0;
n→+∞ n!

n!
c) lim = 0;
n→+∞ nn

np an
d) Se a > 0 e p ∈ N, então lim = 0.
n→+∞ n!

Resolução:
np
a) Seja an = . Note que an > 0 de modo que podemos usar o teste da
an
razão para sequências.
( )p
bn+1 (n + 1)p an n+1 1 1
= = → < 1 quando n → ∞
bn an+1 np n a a
np
Logo, pelo Teor. (1.20), lim an = lim = 0.
n→+∞ n→+∞ an
n
a
b) Seja bn = . Note que
n!
an+1
bn+1 (n + 1)! a
lim = lim n = lim =0<1
n→+∞ bn n→+∞ a n→+∞ n + 1
n!
Logo, pelo Teor. (1.20), segue o resultado.
n!
c) Seja an = > 0. Note que
nn
( )n
an+1 (n + 1)!nn n
lim = lim = lim
n→+∞ an n→+∞ (n + 1)n+1 n! n→+∞ n + 1
( )−n
1 1
= lim 1 + = <1
n→+∞ n e
Logo, pelo Teor. (1.20), segue o resultado.
d) É análogo aos ítens anteriores e será deixado como exercício.

30
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

1.9 A Notação Somatório


Apresentaremos nesta seção a notação somatório e suas propriedades,
muito importante no estudo das séries numéricas apresentado no próximo
capítulo.

Definição 1.11 Considere a sequência numérica {an }. Definimos:



n
ak = a1 + a2 + . . . + an (1.20)
k=1

Os números 1 e n são os limites inferiores e superiores do somatório, en-


quanto que ak é o termo geral do somatório.

O índice inferior pode ser qualquer outro número diferente de 1. Além disso,
observe que

1
i) ak = a1
k=1


n ∑
1
ii) ak = ak
k=1 k=n

n 1′ s

n z }| {
iii) 1 =1 + 1 + . . . + 1= n
k=1

Exercício Resolvido 1.23 Calcule os somatórios abaixo:



4
a) 3k 2
k=2


5
b) 2j
j=0


4
c) (−1)i
i=0

Resolução: Usando a definição de somatório, temos:



4
a) 3k 2 = 3 · 22 + 3 · 3 · 32 + 3 · 42 = 12 + 27 + 48 = 87
k=2

31
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


5
b) 2j = 20 + 21 + 22 + 23 + 24 + 25 = 1 + 2 + 4 + 8 + 16 + 32 = 63
j=0


4
c) (−1)i = (−1)0 + (−1)1 + (−1)2 + (−1)3 + (−1)4 = 1 − 1 + 1 − 1 = 0
i=0

Os somatórios são operadores lineares, ou seja, o somatório da soma é a


soma dos somatórios e o somatório do produto de uma constante com uma
sequência é igual ao produto da constante pelo somatório da sequência.
Essas propriedades são apresentadas no teorema abaixo:

Proposição 1.2 Considere as sequências {an }, {bn } e c ∈ R. Então:


n ∑
n ∑
n
i) (ak + bk ) = ak + bk
k=1 k=1 k=1


n ∑
n
ii) cak = c ak
k=1 k=1

Demonstração: De fato,

i) Para provar essa propriedade, usaremos as propriedades comutativa


e associativa da adição, ou seja,


n
(ak + bk ) = (a1 + b1 ) + . . . + (an + bn )
k=1
= (a1 + . . . + an ) + (b1 + . . . + bn )
∑n ∑
n
= ak + bk
k=1 k=1

ii) Usaremos a propriedade distributiva do produto em relação a soma,


isto é,


n ∑
n
cak = ca1 + . . . + can = c(a1 + . . . + an ) = c ak
k=1 k=1

32
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Exercício Resolvido 1.24 Use a proposição anterior e calcule o somatório:


5
[k 2 + 2(−1)k k]
k=2

Resolução: Neste caso, temos:


5 ∑
5 ∑
5
[k 2 + 2(−1)k k] = k2 + (−1)k · k
k=2 k=2 k=2
= 22 + 32 + 42 + 52 + (−1)2 · 2 + (−1)3 · 3 + (−1)4 · 4 + (−1)5 · 5
= 4 + 9 + 16 + 25 + 2 − 3 + 4 − 5 = 52

Proposição 1.3 Seja {an } uma sequência e m, n ∈ N tal que 1 ≤ m ≤ n.


Então:
∑n ∑
m ∑n
ak = ak + ak (1.21)
k=1 k=1 k=m+1

Demonstração: De fato, sendo 1 < m < n, pela definição de somatório


segue que:


n ∑
m ∑
n
ak = (a1 + a2 + . . . + am ) + (am+1 + . . . + an ) = ak + ak
k=1 k=1 k=m+1


Para cálculo de alguns somatórios, o corolário abaixo é muito útil.

Corolário 1.6 Sejam 1 ≤ m ≤ n, então


n ∑
n ∑
m−1
i) ak = ak − ak
k=m k=1 k=1


n
ii) 1=m−n+1
k=m

Demonstração:


m−1 ∑
n ∑
n
i) Da Prop.(1.3), temos ak + ak = ak donde segue o resultado.
k=1 k=m k=1

33
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

ii) Fazendo an = 1 no item anterior, temos:


n ∑
n ∑
m−1
1= 1− = n − (m − 1) = n − m + 1
k=m k=1 k=1


A proposição permite calcular o somatório sem a necessidade de somar
termo a termo, sendo portanto, muito útil para calcular os somatórios cujo
limite superior é grande.

Proposição 1.4 Seja n ∈ N. Então:


n
n(n + 1)
i) k=
2
k=1


n
n(n + 1)(n + 2)
ii) k2 =
6
k=1


n
n2 (n + 1)2
iii) k3 =
4
k=1

Demonstração:


n ∑
1
i) Seja S = k= k. Assim,
k=1 k=n


n
S= k = 1 + 2 + . . . + (n − 1) + n
k=1

1
S= = n + (n − 1) + . . . + 2 + 1
k=n

Somando membro a membro essas equações, temos:

n parcelas
z }| {
2S =(n + 1) + (n + 1) + . . . + (n + 1) + (n + 1)= n(n + 1)

donde segue o resultado.

34
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

ii) Usaremos indução finita sobre n. Para n = 1, temos:


1
1(1 + 1)(2 · 1 + 1)
k 2 = 12 = 1 e =1
6
k=1

Suponhamos que a expressão dada seja válida e mostraremos que ela


também é válida para n + 1. De fato,


n+1 ∑
n
n(n + 1)(2n + 1)
k2 = k 2 + (n + 1)2 = + (n + 1)2
6
k=1 k=1
(n + 1)[n(2n + 1) + 6(n + 1)] (n + 1)[n(2n + 4) + 6n + 6 − 3n]
= =
6 6
(n + 1)[2n(n + 2) + 3(n + 2)] (n + 1)(n + 2)(2n + 3)
= =
6 6

iii) Novamente, usaremos indução finita sobre n. Para n = 1, temos:


1
12 (1 + 1)2
13 = 1 e =1
4
k=1

Supondo que a expressão dada seja verdadeira, provaremos sua vali-


dade para n + 1. De fato,


n+1 ∑
n
n2 (n + 1)2
k3 = k 3 + (n + 1)3 = + (n + 1)3
4
k=1 k=1
n (n + 1)2 + 4(n + 1)3
2
(n + 1)2 [n2 + 4(n + 1)]
= =
4 4
(n + 1)2 (n + 2)
=
4

Exercício Resolvido 1.25 Calcule os somatórios abaixo:



6
a) k2
1


10
b) (k 2 − 3k + 2)
4

35
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Resolução: Neste exemplo, usaremos muitas propriedades dos somatórios


apresentadas anteriormente.

a) Usando o item ii) da proposição anterior, temos


6
6 · (6 + 1) · (2 · 6 + 1)
k2 = = 91
1
6

b)


10 ∑
10 ∑
10 ∑
10
(k 2 − 3k + 2) = k2 − 3 k+ 2
k=4 k=4 k=4 k=4

10 ∑
3 (∑
10 ∑
3 ) ∑
10
= k2 − k2 − 3 k− k +2 1
k=1 k=1 k=1 k=1 k=4
[ ]
10 · 11 · 21 10 · 11
= − (12 + 22 + 32 ) − 3 − (1 + 2 + 3)
6 2
+ 2(10 − 4 + 1) = 238

Proposição 1.5 Se r ∈ R \ {1}, então



n
rn+1 − 1
rk = (1.22)
r−1
k=0

O número r é conhecido por razão.

Demonstração: Seja S o valor do somatório, isto é,



n
S= rk = 1 + r + r2 + . . . + rn−1 + rn (1.23)
k=0

Multiplicando essa expressão por r, temos



n
rS = rn+1 = r + r2 + r3 + . . . + rn + rn+1 (1.24)
k=0

Fazendo (1.24) − (1.23), segue que

rn+1 − 1
rS − S = rn+1 − 1 ⇒ S=
r−1


36
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


n
Observação 1.3 No caso em que r = 1, observe que 1 = n−0+1 =
k=0
n + 1.

Exercício Resolvido 1.26 Calcule os somatórios abaixo:



5
a) 4 · 3k
k=0


10
1
b)
2k
k=6

Resolução: Usaremmos a proposição anterior e as propriedades de so-


matórios.

5 ∑
5
36 − 1
a) 4 · 3k = 4 3k = 4 = 1456
3−1
k=0 k=0

b)


10 10 ( )k
∑ 10 ( )k
∑ 3 ( )k

1 1 1 1
k
= = −
2 2 2 2
k=6 k=6 k=0 k=0
( 12 )11 − 1 ( 21 )6 − 1 31
= − =
2 −1 2 −1
1 1 1024

Alguns limites expressam somas finitas que podem ser calculados usando a
notação somatório. O exemplo a seguir ilustra esses tipos de limites.

Exercício Resolvido 1.27 Calcule os limites abaixo:


1 + 3 + 5 + . . . + 2n − 1
a) lim
n→+∞ 4n2 + 1
n4
b) lim
n→+∞ 1 + 23 + 33 + . . . + n3

Resolução:

a) Observe que

n ∑
n ∑
n
1+3+5+. . .+2n−1 = (2k −1) = 2 k− 1 = n(n+1)−n = n2
k=1 k=1 k=1

37
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

de modo que

1 + 3 + 5 + . . . + 2n − 1 n2
lim = lim
n→+∞ 4n2 + 1 n→+∞ 4n2 + 1
1 1
= lim =
n→+∞ 4 + 1/n2 4

b) Sendo


n
n2 (n + 1)2 ) n4 + 2n3 + n2
13 + 23 + 33 + . . . + n3 = k3 = =
4 4
k=1

então
n4 n4
lim = lim
n→+∞ 1 + 23 + 33 + . . . + n3 n→+∞ n4 + 2n3 + n2
1
= lim =1
n→+∞ 1 + 2/n + 1/n2

1.10 Exercícios Propostos


1. Escreva os cinco primeiros termos das sequências abaixo e plote no
sistema de coordenadas cartesianas.

(a) an = (−1)n + 2 · (−1)n+1


4
(b) bn =
n
(c) cn = cos( πn πn
2 ) + sin( 2 )
(d) dn = (−1)n n

2. Escreva os seis primeiros termos das sequências recursivas abaixo.


{
an+1 = 2an
(a)
a1 = 2
{
an+1 = −an
(b)
a1 = 4
(c) an+1 = an + an−1 , sendo a0 = a1 = 1

(d) an+1 = (n + 1) an , sendo a0 = 1

38
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

3. Calcule os limites das sequências abaixo:



n n+1
(a) lim √
n→+∞ 2n n + 6

4 − n2
(b) lim
n→+∞ n
(c) lim (n − 4n)
2
n→+∞

n2 + n
(d) lim
n→+∞ 6n2 − 1

2n+1
(e) lim
n→+∞ 3n

en − e−n
(f) lim n
n→+∞ e + e−n
1
(g) lim √
n→+∞ n + 1 − n
2

(h) lim ( n2 + 2 − n)
n→+∞
4
(i) lim √
n→+∞ + n − 2n
4n2
(n + 1)!
(j) lim
n→+∞ (n + 2)!

nn
(k) lim
n→+∞ (2n)!

(n + 3)!
(l) lim
n→+∞ (n + 1)!

n n
(m) lim √
n→+∞ 3 + n
4. Use o fato que ( )n
1
lim1+ =e
n→+∞ n
e calcule os limites abaixo:
( )n+3
1
(a) lim 1 +
n→+∞ n
( )2n
3
(b) lim 1 −
n→+∞ n

39
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

( )2n
n+1
(c) lim
n→+∞ n+2
( )n
2
(d) lim 2 +
n→+∞ n
( )n
n
(e) lim
n→+∞ n + 1

5. Use a regra de L’Hospital e calcule os limites das sequências abaixo.


ln n
(a) lim
n→+∞ n
√n
(b) lim n2
n→+∞
1
(c) lim n 2n2
n→+∞
2n
(d) lim
n→+∞ 4n

(e) lim 41/n


n→+∞

6. Assinale (V) para verdadeiro e (F) para falso nas sentenças abaixo.
Justifique através de um contra-exemplo as alternativas falsas.

(a) ( ) Toda sequência convergente é limitada.


(b) ( ) Sequências crescentes ou decrescentes são monótonas.
(c) ( ) Toda sequência limitada é convergente.
(d) ( ) Existem sequências limitadas que são convergentes.
(e) ( ) Toda sequência decrescente e limitada é convergente.

7. Mostre que lim n 2n + 3n = 3.
n→+∞
Sugestão: Use o Teor. (1.19).

8. Use o fato que


n
n(n + 1)
1 + 2 + 3 + ... + n = k=
2
k=1

e as propriedade de somatórios e calcule os limites abaixo.


2 + 4 + . . . + 2n
(a) lim
n→+∞ 3n2

40
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

1 ∑
n
(b) lim (2k + 1)
n→+∞ n2
k=1
1 + 4 + 7 + . . . + 3n − 2
(c) lim
n→+∞ 4n2
2 + 4 + 6 + . . . + 2n
(d) lim
n→+∞ n+1
9. Use o fato que


n
n(n + 1)(2n + 1)
12 + 22 + 32 + . . . + n2 = k=
6
k=1

e as propriedade de somatórios e calcule os limites abaixo.

1 ∑ 2
n
(a) lim k
n→+∞ n3
k=1

n
(k 2 + k)
k=1
(b) lim
n→+∞ (n2 + n)(2n + 1)
10. Uma população estável de 35.000 pássaros vive em três ilhas. Cada
ano, 10 % da população da ilha A migram para a ilha B, 20 % da pop-
ulação da ilha B migram para a ilha C e 5 % da população da ilha C
migram para a ilha A. Denotemos por An , Bn e Cn , respectivamente,
os números de pássaros nas ilhas A, B e C, no ano n antes da ocor-
rência da migração.

(a) Mostre que 



An+1 = 0, 90An + 0, 05Cn
Bn+1 = 0, 10An + 0, 80Cn


Cn+1 = 0, 95Cn + 0, 20Bn

(b) Supondo que lim An , lim Bn e lim Cn , determine o número


n→+∞ n→+∞ n→∞
de pássaros em cada ilha após muitos anos.

11. Seja N ∈ R∗+ . Considere a sequência {an } dada por:


{ √
an+1 = 4 N an
a1 = 1

41
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

(a) Admitindo que esta sequência é crescente


√ e limitada, então ela
é convergente. Mostre o seu limite L = 3 N . Portanto, esta se-
quência nos fornece um modo de calcular a raiz cúbica de um
número positivo, usando raízes quadradas.

(b) Use esta técnica e determine aproximadamente 3 6.

1.11 Exercícios Selecionados e Resolvidos


1. Se an → L ̸= 0, então an ̸= 0 para infinitos valores de n.
Resolução: Seja ϵ = |L|/2. Como an → L quando n → +∞, existe
N > 0 tal que se n > N , então
|L|
|an − L| <
2
Se n > N , segue que
|L| |L|
|L| = |(L − an ) + an | ≤ |an − L| + |an | < + |an | ⇒ |an | >
2 2
ou seja,
|L|
|an | > para todo n>N
2
2. Considere a sequência {an }+∞
n=1 convergente, cujo limite é L ̸= 0. Se
{an }+∞
n=1 satisfaz a equação

2 2
an+1 = an + 2
3 3an

3
mostre que L = 2.
Resolução: Aplicando o limite na equação dada, temos:
( )
2 2 2L 2 2
lim an+1 = lim an + 2 ⇒ L= +
n→+∞ n→+∞ 3 3an 3 3L

Resolvendo esta equação segue que L = 3 2.
3. (Taylor) Calcule os limites abaixo:
( )4
1
1− 1−
n
(a) lim
n→+∞
( )3
1
1− 1−
n

42
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

√ √ √
(b) lim n( n + 1 − n).
n→+∞

Resolução:

(a) Note que


( )4 ( )4 ( )[ ( )2 ]
1 1 1 1 1
1− 1− = 14 − 1 − = 2− 1+ 1−
n n n n n
e que
( )3 ( )3 [ ( )2 ]
1 1 1 1 1
1− 1− =1 − 1−
3
= 2− + 1−
n n n n n

Logo,
( )4 ( )[ ( )2 ]
1 1 1
1− 1− 2− 1+ 1−
n n n 4
lim ( )3 = n→+∞
lim ( )2 =
n→+∞ 1 1 1 3
1− 1− 2− + 1−
n n n

(b)
√ √ √ √ √
√ √ √ n( n + 1 − n)( n + 1 + n)
lim n( n + 1 − n) = lim √ √
n→+∞ n→+∞ n+1+ n

n
= lim √ √
n→+∞ n+1+ n
1 1
= lim √ =
n→+∞ 1 2
1+ +1
n

4. (Leithold) Prove que a sequência {an }∞


n=1 for convergente e lim an =
n→+∞
L, então a sequência {|an |}∞
n=1 também será convergente e lim |an | =
n→+∞
|L|.
Resolução: Dado ϵ > 0, existe N ∈ N tal que |an − L| < ϵ se n > N .
Assim, para provar que lim |an | = |L|, tomamos N > 0, então se
n→+∞
| |an | − |L| | < ϵ. De fato,

| |an | − |L| | ≤ |an − L| < ϵ se n > N

43
Capítulo 2

Séries Numéricas

2.1 Introdução
Em muitas áreas da Matemática, surgem problemas relacionados a somas
infinitas, ou seja, somas que possuem um número infinito de parcelas. Por
exemplo, considere um segmento de 1 m de comprimento. Divindo-o ao
meio, teremos dois segmentos de comprimento iguais a 1/2 m, dividindo-o
novamente, teremos 4 segmentos de comprimento igual a 1/4 m. Observe
que podemos continuar este processo indefinidamente. Uma pergunta inte-
ressante é saber o comprimento total da soma de cada um dos segmentos
distintos, ou seja, qual o valor de:
1 1 1
1+ + + + ...
2 4 8
Durante séculos, a ideia de somar infinitas parcelas desconcertou as me-
lhores mentes matemáticas. O assunto intensificou durante o século XV II
e várias expressões com infinitos termos surgiram sem um formalismo ad-
equado. Um caso que confundiu os matemáticos do século XV III foi a
soma
1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + ...
Alguns matemáticos diziam esta soma é igual a 0, outros diziam que era
igual a 1. Teve uma corrente que afirmava que esta soma era igual a 1/2
baseado na série geométrica amplamente conhecida na época. O que fal-
tava para estes matemáticos é o conceito de convergência que foi desen-
volvido no século XIX. Além disso, conforme desenvolvemos uma teoria
sobre sequências e séries infinitas, uma aplicação importante nos fornece

44
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

um método de representar uma função derivável f (x) como o somatório in-


finito de potências de x.
A teoria ampliou-se rapidamente e está presente em vários ramos da
Matemática, tais como Equações Diferenciais, Transformadas de Laplace,
Séries de Fourier, Variáveis Complexas, etc.

2.2 Conceitos Preliminares


Definição 2.1 Considere a sequência numérica

a1 , a2 , a3 , . . . , an , . . . ou {an }+∞
n=1

A expressão

+∞
a1 + a2 + a3 + . . . + an + . . . = an (2.1)
n=1

chama-se série numérica, sendo os números a1 , a2 , . . . , an os termos da


série.

Definição 2.2 A soma dos n primeiros termos da série chama-se soma par-
cial Sn , isto é,
∑n
Sn = ak (2.2)
k=1

Desta forma,

S1 = a1 , S2 = a1 + a2 , S3 = a1 + a2 + a3 , ... Sn = a1 + a2 + . . . + an

Definição 2.3 Dizemos que a série numérica (2.1) converge se a sequência


das somas parciais dada em (2.2) converge, isto é, se o limite seguinte existir
e for finito:
S = lim Sn
n→+∞

Neste caso, o número real S chama-se soma da série. Se além disso, o


limite lim Sn não existir, dizemos que a série (2.1) diverge e que não tem
n→+∞
soma.

+∞
Observação 2.1 Por comodidade é comum denotar a série numérica an
∑ n=0
simplesmente por an .

45
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Exercício Resolvido 2.1 Determine se a série numérica



+∞
(−1)n
n=1

converge. Caso afirmativo ache sua soma.

Resolução: Calculemos alguns termos da sequência das somas parciais:

S1 = a1 = −1, S2 = a1 +a2 = −1+1 = 0, S3 = a1 +a2 +a3 = −1+1−1 = −1

Assim, observamos que


{
−1 se n é ímpar
Sn =
0 se n é par

ou seja, Sn = (−1)n para n ∈ N∗ . Vimos no capítulo anterior que esta


sequência é divergente. Logo, a série dada é divergente.

Definição 2.4 A série numérica



+∞
1
(2.3)
n=1
n(n + 1)

chama-se série telescópica.

Proposição 2.1 A série telescópica (2.3) converge e sua soma é igual a 1,



+∞
1
isto é, = 1.
n=1
n(n + 1)

Demonstração: Nesse caso, p = 1, a = 0 e b = 1. Trata-se portanto de


uma série telescópica. Sendo A = 1 e B = −1, segue que
∑n ∑n ( )
1 1 1
= −
n(n + 1) k k+1
k=1 k=1
( ) ( ) ( )
1 1 1 1 1 1
= 1− + − + ... + − =1−
2 2 3 n n+1 n+1
Assim,

+∞ ( )
1 1
= lim 1 − =1
n(n + 1) n→+∞ n+1
k=1


46
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Observação 2.2 Através de uma mudança de índice na série telescópica,


podemos escrever:

n
1 ∑
+∞
1
=
n(n + 1) n=0 (n + 1)(n + 2)
k=1

Definição 2.5 Sejam c ∈ R∗ e p ∈ N∗ . A série



+∞
c
(2.4)
n=p
n(n + 1)

chama-se série "quase-telescópica".



+∞
Teorema 2.1 Se a série numérica an converge (diverge), então a série
n=1
obtida desta retirando um número finito de termos também converge (di-
verge).

+∞ ∑
+∞
Demonstração: Suponhamos que an = S e considere a série an
n=1 n=n0 +1

+∞
obtida da anterior retirando n0 termos. Mostraremos que a série an
n=n0 +1
também converge. De fato,

+∞ ∑
n0 ∑
+∞ ∑
+∞
S= an = an + an ⇒ an = S − S ′
n=1 n=1 n=n0 +1 n=n0 +1


n0
onde S ′ = an .
k=1

+∞
Suponhamos agora que a série an diverge. Mostraremos que a série
n=1

+∞ ∑
+∞
an também diverge. Suponhamos por absurdo que an = S.
n=n0 +1 n=n0 +1
Assim,

+∞ ∑
n0 ∑
+∞
an = an + = S ′ + S < +∞
n=1 n=1 n=n0 +1

Absurdo!


47
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

∑ ∑
Teorema 2.2 Sejam as séries numéricas convergentes an e bn cujas
somas são a e b respectivamente. Então

i) A série can é convergente e sua soma é ca, para todo c ∈ R;

ii) A série (an + bn ) é convergente e sua soma é a + b.

Demonstração:

i) Se c = 0 o resultado
∑ é imediato. Desta forma suponhamos c ̸= 0.
Sendo a série an convergente, dado ϵ > 0, existe N ∈ N tal que se
n > N, ∑
n
a − a < ϵ
n |c|
k=1

Assim, se n > N ,
∑ ∑
n n ϵ

can − ca = |c| · an − a < |c| · =ϵ
|c|
k=1 k=1

donde segue o resultado



ii) Como a série an é convergente, dado ϵ > 0, existe N1 ∈ N tal que
se n > N1 , então ∑
n
a − a < ϵ (2.5)
n 2
k=1

Como a série an é convergente, dado ϵ > 0, existe N1 ∈ N tal que
se n > N1 , então ∑
n ϵ
bn − b < (2.6)
2
k=1

Seja N = max{N1 , N2 }. Usando a desigualdade triangular e as ex-


pressões (2.5) e (2.6), segue que se n > N , então
∑ ( ∑ ) (∑ )
n n n

(an + bn ) − (a + b) = an − a + bn − b

k=1 k=1 k=1
∑ ∑
n n ϵ ϵ


an − a + bn − b < + = ϵ
2 2
k=1 k=1

donde segue o resultado.

48
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Corolário 2.1 A série "quase-telescópica" converge.

Demonstração: Segue imediatamente do Teor. (2.2) e do Teor. (2.1).



∑ ∑
Corolário 2.2 Se a série
∑ an é convergente e a série bn é divergente,
então a série numérica (an + bn ) é divergente.
∑ ∑
Demonstração: De∑fato, se∑ (an + bn ) fosse convergente
∑ e sendo
∑ an
convergente, então bn = [(an + bn ) − an ] = (an + bn ) − an seria
convergente.


Exercício Resolvido 2.2 Estude a convergência das séries abaixo:



+∞
4
a)
n=5
n(n + 1)
+∞ [
∑ ]
1
b) (−1)n +
n=2
(n + 1)(n + 2)

Resolução:

a) Essa série numérica é a série "quase-telescópica" e portanto con-


verge.

+∞
b) Como a série (−1)n é a série numérica obtida da série divergente
n=2

+∞
(−1)n (Exercício resolvido 2.1), retirando o primeiro, então do Teor.
n=1
(2.1) segue que essa série diverge. Consequentemente, do Cor. (2.2)
a série dada diverge.
∑ ∑
Corolário 2.3 Seja c ̸= 0. Se a série an diverge, então a série can
diverge.

Demonstração: Se can convergir, então
∑ ∑ ∑ S
S= can = c an ⇒ an =
c

ou seja, a série an converge. Absurdo!


49
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Observação 2.3 O Teor. 2.2 afirma que o produto de uma constante no


termo geral de uma série convergente não afeta a sua convergência e a
soma de duas ∑séries convergentes
∑ ∑ é uma série∑convergente.
∑ Matematica-
mente, temos: can = c an e (an + bn ) = an + bn .
Determinar se uma série numérica converge ou diverge será o objetivo
principal deste capítulo. Serão vistos vários testes de convergência que nos
auxiliarão nesta tarefa e o teste a seguir, apesar de simples, é muito útil para
uma análise rápida da divergência de uma série numérica.

2.3 A Série Harmônica


Definição 2.6 A série numérica

1 1 1 ∑
+∞
1
1 + + + ... + + ... = (2.7)
2 3 n n=1
n

chama-se série harmônica.


Esta série desempenha um papel muito importante no estudo das séries
numéricas. O matemático inglês Nicole Oresme provou no século XIV que
ela é uma série divergente. O seu raciocínio apresentado no teorema abaixo
é uma antecipação do teste da comparação que veremos em breve.
Teorema 2.3 A série harmônica diverge.
Demonstração: De fato, vejamos as somas parciais S20 , S21 , S22 , . . . , S2n .
S 20 = S 1 = 1
1
S 21 = S 2 = 1 +
2 ( )
1 1 1 1 1 1 2
S 22 = S 4 = 1 + + + >1+ + + =1+
2 3 4 2 4 4 2
( ) ( )
1 1 1 1 1 1 1
S 23 = S 8 = 1 + + + + + + +
2 3 4 5 6 7 8
1 1 1 1 1 1 1 3
>1+ + + + + + + =1+
2 4 4 8 8 8 8 2
p p
Por indução finita, segue que S2p > 1 + . Como lim 1 + = +∞, de
2 p→+∞ 2
modo que, lim S2p = +∞ e consequentemente, lim Sn = +∞. Logo, a
p→+∞ p→+∞
série harmônica diverge.


50
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Definição 2.7 Seja c ∈ R∗ . Chamamos de série "quase-harmônica", a série


dada por:

+∞
c
(2.8)
n=p
n

Exercício Resolvido 2.3 Estude a convergência das séries numéricas abaixo:



+∞
1
a)
n=0
n + 5


+∞
1
b)
n=3
2n

Resolução:

a) Observe a série dada é a série harmônica suprimindo os 4 primeiros


termos. Portanto, pelo Teor. (2.1), segue que a série dada é diver-
gente.
b) Observe que


+∞
1 1 1 1
= + + ... + + ...
n=3
2n 2·3 2·4 2n

é a série harmônica suprimindo seus 2 primeiros termos e multipli-


cando os demais por 2. Logo, essa série é divergente.

2.4 A Série Geométrica


Uma das principais séries numéricas e que possui diversas aplicações é a
série geométrica, cuja definição é dada abaixo:

Definição 2.8 Dados a, q ∈ R, a série


+∞ ∑
+∞
a + aq + aq 2 + . . . + aq n−1 + . . . = aq n−1 = aq n (2.9)
n=1 n=0

chama-se série geométrica de razão q e primeiro termo a.

Teorema 2.4 Dada a série geométrica de razão q e primeiro termo igual a


a, então:

51
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

i) Se |q| < 1 a série geométrica (2.9) converge e sua soma é


a
S= (2.10)
1−q

ii) Se |q| = 1, a série geométrica (2.9) diverge;


iii) Se |q| > 1, a série geométrica (2.9) diverge.

Demonstração:

i) Considere a soma parcial Sn dada por

Sn = a + aq + aq 2 + . . . + aq n−1 + aq n (2.11)

Multiplicando a expressão (2.11) pela razão q, temos:

qSn = aq + aq 2 + aq 3 + . . . + aq n + aq n+1
(2.12)
= −a + (a + aq + aq 2 + aq 3 + . . . + aq n ) + aq n+1

O termo entre parênteses na expressão (2.12) é exatamente a soma


parcial dada em (2.11). Assim,

qSn = −a + Sn + aq n+1 ⇒ (q − 1)Sn = aq n+1 − a (2.13)

Se |q| < 1, temos q − 1 ̸= 0 e pelo Teor. (1.15) do capítulo anterior,


lim aq n+1 = 0 . Assim,
n→+∞
( )
aq n+1 a a
lim Sn = lim − =
n→+∞ n→+∞ q−1 q−1 1−q

ii) Se |q| = 1, então q = ±1 e da expressão (2.11), Sn = ±na. Clara-


mente,
lim Sn = lim (±na) = ±∞
n→+∞ n→+∞

de modo que a série geométrica é divergente.


iii) Se |q| > 1, então q < −1 ou q > 1. Em ambos os casos, pelo Teor.
(1.15) lim Sn = ∞, de modo que a série geométrica é divergente.
n→∞

Exercício Resolvido 2.4 Determine a soma das áreas hachuradas na figura


abaixo:

52
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Figura 2.1: Série infinita gerada pela soma de áreas em um quadrado.

Resolução: Denotando por Sn a soma das áreas dos n primeiros quadra-


dos, então
1 1 1
Sn = + 2 + . . . + n
4 4 4
1
e sendo a razão q = < 1, segue que
4
1
4 1
S = lim Sn = =
n→+∞ 1 3
1−
4

Exercício Resolvido 2.5 Use o teorema anterior e determine se as séries


abaixo convergem. Caso afirmativo, ache sua soma.


+∞
3
a) n
n=0
4


+∞
b) (−1)n 2n
n=0


+∞ n
2 + 3n
c)
n=1
6n

Resolução:

53
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

( )n
3 1 1 1
a) Note que an = n = 3 n = 3 , de modo que a razão q = < 1.
4 4 4 4
Assim, esta série geométrica é convergente. Sendo o primeiro termo
a = 3, segue que
a 3
S= = =4
1−q 1
1−
4
b) Sendo an = (−1)n 2n = (−2)n , então q = −2, de modo que |q| =
| − 2| = 2 > 1 e a série geométrica dada é divergente.

c) Observe que as séries


+∞
1 ∑
+∞
1
n
e n
n=1
3 n=1
2

são séries geométricas de razão 1/3 e 1/2 respectivamente, portanto


são convergentes. Pelo item i) Teor. 2.1, segue que


+∞ n +∞ (
∑ ) ∑+∞ ∑
+∞
2 + 3n 1 1 1 1
n
= n
+ n
= n
+
n=1
6 n=1
3 2 n=1
3 n=1
2n
1/3 1/2 3
= + =
1 − 1/3 1 − 1/2 2

2.5 As Séries do Tipo Telescópicas


Nesta seção, veremos outras séries numéricas que possuem o comporta-
mento da série telescópica apresentada
∑ na Def. (x).
Considere a série numérica an , cujo termo geral é a fração da forma
1
an =
(pn + a)(pn + b)

sendo p ∈ N∗ , 0 ≤ a < b ∈ N. Queremos determinar os parâmetros A e B


tais que
1 A B
= +
(pn + a)(pn + b) pn + a pn + b
1
Resolvendo, temos 1 = A(pn + b) + B(pn + a), de modo que A = e
b−a
1
B = − . Desta forma, a soma parcial da série dada acima pode ser
b−a

54
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

escrita na forma:
∑ n ( )
1 ∑
n
1 1 1
= − (2.14)
(pk + a)(pk + b) b−a pk + a pk + b
k=1 k=1

No caso em que b = a + 1, os termos desta soma irão cancelar sobrando


apenas o primeiro e o último termo. Usando a definição de convergência de
série, podemos mostrar que essa série é convergente e sua soma pode ser
calculada facilmente. Este tipo de série é chamada de série telescópica.

Proposição 2.2 Sejam p ∈ N∗ , a, b ∈ N com a < b. Então


∑∞ ∫ 1 a−1
1 1 x − xb−1
= dx (2.15)
(pk + a)(pk + b) b−a 0 1 − xp
k=0

Demonstração: Da expressão (2.14), temos


∑ +∞ ( )
1 ∑
+∞
1 1 1
= − (2.16)
(pk + a)(pk + b) b−a pk + a pk + b
k=0 k=0

Mas, ∫ 1
1
= xpk+a−1 dx (2.17)
pk + a 0
e ∫ 1
1
= xpk+b−1 dx (2.18)
pk + b 0
Substituindo (2.17), (2.18) em (2.16), segue que

+∞ [∫ 1 ∑
+∞ ∫ 1 ∑
+∞ ]
1 1
= x a−1
x dx −
pk b−1
x pk
x dx
(pk + a)(pk + b) b−a 0 0
k=0 k=0 k=0
[∫ 1 a−1 ∫ 1 ]
1 x xb−1
= dx − dx
b−a 0 1 − xp 0 1 − xp

1 1
xa−1 − xb−1
= dx
b−a 0 1 − xp


Exercício Resolvido 2.6 Mostre que



+∞
1
= ln 2
(2k + 1)(2k + 2)
k=0

55
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Resolução: Usando a Prop. (2.2) com p = 2, a = 1 e b = 2, segue que



+∞ ∫ 1 1−1 ∫ 1
1 1 x − x2−1 1
= dx = dx = ln 2
(2k + 1)(2k + 2) 2−1 0 1 − x2 0 1 + x
k=0

2.6 O Teste da Divergência



+∞
Teorema 2.5 Se a série numérica an é convergente, então lim an = 0.
n→+∞
n=1


+∞
Demonstração: Seja S = an . Sendo lim Sn = S, então,
n→+∞
n=1

lim an = lim (Sn+1 − Sn ) = lim Sn+1 − lim Sn = S − S = 0


n→+∞ n→+∞ n→+∞ n→+∞


Observação 2.4 Pelo argumento lógico da contra-positiva, podemos afir-
mar que se lim an ̸= 0 ou se lim an não existir, a série diverge. Esta
n→+∞ n→+∞
segunda versão do Teor. (2.5), é chamada de teste da divergência.
Este teste não diz nada à respeito da convergência de uma série numérica.
Assim, se lim an = 0, a série pode convergir ou divergir e uma análise adi-
n→∞
cional faz-se necessário.
Exercício Resolvido 2.7 Use o teste da divergência e estude as séries numéri-
cas abaixo:

+∞
n
a) ;
n=1
n+1


+∞
1
b) .
n=1
n

Resolução:
n
a) Note que an = . Sendo
n+1
n 1
lim an = lim = lim = 1 ̸= 0
n→∞ n→+∞ n + 1 n→+∞ 1
1+
n
a série dada diverge.

56
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

1
b) Como lim = 0, o teste é inconclusivo, ou seja, o teste falha.
n→+∞ n

2.7 O Teste da Integral


Uma forma de estudar a convergência de uma série numérica é relacioná-la
com uma integral imprópria, conforme o teorema a seguir.

Teorema 2.6 (O Teste da Integral) Seja que f uma função não-crescente,


não-negativa, definida sobre o intervalo [N, +∞). Considere a sequência
{an }+∞
n=1 tal que an = f (n) para todo n > N . Então:

∫ +∞ ∑
+∞
i) Se f (x)dx converge, então an converge;
N n=1

∫ +∞ ∑
+∞
ii) Se f (x)dx diverge, então an diverge.
N n=1

Figura 2.2: Diagrama para o teste da integral

Demonstração: Seja

Sn = f (1) + f (2) + . . . + f (n) = a1 + a2 + . . . + an

57
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Por comparação de áreas na figura acima, temos


∫ k+1
f (x)dx ≤ f (k)(k + 1 − k) = f (k) (2.19)
k
e ∫ k+1
f (x)dx ≥ f (k + 1)(k + 1 − k) = f (k + 1) (2.20)
k
De (2.19) e (2.20), segue que
∫ k+1
f (k + 1) ≤ f (x)dx ≤ f (k) para k≥1 (2.21)
k

Fazendo k = 1, 2, 3, . . . , n, segue que:


∫ 2
f (2) ≤ f (x)dx ≤ f (1)
1
∫ 3
f (3) ≤ f (x)dx ≤ f (2)
2
.. ..
. .
∫ n+1
f (n + 1) ≤ f (x)dx ≤ f (n)
n

Adicionando essas desigualdades membro a membro, temos:


∫ 2 ∫ n+1
f (2) + . . . + f (n + 1) ≤ f (x)dx + . . . + f (x)dx ≤
1 n
≤ f (1) + f (2) + . . . + f (n) ⇒
∫ n+1
Sn − a1 ≤ f (x)dx ≤ Sn (2.22)
1
∫ +∞ ∫ +∞
i) Se a integral N converge, então a integral 1 f (x)dx também con-
verge e pela desigualdade (2.22), segue que lim Sn converge, ou
n→+∞

+∞
seja, a série numérica an converge.
n=1
∫ +∞ ∫ +∞
ii) Se a integral N diverge, então a integral 1 f (x)dx também di-
verge e pela desigualdade (2.22), segue que lim Sn diverge, ou seja,
n→+∞

+∞
a série numérica an diverge.
n=1

58
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Exercício Resolvido 2.8 Use o teste da integral e estude a convergência


das séries abaixo:

+∞
1
a)
n=1
n


+∞
n
b) n
n=1
e

Resolução:

a) Seja a função f (x) = 1/x para x ≥ 1. Como


∫ +∞ ∫ p
1 1
dx = lim dx = lim ln p = +∞
1 x p→+∞ 1 x p→+∞

a série dada diverge.

b) Seja f (x) = xe−x para x ≥ 1. Como


∫ ∫ ( p ∫ p )
+∞
−x
p
−x

−x −x
xe dx = lim xe dx = lim −xe + e dx
1 p→+∞ 1 p→+∞ 1
( ) 1
1 1 2
= + lim − e−p = < +∞
e p→+∞ e e

Logo, a série dada converge.

Definição 2.9 Seja p > 0. Chama-se série-p a série numérica dada por:


+∞
1
p
(2.23)
n=1
n

Uma consequência importante do teste da integral é o corolário seguinte


relativo a convergência da série-p dada por:

Corolário 2.4 (Série-p) Seja p > 0.


+∞
1
i) Se 0 < p ≤ 1, a série numérica diverge;
n=1
np

59
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


+∞
1
ii) Se p > 1, a série numérica p
converge.
n=1
n

Demonstração:
1
Considere a função f (x) = para x ∈ [1, +∞). Note que f (x) é positiva
xp
p
nesse intervalo. Como f ′ (x) = − p+1 < 0 se x ≥ 1, então f é uma função
x
não-crescente para x ∈ [1, +∞). Deste modo, f satisfaz as hipóteses do
Teor. (2.6).
i) Se 0 < p < 1, então
∫ +∞ ∫ +∞ ∫ r
1
f (x)dx = p
dx = lim x−p dx
x r→+∞
1 1
r 1
( 1−p )
x−p+1 r 1
= lim = lim − = +∞
r→+∞ −p + 1 r→+∞ 1 − p 1−p
1

No caso em que p = 1,
∫ +∞ ∫ +∞ ∫ r
1 1
f (x)dx = dx = lim dx = lim ln r = +∞
1 1 x r→+∞ 1 x r→+∞

Logo, a série diverge.


ii) Se p > 1, então
∫ +∞ ∫ +∞ ∫ r
1
f (x)dx = dx = lim x−p dx
xp r→+∞ 1
1 1
r ( 1−p )
x−p+1 r 1 1
= lim = lim − =
r→+∞ −p + 1 r→+∞ 1 − p 1 − p p − 1
1

Logo, a série converge.




Exercício Resolvido 2.9 Estude a convergência das séries abaixo:



+∞
2
a) √
n=1
n n
+∞ ( √
∑ )2
4
n
b) √
n=1
3
n

60
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Resolução:

2 2
a) Sendo an = √ = 3/2 . Esta é uma série p com p = 3/2 > 1. Logo,
n n n
esta série converge.

b) Sendo
(√ )2 ( )2
4
n 1 1

an = 3 = = 1/6
n n1/3−1/4 n
esta é uma série p com p = 1/6 < 1. Logo, esta série diverge.

2.8 O Teste da Comparação


Nesta seção, o estudo da convergência de uma série numérica será feito
com uma série numérica que sabemos através de algum outro método que
ela é convergente ou divergente.

Teorema 2.7 (Teste da Comparação) Suponha que 0 ≤ an ≤ bn para todo


n ∈ N∗ .

+∞ ∑
+∞
i) Se a série an diverge, então a série bn diverge;
n=1 n=1


+∞ ∑
+∞
ii) Se a série bn converge, então a série an converge.
n=1 n=1

∑n ∑n
Demonstração: Sejam Sn = ak e Tn = bk as somas parciais da
∑ ∑ k=1 k=1
séries an e bn . Da hipótese segue que


n ∑
n
0≤ ak ≤ bk , ou seja, 0 ≤ S n ≤ Tn (2.24)
k=1 k=1


+∞
i) Se a série an diverge, então lim Sn = +∞ e da expressão (2.24),
n→+∞
n=1

+∞
segue que lim Tn = +∞, ou seja, a série bn diverge.
n→+∞
n=1

61
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

ii) Sendo {Tn }+∞n=1 uma sequência convergente, ela é limitada superior-
mente, de modo que existe uma constante M > 0 tal que Tn ≤ M
para todo n ∈ N∗ . Portanto, Sn ≤ M para todo n ∈ N∗ , ou seja, a se-
quência {Sn }+∞n=1 é limitada superiormente. Desde que an ≥ 0, então
Sn+1 = Sn + an ≥ Sn , de modo que {Sn }+∞ n=1 é crescente. Logo, pelo
Teor. (1.16), esta sequência é convergente.

Observação 2.5 As conclusões do Teor. (2.7) continuam válidas se 0 ≤
an ≤ bn para algum N ∈ N.
Exercício Resolvido 2.10 Use o teste da comparação e estude a convergên-
cia das séries abaixo:

+∞
1
a)
n=1
2n +1


+∞
1
b) n
n=1
n2


+∞
1
c)
n=2
ln n


+∞
1
d)
n=1
n(n + 1)2

Resolução:
a) Observe que 2n + 1 < 2n + 2 para todo n ∈ N, de modo que
1 1
> para todo n∈N
2n + 1 2n + 2
Assim,

+∞
1 ∑
+∞
1 ∑
+∞
1
>2 =2 = +∞
n=1
2n + 1 n=1
n + 1 n=2
n
Logo, a série diverge.
b) Neste caso, observe que n2n > n · n = n2 para todo n ∈ N∗ , de modo
1 1 ∑
+∞
1

que < para n ∈ N . A série é a série-p com p = 2 e
n2n n2 n=1
n 2

portanto é convergente. Pelo teste da comparação, segue que a série


dada é convergente.

62
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

c) Basta observar que ln n < n para todo n ∈ N∗ e comparar com a série


harmônica.
1 1
d) Como n + 1 > n para todo n ∈ N, então 2
< 2 para todo
(n + 1) n
n ∈ N∗ , de modo que

1 1 ∑
+∞
1 ∑
+∞
1
2
< 3 ⇒ 2
< < +∞
n(n + 1) n n=1
n(n + 1) n=1
n3

2.9 O Teste da Comparação de Limite


Outro teste muito para analisar a convergência das séries numéricas de ter-
mos positivos é o teste da comparação de limite dado pelo seguinte teorema:

Teorema
∑ 2.8 (Teste do Limite da Comparação) Considere as séries an
e bn tais que an , bn > 0. Considere o número
an
c = lim
n→+∞ bn
Se c > 0, então ambas as séries convergem ou ambas as séries divergem.
an
Demonstração: Seja ϵ = 1. Como lim = c, existe N ∈ N tal que se
n→+∞ bn
n > N , então

an an

bn − c < 1 ⇒ c−1<
bn
<c+1 ⇒

(c − 1)bn < an < (c + 1)bn se n > N (2.25)


Usando os argumentos apresentados no teste da comparação, temos:
• Se a sequência {an } converge, segue das desigualdades dadas em
(2.25) que a sequência {bn } converge;
• Se a sequência {an } diverge, segue das desigualdades dadas em
(2.25) que a sequência {bn } diverge;
• Se a sequência {bn } converge, segue das desigualdades dadas em
(2.25) que a sequência {an } converge;
• Se a sequência {bn } diverge, segue das desigualdades dadas em
(2.25) que a sequência {an } diverge.

63
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


Observação 2.6 Para usar este teste na análise de convergência de uma
série, assim como para usar o teste da comparação, temos que procurar
uma série para comparação. Em geral, essa série é obtida à partir da série
dada.
Exercício Resolvido 2.11 Use o teste da comparação de limite e estude a
convergência das séries abaixo:

+∞
1
a)
n=1
3n −n


+∞
1
b)
n=1
2n +1


+∞
n+1
c) √
n 4+1
n=1

Resolução:

+∞
1
a) Considere a série numérica geométrica n
. Sendo r = 1/3 < 1,
n=1
3
1 1
essa série é convergente. Sendo an = n e bn = n , então
3 −n 3
1
an 3n−n 3n 1
lim = lim = lim n = lim n =1
n→+∞ bn 1 n→+∞ 3 − n
n→+∞ n→+∞
1− n
3n 3
Logo, a série dada converge.

+∞
1 1
b) Considere a série harmônica , de modo que bn = . Como
n=1
n n

1
an n 1
lim = lim 2n + 1 = lim =
n→+∞ bn n→+∞ 1 n→+∞ 2n + 1 2
n
Logo, a série dada diverge.
c)

64
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

2.10 O Teste Para Séries Alternadas


Definição 2.10 Uma série infinita da forma

+∞ ∑
+∞
(−1)n an ou (−1)n−1 an
n=0 n=1

com an > 0 é chamada série alternada.


Por exemplo,

+∞
(−1)n+1 1 1 1
= 1 − + − + ...
n=1
n 2 3 4
A palavra alternada refere ao fato que o sinal dos termos alternam entre +
e −. O teorema a seguir nos fornece um critério sobre a convergência das
séries alternadas.
Teorema 2.9 (O Teste Para Séries Alternadas) Considere a série numérica


alternada (−1)n−1 an , sendo an ≥ 0. Se:
n=1

i) lim an = 0;
n→∞

ii) A sequência {an } é decrescente




então a série (−1)n−1 an converge.
n=1

Demonstração: Considere as sequências das somas parciais


S2n = a1 − a2 + a3 − a4 + . . . + a2n−1 − a2n
e
S2n+1 = a1 − a2 + a3 − a4 + . . . + a2n−1 − a2n + a2n+1
Afirmação 1: {S2n } é uma sequência não-decrescente e limitada.

De fato, sendo {an } uma sequência decrescente, então


S2n+2 = a1 −a2 +a3 −a4 +. . .−a2n +a2n+1 −a2n+2 = S2n +a2n+1 −a2n+2 ≥ S2n
ou seja, {S2n } é uma sequência não-decrescente. Por outro lado,
≥0 ≥0 ≥0
z }| { z }| { z }| {
S2n =(a1 − a2 ) + (a2 − a3 ) + . . . + (a2n−1 − a2n )≥ 0

65
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

e
≥0 ≥0 ≥0
z }| { z }| { z }| {
S2n = a1 − (a2 − a3 ) − (a4 − a5 ) − . . . − (a2n−1 − a2n )≤ a1
de modo que 0 ≤ S2n ≤ a1 . Logo, existe L1 = lim S2n .
n→+∞

Afirmação 2: {S2n+1 } é uma sequência não-crescente e limitada.

De fato, sendo {an } uma sequência decrescente e de termos positivos,


então
≥0
z }| {
S2n+3 = S2n+1 − a2n+2 + a2n+3 = S2n+1 − (a2n+2 − a2n+3 )≤ S2n+1

ou seja, {S2n+1 } é uma sequência não-crescente. Por outro lado,

≥0 ≥0 ≥0
z }| { z }| { z }| {
S2n+1 =(a1 − a2 ) + (a2 − a3 ) + . . . + (a2n−1 − a2n ) +a2n+1 ≥ 0

e
≥0 ≥0 ≥0
z }| { z }| { z }| {
S2n+1 = a1 − (a2 − a3 ) − (a4 − a5 ) − . . . − (a2n − a2n+1 )≤ a1
de modo que 0 ≤ S2n+1 ≤ a1 . Logo, existe L2 = lim S2n+1 . Para finalizar
n→+∞
a demonstração, mostraremos que L1 = L2 . Para isso, note que S2n+1 =
S2n + a2n+1 de modo que

lim S2n+1 = lim S2n + lim a2n+1 ⇒ L2 = L1 + 0


n→+∞ n→+∞ n→+∞

Exercício Resolvido 2.12 Estude a convergência das séries alternadas abaixo:


+∞
(−1)n
a)
n=0
n+1


+∞
(−1)n n2
b)
n=1
n2 + 5

Resolução:

66
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

1
a) Note que os termos da sequência an = são positivos e {an } é
n+1
1 1
decrescente, pois an+1 = < = an . Como lim an = 0,
n+2 n+1 n→+∞
∑ (−1)n
+∞
segue do Teor. (2.9) que a série numérica converge.
n=1
n+1

b) Como
n2 1
lim an = lim = lim =1
n→+∞ n→+∞ n2 + 1 n→+∞ 1 + 1/n2

segue que a série numérica dada diverge.

2.11 Convergência Absoluta



+∞
Definição 6: A série numérica an é absolutamente convergente se a
n=1

+∞
série |an | é convergente.
n=1


+∞ ∑
+∞
Teorema 2.10 Se a série |an | converge, então a série an converge.
n=1 n=1

Demonstração: Note que para qualquer número real −|x| ≤ x ≤ |x|. As-
sim, para qualquer n, −|an | ≤ an ≤ |an |, de modo que
0 ≤ |an | + an ≤ 2|an | (2.26)

+∞
Por hipótese, a série |an | converge, então a série
n=1


+∞ ∑
+∞
2|an | = 2 |an | < +∞
n=1 n=1

Pelo teste da comparação, segue das desigualdades (2.26) que a série



+∞
|an | + an converge. Pelo Teor. (2.2) a série numérica
n=1


+∞ ∑
+∞
(|an | + an − |an |) = an
n=1 n=1

67
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

converge.


+∞
cos n
Exercício Resolvido 2.13 Estude a convergência da série numérica
n=1
n3

cos n | cos n| 1
Resolução: Sendo an = , então |an | = ≤ 3 . A série
n3 n3 n

+∞
1
numérica é uma série-p com p = 3 > 1 e portanto convergente.
n=1
n3
Assim,

+∞
cos n ∑ | cos n| ∑ 1
+∞ +∞
≤ ≤ < +∞
n=1
n3 n=1
n3 n=1
n3

2.12 O Teste da Razão


O próximo teste conhecido também por teste de D’Alembert , é muito útil
para investigar a convergência de um grande número séries numéricas.

an+1
Teorema 2.11 Suponha que lim = L.
n→+∞ an

i) Se L < 1, a série an converge absolutamente;

ii) Se L > 1, a série an diverge;
iii) Se L = 1, o teste falha ou seja, a série pode convergir ou divergir.

Demonstração:

i) Suponha
que L < 1. Então existe um número r com L < r < 1. Como
an+1
lim = L, existe N ∈ N tal que an+1 < r para todo n ≥ N .
n→+∞ an an
Desta forma,

|aN +1 | < r|aN |, |aN +2 | < r|aN +1 | < r2 |aN |

e assim por diante. Adicionando essas desigualdades, temos:

|aN +1 | + |aN +2 | + |aN +3 | + . . . < r|aN | + r2 |aN | + r3 |aN | + . . . ⇒



+∞ ∑
+∞
|aN |r
|ak | = |aN | rk = < +∞
1−r
k=N +1 k=1

68
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Logo,


+∞ ∑
N ∑
+∞ ∑
N
|aN |r
|ak | = |ak | + |ak | = |ak | + < +∞
1−r
k=1 k=1 k=N +1 k=1

Pelo Teor. (2.10), segue o resultado.

ii) Suponha
que L > 1. Então existe um número
r com 1 < r < L. Como
an+1 an+1
lim
= L, existe N ∈ N tal que > r para todo n ≥ N .
n→+∞ an an
Desta forma,

|aN +1 | > r|aN |, |aN +2 | > r|aN +1 | > r2 |aN |

e assim por diante. De modo que |aN +k | > rk |aN | e desde que r > 1,
isso implica que lim |aN +k | ̸= 0. Consequentemente, lim an ̸= 0 e
k→+∞ n→+∞
pelo teste da divergência, segue que a série dada converge.

+∞
1 an+1 n+1
iii) A série harmônica diverge e lim = lim = 1. Por
n=1
n n→+∞ an n→+∞ n


+∞
1
outro lado, a série numérica converge (série-p com p = 2) e
n=1
n2
an+1 (n + 1)2
lim = lim = 1.
n→+∞ an n→+∞ n2


Exercício Resolvido 2.14 Use o teste da razão e estude a convergência


das séries abaixo:

+∞ n
3
a)
n=1
n!


+∞
1
b)
n=2
ln n


+∞
(−1)n (4n)!
c)
n=0
(n!)2

Resolução:

69
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

3n 3n+1
a) Nesse caso, an = , de modo que an+1 = . Sendo
n! (n + 1)!

3n+1

an+1 (n + 1)! 3
lim
= lim = lim =0<1
n→+∞ an n→+∞ 3n n→+∞ n + 1
n!
Logo, a série converge.
1 1
b) Nesse caso, an = , de modo que an+1 = . Sendo
ln n ln(n + 1)
1

an+1 ln(n + 1)
lim
= lim
n→+∞ an n→+∞ 1
ln n
ln n L′ H 1/n n+1
= lim = lim = lim =1
n→+∞ ln(n + 1) n→+∞ 1/(n + 1) n→+∞ n
Logo, o teste da razão falha.
(−1)n (4n)! (−1)n+1 [4(n + 1)]!
c) Nesse caso, an = 2
, de modo que an+1 = .
(n!) [(n + 1)!]2
Mas,
(−1)n+1 [4(n + 1)]!

an+1 [(n + 1)!]2 2
= (4n + 4)! · (n!)
an = n
(−1) (4n)! (n + 1)2 (n!)2 (4n)!
(n!)2

(4n + 4)(4n + 3)(4n + 2)(4n + 1)(4n)!


=
(n + 1)2
4(4n + 3)(4n + 2)(4n + 1)
= → +∞
n+1
quando n → +∞. Logo, pelo teste da razão a série dada diverge.

2.13 O Teste da Raiz



Teorema 2.12 (teste da raiz) Suponha que lim n
|an | = L.
n→+∞

i) Se L < 1, a série an converge absolutamente;

70
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


ii) Se L > 1, a série an diverge;

iii) Se L = 1, o teste falha ou seja, a série pode convergir ou divergir.

Demonstração:


Exercício Resolvido 2.15 Use o teste da raiz e estude a convergência das


séries abaixo.

+∞
(−1)n
a)
n=1
[ln(n + 1)]n

+∞ ( )n
∑ 3
b) n
n=1
5


+∞ n
n
c)
n=0
n!

Resolução:

2.14 Exercícios Propostos


1. Use a definição de convergência de séries numéricas e determine se


a série 1 + (−1)n é convergente ou divergente.
n=0


+∞
1
2. Considere a série numérica n
.
n=1
4

(a) Exiba a sequência das somas parciais;


1 1
(b) Mostre que Sn = − e conclua que a soma da série é
3 3 · 4n
S = 1/3.

3. Estude a convergência das séries numéricas abaixo através do teste


da divergência.

+∞
3n2 − 4
(a)
n=4
n2 + 1

71
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


+∞ n
2
(b)
n=1
3n
+∞ (
∑ )n
1
(c) 1−
n=1
n

+∞ 2
n
(d)
n=2
en

+∞
(e) n sin(1/n)
n=1


+∞
1
(f) 2
n=1
n

+∞
3n + 1
(g)
n=0
4n + 2

4. Use o Cor. (2.2) e o teste da divergência e estude a convergência das


séries abaixo:
+∞ [
∑ ]
1
(a) (−1)n + n
n=0
2
+∞ [
∑ ]
1
(b) n2 +
n=1
n(n + 1)

5. Determine se as séries abaixo convergem. Caso afirmativo, ache sua


soma.

+∞
(−2)n−1
(a)
n=1
4n

+∞ n
3
(b)
n=3
2n

+∞ n
2
(c)
n=0
3n

+∞
(d) 4e2n
n=0

72
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

+∞ (
∑ )
4 2
(e) − n
n=2
2n 3

6. Uma bola cai de uma altura de 12 m. Cada vez que ela bate no chão,
sobe a uma altura de três quartos da altura da queda anterior. Deter-
mine a distância percorrida pela bola até o repouso.
7. Encontre ( )
1 1 1 1
lim 1+ + 4 + 6 + . . . + 2n
n→+∞ 32 3 3 3
8. Expresse cada um dos números abaixo como uma fração.
(a) 0, 6666 . . .
(b) 0, 232323 . . .
(c) 0, 01111 . . .
9. Use o Teor. (2.1) e estude a convergência das séries abaixo:

+∞
1
(a)
n=0
n + 3

+∞
1
(b)
n=1
(n + 2)(n + 4)

+∞
1
(c)
n=4
n3

10. Verifique a identidade


∫ 1 ∑ ∞
dx 1
2 3
=
0 1+x+x +x (4k + 1)(4k + 2)
k=0

11. Mostre que



∑ 1
= ln 2
(2k + 1)(2k + 2)
k=0


+∞
1
12. Ache a soma da série numérica .
n=0
(n + 2)(n + 4)

13. Use o teste da integral Teor. (2.6) e estude a convergência das séries
abaixo:

73
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


+∞
1
(a) √
n=1
2n + 1

+∞
(b) ne−2n
n=1


+∞
4
(c)
n=0
2n +1

+∞
n
(d) 2+1
n=2
n

+∞
5
(e)
n=1
5n −1

+∞
ln n
(f)
n=2
n2

14. Use o teste da integral e verifique se a série abaixo converge:


+∞
ln n
n=2
n2

lnx
Sugestão: Use o fato que a função g(x) = é decrescente para
x
x > e, e, portanto, tende a zero para x → +∞.

15. 15 Use o teste da comparação Teor. (2.7) e estude a convergência das


séries abaixo.

+∞
1
(a) 2 + 3n + 1
n=0
n

+∞
2
(b)
n=0
3 + 2n
+∞ √
∑ n
(c)
n=1
n

+∞
n+2
(d)
n=1
n2

74
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino


+∞
1
(e) 3−

n=2
n n

16. Use o teste da comparação de limite e estude a convergência das


séries numéricas abaixo:

+∞
1
(a)
n=0
3n −1

+∞
1
(b)
n=0
n2 +n

+∞
n
(c) √
n=0
n4 +1

+∞
1
(d) n−n
n=0
3

+∞
1
(e) √
n=0
n − sin n

17. Use o Teor. (2.9) e estude a convergência das séries abaixo.



+∞
(−1)n
(a)
n=1
n2

+∞
(−1)n+1
(b)
n=2
ln n

18. Use o teste da razão e estude as séries numéricas abaixo:



+∞
2n
(a)
n=1
3n (n + 1)

+∞
(−1)n+1
(b)
n=1
(2n)!

+∞
1 + en
(c) (−1)n
n=1
2n

+∞
1
(d)
n=1
n

75
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

19. Use o teste da raiz e estude as séries numéricas abaixo:


+∞ (
∑ )n
2
(a)
n=1
1+n

+∞ 8
n
(b)
n=1
8n

+∞
nn
(c)
n=2
lnn n

+∞
3n
(d)
n=1
n3 2n

20. Use quaisquer um dos métodos apresentados acima e estude a con-


vergência das séries numéricas abaixo:

+∞
n
(a)
n=1
3n +2

+∞
1
(b)
n=5
n + 1

+∞ √
3 n
(c) √
2 3n
n=1
n

+∞
1
(d)
n=1
n2n

+∞
1
(e) √
n=1
n+2

+∞
1
(f)
n=1
cos(nπ) + n3

+∞
1
(g)
n=2
ln n

+∞
ln n
(h)
n=1
n

+∞
4n
(i) ln
n=1
n+1

76
Capítulo 3

Séries de Potências

3.1 Introdução
A terceira parte sobre séries infinitas é o estudo das séries de potências o
qual possui muitas aplicações na Matemática e em outras ciências. Nos
primeiros anos de seus estudos, Isaac Newton (1642 - 1727) percebeu
através de um processo laborioso de quadratura, que o o binômio (x + y)n
também era válido para expoentes negativos e fracionários. Em notação
moderna, Newton descobriu a seguinte expansão:
x2 x3
(1 + x)n = 1 + nx + n(n − 1) + n(n − 1)(n − 2) + . . . (3.1)
2! 3!
É interessante observar que se n = m ∈ N a série binomial (3.1) reduz-se
a um polinômio de grau m.

Exercício Resolvido 3.1 Expande os binômios abaixo, exibindo os primeiros


5 termos:
a) (1 + x)2
b) (1 + x)4
c) (1 + x)−1
d) (1 + x)1/2

Resolução:

a) (1 + x)2 = 1 + 2x + x2

77
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

b) (1 + x)4 = 1 + 4x + 6x2 + 4x3 + x4

c)

x2
(1 + x)−1 = 1 + (−1)x + (−1)(−1 − 1) +
2!
x3
+ (−1)(−1 − 1)(−1 − 2) + . . . = 1 − x + x2 − x3 + . . .
3!

d)

x2
(1 + x)1/2 = 1 + (1/2)x + (1/2)(1/2 − 1) +
2!
x3 x x2 x3
(1/2)(1/2 − 1)(1/2 − 2) + . . . = 1 + − + − ...
3! 2 8 16

O estudo da série (3.1) e de outras séries de potências contribuiu muito


para o desenvolvimento do Cálculo Diferencial e Integral, elas possibilitaram
tratar as funções trigonométricas e transcendentes da mesma forma que as
funções elementares. Apesar do grande desenvolvimento do assunto no
século XVIII, impulsionado principalmente por Leonhard Euler (1707-1783),
muitos resultados que careciam de rigor matemático. O desenvolvimento
formal das séries potências no século XIX e contribuiu enormemente para
o desenvolvimento da Matemática.

3.2 Exercícios Propostos

78
Capítulo 4

Algumas Aplicações das


Séries de Potências

79
Capítulo 5

Anexo A: Valor Absoluto de


um Número Real

Neste apêndice, iremos apresentar o conceito de valor absoluto de um número


real e explorar as propriedades relacionadas.

Definição 5.1 O valor absoluto de um número real é dado por:


{
x, se x ≥ 0
|x| = (5.1)
−x, se x < 0

Segue dessa definição que |x| ≥ 0 para todo x ∈ R e que x ≤ |x|. Além
disso, temos as seguintes propriedades dadas na proposição a seguir.

Proposição 5.1 Se x ∈ R, então:


i) |x| = 0 se e somente se x = 0;
ii) |x|2 = x2 ;

iii) |x| = x2 ;
iv) |x · y| = |x| · |y|;

x |x|
v) = ;
y |y|
vi) |x| = |y| ⇒ x = ±y;
vii) Seja a > 0. Se |x| ≤ a, então −a ≤ x ≤ a;

80
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

viii) Seja a > 0. Se |x| ≥ a, então x ≥ a ou x ≤ −a.


Demonstração:
i) Se x = 0, é claro que |x| = |0| = 0. Se x ̸= 0, então x < 0 ou x > 0, de
modo que |x| = x > 0 se x > 0 e |x| = −x > 0 se x < 0.
ii) • Se x > 0, então |x| = x, de modo que |x|2 = x2 ;
• Se x < 0, então |x| = −x, de modo que |x|2 = x2 ;
• Se x = 0, então |x| = −x, de modo que |x|2 = (−x)2 .
√ √ √
iii) Pelo item ii), |x|2 =√x2 , de modo que |x|2 = x2 . Mas, |x| = |x|2 ,
pois |x| ≥ 0. Logo, x2 = |x|.
iv) De fato, |xy|2 = (xy)2 = x2 y 2 = |x|2 |y|2 , donde segue que
√ √ √
|xy| = |x2 ||y 2 | = |x|2 |y|2 = |x||y|

v) De fato,
2 ( )2 √ 2 √
x x
x2 |x|2 = |x| = √|x| = |x|
2
= x = = ⇒
y y y2 |y|2 y |y|2 |y|2 |y|

vi) De fato,
|x| = |y| ⇒ |x|2 = |y|2 ⇒ x2 = y 2 ⇒ x = ±y

vii) De fato, se x ≥ 0, então x = |x| ≤ a e se x < 0, então −x = |x| ≤ a,


donde segue o resultado.
viii) De fato, se x ≥ 0, então x = |x| ≥ a e se x < 0, então −x = |x| = a,
donde segue o resultado.

Proposição 5.2 (Desigualdade triangular) Se x, y ∈ R, então
|x + y| ≤ |x| + |y|
Demonstração: De fato,
(x + y)2 = x2 + 2xy + y 2 = |x|2 + 2xy + |y|2
Como x ≤ |x|, então xy ≤ |xy|. Assim,
(x + y)2 ≤ |x|2 + 2|xy| + |y|2 = |x|2 + 2|x||y| + |y|2 = (|x| + |y|)2 ⇒
√ √
(x + y)2 ≤ (|x| + |y|)2 ⇒ |x + y| ≤ ||x| + |y|| = |x| + |y|


81
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

Respostas dos Exercícios Propostos


Exercícios Propostos - pág. 30
1.
2.
3. (a) {2, 4, 8, 16, 32, 64}
(b) {4, −4, 4, −4, 4, −4}
(c) {1, 1, 2, 3, 5, 8}
√ √ √ √ √
(d) {1, 2, 3 2, 4 3 4 2, 10 4 3 8 2}
4. (a) 1/2
(b) −∞
(c) +∞
(d) 1/6
(e) 0
(f) 1
(g) +∞
(h) 0
(i) 16
(j) 0
(k) 0
(l) +∞
(m) +∞
5. (a) e
(b) e−6
(c) e−2
(d) +∞
(e) 1/e
6. (a) 0
(b) 1
(c) 1

82
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

(d) +∞ (f) O teste falha


(e) 1 (g) diverge
7. (a) V 4. (a) diverge
(b) V (b) diverge
(c) F, {(−1)n } é uma sequência li- 5. (a) S = 1/6
mitada, mas não é convergente.
(b) diverge
(d) V
(c) converge e S = 3
(e) F, {1/n} é uma sequência limi-
tada, decrescente e convergente. (d) diverge
(e) converge e S = 5/3
8.
6. 84 m
9. (a) 1/3
(b) 1 7. 9/8
(c) 3/8 8. (a) 2/3
(d) +∞ (b) 23/99
10. (a) 1/3 (c) 1/90
(b) 1/6 9. (a) diverge
11. (a) (b) converge
(b) (c) converge

12. (a) 10.


(b) 11.
Exercícios Propostos - pág. 71 12. S = 5/6

1. 13. (a) diverge

2. (a) (b) converge

(b) (c) diverge


(d) diverge
3. (a) diverge
(e) diverge
(b) O teste falha
(f) converge
(c) diverge
(d) O teste falha 14.

(e) diverge. 15. 15

83
Sequências Numéricas e Séries Paulo Sérgio C. Lino

(a) converge
(b) converge
(c) diverge
(d) diverge
(e) converge
16. 16
(a) diverge
(b) converge
(c) diverge
(d) converge
(e) diverge
17. (a) converge
(b) converge
18. (a) converge
(b) converge
(c) diverge
(d) o teste falha
19. (a) converge
(b) converge
(c) diverge
(d) diverge
20. (a) diverge
(b) diverge
(c) converge
(d) converge
(e) diverge
(f) converge
(g) diverge
(h) diverge
(i) diverge

84
Índice Remissivo

axioma da completude, 21 crescente, 8


divergente, 9
constante de Euler, 23 limitada, 14
convergência monótona, 16
absoluta, 66 não-crescente, 16
critério do inverso, 9 não-decrescente, 15
operações com limites, 10
desigualdade de Bernoulli, 19
soma da série geométrica, 52
desigualdade triangular, 48, 79
somas parciais, 45
indução matemática, 22 subsequência, 17
Isaac Newton, 75
teorema
número e, 23 do sanduiche, 17
Nicole teste
Oresme, 50 da divergência, 56
Notação somatório, 31 da raiz, 69
da razão, 66
regra de L’Hospital, 12 da razão para sequências, 27
da-subsequência, 17
série de D’Alembert, 66
quase-telescópica, 47 do limite da comparação, 62
alternada, 64 para séries alternadas, 64
geométrica, 51 da comparação, 60
harmônica, 50 da integral, 57
quase-harmônica, 51 para séries alternadas, 64
telescópica, 46, 54
séries de potências, 75 valor absoluto, 78
séries numéricas, 44
sequência, 7
-crescente, 16
-decrescente, 16
convergência de, 8

85
Referências Bibliográficas

[1] Neri, Cassio Curso de Análise Real. Instituto Federal. Universidade


Federal do Rio de Janeiro, 2006.
[2] Stewart, James Calculus - Early Transcendentals. 6a ed. Thomsom
Brooks/Cole, 2008.
[3] Simmons, George F. Cálculo com Geometria Analítica Vol. 2. São Paulo.
McGraw-Hill, 1987.
[4] Thomas, George B. Cálculo Vol. 2. 11a ed. São Paulo. Addison Wesley.
2009.
[5] Leithold, Louis. O Cálculo com Geometria Analítica Vol. 2. 3a ed. São
Paulo. Editora Harbra ltda, 1994.
[6] Craw, Ian. Advanced Calculus and Analysis. Departament of Mathema-
tical Sciences. University of Aberdeen, 2000.
[7] Silva, Rodrigo Carlos. Anotações Sobre Sequências. UFF-RJ

[8] Guichard, David R. Calculus. http://www.whitman.edu/mathematics/cali-


fornia-calculus/

[9] Dawkins, Paul. Calculus II. http://tutorial.math.lamar.edu/terms.asp

86

You might also like