Professional Documents
Culture Documents
OBRIGAÇÕES PÓS-CONFLITO
JUSTIÇA E RECONCILIAÇÃO
Falando agora sobre justiça e reconciliação, o relatório trata de dois pontos: o das
instituições jurídicas e dos refugiados e retornados.
Sobre as instituições jurídicas, é necessário que seja implantado o mais rápido
possível um sistema jurídico, justificando que, se não existe uma instituição capaz de
julgar as violações dos direitos humanos, não é possível levar a justiça para os
violadores da lei. Outra medida a ser implantada é, por exemplo, um Código Penal, o
qual possa ser usado nos casos onde não há nenhuma entidade capacitada de aplicar a
lei.
Sobre a outra questão, sobre o retorno dos refugiados e dos direitos dos
retornados.
É necessário garantir que não haja qualquer intenção de tratamento desigual para
os retornados, mandando assim a mensagem de que eles não são
bem-vindos.vFacilitar o retorno requer a remoção das barreiras administrativas e dos
obstáculos burocráticos de retornar e, também, a adoção de leis de propriedade
não-discriminatórias, entretanto, apenas a alocação de moradias não serão o suficiente,
a construção de novas habitações normalmente serão necessárias e, para isso, é
preciso quem construa e quem pague por isso. Além disso, também será necessário
desenvolver um ambiente de direitos sociais e de condições econômicas para os
retornados, o que também inclui acesso à saúde, à educação e aos serviços básicos.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Sobre o terceiro e último aspecto, a responsabilidade final de construção da paz
de qualquer intervenção militar deveria ser encorajar ao máximo o crescimento
econômico, a recriação de mercados e o desenvolvimento sustentável, em razão de
que, o crescimento econômico não somente já implica em uma determinada ordem e
justiça, mas também para a própria recuperação do país. Para isso, também é
necessário que se encontre meios de que findem quaisquer medidas coercitivas e
punições econômicas aplicadas a esse país.
Isso não se deve somente para o desenvolvimento econômico, mas também é uma
medida de segurança de curto-prazo como vimos anteriormente sobre os
ex-combatentes, que necessitam dessa reintegração para que se estabeleçam
pacificamente na sociedade, e o quanto antes essa comunidade perceber que a vida
civil pode retornar a normalidade sob circunstâncias normais de segurança, mais
positivos serão suas respostas ao desarmamento e às questões relacionadas à isso.
Iniciando agora a última parte do capítulo 5, a comissão trata dos Limites para a
Ocupação, enfatizando os bons resultados que uma ocupação militar traria ao país em
questão. As boas são que é possível a remoção das raízes do conflito original e
restaurando a boa governança e a estabilidade econômica, esse período talvez faça
que a população local se acostume com as instituições e processos democráticos, no
caso destes não existirem no governo anterior.
Entretanto, a comissão diz que obviamente podem ter aspectos negativos e citam
três principais: a Soberania, A Dependencia e Distorção e o Repasse da
Responsabilidade, que significa mais ou menos alcançar ou tornar a propriedade em
propriedade local.
SOBERANIA
Sobre o primeiro ponto, da Soberania, a comissão parte do pressuposto de que é
necessário transferir a soberania da região para que o interventor tenha autoridade
sobre esse território pois, somente desse modo, é possível haver uma boa governança,
bem como paz e estabilidade. Mas essa soberania não seria de jure, mas somente de
facto, ou seja, pelo período em que a intervenção e os processos pós-intervenções
aconteçam.
Mas, uma pergunta minha é como fazer isso na prática, ainda mais se for num
conflito onde há várias lideranças atuando, como escolher tal liderança? Não há no
relatório nenhuma parte falando sobre isso.
DEPENDENCIA E DISTORÇÃO
Uma má administração das autoridades interventoras que, independente do
motivo (propositalmente ou não), faça com que as populações locais se sintam que
são tratados como “inimigos”, irá obviamente fazer com que o sucesso de qualquer
esforço de reabilitação de longo prazo esteja ameaçado.
Outro tópico deste assunto é o súbito/repentino/abrupto fluxo de uma grande
quantia de capitais estrangeiros que normalmente acompanham a intervenção militar,
é um problema pois isso acaba tendo uma grande distorção principalmente nos países
frágeis financeiramente, criando uma expectativa ilusória na economia desses lugares
e fazendo com que, depois da saída desses capitais, essa economia volte ao seu estado
anterior e terminando negócios que só seriam possíveis naquele nível ilusório de
anteriormente.
Continuando na linha financeira, agora referente às autoridades interventoras,
com a maior duração do período do acompanhamento da intervenção, maiores são os
custos financeiros e materiais para os países que a custeiam. Ainda mais se não
houver um prazo de duração dessa intervenção, desincentivando o futuro exercício da
responsabilidade de proteger, não importando o quão bom humanitariamente falando
ela seja, pois, como usando o tempo atual de exemplo, há uma grande desaceleração
de quase todas as economias do mundo.