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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

GUSTAVO STAFIN SCHULTZ

RAMON BRUNOW GOMES

RICARDO KNESEBECK

SIDINEI DOMINGOS MAZON

ANALISE DO CICLO DE VIDA

LAMPADA FLUORESCENTE E INCANDESCENTE

CURITIBA –PR

2017
Sumário
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3

2 DEFINIÇÃO DO OBJETIVO E ESCOPO:.................................................................................... 3

2.1 OBJETIVO: ....................................................................................................................................... 3


2.2 ESCOPO: ......................................................................................................................................... 3
2.2.1 Produtos: ................................................................................................................................ 3
2.2.2 Função: .................................................................................................................................. 3
2.2.3 Unidade funcional: ................................................................................................................ 3
2.2.4 Fluxo de Referência ............................................................................................................. 3

3 CÁLCULO DO IMPACTO AMBIENTAL: ..................................................................................... 4

3.1 MATRIZ DE PROCESSOS: ................................................................................................................ 4


3.1.1 Particionamento .................................................................................................................... 4
3.1.2 Remoção ................................................................................................................................ 5
3.2 CÁLCULO DO INVENTÁRIO: .............................................................................................................. 5
3.3 CÁLCULO DA DISCREPÂNCIA: .......................................................................................................... 7
3.4 CÁLCULO DO IMPACTO AMBIENTAL: ................................................................................................ 7
3.5 NORMALIZAÇÃO E PONDERAÇÃO:................................................................................................... 7
3.6 CONTRIBUIÇÃO DOS PROCESSOS EM CADA CATEGORIA DE IMPACTO: ........................................ 8

4 CONCLUSÃO: ................................................................................................................................ 9
1 Introdução
A ACV (Avaliação do ciclo de vida) tem sido uma prática muito aplicada na
indústria nos dias atuais, pois serve para avaliar e comparar diferentes materiais
e/ou produtos levando em conta os impactos ambientais que estes causam,
tornando possível a escolha de meios de produção que agridam menos o meio
ambiente. Logo, este escrito tem por objetivo demonstrar de forma sucinta os
cálculos que visam comparar os impactos ambientais do uso de lâmpadas
fluorescentes com as lâmpadas incandescentes, mostrando assim qual a melhor
opção a ser utilizada levando em conta o aspecto ambiental.

2 Definição do Objetivo e Escopo:


2.1 Objetivo:
Identificar o processo de maior impacto ambiental para gestão do ciclo de vida
destinado ao público interno e comparar as lâmpadas incandescentes e
fluorescentes.

2.2 Escopo:

2.2.1 Produtos:
A equipe tem a disposição lâmpadas com as seguintes características:

Incandescente Fluorescente
Potência Fluxo luminoso Potência Fluxo luminoso
60 W 800 lm 20 W 1100 lm
Durabilidade 1000h 8000h

2.2.2 Função:
Iluminação adequada de um ambiente interno.

2.2.3 Unidade funcional:


A unidade funcional é a quantificação da função de um determinado produto. No
caso abordado por esse trabalho a unidade funcional foi definida como: Iluminar
um ambiente de 100 m2 com 500 lm/m2 por um ano.

2.2.4 Fluxo de Referência


Para a determinação do fluxo de referência foram adotados os seguintes cálculos:

𝑙𝑚
100𝑚2 ∗ 500
𝐹𝑅𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑 = 𝑚2 ∗ 365 𝑑𝑖𝑎𝑠 ∗ 24ℎ = 547,5 𝑙𝑎𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
800 𝑙𝑚 1000ℎ 𝑎𝑛𝑜
𝑙𝑚
100𝑚2 ∗ 500
𝐹𝑅𝑓𝑙𝑢𝑜𝑟 = 𝑚2 ∗ 365 𝑑𝑖𝑎𝑠 ∗ 24ℎ = 49,77 𝑙𝑎𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎𝑠 𝑓𝑙𝑢𝑜𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠
1100 𝑙𝑚 8000ℎ 𝑎𝑛𝑜
As lâmpadas acesas por um ano gastarão energia elétrica conforme a relação a
seguir:

𝐸𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑 = 365𝑑𝑖𝑎𝑠 ∗ 24ℎ ∗ 60 𝑊 = 525,6𝑘𝑊ℎ

𝐸𝑓𝑙𝑢𝑜𝑟 = 365𝑑𝑖𝑎𝑠 ∗ 24ℎ ∗ 20 𝑊 = 175,2𝑘𝑊ℎ

Dessa forma o vetor fluxo de referência f para a lâmpada incandescente será:

Unidade Fluxos Demanda


kWh Hidrelétrica 0
kg Alumínio 0
kg Vidro 0
kg Cobre 0
kg Combustível 0
kWh Termelétrica 0
kWh Mix de eletricidade -525,6
kg Carvão 0
kg Cobre reciclado 0
kg Resíduo 0
p Lâmpada incandescente -547,5
p Lâmpada fluorescente 0
h Uso da incandescente 8760
h Uso da fluorescente 0
p Descarte da incandescente 0
p Descarte da fluorescente 0
kg Aço 0

Os fluxos negativos são as entradas, e os negativos as saídas. Ao ceder 525,6


kWh e 547,5 lâmpadas incandescentes é possível utilizar a lâmpada
incandescente por 8760h.

3 Cálculo do Impacto Ambiental:


3.1 Matriz de Processos:
A matriz de processos, chamada de (P), apresenta a matriz tecnológica (A) com
13 processos e 17 fluxos, o que impossibilita o cálculo da ACV, pois esse cálculo
só é possível com uma matriz tecnológica quadrada, dessa forma se faz
necessário o uso de alguns artifícios para tornar a matriz (A) quadrada.

3.1.1 Particionamento
O método de particionamento é utilizado para dividir um processo multifuncional
em vários processos monofuncionais para que a matriz se torne quadrada
tornando possível o cálculo de sua inversa.
No caso das lâmpadas o processo “produção de lâmpada” foi particionado em
“Produção de lâmpada incandescente” e “Produção de lâmpada fluorescente”,
pois o processo inicial existe para os fluxos “Lâmpada incandescente” e “Lâmpada
fluorescente”, dessa forma basta ver a porcentagem de cada fluxo no processo e
dividir este processo em dois novos processos de forma proporcional.

𝜆𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑒 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 0,625

𝜆𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢çã𝑜 𝑑𝑒 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 0,375

Seguindo a mesma lógica o processo “Uso da incandescente” foi particionado em


“Descarte lâmpada incandescente” e “Uso lâmpada incandescente” utilizando as
proporções dos fluxos “Uso da incandescente” e “Descarte da incandescente”.

𝜆𝑈𝑠𝑜 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 0,9990

𝜆𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 0,0010

Assim também o processo “Uso da fluorescente” foi particionado em “Descarte


lâmpada fluorescente” e “Uso lâmpada fluorescente” utilizando as proporções dos
fluxos “Uso da fluorescente” e “Descarte da fluorescente”.

𝜆𝑈𝑠𝑜 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑓𝑙𝑢𝑜𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 0,9999

𝜆𝐷𝑒𝑠𝑐𝑎𝑟𝑡𝑒 𝑙â𝑚𝑝𝑎𝑑𝑎 𝑓𝑙𝑢𝑜𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 0,0001

3.1.2 Remoção
O método da remoção consiste em substituir os fluxos existentes por zeros, o que
resulta na retirada de fluxos da matriz tecnológica.

No caso das lâmpadas o fluxo “Aço” foi removido, pois seus valores eram
pequenos quando comparados com o restante da matriz tecnológica.

O fluxo “Aço” também era um fluxo que não apresentava nenhum processo
diretamente ligado a ele, por exemplo: existe o fluxo “Alumínio” e o processo
“Produção de Alumínio”, mas não existe processo “Produção de Aço”

É possível criar uma matriz com os fluxos negligenciados chamada de (A′)′.

Dessa forma a matriz tecnológica final se torna uma matriz 16x16, quadrada, que
passa a ser chamada de (A′).

3.2 Cálculo do Inventário:


A partir do momento em que se tem uma matriz de tecnológica quadrada (A’)
obtida pela junção dos vetores de processo, seguido de uma posterior adequação
por meio das técnicas de particionamento e remoção, demonstradas acima, se
pode então calcular o inventário da seguinte forma:
Primeiramente o fluxo de referência é definido como sendo a quantidade de
produto necessária para cumprir a função que para a situação em questão se trata
de 548 lâmpadas incandescentes e 525,6 kWh ou 50 lâmpadas fluorescentes e
175,2kWh. Então o vetor de demanda f é construído como tendo todos os
elementos iguais a zero e apenas o fluxo de referência diferente de zero.

Sabendo que a matriz tecnológica (A) multiplicada pelo vetor de escala (S) deve
ser igual ao vetor de demanda (f), fazemos:

(𝑆) = (𝐴)−1 ∗ (𝑓)

Onde A-1 é a matriz inversa de A.

Para a lâmpada incandescente o vetor (s) é igual a:

Fluxos Fator de escala


Hidrelétrica 19,1588208
Alumínio -9,33637E-13
Vidro 4,67857E-14
Cobre 6,827059739
Combustível 335,0056666
Termelétrica 1,64218464
Mix de eletricidade 27369,744
Carvão 17078,72026
Cobre reciclado 6,827059739
Resíduo 5075,385858
Lâmpada incandescente -0,063434394
Lâmpada fluorescente 0,10572399
Uso da incandescente 8,76
Uso da fluorescente 507538,5858
Descarte da incandescente 0
Descarte da fluorescente 253769,2929

Após determinado o vetor de escala (s) faz-se que:

(𝑔) = (𝐵) ∗ (𝑠)

Onde g é a tabela de inventário e (B) é a matriz de intervenções ambientais que é


derivada da matriz de processos (P) sendo a parte inferior que é referente ao
inventário.

Assim, efetuando a operação acima a tabela de inventário é obtida sendo


composta dos fluxos ambientais presentes no sistema.
3.3 Cálculo da discrepância:
O fluxo “Aço” foi negligenciado, porém é possível calcular a discrepância causada
pela sua retirada. Para isso basta multiplicar a matriz dos fluxos removidos, (A′′),
pelo vetor de escala (s) e assim se obtém o tamanho dos fluxos negligenciados,
chamado de vetor (f′′).

Ao sobrepor a matriz (f′′) com o vetor demanda (f′), se obtém o vetor (𝑓̃).

Para calcula a discrepância, que é a diferença entre a demanda final imposta e a


obtida, basta fazer o vetor (𝑓̃) − (𝑓′).

3.4 Cálculo do impacto ambiental:


A matriz de caracterização (Q) é dada para os impactos acidificação, eutrofização
e Mudanças climáticas.

Para se chegar no valor de impacto (h), basta multiplicar a matriz de


caracterização (Q) pelo vetor tabela de inventário (g), pois este cálculo dará a
participação de cada fluxo de intervenção ambiental em cada área de impacto.

Para a lâmpada incandescente o impacto é:

Impacto DAC Caracterização


Acidificação kg de SO2 eq / kg 127,5503628
Eutrofização kg de PO33- eq / kg 6,514505274
Mudanças climáticas kg de CO2 eq/kg 20065,14844

Para a lâmpada fluorescente:

Impacto DAC Caracterização

Acidificação kg de SO2 eq / kg 11,52420977


Eutrofização kg de PO33- eq / kg 0,588618411
Mudanças climáticas kg de CO2 eq/kg 1813,345829

3.5 Normalização e Ponderação:


A normalização consiste no ato de dividir os resultados da caracterização por um
valor de referência

Para um vetor de referência (ℎ̇) dado, o vetor de impacto ambiental normalizado


(ℎ̃) será dado pela divisão de (h) por (ℎ̇). Dessa forma o impacto normalizado para
a lâmpada incandescente é:
Impacto DAC Carac. normalizada
Acidificação kg de SO2 eq / kg 3,044E-11
Eutrofização kg de PO33- eq / kg 1,034E-12
Mudanças climáticas kg de CO2 eq/kg 8,395E-11

E para a fluorescente:

Impacto DAC Carac. normalizada


Acidificação kg de SO2 eq / kg 2,750E-12
Eutrofização kg de PO33- eq / kg 9,343E-14
Mudanças climáticas kg de CO2 eq/kg 7,587E-12

A ponderação consiste em um vetor (w) onde cada elemento é o peso para cada
categoria de impacto.

Com o vetor (w) dado basta multiplicar este vetor pelo vetor de impacto ponderado
(ℎ̃) para se obter um valor W para o impacto total causado por um produto.

Para o caso das lâmpadas incandescentes e fluorescentes o valor W de impacto


foi:

𝑊𝑖𝑛𝑐𝑎𝑛𝑑𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 3,725𝐸 − 11

𝑊𝑓𝑙𝑢𝑜𝑟𝑒𝑠𝑐𝑒𝑛𝑡𝑒 = 3,366𝐸 − 12

3.6 Contribuição dos Processos em Cada Categoria de Impacto:


Com o intuito de determinar qual processo é mais impactante em cada categoria,
podemos particionar a matriz (B) em vetores (b1, b2, b3, ..., bn), representando a
emissão de cada processo. Fazemos o mesmo com a matriz (s) para determinar
o fator de escala individual em cada processo (s1, s2, s3, ..., sn).

Assim é possível multiplicar o vetor pelo escalar criado (bn x sn) criando os vetores
(gn), que correspondem à tabela de inventário, porem parada cada processo
individual.

Seguindo o mesmo procedimento das matrizes, multiplica-se cada vetor (gn) pela
matriz de caracterização (Q), resultando nos vetores de impacto (hn). Com isso é
possível observar a contribuição de cada processo nas categorias de impacto, a
fim de determinar onde seria mais eficiente uma melhoria nos aspectos ambientais
do processo.

Para a lâmpada incandescente tem-se que:


Processo de Maior Contribuição:
Impacto Processo Contribuição
Acidificação Tratamento de resíduo 99,650500%
Eutrofização Tratamento de resíduo 98,712793%
Mudanças climáticas Tratamento de resíduo 95,203450%

4 Conclusão:
Ao final do estudo, juntamente com a análise da planilha de Excel com o cálculo
de todas as etapas, pode-se perceber que a lâmpada incandescente teve um
impacto ambiental superior a lâmpada fluorescente em uma ordem de grandeza,
e que o tratamento de resíduos foi o maior responsável pelos danos ambientais
para ambas as lâmpadas.

Tanto para a lâmpada incandescente quanto a fluorescente o processo de


tratamento de resíduos se mostrou como o que causa maior impacto ambiental
dentre todos os aspectos avaliados, acidificação, eutrofização e mudanças
climáticas. Portanto pode-se constatar que o problema principal está neste
processo, e a indústria deveria buscar novos modos de processar os resíduos
provenientes da fabricação e descarte destes produtos.

Uma lâmpada incandescente chega a ser até 10 vezes mais barata do que uma
lâmpada fluorescente, porém na hora de realizar uma compra o consumidor deve
ficar atento também ao custo ambiental que suas escolhas trarão. Um ambiente
saudável e sustentável pode garantir a qualidade de vida do ser humano por
muitas gerações, porém para isso é necessário que em todas as decisões, desde
as mais pequenas, se pense no que é melhor para o planeta.

A ACV mostrou-se uma ferramenta muito útil por tornar possível se quantificar os
danos ambientais que determinados produtos e processos causam, e apesar de
contar com algumas avaliações subjetivas, como a ponderação, onde deve-se dar
um peso para cada impacto, seus resultados são muito bons para poder comparar
produtos afins.

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