- Pode-se sair de qualquer lugar - replicou o rapaz -, quando
se consegue mudar o sonho — Como é que isto funciona? -perguntou a menina de olhos amendoados. E o rapaz de asas acrescentou: - O que significa mudar o sonho? - Tudo isto é besteira! - gritou o funcionário. - Mudar o sonho - disse o rapaz com roupa de equilibrista - significa inventar uma nova história e depois entrar dentro dela. Afinal de contas, o que é que vocês aprendem aqui nessa escola, se nem ao menos sabem disso? — Onde foi que você aprendeu isso? — a mulher gorda quis saber. -Com um mudador de sonhos que eu mesmo inventei - respondeu o rapaz. — E você consegue mesmo mudar sonho? - perguntou a menina ofegante. —E você pode ensinar isto para nós? — Claro! - replicou o rapaz. -Aliás, sozinho é a maneira mais difícil. De dois fica bem mais fácil. E quando muitas pessoas fazem a coisa juntas, então, aí sempre se consegue. Todos os verdadeiros mudadores de sonho sabem disso. Michael End
Por que continuamos como educadores?
"O mar não está para peixes". A situação da Educação em nosso país tem sido menosprezada; haja visto que a LDB deveria ter sido votada até dois anos depois da Nova Constituição, em 988, e só virou lei em 1996... Por que continuamos como educadores? "O mar não está para peixes". O status que cercava a posição social do professor não é verdadeira hoje. Achatados socialmente por uma remuneração injusta, lutamos para sobreviver. Pouco, ou quase nada, podemos dispender na compra de livros, e mesmo jornais, para que sejamos contemporâneos de nós mesmos, atentos ao que o mundo nos oferece hoje. Por que continuamos como educadores? "O mar não está para peixes". A sociedade como um todo impõe Mirian novas regras, revê a moral e a ética. E nossos alunos refletem o caos Celeste Martins na indisciplina, na agressividade, no pouco valor atribuído ao estudo. A mídia valoriza o "sapeca" em oposição ao estudioso, pejorativamente chamado de "cdf". Por que continuamos como educadores? cada um sob o seu guarda-chuva, encontram uma solução porque Por que continuamos, apesar destas e tantas outras acreditam no sonho coletivo e porque havia um personagem constatações possíveis? Por que? singular: um equilibrista que lhes ensina, mas também avisa: "_ A O que nos mantém vivos, navegando e mergulhando nestas gente nunca sabe antecipadamente. A gente simplesmente começa." águas pedagógicas é a paixão que nos envolve. Paixão na relação Nada melhor do que a imagem de um personagem equilibrista com o outro, como mediadores da construção de conhecimento. para entender o educador que se torna parceiro instigador das Paixão de ensinar. mudanças, das transformações, das metamorfoses. Nosso sonho É nesta relação renovada em cada turma, em cada série, em cada por uma sociedade mais humana também precisa de parceiros ano, que encontramos o significado de nossa ação pedagógica, de educadores que promovam mediações, instiguem, que apoiem, que nossa vida de educador. Relação que nos mantém vivos e ainda, cutuquem, que informem, que procurem incessantemente, que apesar de tudo, atuantes. ofereçam, que briguem, que critiquem, que mostrem que não sabem, E o coordenador? E o diretor? Partilham da mesma paixão de que se humanizem. ensinar? Quem são os seus educandos? Como educadores de educadores, este papel de fomentar "O mar não está para peixes". As burocracias que escravizam, as parcerias é essencial. É fundamental entre nossos colegas, entre relações humanas dificultadas pela relação de autoridade que tem de nossos alunos. Compreender as relações grupais pode nos ajudar a exercer, muitas vezes embaçam a paixão que direcionou sua carreira. construir vínculos onde, como cardumes, possamos descobrir Continuam sendo mediadores na construção de conhecimento dos outras paisagens... seus educandos-educadores, mas, muitas vezes, se incomodam com a falta de resposta. Não lidam mais com a energia e a vida que a criança e o adolescente trazem para o seu grupo-classe. Mas sê deparam com professores que parecem desligados, anestesiados. Descobrem a falta de teorias que os fundamente, percebem a pobreza dos planejamentos e mergulham, em muitos casos, numa relação burocrática. O educador que está em reuniões com a coordenação, às vezes não parece o mesmo que está vivo na sala de aula, movido por outra energia, gerada pelo prazer de ensinar. Mas, é só esta paixão de ensinar que nos faz continuar educadores? Não. Acredito que fomos "mordidos" pelo vírus da educação. Somos alimentados por esta relação pedagógica. E, nos envolvemos também com a paixão de aprender. É por isto que escrevemos, é por isso que você lê. Nossas vidas se movem na busca de um significado maior enquanto educadores, na busca de nossa competência. Não há espaço na formação de educadores que sobreviva sem paixão. "Paixão de ensinar e paixão de aprender", como diz Madalena Freire, socializada com o outro, desvelada e ampliada permanentemente. Paixão de ensinar e paixão de aprender, desafiada pelas teorias que nasceram da prática, nos obrigando a rever nossos conceitos e pré-conceitos. Grupo Mas, se "o mar não está para peixes", o mar da educação precisa Mirian de cardumes enormes, movidos pela paixão de ensinar e de aprender, Cclcslc movendo tantos outros cardumes na construção do país que Moríim-
sonhamos. Mas, o sonho só se torna verdade se não for de um só.
No sensível conto de Michael End os alunos na sala de aula, 10 l l
Trabalho Final - ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS NO SECTOR FAMILIAR, EM RESPOSTA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EM ZONAS SEMI-ÁRIDAS DO DISTRITO DE MABALANE (GAZA)