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I. INTRODUÇÃO
Os conversores CC-CC são equivalentes aos
transformadores, mas em corrente contínua. Eles recebem
uma tensão CC fixa em sua entrada e fornecem uma tensão
CC variável em sua saída. Podem ser separados em três
grupos, os que fornecem um sinal de tensão maior na saída
(Boost), os que fornecem um sinal menor na saída (Buck) e os Figura 1. Modelo simplificado de Boost[1].
que fornecem sinais maiores ou menores (Buck-Boost) de
tensão com relação à entrada. Os conversores CC-CC são
uma classe de circuito eletrônico de potência que são
amplamente utilizados na regulação de fontes de tensão e no
acionamento de motores CC devido as suas características de
desempenho, tamanho, peso e confiabilidade.
Os conversores CC-CC têm como princípio de
funcionamento obter um valor de tensão diferente ao da
entrada variando o tempo em que a saída fica ligada à Figura 2. Circuito completo do Boost[1].
entrada. A ligação entre a entrada e a saída é realizada através Da figura 1, considerando a chave na posição pode-se
de chaves semicondutoras (MOSFET, IGBT, SCR), sendo definir a tensão no indutor e a corrente no capacitor
que o acionamento dos mesmos é comumente realizado considerando que a variação de tensão sobre o mesmo seja
através de um sinal PWM (Pulse WidthModulation) desprezível como[1]:
proveniente de um circuito externo. Para filtragem desse sinal
pulsante adiciona-se elementos armazenadores de energia,
como capacitores e indutores, os quais fornecem um sinal
contínuo na saída do circuito.
Este trabalho demonstra o desenvolvimento de um Quando a posição da chave é alterada para a posição 2 a
conversor CC-CC elevador, também chamado de Boost, tensão no indutor e a corrente no capacitor considerando que
implementando o controle da tensão de saída a partir da a corrente sobre o indutor é constante e igual a , são
referência desejada. definidas como[1]:
II. DESCRIÇÃO DO PROCESSO E SIMULAÇÃO
A. Equacionamento do Boost
Um modelo de Boost é apresentado na figura 1, onde a
chave seletora representa o funcionamento simplificado de A figura 3 apresenta os sinais de tensão do indutor e
uma chave transistorizada em paralelo com o diodo, em que corrente no capacitor para um período, onde representa a
na posição 1 o transistor encontra-se conduzindo e na posição parte de (período completo) em que a chave esta
2 não está conduzindo. Este modelo é utilizado porque conduzindo e a parte de quando a chave não esta
quando a chave está conduzindo, considerando uma queda de conduzindo[1].
tensão insignificante na mesma, a tensão no anodo do diodo
não é suficientemente alta para romper a sua barreira de
potencial, ao contrário do que acontece quando a chave não
está conduzindo, fazendo com que a tensão proveniente da
fonte e do indutor ultrapasse facilmente o valor de sua
barreira de potencial. Na figura 2 é apresentado o circuito
completo para o Boost[1].
Já para a segunda parte do período:
As equações (10) e (11) representam a inclinação da reta A partir das figuras 4 e 5 podemos desenvolver o modelo
de variação da corrente do indutor, assim, se multiplicadas de espaço de estados para ambos os estados de
pelo tempo obtém-se o valor da variação. O valor total da funcionamento do Boost. Definindo as matrizes de espaço de
variação da corrente é[1]: estados como[2]:
Assim, iniciando pelo estado onde a chave encontra-se
Fazendo o mesmo raciocínio para o capacitor obtém-se a conduzindo e definindo como variáveis de estados a corrente
corrente para ambas as partes do período[1]: no indutor ( ) e a tensão sobre o capacitor ( ), também
definindo a saída como sendo a tensão sobre a carga ( ) têm-
se[2]:
Análogo ao indutor, mas agora para a tensão no capacitor, [ ] [ ][ ] [ ]
obtém-se que a variação na tensão é[1]:
[ ][ ]
B. Dimensionamento dos Componentes do Boost Agora para o estado onde a chave encontra-se em aberto
A partir das equações do item A e das características define-se o espaço de estados como[2]:
desejadas para o Boost,apresentadas na Tabela I,
determinaram-se os valores para os componentes,
apresentados na Tabela II. [ ] [ ][ ] [ ]
[ ][ ] %% Discretização da planta
T=1/fs; %período de amostragem
D. Método de Simulação e Controle a M.F. npc=400; %número de pontos de descretização
Tc=T/npc; %período da planta pseudocontínua
A resposta da tensão sobre a carga na saída do Boost,
considerando o sistema a M.A. (Malha Aberta), com os I=eye(2); %Gera matriz identidade 2x2
valores do circuito apresentado na tabela II do item B Ada=I+A*Tc;%Discretização da Matriz A
utilizando o simulador PSIM, é apresentada na figura 6. %Matriz para chave aberta
Bd=B*Tc; %Discretização da Matriz B
Maux=[1 0;0 1]; %Matriz auxiliar
Adf=Ada.*Maux; %Matriz A para chave fechada
%% Configuração da simulação
Ts=0.4; %tempo de simulação
nps=Ts/T; %numero de passos de simulação
%% Ganho do controlador
Kp=0.0001; %ganho proporcional
Ki=60; %ganho integral
Kd=0.00080; %ganho derivativo
%% inicialização de variáveis
r=zeros(1,nps+1); %referencia
ra=zeros(1,nps+1); %referencia adaptativa
e=zeros(1,nps+1); %erro
Figura 6. Resposta da tensão na saída do Boost a M.A. u=zeros(1,nps+1); %ação de controle
uP=zeros(1,nps+1); %ação de controle proporcional
Da figura 6 notou-se que existe um overshoot muito alto uD=zeros(1,nps+1); %ação de controle derivativo
na entrada, chegando a quase o dobro da saída desejada. Com uI=zeros(1,nps+1); %ação de controle integral
a intenção de minimizar o overshoot e tornar o sistema mais Se=zeros(1,nps+1); %Soma do erro
rápido fechou-se a malha de controle do sistema. A figura 7 X=zeros(2,nps+1); %saída
apresenta o diagrama em blocos simplificado do projeto de Xc=zeros(1,nps*npc+1); %saída continua
Xc=zeros(2,nps*npc+1); %saída continua
controle a M.F. (Malha Fechada), englobando desde a parte uc=zeros(1,nps*npc+1); %controle continuo
de potência até a parte de controle. td=zeros(1,nps+1); %contador tempo discreto
tc=zeros(1,nps*npc+1); %contador pseudocontínuo
kc=0; %Contador pseudo continuo
auxp=1; %utilizada no PWM (principal)
auxs=0; %utilizada no PWM (secundaria)
chave=0; %define a posicao da chave
%% simulacao em MF
for k=3:nps
td(k)=k*T; %incrementa contador
if k<300
r(k)=25; %referência
else
r(k)=25;
Figura 7. Diagrama simplificado do projeto. end
ra(k)=0.8*ra(k-1)+0.2*r(k);%variação da
Para simulação da planta e controle da mesma se utilizou %referência
o softwareMatlab e as equações de espaços de estados %adaptativa
apresentadas no item C. O quadro 1 apresenta o programa X(k)=Xc(2,kc+1)+R*(2*rand(1)-1); %amostragem
utilizado para simular o sistema, onde utilizou-se um %com ruído
controlador PID e um ganho unitário na realimentação da e(k)=ra(k)-X(k); %define o erro
Se(k)=Se(k-1)+e(k); %somatória do erro
malha. if Se(k)>(45/(Ki*T)) %condição para que o
Quadro 1. Programa utilizado para simulação.
%erro nãoextrapole +
%%Parâmetros iniciais Se(k)=45/(Ki*T);
end
R=0.01; %ruído if Se(k)<(-45/(Ki*T)) %condição para que o
fs=2000; %frequência de amostragem %erro nãoextrapole -
Rb=100; %resistência Se(k)=-45/(Ki*T);
Cb=0.00047; %Capacitância end
Lb=0.0031; %indutância
Vin=10; %Tensão de entrada %% controlador PID discreto
D=0; %razãocíclica uP(k)=Kp*e(k); %componente proporcional
uI(k)=Ki*T*Se(k); %componente integral
%% Definição do modelo em espaço de estados uD(k)=Kd/T*(e(k)-e(k-1));%componente
A=[0 -1/Lb;1/Cb -1/(Rb*Cb)]; %Matriz A %derivativa
B=[1/Lb;0]; %Matriz B u(k)=uP(k)+uI(k)+uD(k); %ação de controle
C=[0 1]; %Matriz C if u(k)>45 %condição para que
D=0; %Matriz D %nãoextrapole +
u(k)=45;
end
if u(k)<0 %condição para que nãoextrapole +
u(k)=0;
end
D(k)=(u(k)/45)*0.75; %define razãocíclica
%D=0.4;
if X(k)<Vin
D(k)=0;
end
if D(k)<0
D(k)=0;
end
%% Simulação da planta pseudocontínua Figura 9. Sinal de tensão de saída em regime
for k1=1:npc
kc=k*npc+k1; %contador pseudocontínuo
tc(kc)=kc*Tc; %tempo pseudocontínuo III. DESENVOLVIMENTO E MATERIAIS
if (k1)>(100*(auxp-1)+(D(k)*100))
%verifica condição para abertura ou A. Materiais e circuito
%fechamento da chave Os materiais necessários para os circuitos doBoost, do
chave=0; circuito de controle, aquisição de dados e acionamento são
else
chave=1;
apresentados na tabela III:
end
if chave==0 %de acordo com a posição da TABELA III. MATERIAIS NECESSÁRIOS.
%chave escolhe uma matriz
%Ad. Chave = 0 significa COMPONENTE CARACTERÍSTICA
%chaveaberta e chave=1 Circuito do Boost
%significa chave fechada 1 Indutor
Xc(:,kc+1) = Ada*Xc(:,kc)+Bd*Vin; 1 Capacitor
else
1 MOSFET IRF520
Xc(:,kc+1) = Adf*Xc(:,kc)+Bd*Vin;
end 1MOSPEC S16C45C
auxs=auxs+1; %contador para PWM 1 Resistor
if auxs==100 Circuito de aquisição de sinal
auxs=0; 1 Resistor
auxp=auxp+1;
end
1 Resistor
end 1Zener
auxp=1; %contador para PWM 1 Indutor
auxs=0; %contador para PWM 1 Capacitor
end Circuito de acionamento
A partir do programa simulou-se o funcionamento da 1 Resistor
malha de controle. A figura 8 e 9 apresentam os resultados 1 Resistor
obtidos com a simulação. Como pode-se observar na figura 8 1 Resistor
em comparação com a figura 6 o overshoot foi eliminado e o 1 BJT BC548
sistema se tornou mais rápido. A figura 9 apresenta com Circuito de controle
ênfase o sinal de saída regime, e como definido na tabela 2 1Microcontrolador
do item B, a saída não sofreu variações maiores que . MSPG2452
A partir das figuras 2 e 7 e da tabela III de materiais
montou-se os circuitos presentes no sistema. Os circuitos de
acionamento, do Boost e de aquisição de sinal são
apresentados na figura 10, que também já indica a ligação do
microcontrolador ao circuito de acionamento.
IV. RESULTADOS
A partir da montagem do circuito da figura 10 capturou-
se algumas imagens dos sinais presentes no circuito.
Inicialmente, na figura 11, é apresentado o sinal de
Figura 13. Sinal da tensão de entrada (amarelo) e o transitório de saída com o
chaveamento proveniente do microcontrolador, e o sinal acionamento do controlador (azul).
chaveado do IRF520. Notou-se que o mosfet em questão
possuí lógica inversa, ou seja, quando o sinal de Na figura 14 foi realizado o mesmo procedimento que na
chaveamento do micro encontra-se em nível alto, o sinal do da figura 13, com a diferença de que a carga ligada ao
mosfet encontra-se em baixo. Boostfoi alterada. As características de tensão, carga e
corrente para as figuras 13 e 14 são apresentadas na tabela
IV.
Figura 13 Figura 14
Tensão na carga em regime
Tensão de entrada
Corrente na carga
Valor da carga
V. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inicialmente pode-se dizer que os resultados obtidos e
apresentados no item IV, se assemelharam aos obtidos
através de simulação, apresentados no item II B, sendo estes
resultados considerados satisfatórios.
Entre alguns fatos interessantes observados, ressalta-se a
diminuição da variação da tensão de saída com o sistema
controlado quando a carga era diminuída, ou seja, quanto
maior a corrente do sistema, menores oscilações de tensão
existiam no sistema, fazendo com que o controle atuasse de
maneira mais satisfatória, já que havia menos interferência
no sinal capturado pelo conversor AD do microcontrolador.
Uma das soluções para atenuação da variação de tensão
ocorrida com baixa corrente na carga poderia ser amenizada
com a adição de um capacitor cerâmico em paralelo com a
carga.
A divergência existente entre os ganhos de controle da
simulação e os ganhos de controle do microcontrolador é
devido à ausência do filtro passa baixa na simulação da
planta no Matlab.
REFERÊNCIAS
[1] Erickson, Robert W., “Fundamentals of Power Electronics”. Second
Edition. Secaucus, NJ, USA: Kluwer Academic Publishers, 2000.
[2] K. Ramash Kumar, “Design of a Hybrid Posicast Control for a DC-
DC Boost Converter Operated in Continuous Conduction Mode”.
IEEE, 2011.
[3] Muhammad H. Rashid, “Eletrônica de Potência: Circuitos,
Dispositivos e Aplicações”, Makron Books, São Paulo, 1999.
[4] Ashfaq Ahmed, “Eletrônica de Potência”, Prentice Hall, São Paulo,
2000.