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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

ESCOLA POLITÉCNICA
CURSO DE ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO

GUILHERME AUGUSTO DE CARVALHO

ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS EM


UMA FUNDIÇÃO

CURITIBA
2018
GUILHERME AUGUSTO DE CARVALHO

ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS EM


UMA FUNDIÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso


apresentado ao Curso de Especialização
em Eng. De Segurança do Trabalho da
Pontifícia Universidade Católica do
Paraná, como requisito parcial à obtenção
do título de Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

Orientador: Prof. Dr. Key Fonseca de Lima

CURITIBA
2018
GUILHERME AUGUSTO DE CARVALHO

ATIVIDADES E OPERAÇÕES INSALUBRES DE CONDIÇÕES AMBIENTAIS EM


UMA FUNDIÇÃO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em


Engenharia de Segurança do Trabalho da Pontifícia Universidade Católica do Paraná,
como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de
Segurança do Trabalho.

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________
Ademir José Ludovico, Prof. Esp.
PREVENTIONIS

_____________________________________
Carlos Lunelli, Prof. M. Eng.
PUCPR

_____________________________________
Irionson Antonio Bassani, Prof. Dr. Eng.
PUCPR

Curitiba, 24 de Novembro de 2018.


Dedico este trabalho a toda minha família,
meus amigos e aqueles que me querem
bem.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus queridos pais Mozart e Marina pelo amor e compreensão que
sempre dedicaram a mim e a meu irmão.

Agradeço a meu irmão André por fazer parte da minha família.

Agradeço aos meus professores e amigos do curso de pós-graduação em Engenharia


de Segurança do Trabalho pela sua dedicação em transmitir com clareza toda a sua
experiência profissional.

Agradeço ao amigo Paulo Bauer, pelo apoio à pesquisa, o qual inúmeras vezes me
ajudou e sempre me forneceu todas as informações necessárias para que este
trabalho fosse realizado.

Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Key Fonseca de Lima pelas suas palavras
generosas e sábias de aconselhamento.
“Imaginação é mais importante que
conhecimento. Conhecimento é limitado,
a imaginação cerca o mundo”.
Albert Einstein
RESUMO

Muitas etapas do processo de fundição ainda são realizadas de forma manual. Apesar
de existir fornos de indução com grandes tecnologias, o abastecimento de matéria
prima dentro dos mesmos, muitas vezes é realizado quase que manualmente. Ainda
hoje, a maioria das industrias apresentam métodos de produção e condições de
trabalho bastantes deficientes. Condições inseguras de trabalho afetam a saúde, a
segurança e o bem-estar dos trabalhadores. Este trabalho buscou analisar a
exposição ao calor de um posto de trabalho especifico, forneiro de fundição, em uma
indústria de fundição, baseando-se na NR 15 - Atividades e Operações Insalubres,
com destaque para o seu Anexo 3: Limites de Tolerância para Exposição ao calor e a
NHO 06 - Avaliação de exposição Ocupacional ao Calor, que estabelece os critérios
e procedimentos para avaliação nas situações que impliquem stress térmico ao
trabalhador, com consequente risco de dano potencial à saúde. Para isso foi realizado
uma visita in loco e medições para coleta de dados para uma análise detalhada da
situação deste trabalhador. Foi verificado que este trabalhador labora em condições
insalubres e proposto melhorias para que esta situação seja corrigida.

Palavras-chave: Calor. Risco Físico. Fundição.


ABSTRACT

Many pkases of the casting process are still performed manually. Although there are
induction furnaces with great technologies, the supply of raw material inside them, is
often carried out almost manually. Even today, most industries have poor production
methods and working conditions. Unsafe working conditions affect the health, safety
and well-being of workers. This work sought to analyze the exposure to heat of a
specific workstation, foundry supplier, in a foundry industry, based on NR 15 -
Unhealthy Operations and Activities, especially its Annex 3: Tolerance Limits for
Exposure to heat and NHO 06 - Occupational Exposure to Heat Assessment, which
establishes the method and procedures for evaluation in situations that imply thermal
stress to the worker, with a consequent risk of potential health damage. An on-site visit
and data collection measurements were carried out for a detailed analysis of the
situation of this worker. It was verified that this worker works in unhealthy conditions
and proposed improvements so that this situation is corrected.
Key-words: Heat. Physical Hazard. Foundry.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 - Taxa metabólica por tipo de atividade ..................................................... 19


Quadro 2 - Nível de ação para trabalhadores aclimatizados e limite de exposição
ocupacional ao calor para trabalhadores não aclimatizados ..................................... 23
Quadro 3 - Limite de exposição ocupacional ao calor para trabalhadores
aclimatizados............................................................................................................. 23
Quadro 4 - Valor teto para trabalhadores aclimatizados e não aclimatizados ........... 24
Quadro 5 - Incrementos de ajuste do IBUTG médio para alguns tipos de vestimentas
.................................................................................................................................. 25
Figura 1 - Árvore de Termômetros e Medidor de stress térmico ............................... 26
Quadro 6 - Região de incertezas para trabalhadores aclimatizados ......................... 28
Quadro 7 - Critério de julgamento e tomada de decisão ........................................... 29
Quadro 8 - Cálculo da umidade relativa .................................................................... 30
Quadro 9 - Quantidade de acidentes de trabalho...................................................... 31
Figura 2 - Setor de moldagem ................................................................................... 32
Figura 3 - Setor de macharia ..................................................................................... 32
Figura 4 - Setor de fusão ........................................................................................... 33
Figura 5 - Setor de vazamento .................................................................................. 33
Figura 6 - Setor de desmoldagem ............................................................................. 34
Figura 7 - Setor de acabamento ................................................................................ 34
Figura 8 - Posto de trabalho do forneiro de fundição ................................................ 35
Figura 9 - Fundição em estudo.................................................................................. 38
Figura 10 - Croqui do local de estudo ....................................................................... 39
Figura 11 - Alerta de utilização de EPI’s ................................................................... 40
Figura 12 - Alerta de Perigo ...................................................................................... 40
Figura 13 - Posição dos equipamentos de medição .................................................. 48
Figura 14 - Posição do equipamento no primeiro dia de medições ........................... 49
Figura 15 - Posição do equipamento no segundo dia de medições .......................... 49
Quadro 10 - Dados de medição dia 09 de outubro de 2018 ...................................... 50
Quadro 11 - Dados de medição dia 09 de outubro de 2018 ...................................... 51
Quadro 12 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação IBUTG (09/10/2018) ... 53
Quadro 13 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação M (09/10/2018) ........... 53
Quadro 14 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação IBUTG (10/10/2018) ... 53
Quadro 15 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação M (10/10/2018) ........... 54
Quadro 16 - Parâmetro de avaliação NHO 06........................................................... 55
Quadro 17 - Resultado utilizando os parâmetros de avaliação NHO 06 ................... 56
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Taxas de metabolismo por tipo de atividade ............................................ 14


Tabela 2 - Limites de tolerância ao calor com descanso no próprio local de trabalho
.................................................................................................................................. 15
Tabela 3 - Limites de tolerância com descanso em outro local ................................. 16
Tabela 4 - Relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) .. 37
Tabela 5 - Jornada de trabalho ................................................................................. 42
Tabela 6 - Rotina de trabalho do dia 09 de outubro de 2018 .................................... 43
Tabela 7 - Rotina de trabalho do dia 10 de outubro de 2018 .................................... 45
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABIFA Associação Brasileira de Fundição


AEAT Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho
CA Certificado de Aprovação
CBO Classificação Brasileira de Ocupações
CIC Cidade Industrial de Curitiba
CLT Consolidação das Leis Trabalhistas
CNAE Cadastro Nacional de Atividade Econômica
EPI Equipamento de Proteção Individual
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
IBUTG Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia
INSS Instituto Nacional do Seguro Social
M Taxa Metabólica
NHO Norma de Higiene Ocupacional
NR Norma Regulamentadora
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
SNC Sistema Nervoso Central
t Tonelada
UV Ultra Violeta
W Watt
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 1
1.1 PROBLEMATIZAÇÃO .................................................................................... 2
1.2 OBJETIVOS ................................................................................................... 2
1.2.1 Objetivo Geral ............................................................................................... 2
1.2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 2
1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ....................................................... 3
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ..................................................................... 4
2.1 CALOR ........................................................................................................... 4
2.2 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR ....................................... 4
2.2.1 Condução ...................................................................................................... 4
2.2.2 Convecção .................................................................................................... 4
2.2.3 Irradiação ...................................................................................................... 5
2.2.4 Fatores que influenciam na troca de calor do corpo humano com o
ambiente..................................................................................................................... 5
2.2.4.1 Temperatura do ar .......................................................................................... 5
2.2.4.2 Umidade relativa do ar.................................................................................... 6
2.2.4.3 Velocidade do ar ............................................................................................. 6
2.2.4.4 Calor radiante ................................................................................................. 7
2.2.4.5 Ondas de calor e alterações ........................................................................... 7
2.2.4.6 Tipo de Atividade ............................................................................................ 7
2.3 CORFORTO TÉRMICO .................................................................................. 7
2.4 MECANISMOS DE DEFESA DO ORGANISMO FRENTE AO CALOR.......... 8
2.5 EFEITOS DE ALTAS TEMPERATURAS NO CORPO HUMANO .................. 8
2.6 LEGISLAÇÃO E NORMAS ............................................................................. 9
2.6.1 CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas ................................................ 9
2.6.2 Instrução Normativa INSS 45 ..................................................................... 10
2.6.3 NR 06 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)................................. 11
2.6.4 NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA) ........... 12
2.6.5 NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos............ 12
2.6.6 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres ............................................ 13
2.6.6.1 Procedimentos de cálculo dos limites de tolerância ..................................... 13
2.6.7 NR 17 – Ergonomia ..................................................................................... 17
2.6.8 NHO 06 – Norma de Higiene Ocupacional 06 ........................................... 18
2.6.8.1 IBUTG........................................................................................................... 18
2.6.8.2 Taxas Metabólicas (M) ................................................................................. 19
2.6.8.3 Limites de exposição ocupacional ................................................................ 20
2.6.8.4 Aclimatização ............................................................................................... 24
2.6.8.5 Vestimentas .................................................................................................. 25
2.6.8.6 Reconhecimento do local e rotina de trabalho .............................................. 25
2.6.8.7 Equipamento de Medição ............................................................................. 26
2.6.8.8 Procedimento de Medição ............................................................................ 27
2.6.8.9 Interpretação dos Resultados ....................................................................... 27
2.6.8.10 Critério de Julgamento e Tomada de decisão ............................................. 29
2.7 CÁLCULO DA UMIDADE RELATIVA DO AR ............................................... 29
2.8 FUNDIÇÃO ................................................................................................... 30
2.8.1 Etapas do processo de Fundição.............................................................. 31
2.8.2 Forneiro de Fundição ................................................................................. 35
3 ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 37
3.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO ....................................................... 37
3.2 PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO ................................................................. 41
3.3 JORNADA DE TRABALHO .......................................................................... 42
3.4 RESULTADOS ............................................................................................. 47
3.4.1 Avaliação NR 15 .......................................................................................... 52
3.4.2 Avaliação NHO 06 ....................................................................................... 55
3.5 SUGESTÕES DE MELHORIA ...................................................................... 57
4 CONCLUSÃO............................................................................................... 59
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 61
ANEXO A – LAUDO DE CALIBRAÇÃO DO MEDIDOR .......................................... 64
1

1 INTRODUÇÃO

A indústria brasileira de fundição voltou a crescer, conforme revela os dados da


ABIFA – Associação Brasileira de Fundição, no ano de 2017, com 2.215,7 mil
toneladas fundidas, a produção aumentou 5,4% levando em conta o ano anterior. Nos
seis primeiros meses de 2018 foram fundidas 1,12 milhões de toneladas, o que
corresponde a 5,6% a mais que o mesmo período de 2017 e 14,3% em relação a
2016. Segundo a ABIFA, o número de empregados na indústria de fundição alcançou
o número de 53.128 empregados (1,5% a mais do que em 2017) (ABIFA, 2018).
Em uma fundição, um dos riscos encontrados é o calor, que em condições de
excessiva elevação, pode levar o trabalhador ao estado psicofisiológico conhecido
como estresse térmico. O estresse térmico, especialmente originado por calor, pode
ocasionar muitas implicações ao corpo do trabalhador, como: hipertermia, tontura,
desidratação, doenças de pele, psiconeuroses, cataratas e desfalecimento por
hipovolemia ou déficit de sódio (SOARES, 2013).
A saúde dos trabalhadores e funcionários de uma instituição está diretamente
ligada à sua segurança, seu ambiente de trabalho, sua qualidade de trabalho e
disposição para execução das mais diversas atividades. Um trabalhador que sofre
com os riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e/ou de acidentes, acaba
vivendo um estresse da atividade muito maior do que um trabalhador que está
devidamente protegido e com as condições de trabalho mais seguras. Porém, cada
ambiente, cada posto de trabalho, possui riscos diferentes e que devem ser
analisados caso a caso, para que o trabalhador possua condições seguras para
executar sua atividade.
No caso deste trabalho, é tratado a situação do posto de trabalho em condições
de temperatura elevadas, mais especificamente, o posto de trabalho de um forneiro
de uma fundição. Este trabalhador fica exposto diretamente à elevadas temperaturas,
riscos de queimaduras por contato direto com o metal derretido, risco de queimaduras
na pele devido à radição UV e, também vem a sofrer devido as condições de estresse
térmico.
2

1.1 PROBLEMATIZAÇÃO

Muitas etapas do processo de fundição ainda são realizadas de forma manual.


Apesar de existir fornos de indução com grandes tecnologias, o abastecimento de
matéria prima dentro dos mesmos muitas vezes é feito quase que manualmente. A
etapa do vasamento de metal líquido nos moldes de areia para a fabricação das peças
também é realizada manualmente com auxílio de troles elétricos. Ainda hoje, a maioria
das industrias do ramo de fundição apresentam métodos de produção e condições de
trabalho bastantes deficientes. Um grande problema do forneiro de fundição cuja
responsabilidade é alimentar o forno e avaliar a composição da liga fundida, é a
temperatura elevada. A exposição por muito tempo a temperaturas elevadas pode
causar alguns problemas para saúde do trabalhador, ocasionando distúrbios como a
desidratação, câimbras provenientes do calor excessivo, choque térmico, exaustão do
calor e, também, o risco de queimaduras. Com base no que foi exposto, como saber
se o trabalhador está sendo prejudicado pela exposição ao calor excessivo?

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar com base na Norma Regulamentadora 15 – ATIVIDADES E


OPERAÇÕES INSALUBRES (ANEXO III) a situação do posto de trabalho de um
forneiro de uma fundição.

1.2.2 Objetivos Específicos

Os objetivos específicos do trabalho são:


a) Identificar os níveis de temperatura no posto de trabalho selecionado;
b) Verificar se as condições de trabalho condizem com a NR 15;
c) Analisar a situação deste posto de trabalho em relação a exposição ao
calor.
d) Propor melhorias para a situação apresentada
3

1.3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para a elaboração do presente trabalho, inicialmente foi verificado a


importância do tema quando analisado o anuário estático de acidentes do trabalho.
Também, fez-se indispensável compreender algumas legislações e normas vigentes,
com o foco para as condições de trabalho em temperaturas elevadas. Para
aprofundamento do tema, foi estudado algumas definições de conforto térmico e os
efeitos de elevadas temperaturas quando o ser humano exposto a estas condições. A
norma regulamentadora (NR) 15: Atividades e Operações Insalubres trata de modo
direto a exposição ao calor, mas este assunto também está presente em outras
normas, como a NR 06: Equipamentos de Proteção Individual (EPI), NR 09: Programa
de Prevenção de Riscos Ambientais e NR 17: Ergonomia, assim como a Norma de
Higiene Ocupacional (NHO) 06: Avaliação da exposição ocupacional ao calor e a
instrução normativa n° 45 do INSS.
Seguindo com o procedimento adotado neste trabalho, se fez necessária uma
visita in loco para melhor reconhecimento da empresa de fundição antes da coleta dos
dados. A partir daí, foi verificado as condições da rotina de trabalho dos funcionários
desta indústria, a planta da empresa, as condições do ambiente de trabalho, número
de funcionários e a posição para coleta dos dados pelos equipamentos de medição.
O aparelho adotado para a coleta de dados foi o medidor de stress térmico
termômetro de globo, que atende os requisitos da NHO 06 e da NR 15. Todo o
procedimento para avaliação de exposição ao calor foi realizado de acordo como é
instruído na norma de higiene ocupacional NHO 06. Com os dados obtidos, após
medição realizada na empresa de fundição escolhida, foram realizados os cálculos
presentes no anexo III da NR 15 para avaliação quantitativa do agente físico calor e
obter a resposta ao problema apresentado nesse trabalho.
4

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 CALOR

O calor é um tipo de energia que se transmite naturalmente de um corpo para


o outro quando houver uma desigualdade de temperatura entre eles. Isto ocorre até a
temperatura dos corpos entrarem em equilíbrio. O calor é uma energia em
deslocamento causada por uma diferença de temperatura. A grandeza mensurável é
a Temperatura. O calor pode ser transferido de um ponto a outro, dentro do mesmo
corpo, sem a necessidade de dois corpos com temperaturas diferentes, e sim, com
uma fonte geradora de calor externa (INCROPERA, 2008).

2.2 MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE CALOR

2.2.1 Condução

A condução é um tipo de transferência de calor em que ocorre a troca de


energia de uma região de temperatura mais alta para uma região de temperatura mais
baixa pelo movimento cinético ou pelo choque das moléculas. A energia do corpo de
temperatura mais alta agita as moléculas do corpo de temperatura mais baixa,
exercendo com que a energia cinética média das moléculas do corpo de temperatura
mais baixa se eleve, aumentando assim, sua energia interna. Logo, a temperatura do
corpo que está recebendo a energia em forma de calor se eleva até o estado de
equilíbrio (INCROPERA, 2008).

2.2.2 Convecção

A convecção é o processo de deslocamento de energia pela atividade


composta da condução de calor, armazenamento de energia e movimento de mistura.
A convecção é importante como mecanismo de transferência de energia entre uma
superfície sólida e um liquido ou gás.
Em um fluído, onde o movimento das partículas é grande, as partículas
aquecidas pelo contato direto com a superfície sólida normalmente se dirigem para
locais onde as temperaturas são menores. Este processo provoca uma transferência
de energia de um ponto para outro, caracterizando a transmissão de calor por
convecção (SALIBA, 2014).
5

A convecção pode ser caracterizada de duas maneiras, são elas:


• Natural ou Livre – A diferença de temperatura proporciona uma diferença
de densidade e há a movimentação do fluido.
• Forçada – O movimento do fluido é ocasionado pela atuação de uma força
externa sobre o sistema. Ex: uso de bombas, ventiladores ou sopradores
(INCROPERA, 2008).

2.2.3 Irradiação

Irradiação ou radiação térmica é o processo onde o calor é transferido por meio


de ondas eletromagnéticas. O calor é transmitido de um corpo de alta temperatura
para um de mais baixa quando tais corpos estão separados no espaço, ainda que
exista vácuo entre eles. A emissão pode ser referida as alterações das estruturas
eletrônicas dos átomos ou moléculas que a constituem. Assim sendo, não há
necessidade de um contato físico entre corpos para que a energia (na forma de calor)
seja transmitida entre eles (SALIBA, 2014).

2.2.4 Fatores que influenciam na troca de calor do corpo humano com o


ambiente

A dificuldade do estudo do calor encontra-se na situação de ocorrer muitas


variáveis que acarretam nas trocas térmicas entre o corpo humano e o meio ambiente,
caracterizando assim, a complexidade da exposição ao calor. Entre os diversos
fatores e situações que influenciam nas trocas térmicas, seis principais devem ser
considerados na quantificação da sobrecarga térmica:

2.2.4.1 Temperatura do ar

O caminho da transmissão de calor fica associado a diferença positiva ou


negativa entre a temperatura do ar e a temperatura da pele. O indivíduo perderá calor
por condução-convecção se a temperatura do ar for menor que a da pele, quando a
temperatura do ar é inferior à da pele, a remoção de calor por convecção será tanto
maior quanto menor for a temperatura do ar. O organismo ganhará calor por
condução-convecção se a temperatura do ar for maior que a da pele. A quantidade de
calor absorvida ou cedida é diretamente proporcional à diferença entre as
6

temperaturas. Quanto à evaporação, a influência da temperatura do ar dependerá da


umidade relativa e da velocidade do ar (RUAS, 1999).

2.2.4.2 Umidade relativa do ar

Esta característica influência na troca térmica entre o organismo e o ambiente


pelo sistema de evaporação. A partir disto, a perda de calor no organismo por
evaporação dependerá da umidade relativa do ar, ou seja, da porção de água presente
numa determinada quantidade de ar. Quanto maior a umidade relativa, menor será a
perda de calor por evaporação.
A umidade relativa do ar tem grande influência na remoção de calor por
evaporação, na medida em que a baixa umidade relativa permite ao ar relativamente
seco absorver a umidade da pele rapidamente, e, com isso, promover também de
forma rápida a remoção de calor do corpo. A alta umidade relativa produz efeito
inverso (RUAS, 1999).

2.2.4.3 Velocidade do ar

A velocidade do ar no ambiente é capaz de modificar as trocas tanto na


condução e convecção como na evaporação. Quando ocorre um aumento de
velocidade do ar no ambiente, as mudanças de camadas de ar mais imediatas ao
corpo acontecem com maior rapidez, aumentando assim, o fluxo de calor entre este e
o ar. Se há maior velocidade do ar, haverá substituição mais rápida das camadas de
ar mais saturadas com água e substituição por outras menos saturadas, favorecendo
então, a evaporação. É importante verificar o sentido de transmissão de calor, pois o
aumento de velocidade do ar poderá favorecer ou desfavorecer o ganho de calor pelo
organismo, dependendo se a diferença de temperatura é positiva ou negativa
(SALIBA, 2014).
O aumento da velocidade do ar favorecerá na melhora de perda de calor do
corpo para o meio, se a temperatura do ar for menor que a do corpo. Caso contrário,
o corpo ganhará mais calor com o aumento da velocidade do ar.
7

2.2.4.4 Calor radiante

Quando existem fontes apreciáveis de calor radiante e um indivíduo se


encontra em presença destes fatores, o organismo absorve esse calor radiante
através da pele e ganhará calor pelo mecanismo de radiação (SALIBA, 2014).

2.2.4.5 Ondas de calor e alterações

O estudo dos efeitos de calor oriundos das ondas de calor tem uma importante
contribuição, pois a partir da análise das mudanças ocasionadas pelo calor excessivo
é possível adotar medidas eficazes para o ambiente de trabalho, para que ele se torne
mais seguro e confortável ao trabalhador. Jay e Kenny (2010) relatam que exposições
durante um grande intervalo de tempo com diferentes valores de temperatura e
umidade no local de trabalho e fora dele, pode ocasionar um risco para o trabalhador.
Para tarefas nas quais as atividades físicas são muito elevadas, o risco de stress por
calor é iminentemente maior, já que o nível de metabolismo passa a exigir uma maior
quantidade de calor a ser dissipada, para que o equilíbrio térmico ocorra.

2.2.4.6 Tipo de Atividade

O indivíduo, quando exerce uma atividade física muito intensa, aumenta


significativamente a taxa de metabolismo produzida pelo seu corpo, gerando assim,
parte do calor total ganho pelo organismo (SALIBA, 2014).

2.3 CORFORTO TÉRMICO

Temperaturas extremas são condições térmicas rigorosas sob as quais podem


ser realizadas atividades profissionais (OLIVEIRA, 2011). Dentre estas condições, é
destacado o calor.
Do ponto de vista da saúde ocupacional, o calor constitui um fator de risco
relevante. A exposição a este agente físico pode ocorrer em inúmeros locais de
trabalho, tais como: siderúrgicas, fundições, indústrias têxteis, padarias, entre outros
(SALIBA, 2011).
Os indivíduos que ocupam funções em locais onde a temperatura é muito alta
estão sujeitos a sofrer de fadiga, ocorrendo falhas na percepção e no raciocínio, e
8

sérias perturbações psicológicas que podem gerar esgotamento físico e depressões


(BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).
Um indivíduo, quando exposto a diferenças de temperatura, pode:
 ganhar ou perder calor por condução, convecção e radiação;
 ganhar calor por metabolismo;
 perder calor por evaporação.

2.4 MECANISMOS DE DEFESA DO ORGANISMO FRENTE AO CALOR

Quando o organismo humano está submetido ao calor intenso, ele apresenta


dois mecanismos de defesa (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012):
a) Vasodilatação periférica: para facilitar uma maior troca de calor entre o
indivíduo e o ambiente, o organismo humano realiza o aumento da circulação de
sanguínea na superfície do corpo, onde ocorrem as trocas térmicas, pois o fluxo de
sangue transporta calor do núcleo do corpo para superfície;
b) Sudorese: Para possibilitar a troca de calor por meio do suor (evaporação), o
organismo humano realiza a ativação das glândulas sudoríferas. A quantidade de
glândulas ativadas é diretamente proporcional a diferença de temperatura existente.

2.5 EFEITOS DE ALTAS TEMPERATURAS NO CORPO HUMANO

A capacidade de suportar variações de temperatura é uma característica


comum entre os seres humanos. Porém, nem todos os locais de trabalho são
considerados apropriados para a realização de um trabalho eficiente. A temperatura
é um fator muito importante para o rendimento do trabalho. Quanto mais quente for o
ambiente de trabalho, menor será a tolerância do trabalhador à atividade física e
mental. O ambiente de trabalho pode expor seus trabalhadores a condições
desfavoráveis devido à presença de riscos ambientais, entre eles o calor. O calor
causa desconforto podendo aumentar o risco de acidentes e provocar danos
consideráveis à saúde dos colaboradores, entre eles: (PROTEÇÃO, 2009).
a) Exaustão do calor: uma consequência da exposição ao calor é a queda de
pressão arterial. Devido a dilatação dos vasos sanguíneos em virtude do calor, ocorre
a falta de fornecimento de sangue do córtex cerebral (baixa pressão arterial)
(GUYTON & HALL, 2006, p. 883).
9

b) Desidratação: a desidratação atua principalmente na redução do volume de


sangue, ocasionando a exaustão do calor. Em situações mais graves provoca
disfunções celular, ineficiência muscular, redução da secreção (principalmente na
saliva), perda de apetite, dificuldade de engolir, acúmulo de ácido nos tecidos, febre e
até mesmo a morte (BREVIGLIERO, POSSEBON, SPINELLI, 2012).
c) Cãibra do calor: o organismo, quando exposto ao calor excessivo, ativa uma
de suas defesas, a sudorese, onde acontece a perda de água e sais minerais, em
especial do cloreto de sódio. Com a ausência deste ingrediente no organismo,
poderão ocorrer espasmos musculares e cãibras (SALIBA, 2011).
d) Choque térmico: acontece quando os sistemas termo regulatórios param de
funcionar e a temperatura central sobe significativamente. Citocinas inflamatórias são
ativadas e insuficiência de múltiplos órgãos pode se desenvolver. Pode ocorrer
insuficiência de órgãos, como por exemplo sistema nervosos central (SNC), músculo
esquelético, fígado, rim, pulmões e coração (SALIBA, 2011).
g) Enfermidades das glândulas sudoríparas: a exposição ao calor por um
grande período de tempo e, sobretudo, em clima muito úmido pode ocasionar
mudanças das glândulas sudoríparas, que param de produzir o suor, prejudicando o
sistema de trocas térmicas e levando o individuo à intolerância ao calor. O trabalhador
com estes sintomas, deve receber tratamento dermatológico e, em alguns casos, deve
ser realocado para atividades em que não há a necessidade de sudorese para a
manutenção do equilíbrio térmico (GUYTON & HALL, 2006, p. 884).
h) Edema pelo calor: um dos sintomas é o inchaço das extremidades,
principalmente nos pés e tornozelos. Normalmente ocorre em pessoas não
aclimatizadas, sendo de grande importância a manutenção do equilíbrio hídrico-salino
(GUYTON & HALL, 2006, p. 884).

2.6 LEGISLAÇÃO E NORMAS

2.6.1 CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

A CLT, de 1º de Maio de 1943, na seção VIII do conforto térmico, principalmente


os artigos 176, 177 e 178 discorrem sobre o assunto exposição ao calor (CLT, 1943):
“Art. 176 - Os locais de trabalho deverão ter ventilação natural, compatível
com o serviço realizado.
Parágrafo único - A ventilação artificial será obrigatória sempre que a natural
não preencha as condições de conforto térmico.”
10

“Art. 177 - Se as condições de ambiente se tornarem desconfortáveis, em


virtude de instalações geradoras de frio ou de calor, será obrigatório o uso de
vestimenta adequada para o trabalho em tais condições ou de capelas,
anteparos, paredes duplas, isolamento térmico e recursos similares, de forma
que os empregados fiquem protegidos contra as radiações térmicas”.

“Art. 178 - As condições de conforto térmico dos locais de trabalho devem ser
mantidas dentro dos limites fixados pelo Ministério do Trabalho.”

Nos artigos 189 a 192 estabelece as condições de atividade e operações


referentes ao tema de insalubridade (CLT, 1943):
Art . 189 - Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas
que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho, exponham os
empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância
fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo de
exposição aos seus efeitos.

Art . 190 - O Ministério do Trabalho aprovará o quadro das atividades e


operações insalubres e adotará normas sobre os critérios de caracterização
da insalubridade, os limites de tolerância aos agentes agressivos, meios de
proteção e o tempo máximo de exposição do empregado a esses agentes.
Parágrafo único - As normas referidas neste artigo incluirão medidas de
proteção do organismo do trabalhador nas operações que produzem
aerodispersóides tóxicos, irritantes, alérgicos ou incômodos.

Art . 191 - A eliminação ou a neutralização da insalubridade ocorrerá:


I - com a adoção de medidas que conservem o ambiente de trabalho
dentro dos limites de tolerância;
II - com a utilização de equipamentos de proteção individual ao
trabalhador, que diminuam a intensidade do agente agressivo a limites de
tolerância.
Parágrafo único - Caberá às Delegacias Regionais do Trabalho,
comprovada a insalubridade, notificar as empresas, estipulando prazos para
sua eliminação ou neutralização, na forma deste artigo.

Art . 192 - O exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites


de tolerância estabelecidos pelo Ministério do Trabalho, assegura a
percepção de adicional respectivamente de 40% (quarenta por cento), 20%
(vinte por cento) e 10% (dez por cento) do salário-mínimo da região, segundo
se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo.

2.6.2 Instrução Normativa INSS 45

A instrução normativa INSS/PRES de número 45, de 06 de Agosto de 2010,


que dispõe sobre a administração de informações dos segurados, o reconhecimento,
a manutenção e a revisão de direitos dos beneficiários da Previdência Social e
disciplina o processo administrativo previdenciário no âmbito do Instituto Nacional do
Seguro Social – INSS, no artigo de número 240, declara que a exposição ocupacional
a temperaturas anormais, oriundas de fontes artificiais, dará ensejo à aposentadoria
especial quando:
11

“I - até 5 de março de 1997, véspera da publicação do Decreto nº 2.172, de


1997, estiver acima de vinte e oito graus Celsius, não sendo exigida a
medição em índice de bulbo úmido termômetro de globo - IBUTG;

II - de 6 de março de 1997, data da publicação do Decreto nº 2.172, de 1997,


até 18 de novembro de 2003, véspera da publicação do Decreto nº 4.882, de
18 de novembro de 2003, estiver em conformidade com o Anexo 3 da NR-15
do MTE, Quadros 1, 2 e 3, atentando para as taxas de metabolismo por tipo
de atividade e os limites de tolerância com descanso no próprio local de
trabalho ou em ambiente mais ameno.”

III - a partir de 19 de novembro de 2003, data da publicação do Decreto nº


4.882, de 18 de novembro de 2003, para o agente físico calor, forem
ultrapassados os limites de tolerância definidos no Anexo 3 da NR-15 do
MTE, sendo avaliado segundo as metodologias e os procedimentos adotados
pelas NHO 06 da FUNDACENTRO.”

2.6.3 NR 06 – Equipamento de Proteção Individual (EPI)

A Norma Regulamentadora (NR 06): Equipamento de Proteção Individual (EPI),


define EPI como todo dispositivo ou produto, de uso individual utilizado pelo
trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a
saúde no trabalho. No item 6.2 a norma discorre sobre o Certificado de Aprovação
(CA) e no item 6.3 sobre a obrigatoriedade do fornecimento de EPI’s aos empregados.
6.2 O equipamento de proteção individual, de fabricação nacional ou
importado, só poderá ser posto à venda ou utilizado com a indicação do
Certificado de Aprovação - CA, expedido pelo órgão nacional competente em
matéria de segurança e saúde no trabalho do Ministério do Trabalho e
Emprego.

6.3 A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente, EPI


adequado ao risco, em perfeito estado de conservação e funcionamento, nas
seguintes circunstâncias:
a) sempre que as medidas de ordem geral não ofereçam completa proteção
contra os riscos de acidentes do trabalho ou de doenças profissionais e do
trabalho;
b) enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implantadas;
e,
c) para atender a situações de emergência.

De acordo com o Anexo I desta norma, os EPI’s para situações relacionadas a


exposição térmica são:
• EPI’s para proteção de cabeça, face e pescoço:
Capacete para proteção do crânio e face contra agentes térmicos, capuz para
proteção do crânio e pescoço contra riscos de origem térmica; óculos para proteção
dos olhos contra impactos de partículas volantes; óculos para proteção dos olhos
contra luminosidade intensa; protetor facial para proteção da face contra riscos de
origem térmica
12

• EPI’s para proteção de tronco, membro superiores e inferiores:


Vestimentas para proteção do tronco contra riscos de origem térmica; luvas
para proteção das mãos contra agentes térmicos; manga para proteção do braço e do
antebraço contra agentes térmicos; calçado para proteção dos pés contra agentes
térmicos; perneira para proteção da perna contra agentes térmicos; calça para
proteção das pernas contra agentes térmicos; macacão para proteção do tronco e
membros superiores e inferiores contra agentes térmicos.
• EPC’s para proteção do coletivo:
Os Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC), por sua vez, são aplicados no
ambiente de trabalho com o objetivo de proteger o coletivo.
Entre os principais Equipamentos de Proteção Coletiva destacamos os cones,
fitas e placas de sinalização, alarmes, plataformas, grades e dispositivos de bloqueio,
barreiras contra luminosidade e radiação, exaustores, corrimão, etc.
Uma das vantagens dos EPC’s é que são mais eficientes e não proporcionam
incômodo ao trabalhador. Outro fator importante é que os Equipamentos de Proteção
Coletiva resguardam a integridade física dos colaboradores e de terceiros presentes
na empresa. Muitas vezes, podem ser dispositivos individuais, mas compartilhados
pelo grupo, como máscara de solda, chuveiros de segurança e kit de primeiros-
socorros.

2.6.4 NR 09 – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA)

A NR 09: Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), estabelece


a obrigatoriedade por parte de todas as empresas que possuem trabalhadores como
empregados a elaboração do PPRA, que visa à preservação da saúde dos
trabalhadores, através da antecipação, reconhecimento, avaliação e consequente
controle da ocorrência de riscos ambientais existentes ou que venham a existir no
ambiente de trabalho. Como o calor é um risco físico, segundo a definição das próprias
normas regulamentadoras, este deve obrigatoriamente estar presente nas ações e
controles do PPRA.

2.6.5 NR 12 – Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos

A NR 12: Segurança no Trabalho em Máquinas e Equipamentos define


referências técnicas, princípios fundamentais e medidas de proteção para garantir a
13

saúde e a integridade física dos trabalhadores e estabelece requisitos mínimos para


a prevenção de acidentes e doenças do trabalho nas fases de projeto e de utilização
de máquinas e equipamentos de todos os tipos, e ainda à sua fabricação, importação,
comercialização, exposição e cessão a qualquer título.
No item procedimento de trabalho, a norma discorre:
12.130. Devem ser elaborados procedimentos de trabalho e segurança
específicos, padronizados, com descrição detalhada de cada tarefa, passo a
passo, a partir da análise de risco.

12.130.1. Os procedimentos de trabalho e segurança não podem ser as


únicas medidas de proteção adotadas para se prevenir acidentes, sendo
considerados complementos e não substitutos das medidas de proteção
coletivas necessárias para a garantia da segurança e saúde dos
trabalhadores.

12.131. Ao início de cada turno de trabalho ou após nova preparação da


máquina ou equipamento, o operador deve efetuar inspeção rotineira das
condições de operacionalidade e segurança e, se constatadas anormalidades
que afetem a segurança, as atividades devem ser interrompidas, com a
comunicação ao superior hierárquico.

2.6.6 NR 15 – Atividades e Operações Insalubres

Para determinação da insalubridade, as considerações em relação à exposição


ocupacional ao calor, precisam seguir os procedimentos de cálculo e aos limites de
tolerância especificados no anexo III da Norma Regulamentadora (NR) 15: Atividades
e Operações Insalubres, disposto pelo Ministério do Trabalho e publicada em 08 de
junho de 1978 através da portaria número 3.214. O sistema de cálculo apresentado
no anexo III da NR 15, tem como principal variável o Índice de Bulbo Úmido
Termômetro de Globo (IBUTG). A ordem, a organização e o critério que devem ser
seguidos para a avaliação, medição e a coleta de dados, estão dispostos na Norma
de Higiene Ocupacional (NHO) 06: Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor
(NHO 06) de 2017, publicada pela Fundação Jorge Duprat Figueiredo.

2.6.6.1 Procedimentos de cálculo dos limites de tolerância

A exposição ao calor deve ser avaliada através do Índice de Bulbo Úmido


Termômetro de Globo (IBUTG) definido pelas equações que se seguem:
Ambientes internos ou externos sem carga solar:

IBUTG = 0,7. Tbn + 0,3. Tg


14

(1)

Ambientes externos com carga solar:

IBUTG = 0,7. Tbn + 0,1. Tbs + 0,2. Tg


(2)

sendo:
Tbn = temperatura de bulbo úmido natural;
Tg = temperatura de globo;
Tbs = temperatura de bulbo seco;
Existem dois regimes de trabalho para o cálculo dos limites de tolerância para
exposição ao calor no anexo III da NR 15. Um deles é um regime de trabalho
intermitente com períodos de descanso no próprio local de prestação de serviço e o
outro é um regime de trabalho intermitente com período de descanso em outro local.
Procedimento para cálculo em regime de trabalho intermitente com período de
descanso no próprio local de prestação de serviço:
Primeiramente, deve-se calcular o IBUTG através da equação (1) ou (2),
escolhendo a equação (1) para ambientes internos ou externos em que não haja
incidência de carga solar sobre o trabalhador e a equação (2) para ambientes externos
quando há a incidência de carga solar sobre o trabalhador. Após encontrar o valor de
IBUTG, verificar na Tabela 1 o tipo de atividade.

Tabela 1 - Taxas de metabolismo por tipo de atividade


TIPO DE ATIVIDADE Kcal/h
SENTADO EM REPOUSO
TRABALHO LEVE 100
Sentado, movimentos moderados com braços e troncos (ex.: datilografia). 125
Sentado, movimentos moderados com braços e pernas (ex.: dirigir). 150
De pé, trabalho leve, em máquina ou bancada, principalmente com braços. 150
TRABALHO MODERADO
Sentado, movimentos vigorosos com braços e pernas. 180
De pé, trabalho leve em máquina ou bancada, principalmente com braços. 175
De pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação. 220
Em movimento, trabalho moderado de levantar ou empurrar. 300
TRABALHO PESADO
Trabalho intermitente de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.: remoção com pá). 440
Trabalho fatigante 550
15

Fonte: Adaptado do anexo n°3 da NR 15 do Ministério do Trabalho.

Então, com os dados de IBUTG e do tipo de atividade, verificar a Tabela 2 e


realizar as conclusões pertinentes.

Tabela 2 - Limites de tolerância ao calor com descanso no próprio local de trabalho


REGIME DE TRABALHO INTERMITENTE TIPO DE ATIVIDADE
COM DESCANSO NO PRÓPRIO LOCAL
LEVE MODERADA PESADA
DE TRABALHO (por hora)
Trabalho contínuo até 30,0 até 26,7 até 25,0
45 minutos trabalhando
30,1 a 30,5 26,8 a 28,0 25,1 a 25,9
15 minutos descansando
30 minutos trabalhando
30,7 a 31,4 26,8 a 29,4 26,0 a 27,9
30 minutos descansando
15 minutos trabalhando
31,5 a 32,2 29,5 a 31,1 28,0 a 30,0
45 minutos descansando
Não é permitido o trabalho, sem a
adoção de medidas adequadas de acima de 32,2 acima de 31,1 acima de 30,0
controle.
Fonte: Adaptado do anexo n°3 da NR 15 do Ministério do Trabalho.

Para o cálculo dos limites de tolerância para exposição ao calor, em regime de


trabalho intermitente com período de descanso em outro local, o procedimento de
cálculos deve ser o seguinte: Primeiramente, deve-se estudar o regime de trabalho
para se conhecer quantos minutos em uma hora o trabalhador despende trabalhando
e quanto despende descansando. Após verificar as taxas de metabolismo do
trabalhador, tanto no ambiente de trabalho, quanto no ambiente de descanso, no
quadro 3 do anexo III da NR 15. Com os dados de tempos de trabalho e descanso e
das taxas de metabolismo, calcula-se a taxa de metabolismo média ponderada,
através da equação (3):

Mt . tt + Md . td
M=
60
(3)
sendo:
M = Taxa de metabolismo média ponderada para uma hora;
Mt = Taxa de metabolismo no local de trabalho;
Md = Taxa de metabolismo mo local de descanso;
tt = Soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho;
16

td = Soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de


descanso;
Então, deve-se calcular o IBUTG do local de trabalho e do local de descanso
através da equação (1) ou (2), escolhendo entre uma ou outra dependendo da
exposição à carga solar ou não. Com os valores de IBUTG, aplica-se a equação de
número (4) para se obter o valor de IBUTG média ponderado:

IBUTGt . tt + IBUTGd . td
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG =
60
(4)
sendo:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG = Valor do IBUTG médio ponderado para uma hora.
IBUTGt = Valor do IBUTG no local de trabalho.
IBUTGd = Valor do IBUTG no local de descanso.
tt = Soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de trabalho.
td = Soma dos tempos, em minutos, em que se permanece no local de
descanso.
E, finalmente, com os valores da taxa de metabolismo médio ponderado e do
IBUTG médio ponderado, utiliza-se a Tabela 3 para realizar as conclusões
pertinentes.

Tabela 3 - Limites de tolerância com descanso em outro local


M (kcal/h) MÁXIMO IBUTG
175 30,5
200 30,0
250 28,5
300 27,5
350 26,5
400 26,0
450 25,5
500 25,0
Fonte: Adaptado do anexo n°3 da NR 15 do Ministério do Trabalho.
17

2.6.7 NR 17 – Ergonomia

A NR 17: Ergonomia, estabelece parâmetros que permitam a adaptação das


condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores,
proporcionando um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente.
No item condições ambientais de trabalho, a norma recomenda:
17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam
solicitação intelectual e atenção constantes, são recomendadas as seguintes
condições de conforto:
a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma
brasileira registrada no INMETRO;
b) índice de temperatura efetiva entre 20°C (vinte) e 23°C (vinte e três graus
centígrados);
c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s;
d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento.

No item organização do trabalho, a norma discorre:

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica


do pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da
análise ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

a) todo e qualquer sistema de avaliação de desempenho para efeito de


remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em consideração
as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores;
b) devem ser incluídas pausas para descanso;
c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou
superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um
retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao
afastamento.

2.6.8 NR 23 – Proteção Contra Incêndios

A NR 23: Proteção Contra Incêndios, cita que todos os empregadores devem


adotar medidas de prevenção de incêndios, em conformidade com a legislação
estadual e as normas técnicas aplicáveis.
A norma recomenda:
23.1.1 O empregador deve providenciar para todos os trabalhadores
informações sobre:
a) utilização dos equipamentos de combate ao incêndio;
b) procedimentos para evacuação dos locais de trabalho com segurança;
c) dispositivos de alarme existentes.
23.2 Os locais de trabalho deverão dispor de saídas, em número suficiente e
dispostas de modo que aqueles que se
encontrem nesses locais possam abandoná-los com rapidez e segurança, em
caso de emergência.
23.3 As aberturas, saídas e vias de passagem devem ser claramente
assinaladas por meio de placas ou sinais luminosos,
18

indicando a direção da saída.


23.4 Nenhuma saída de emergência deverá ser fechada à chave ou presa
durante a jornada de trabalho.
23.5 As saídas de emergência podem ser equipadas com dispositivos de
travamento que permitam fácil abertura do
interior do estabelecimento.

2.6.9 NR 26 – Sinalização de Segurança

A NR 26: Sinalização de Segurança, tem por objetivo fixar as cores que devem
ser usadas nos locais de trabalho para prevenção de acidentes, identificando os
equipamentos de segurança, delimitando áreas, identificando as canalizações
empregadas nas indústrias para a condução de líquidos e gases e advertindo contra
riscos.
A norma recomenda:
26.1.2 As cores utilizadas nos locais de trabalho para identificar os
equipamentos de segurança, delimitar áreas, identificar
tubulações empregadas para a condução de líquidos e gases e advertir
contra riscos, devem atender ao disposto nas normas
técnicas oficiais.
26.1.3 A utilização de cores não dispensa o emprego de outras formas de
prevenção de acidentes.
26.1.4 O uso de cores deve ser o mais reduzido possível, a fim de não
ocasionar distração, confusão e fadiga ao trabalhador.

2.6.10 NHO 06 – Norma de Higiene Ocupacional 06

A Norma de Higiene Ocupacional (NHO 06): Avaliação da Exposição


Ocupacional ao Calor tem por finalidade definir as orientações e os métodos para
avaliação da exposição ocupacional ao calor que acarrete sobrecarga térmica ao
indivíduo, decorrendo em possíveis riscos à sua saúde.
O método de avaliação da exposição ocupacional ao calor adotado pela norma
NHO 06 tem por base o Índice de Bulbo Úmido Termômetro de Globo (IBUTG)
relacionado à Taxa Metabólica (M).
Os critérios de avaliação apresentados na NHO 06 narram o tipo de abordagem
dos ambientes, locais e das condições de trabalho a serem analisados, sobre os
aparelhos de medição a serem empregues, sobre os procedimentos de medição e,
também, sobre os cálculos e a análise dos resultados apurados.

2.6.10.1 IBUTG

O cálculo do IBUTG é o mesmo demonstrado no item 2.6.6.1.


19

2.6.10.2 Taxas Metabólicas (M)

As taxas metabólicas (M) relativas às diferentes atividades físicas executadas


pelo trabalhador devem ser atribuídas utilizando-se os dados apresentados no Quadro
1, que mostra as taxas estabelecidas em função do tipo de atividade.
Quadro 1 - Taxa metabólica por tipo de atividade
Atividade Taxa Metabólica (W)
Sentado
Em repouso 100
Trabalho leve com as mãos 126
Trabalho moderado com as mãos 153
Trabalho pesado com as mãos 171
Trabalho leve com um braço 162
Trabalho moderado com um braço 198
Trabalho pesado com um braço 234
Trabalho leve com dois braços 216
Trabalho moderado com dois braços 252
Trabalho pesado com os dois braços 288
Trabalho leve com braços e pernas 324
Trabalho moderado com braços e pernas 441
Trabalho pesado com braços e pernas 603
Em pé, agachado ou ajoelhado
Em repouso 126
Trabalho leve com as mãos 153
Trabalho moderado com as mãos 180
Trabalho pesado com as mãos 198
Trabalho leve com um braço 189
Trabalho moderado com um braço 225
Trabalho pesado com um braço 261
Trabalho leve com dois braços 243
Trabalho moderado com dois braços 279
Trabalho pesado com os dois braços 315
Trabalho leve com o corpo 351
Trabalho moderado com o corpo 468
Trabalho pesado com o corpo 630
Em pé, em movimento
Andando no plano
1. Sem carga
- 2 km/h 198
- 3 km/h 252
- 4 km/h 297
- 5 km/h 360
2. Com carga
- 10 kg, 4 km/h 333
- 30 kg, 4 km/h 450
Correndo no plano
- 9 km/h 787
- 12 km/h 873
- 15 km/h 990
20

Quadro 1 - Continuação
Atividade Taxa Metabólica (W)
Em pé, em movimento
Subindo rampa
1. Sem carga
- com 5° de inclinação, 4 km/h 324
- com 15° de inclinação, 3 km/h 378
- com 25° de inclinação, 3 km/h 540
2. Com carga de 20 kg
- com 15° de inclinação, 4 km/h 486
- com 25° de inclinação, 4 km/h 738
Descendo rampa (5 km/h) sem carga
- com 5° de inclinação 243
- com 15° de inclinação 252
- com 25° de inclinação 324
Subindo escada (80 degraus por min. - h do degrau de 0,17 m)
- Sem carga 522
- Com carga (20 kg) 648
Descendo escada (80 degraus por min. - h do degrau de 0,17 m)
- Sem carga 279
- Com carga (20 kg) 400
Trabalho moderado de braços (ex.: varrer, trabalho em almoxarifado) 320
Trabalho moderado de levantar ou empurrar 349
Trabalho de empurrar carrinhos de mão, no mesmo plano, com carga 391
Trabalho de carregar pesos ou com movimentos vigorosos com os
braços (ex.: trabalho com foice) 495
Trabalho pesado de levantar, empurrar ou arrastar pesos (ex.:
remoção com pá, abertura de valas) 524
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.

A taxa metabólica definida para o homem padrão (área superficial igual a 1,8 m2)
M [kcal/h] = 0,859845 x M [W]

2.6.10.3 Limites de exposição ocupacional

Os indicadores apresentados na NHO 06 são válidos somente para


trabalhadores sádios, com reposição de água e sais perdidos ao longo de sua
atividade, com acompanhamento médico e com o uso de vestimentas tradicionais,
que permitam transpiração. O limite de exposição ocupacional ao calor é estabelecido
̅̅̅̅̅̅̅̅̅) e na taxa metabólica média ponderada
com base no IBUTG médio ponderado (IBUTG
̅ ). Este é um limite horário e, portanto, deve ser respeitado em qualquer período de
(M
60 minutos corridos ao longo da jornada de trabalho (FUNDACENTRO, 2017).
21

Se o trabalhador estiver exposto a apenas uma situação térmica, deve ser


considerado o mesmo IBUTG para o período de 60 minutos. Caso ele esteja exposto
a mais de uma situação témica deve ser utilizado o ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG e cronometrado o tempo
de exposição em cada situação utilizando a Equação 5 para o cálculo.
O ciclo de exposição pode ter duração diferente de 60 minutos, porém
determinação do ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG sempre deve considerar um período de 60 minutos corridos.

IBUTG1 t1 + IBUTG2 t 2 + ⋯ + IBUTGi t i + ⋯ + IBUTGn t n


̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG =
60
(5)
sendo:
̅̅̅̅̅̅̅̅̅ = IBUTG médio ponderado no tempo em °C
IBUTG
IBUTGi = IBUTG da situação térmica “i” em °C
ti = tempo total de exposição na situação térmica “i”, em minutos, no período
de 60 minutos corridos mais desfavorável
i = i-ésima situação térmica
n = número de situações térmicas identificadas na composição do ciclo de
exposição
t1 + t2 + ... + ti + ... + tn = 60 minutos

̅ , deve-se considerar o mesmo período de 60 minutos


Para o cálculo da M
corridos considerado para o cálculo do IBUTG.
Se o trabalhador executar apenas uma atividade física, deve ser considerado
o mesmo M para o período de 60 minutos. Caso ele esteja exposto a mais de uma
̅ e cronometrado o tempo de exposição em cada
taxa metabólica deve ser utilizado o M
situação utilizando a Equação 6 para o cálculo. (FUNDACENTRO, 2017).
O período de exposição pode ter tempo diferente de 60 minutos, porém a
̅ sempre deve considerar um período de 60 minutos corridos.
determinação da M

M1 t′1 + M2 t′2 + ⋯ + Mi t ′ i + ⋯ + Mm t′m


̅=
M
60
(6)
sendo:
̅ = taxa metabólica média ponderada no tempo em W
M
22

Mi = taxa metabólica da atividade “i” em W


t’i = tempo total de exercício da atividade “i”, em minutos, noperíodo de 60
minutos corridos mais desfavorável
i = i-ésima atividade
m = número de atividades identificadas na composição do ciclode exposição
t’1 + t’2 + ... + t’i + ... + t’m = 60 minutos (FUNDACENTRO, 2017).

O ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅ a serem utilizados como representativos da exposição


IBUTG e a M
ocupacional ao calor devem ser na condição mais crítica de exposição, obtidos no
mesmo período de 60 minutos corridos.
Os limites de exposição ocupacional ao calor para trabalhadores não
̅̅̅̅̅̅̅̅̅ MAX) estão apresentados no Quadro 2 para os diferentes valores
aclimatizados (IBUTG
̅ . Seus valores também são os adotados como nível de ação para as exposições
de 𝑀
ocupacionais ao calor e, ainda, devem ser utilizados na avaliação de exposições
eventuais ou periódicas em atividades nas quais os trabalhadores não estão expostos
diariamente, tais como manutenção preventiva ou corretiva de fornos, forjas, caldeiras
etc. (FUNDACENTRO, 2017).
Para trabalhadores aclimatizados, os limites de exposição a serem utilizados
são os apresentados no Quadro 3.
Além dos limites estabelecidos nos Quadros 2 e 3, deve ser observado o valor
teto (Quadro 4), acima do qual o trabalhador não pode ser exposto sem o uso de
vestimentas e equipamentos de proteção adequados em nenhum momento da
jornada de trabalho. (FUNDACENTRO, 2017).
23

Quadro 2 - Nível de ação para trabalhadores aclimatizados e limite de exposição ocupacional ao calor
para trabalhadores não aclimatizados
M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C]
100 31,7 136 29,8 186 27,9 253 26 345 24,1 479 22,1
101 31,6 138 29,7 189 27,8 257 25,9 351 24 487 22
103 31,5 140 29,6 192 27,7 262 25,8 357 23,9 495 21,9
105 31,4 143 29,5 195 27,6 266 25,7 363 23,8 503 21,8
106 31,3 145 29,4 198 27,5 270 25,6 369 23,7 511 21,7
108 31,2 148 29,3 201 27,4 275 25,5 375 23,6 520 21,6
110 31,1 150 29,2 205 27,3 279 25,4 381 23,5 528 21,5
112 31 152 29,1 208 27,2 284 25,3 387 23,4 537 21,4
114 30,9 155 29 212 27,1 289 25,2 394 23,3 546 21,3
115 30,8 158 28,9 215 27 293 25,1 400 23,2 555 21,2
117 30,7 160 28,8 219 26,9 298 25 407 23,1 564 21,1
119 30,6 163 28,7 222 26,8 303 24,9 414 23 573 21
121 30,5 165 28,6 226 26,7 308 24,8 420 22,9 583 20,9
123 30,4 168 28,5 230 26,6 313 24,7 427 22,8 593 20,8
125 30,3 171 28,4 233 26,5 318 24,6 434 22,7 602 20,7
127 30,2 174 28,3 237 26,4 324 24,5 442 22,6
129 30,1 177 28,2 241 26,3 329 24,4 449 22,5
132 30 180 28,1 245 26,2 334 24,3 456 22,4
134 29,9 183 28 249 26,1 340 24,2 464 22,3
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.

Quadro 3 - Limite de exposição ocupacional ao calor para trabalhadores aclimatizados


M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C] M[W] IBUTG [°C]
100 33,7 137 32,1 189 30,5 261 28,9 360 27,3 496 25,7
102 33,6 140 32 193 30,4 266 28,8 367 27,2 506 25,6
104 33,5 143 31,9 197 30,3 272 28,7 374 27,1 516 25,5
106 33,4 146 31,8 201 30,2 277 28,6 382 27 526 25,4
108 33,3 149 31,7 205 30,1 283 28,5 390 26,9 537 25,3
110 33,2 152 31,6 209 30 289 28,4 398 26,8 548 25,2
112 33,1 155 31,5 214 29,9 294 28,3 406 26,7 559 25,1
115 33 158 31,4 218 29,8 300 28,2 414 26,6 570 25
117 32,9 161 31,3 222 29,7 306 28,1 422 26,5 582 24,9
119 32,8 165 31,2 227 29,6 313 28 431 26,4 594 24,8
122 32,7 168 31,1 231 29,5 319 27,9 440 26,3 606 24,7
124 32,6 171 31 236 29,4 325 27,8 448 26,2
127 32,5 175 30,9 241 29,3 332 27,7 458 26,1
129 32,4 178 30,8 246 29,2 339 27,6 467 26
132 32,3 182 30,7 251 29,1 346 27,5 476 25,9
135 32,2 186 30,6 256 29 353 27,4 486 25,8
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.
24

Quadro 4 - Valor teto para trabalhadores aclimatizados e não aclimatizados


M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C] M[W] IBUTGVT[°C]
<=240 38 285 37 338 36 402 35 477 34 567 33
244 37,9 290 36,9 344 35,9 409 34,9 485 33,9 577 32,9
248 37,8 295 36,8 350 35,8 416 34,8 494 33,8 587 32,8
252 37,7 300 36,7 356 35,7 423 34,7 502 33,7 597 32,7
257 37,6 305 36,6 362 35,6 430 34,6 511 33,6 607 32,6
261 37,5 310 36,5 369 35,5 438 34,5 520 33,5
266 37,4 316 36,4 375 35,4 445 34,4 529 33,4
270 37,3 321 36,3 382 35,3 453 34,3 538 33,3
275 37,2 327 36,2 388 35,2 461 34,2 548 33,2
280 37,1 332 36,1 395 35,1 469 34,1 557 33,1
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.

2.6.10.4 Aclimatização

A aclimatização propõe a execução de trabalhos e exposições frequentes e


graduais ao calor, através de um projeto, que deve ser implantado sob supervisão
médica, na qual o trabalhador atinja as situações de sobrecarga térmica equivalentes
àquelas previstas para a sua rotina hábitual de trabalho.
A aclimatização deve ser adequada para o nível de sobrecarga térmica a que
o trabalhador será exposto e, por conseguinte, para a qual deverá estar adaptado.
São considerados não aclimatizados os trabalhadores:
• que iniciarem atividades que impliquem exposição ocupacional ao calor;
• que passarem a exercer atividades que impliquem exposição ocupacional ao calor
mais críticas do que aqueles a que estavam expostos anteriormente;
• que, mesmo já anteriormente aclimatizados, tenham se afastado da condição de
exposição por mais de 7 (sete) dias;
• que tiverem exposições eventuais ou periódicas em atividades nas quais não estão
expostos diariamente (FUNDACENTRO, 2017).
Para exposições ocupacionais abaixo ou igual ao nível de ação, não é preciso
realizar a aclimatização e o trabalhador pode prosseguir com a rotina normal de
trabalho.
Para exposições acima do nível de ação, o trabalhador realiza sua função com
um período de trabalho mais brando, que deve ter como ponto de partida os valores
do nível de ação, sendo a sua exposição aumentada gradativamente até atingir a
situação da exposição ocupacional existente na rotina de trabalho (FUNDACENTRO,
2017).
25

Trabalhadores já aclimatizados que iniciarem a executar atividades que


resultem em condições de exposição mais severas deverão passar por uma
aclimatização adicional.
O plano de aclimatização deve ser criado em razão das condições ambientais,
individuais e da taxa de metabolismo relacionados ao dia à dia de trabalho, de acordo
com critérios médicos (FUNDACENTRO, 2017).

2.6.10.5 Vestimentas

As roupas utilizadas pelo trabalhador podem interferir nas trocas de calor do


corpo com o ambiente, devendo ser consideradas na avaliação da exposição
ocupacional ao calor.
O Quadro 5 apresenta acréscimos para vestimentas, que devem ser acrescidos
̅̅̅̅̅̅̅̅̅ determinado como representativo da exposição ocupacional do trabalhador
ao IBUTG
avaliado. Esta correção para vestimentas deve ocorrer sempre que o trabalhador
utilizar vestimentas ou EPI’s diferentes dos uniformes tradicionais (compostos por
calça e camisa de manga comprida) que prejudiquem as trocas de calor do meio com
o corpo (FUNDACENTRO, 2017).

Quadro 5 - Incrementos de ajuste do IBUTG médio para alguns tipos de vestimentas


Tipo de roupa Adição ao IBUTG [°C]
Uniforme de trabalho (calça e camisa de manga comprida) 0
Macacão de tecido 0
Macacão de polipropileno SMS (Spun-Melt-Spun) 0,5
Macacão de poliolefina 2
Vestimenta ou macacão forrado (tecido duplo) 3
Avental longo de manga comprida impermeável ao vapor 4
Macacão impermeável ao vapor 10
Macacão impermeável ao vapor sobreposto à roupa de trabalho 12
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.

2.6.10.6 Reconhecimento do local e rotina de trabalho

Sobre o local de trabalho a avaliação deve verificar todas a situações rotineiras


(operacionais e ambientais) que rodeie o trabalhador nas funções de seu posto de
trabalho, descrevendo as condições de trabalho, os trabalhadores, os equipamentos
de uso pessoal e as atividades desenvolvidas. No período de amostragem deve ser
26

considerado os 60 minutos corridos de exposição que representem à situação de


sobrecarga térmica mais crítica. As características da condição de trabalho
(ambientais e operacionais) em estudo não devem ser interferidas quando no
procedimento de avaliação (FUNDACENTRO, 2017).

2.6.10.7 Equipamento de Medição

Quanto aos equipamentos de medição que devem ser utilizados, estes podem
ser eletrônicos ou convencionais, desde que apresentem resultados equivalentes.
Periodicamente estes equipamentos devem ser calibrados pelo Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). O sistema convencional para a
verificação do IBUTG é composto de termômetro de globo, termômetro de bulbo
úmido natural e termômetro de bulbo seco. Na Figura 1, temos um exemplo do
medidor descrito pela NHO 06.

Figura 1 - Árvore de Termômetros e Medidor de stress térmico

Fonte: COUTINHO, 2013.

Deve-se verificar o melhor local para instalação e o funcionamento do


equipamento antes de realizar as medições. O equipamento deve estar posicionado
em uma altura adequada para uma avaliação da exposição ocupacional ao calor mais
precisa. Devem ser realizadas medições em todas as condições térmicas que constitui
27

o período de exposição a que o trabalhador fica sujeito. O período de permanência do


trabalhador em cada condição térmica que compõe o ciclo de exposição deve ser
anotado. Também deve-se identificar as diferentes atividades físicas executadas pelo
trabalhador em estudo e estabelecer o calor gerado pelo metabolismo em cada etapa.
As temperaturas a serem medidas são a temperatura de bulbo úmido natural, a
temperatura de bulbo seco e a temperatura de globo. Se não houver carga solar direta
não é necessária à medição da temperatura de bulbo seco (FUNDACENTRO, 2017).

2.6.10.8 Procedimento de Medição

O tempo de permanência do trabalhador e a duração da ativadade em cada


situação térmica que compõem o ciclo de exposição devem ser medidos. Estes
parâmetros são determinados por meio da média aritmética de, no mínimo, três
cronometragens, obtidas observando-se o trabalhador na execução do seu trabalho.
Devem ser registrados em planilha de campo:
a) para cada situação térmica identificada: a data e o horário de início e fim da
medição, a descrição das características ambientais e operacionais que a compõem,
os dados obtidos nas medições de temperaturas e os dados de cronometragem do
tempo de duração da situação.
b) para cada atividade física identificada: a descrição das operações e dos
procedimentos que a compõem e os dados de cronometragem do tempo de duração
da atividade.
c) descrição detalhada das características da vestimenta e dos equipamentos de
proteção individual utilizados pelo trabalhador
d) identificação do responsável pela elaboração da planilha de campo.
Os dados obtidos devem ser invalidados sempre que, após as medições, for
constatado nos equipamentos: qualquer prejuízo à integridade do equipamento,
calibração do equipamento eletrônico fora das especificações fornecidas pelo
fabricante, indicação de insuficiência de carga da bateria. (FUNDACENTRO, 2017).

2.6.10.9 Interpretação dos Resultados

Quando determinados o ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅ , o limite de exposição ao calor será


IBUTG e a M
considerado ultrapassado quando o ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG exceder o ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅
IBUTG MÁX. correspondente à M
28

obtida, conforme definido na Quadro 2 para indivíduos não aclimatizados e no Quadro


3 para indivíduos aclimatizados, apresentados no subitem 2.6.8.5.
̅ , intermediários aos valores constantes no
Para os valores encontrados de M
̅̅̅̅̅̅̅̅̅ MÁX relativo à M
Quadro 2 ou Quadro 3, será considerado o IBUTG ̅ imediatamente mais
elevada.
Além dos limites de exposição ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG MÁX estabelecidos nos Quadros 2 e 3, o
limite de exposição ao calor também será considerado ultrapassado quando qualquer
um dos valores de IBUTG das situações térmicas que compõem o ciclo de exposição
do trabalhador objeto de estudo exceder o IBUTGVT relativo à M atribuída à atividade
física correspondente, conforme definido no Quadro 4 apresentado no subitem
2.6.8.3.
Também neste caso, para os valores encontrados de M, intermediários aos
valores constantes no Quadro 4, será considerado o IBUTGVT relativo à taxa
metabólica “M” imediatamente mais elevada.
Considerando-se as incertezas envolvidas nos valores atribuídos para as taxas
metabólicas e a exatidão admitida para os sensores de temperatura, na interpretação
dos resultados deve-se considerar uma região de incerteza, estabelecida no Quadro
6, uma vez que, nesta região, o valor verdadeiro da exposição pode estar acima do
limite estabelecido para trabalhadores aclimatizados (FUNDACENTRO, 2017).

Quadro 6 - Região de incertezas para trabalhadores aclimatizados


M[W] IBUTG[°C] M[W] IBUTG[°C] M[W] IBUTG[°C] M[W] IBUTG[°C]
100 32,3 a 33,7 158 30,0 a 31,4 251 27,7 a 29,1 398 25,4 a 26,8
102 32,2 a 33,6 161 29,9 a 31,3 256 27,6 a 29,0 406 25,3 a 26,7
104 32,1 a 33,5 164 29,8 a 31,2 261 27,5 a 28,9 414 25,2 a 26,6
106 32,0 a 33,4 168 29,7 a 31,1 266 27,4 a 28,8 422 25,1 a 26,5
108 31,9 a 33,3 171 29,6 a 31,0 272 27,3 a 28,7 431 25,0 a 26,4
110 31,8 a 33,2 175 29,5 a 30,9 277 27,2 a 28,6 440 24,9 a 26,3
112 31,7 a 33,1 178 29,4 a 30,8 283 27,1 a 28,5 448 24,8 a 26,2
115 31,6 a 33,0 182 29,3 a 30,7 288 27,0 a 28,4 458 24,7 a 26,1
117 31,5 a 32,9 186 29,2 a 30,6 294 26,9 a 28,3 467 24,6 a 26,0
119 31,4 a 32,8 189 29,1 a 30,5 300 26,8 a 28,2 476 24,5 a 25,9
122 31,3 a 32,7 193 29,0 a 30,4 306 26,7 a 28,1 486 24,4 a 25,8
124 31,2 a 32,6 197 28,9 a 30,3 313 26,6 a 28,0 496 24,3 a 25,7
127 31,1 a 32,5 201 28,8 a 30,2 319 26,5 a 27,9 506 24,2 a 25,6
129 31,0 a 32,4 205 28,7 a 30,1 325 26,4 a 27,8 516 24,1 a 25,5
132 30,9 a 32,3 209 28,6 a 30,0 332 26,3 a 27,7 526 24,0 a 25,4
135 30,8 a 32,2 214 28,5 a 29,9 339 26,2 a 27,6 537 23,9 a 25,3
137 30,7 a 32,1 218 28,4 a 29,8 346 26,1 a 27,5 548 23,8 a 25,2
140 30,6 a 32,0 222 28,3 a 29,7 353 26,0 a 27,4 559 23,7 a 25,1
143 30,5 a 31,9 227 28,2 a 29,6 360 25,9 a 27,3 570 23,6 a 25,0
146 30,4 a 31,8 231 28,1 a 29,5 367 25,8 a 27,2 582 23,5 a 24,9
149 30,3 a 31,7 236 28,0 a 29,4 374 25,7 a 27,1 594 23,4 a 24,8
152 30,2 a 31,6 241 27,9 a 29,3 382 25,6 a 27,0 606 23,3 a 24,7
155 30,1 a 31,5 246 27,8 a 29,2 390 25,5 a 26,9
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.
29

2.6.10.10 Critério de Julgamento e Tomada de decisão

O Quadro 7 apresenta considerações técnicas e a atuação recomendada para


trabalhadores aclimatizados em função dos valores de ̅̅̅̅̅̅̅̅̅ ̅ determinados
IBUTG e de M
para a condição de exposição avaliada.

Quadro 7 - Critério de julgamento e tomada de decisão


Consideração
Condições de exposição Atuação recomendada
técnica
Obedecidos os limites No mínimo, manutenção
Aceitável
estabelecidos na Tabela 1 da condição existente
Acima dos limites
estabelecidos na Tabela
Acima do No mínimo, adoção de
1 até os limites inferiores
nível de ação medidas preventivas
da região de incerteza
estabelecidos na Tabela 4
Adoção de medidas
No intervalo de valores Região de preventivas e corretivas
estabelecidos na Tabela 4 incerteza visando à redução da
exposição
Acima do
Acima dos limites Adoção imediata de
limite
estabelecidos na Tabela 2 medidas corretivas
de exposição
Fonte: Adapatado da FUNDACENTRO, 2017.

2.7 CÁLCULO DA UMIDADE RELATIVA DO AR

Para calcular a umidade relativa do ar (UR) são necessários dois dados: a


temperatura de bulbo seco e a temperatura de bulbo úmido. De posse desses dois
dados, basta cruzar esses valores no Quadro 8 e encontrar o valor da umidade relativa
do ar.
30

Quadro 8 - Cálculo da umidade relativa


TBS-TBU
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18
15 100 88 78 69 61 53
16 100 88 79 69 61 54 48
17 100 88 79 70 62 54 48 42
18 100 89 79 70 62 55 49 44
19 100 89 79 71 63 56 50 44 38
20 100 89 80 71 63 57 51 45 39
21 100 89 80 72 63 57 51 45 40 35
22 100 90 81 72 64 58 52 46 41 36
23 100 90 81 72 65 58 52 46 41 37
24 100 90 81 72 65 58 52 47 42 37 33
25 100 91 82 74 67 60 54 48 43 38 33 28
TBS

26 100 92 84 76 68 61 55 49 44 39 34 30 25
27 100 93 85 78 70 63 56 50 45 40 35 31 26 21
28 100 93 86 79 71 65 57 51 45 41 36 32 27 23 18
29 100 93 86 80 73 66 59 53 47 42 37 33 28 24 20
30 100 93 86 80 73 66 59 53 47 42 37 32 28 24 20
31 100 93 87 80 74 68 62 56 50 45 40 34 31 26 22 19 14
32 100 93 87 80 74 68 62 57 51 46 41 36 31 27 23 20 16 20 12
33 100 93 87 81 74 68 63 58 52 47 42 38 33 29 25 21 17 13 10
34 100 94 87 81 75 69 63 59 54 49 44 39 34 30 26 22 19 14 12
35 100 94 88 82 76 70 64 59 54 49 44 40 36 32 28 23 20 17 13
40 100 94 88 83 77 72 67 62 57 53 48 44 40 36 32 29 26 22 19
Fonte: Adaptado de BREVIGLIERO, E; POSSEBON, J; SPINELLI, R (2012).

2.8 FUNDIÇÃO

A técnica de fundição é empregue pelo ser humano há mais de 6.000 anos,


começando com metais de baixo ponto de fusão (Cobre, Bronze) e em seguida com
o ferro. A fundição foi se aprimorando e ganhando sua importância, sendo que na
Idade Média a produção tinha bastante relevância, principalmente para fins militares
(MORO, 2007).
A fundição se evidencia dos outros processos de fabricação devido as
diferentes formas e tamanhos dos objetos que se pode fabricar por esta técnica. Pode
ser classificado como um processo inicial, produzindo lingotes para laminação e
forjamento, como um processo intermediário, produzindo peças semiacabadas que
sofrerão posterior usinagem (MORO, 2007).
O processo de fundição resume-se em despejar metal em estado líquido num
molde contendo uma cavidade com forma e tamanho iguais aos do objeto que será
produzido. Não se limita somente às ligas de aço, mas a outas classes de ligas
metálicas, desde que sua temperatura de fusão não seja tão alta e possua um
31

escoamento apropriado. Os mais utilizados são: aços, ferros fundidos, alumínio,


cobre, zinco, magnésio e respectivas ligas (MORO, 2007).
No Brasil, a produção de fundidos nos sete primeiros meses do ano de 2018
ficou em 1.326.744 t, o que equivale a um incremento de 4% em relação ao mesmo
período de 2017. Este volume é composto por 1.081.203 t de ferro (5,2% mais do que
em 2017), 131.907 t de aço (+21,8%) e 113.634 t de metais não ferrosos (-18,8%),
dos quais : 12.171 t de cobre (+1,2%), 668 t de zinco (-4,5%), 97.855 t de alumínio (-
21,1%) e 2.940 t de magnésio (-8,7%), (ABIFA, 2018).
Outro aspecto importante, além da quantidade de produção, são os números
de acidentes neste setor, mais especificamente no CNAE 24.51 (Fundição de Ferro e
Aço) da empresa em estudo. Atráves de consulta do Anuário Estatístico de Acidentes
do Trabalho (AEAT, 2016) é possível observar estes dados no Quadro 9.

Quadro 9 - Quantidade de acidentes de trabalho


QUANTIDADE DE ACIDENTES DE TRABALHO
COM CAT REGISTRADA
MOTIVO SEM CAT
TOTAL
CNAE REGIÃO TOTAL DOENÇA DO REGISTRADA
TIPICO TRAJETO
TRABALHO
2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016 2014 2015 2016
BRASIL 1469 1034 821 1467 1000 790 1295 900 712 106 59 59 66 41 19 2 34 31
NORTE - - - - - - - - - - - - - - - - - -
NORDESTE 24 16 8 23 14 7 20 10 6 3 1 - - 3 1 1 2 1
24.51
SUDESTE 1417 994 782 1416 969 759 1253 874 684 98 57 57 65 38 18 1 25 23
SUL 24 20 19 24 13 13 18 12 13 5 1 - 1 - - - 7 6
CENTRO-OESTE 4 4 12 4 4 11 4 4 9 - - 2 - - - - - 1
Fonte: Adaptado de AEAT, 2016.

De 2014 a 2016 é possível verificar uma redução de 44% em relação ao número


total de acidentes ocorridos em Fundições de Ferro e Aço.

2.8.1 Etapas do processo de Fundição

As etapas do processo de fundição constituem-se em:


1. Modelação: consiste em construir um modelo com o formato da peça a ser
fundida.
2. Moldagem (Figura 2): é o dispositivo no qual o metal fundido é colocado para
que se obtenha a peça desejada.
32

Figura 2 - Setor de moldagem

Fonte: O autor, 2018.

3. Macharia (Figura 3): é um dispositivo, também feito de refratário, que tem a


finalidade de formar os vazios, furos e reentrâncias da peça.

Figura 3 - Setor de macharia

Fonte: O autor, 2018.

4. Fusão (Figura 4): aquecimento do metal para fundi-lo, deixando-o em estado


líquido.
33

Figura 4 - Setor de fusão

Fonte: O autor, 2018.

5. Vazamento (Figura 5): é o enchimento do molde com metal líquido.

Figura 5 - Setor de vazamento

Fonte: O autor, 2018.

6. Desmoldagem (Figura 6): é a retirada do molde e macho após a solidificação


da peça, podendo ser manualmente ou por processos mecânicos.
34

Figura 6 - Setor de desmoldagem

Fonte: O autor, 2018.

7. Rebarbação e limpeza (Figura 7): é a retirada dos canais de alimentação,


massalotes e rebarbas que se formam durante a fundição.

Figura 7 - Setor de acabamento

Fonte: O autor, 2018.

8. Controle de qualidade: verificação da conformidade da peça (MORO, 2007).


35

2.8.2 Forneiro de Fundição

Segundo a Classificação Brasileira de Ocupações, a função de Forneiro de


Fundição é classificada com o numero 8221-15.
Onde a sequência de números desta função, obedece a seguinte ordem:
8 – Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
82 – Trabalhadores de instalações siderúrgicas e de materiais de construção
822 – Operadores de instalações e equipamentos de produção de metais e ligas
8221 – Forneiros metalúrgicos (segunda fusão e reaquecimento)
8221-15 – Forneiro de Fundição (Forno de Redução).
O posto de trabalho do forneiro pode ser observado na Figura 8.

Figura 8 - Posto de trabalho do forneiro de fundição

Fonte: O autor, 2018.

Este trabalhador tem a função de realizar a fundição do metal, carregando o


forno com os matérias necessários (sucatas, rebarbas, aço, e elementos químicos)
para obter-se a liga metálica especificada. Retiram amostra do material para o
laboratório verificar a condição da liga que está sendo formada. Tem o papel também
de realizar o vazamento do forno para a panela. Registram as ocorrências técnicas e
operacionais e trabalham em conformidade com as normas e procedimentos técnicos
e de qualidade, segurança, higiene, saúde e preservação ambiental. Podem
36

permanecer em posições desconfortáveis durante longos períodos e expostos à ação


de materiais tóxicos, radiação, ruído intenso, altas temperaturas, riscos de explosões
e riscos de lesões cutâneas causadas por respingos de materiais (CBO MT, 2018).
37

3 ESTUDO DE CASO

A indústria de Fundição na qual foi realizado este estudo funciona no bairro CIC
– Cidade Industrial de Curitiba, na cidade de Curitiba, estado do Paraná.
Fundada no ano de 1969, na cidade de Maringá - PR, iniciou suas atividades
como uma empresa de recuperação de cabeçotes. Em 1977, enxergando uma melhor
oportunidade de mercado, a empresa passou a ter sua sede em Curitiba - PR, e em
1979 iniciou sua atividade fabril produzindo inicialmente hastes hidráulicas para
tratores. Em 1985, após investimentos em pesquisas e novas tecnologias, realizou a
fabricação dos primeiros cabeçotes para motores. Atuando há mais de 49 anos no
mercado de reposição de peças para veículos automotores, tem sua liderança
consolidada e reconhecida como a maior fabricante de cabeçotes e componentes para
motores a diesel na América Latina.
A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) da empresa é o
ramo de Fundição de Ferro e Aço. Consultando o Quadro I da norma regulamentadora
NR 04: Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do
Trabalho, do Ministério do Trabalho, obtém-se o CNAE da empresa, como pode ser
visto na Tabela 4.

Tabela 4 - Relação da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)


Código Denominação Grau de Risco
24.51-2 Fundição de Ferro e Aço 4
Fonte: Adaptado da NR 4.

Portanto, CNAE da atividade principal da empresa é o de número 24.51-2 de


grau de risco 4.
Em visita a esta indústria de fundição, conheceu-se o local de estudo, os
trabalhadores do local, a jornadas de trabalho, os trabalhos desenvolvidos e
levantamento de dados para a elaboração de um croqui da indústria.

3.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO

A indústria de fundição está instalada em um barracão de alvenaria, com sua


cobertura composta por telhas onduladas de fibrocimento, com pé direito de 7 m de
altura e piso de cimento. A iluminação do local é feita através de clara bóias e,
também, de forma artificial, utilizandos luminárias com lâmpadas fluorescentes e
38

luminárias com lâmpadas de vapor metálico. A ventilação é realizada através de


ventiladores e exaustores (ventilação forçada) e, também, através da ventilação
natural. O local pode ser visto na Figura 9.

Figura 9 - Fundição em estudo

Fonte: O autor, 2018.

O croqui do local de estudo pode se visto na Figura 10. Para montagem do


croqui, fez-se a medição do setor de fundição da indústria, utilizando as medidas em
metros.
39

Figura 10 - Croqui do local de estudo

Fonte: O autor, 2018.

O setor de fusão, onde fica o posto do trabalhador estudado neste trabalho


(forneiro), possui 2 fornos de indução com capacidade para 2 toneladas de metal
liquido cada um (Figura 8). Para alimentar estes fornos, o trabalhador conta com a
ajuda de uma ponte rolante para içar as cargas com peso muito elevado e também,
realiza a alimentação destes fornos de forma manual. Para dispersar os gases e
vapores resultantes do derretimento do metal, o local é equipado com um exaustor.
Neste setor é apresentado informações de procedimento de operação, metodologia
de trabalho, avisos sobre utilização de EPI’s (Figura 11), alertas de perigo (Figura 12),
temperatura do metal liquido e potência elétrica utilizada por cada forno.
40

Figura 11 - Alerta de utilização de EPI’s

Fonte: O autor, 2018.

Figura 12 - Alerta de Perigo

Fonte: O autor, 2018.

Em todo o trabalho que envolve segurança ocupacional é importante identificar


os riscos associados às atividades a serem desenvolvidas no ambiente laboral. Para
obter êxito na atividade, os riscos presentes devem ser identificados. Identificar os
riscos de maneira correta e sinalizá-los devidamente, é um dever, a fim de que
ninguém seja surpreendido a ponto de se lesionar em função de uma comunicação
precária, por parte do setor responsável, em relação a qualquer risco presente
(PROTEÇÃO, 2017).
41

3.2 PROCEDIMENTO DE MEDIÇÃO

O procedimento de medição das temperaturas no local foi elaborado com base


no que preconiza a NHO 06 da Fundacentro.
1. Primeiramente, deve-se verificar no certificado de calibração se o
equipamento está com a calibração em dia.
2. Verificar a suficiência de carga das baterias para o tempo de medição
previsto;
3. Deve-se então escolher o local mais adequado para a instalação do
equipamento. A NHO 06 orienta que o conjunto de medição deve sempre ser montado
de forma que os sensores fiquem todos alinhados segundo um plano horizontal. O
equipamento ficará próximo as fontes geradoras principais de calor, que no caso em
estudo é em frente aos dois fornos.
4. Quando houver uma fonte principal de calor, que é o nosso caso de estudo,
os termômetros devem estar contidos num mesmo plano vertical e colocados
próximos uns dos outros, sem, no entanto, se tocarem. A posição do conjunto no ponto
de medição deve ser tal que a normal ao referido plano vertical esteja na direção da
fonte supracitada.
5. Verificar a necessidade da utilização de cabo de extensão para que o
posicionamento do avaliador não interfira na condição de exposição sob avaliação,
para não falsear os resultados obtidos.
6. Antes de iniciar as medições, verificar se o equipamento está montado
adequadamente. A altura deve coincidir com a região mais atingida do corpo, se esta
não for definida, deve ficar à altura do tórax do trabalhador exposto.
7. Adotar as medidas necessárias para impedir que qualquer pessoa possa
fazer alterações na programação do equipamento, comprometendo os resultados
obtidos.
8. Informar o trabalhador a ser avaliado que a medição não deve interferir com
suas atividades habituais, devendo manter a sua rotina de trabalho.
9. Após adicionar água destilada no recipiente contendo pavio para as
medições das temperaturas de bulbo úmido natural,
10. Então se liga o equipamento e se deve aguardar a estabilização do mesmo.
11. A leitura e a anotação das temperaturas foram feitas em intervalos de 15
minutos.
42

12. As temperaturas a serem medidas são a temperatura de bulbo úmido


natural, a temperatura de bulbo seco e a temperatura de globo.
13. Deve ser medido o tempo de permanência do trabalhador em cada situação
térmica que compõe o ciclo de exposição (VALE, 2018).
A NHO relata a importância do período de amostragem, que este seja
adequadamente escolhido de forma a considerar os 60 minutos corridos de exposição
que correspondam à condição de sobrecarga térmica mais desfavorável. Para fins de
estudo, ir-se-á avaliar a exposição ocupacional desse trabalhador muito além dos 60
minutos, a avaliação irá cobrir quase toda a jornada de trabalho desse profissional.

3.3 JORNADA DE TRABALHO

O trabalhador desta indústria de Fundição que teve a exposição ocupacional ao


calor analisada no presente trabalho, foi o forneiro de fundição que trabalha no primeiro
turno de produção da indústria. A jornada de trabalho que a indústria possui, se encontra
na Tabela 5.

Tabela 5 - Jornada de trabalho


Saída para Retorno de
Turno Entrada Saída TOTAL
intervalo intervalo
1° 06:00 12:00 13:00 15:10 08:10
2° 13:50 17:00 18:00 23:00 08:10
Fonte: O autor, 2018.

A rotina de trabalho deste profissional foi acompanhada pelo autor deste


trabalho durante dois dias, nos dias 09/10/2018 e 10/10/2018, das 06:00 as 15:10 de
cada um desses dias, contemplando a totalidade do horário da jornada de trabalho
deste trabalhador. Na Tabela 6 é apresentado a sequência de trabalhos realizados
durante as medições realizadas no primeiro dia de avaliações.
Neste primeiro dia, o forneiro de fundição utilizou os dois fornos de indução
para produzir metal líquido, corforme orientação se seu supervisor.
43

Tabela 6 - Rotina de trabalho do dia 09 de outubro de 2018


Rotina de Trabalho do dia 09/out
06:00 Liga o Forno 1
06:03 Alimenta o Forno 1 - 26 Kg de Carbono
06:05 Alimenta o Forno 1 - 10 Kg de Silicio
06:08 Alimenta o Forno 1 - 6,24 Kg de Inoculante
06:11 Alimenta o Forno 1 - 4 Kg de Cobre
06:15 Alimenta o Forno 1 - 100 Kg de Cavavo
06:40 Alimenta forno 1 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
07:20 Remoção da Escória
07:32 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
07:38 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
07:41 Alimenta o Forno 2 - 26 Kg de Carbono
07:46 Alimenta o Forno 2 - 10 Kg de Silicio
07:49 Alimenta o Forno 2 - 6,24 Kg de Inoculante
07:51 Alimenta o Forno 2 - 4 Kg de Cobre
07:55 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavaco
07:56 Desliga forno 1
07:56 Liga o Forno 2
07:57 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
08:00 Término do vazamento do forno 1 para a panela
08:20 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
08:24 Término do vazamento do forno 1 para a panela
08:40 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
08:44 Término do vazamento do forno 1 para a panela
08:50 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
09:40 Remoção da Escória
09:52 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
09:58 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
10:03 Alimenta o Forno 1 - 26 Kg de Carbono
10:08 Alimenta o Forno 1 - 10 Kg de Silicio
10:10 Alimenta o Forno 1 - 6,24 Kg de Inoculante
10:14 Alimenta o Forno 1 - 4 Kg de Cobre
10:20 Alimenta o Forno 1 - 100 Kg de Cavaco
10:22 Desliga Forno 2
10:23 Liga Forno 1
10:25 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
10:32 Término do vazamento do forno 2 para a panela
10:50 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
10:56 Término do vazamento do forno 2 para a panela
11:14 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
11:20 Término do vazamento do forno 2 para a panela
11:26 Alimenta forno 1 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
44

Tabela 6 - Continuação
12:16 Remoção da Escória
12:30 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
12:39 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
12:43 Alimenta o Forno 2 - 26 Kg de Carbono
12:48 Alimenta o Forno 2 - 10 Kg de Silicio
12:50 Alimenta o Forno 2 - 6,24 Kg de Inoculante
12:54 Alimenta o Forno 2 - 4 Kg de Cobre
13:02 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavaco
13:05 Desliga o Forno 1
13:07 Liga o Forno 2
13:10 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
13:17 Término do vazamento do forno 1 para a panela
13:35 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
13:41 Término do vazamento do forno 1 para a panela
13:59 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
14:05 Término do vazamento do forno 1 para a panela
14:10 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
15:00 Remoção da Escória
15:11 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
15:20 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
15:26 Alimenta o Forno 1 - 26 Kg de Carbono
15:29 Alimenta o Forno 1 - 10 Kg de Silicio
15:31 Alimenta o Forno 1 - 6,24 Kg de Inoculante
15:34 Alimenta o Forno 1 - 4 Kg de Cobre
15:40 Alimenta o Forno 1 - 100 Kg de Cavaco
15:41 Desliga Forno 2
15:42 Liga Forno 1
15:50 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
15:56 Término do vazamento do forno 2 para a panela
16:14 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
16:20 Término do vazamento do forno 2 para a panela
16:38 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
16:42 Término do vazamento do forno 2 para a panela
16:47 Alimenta forno 1 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
17:33 Remoção da Escória
17:36 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
17:40 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
17:50 Desliga o Forno 1
17:52 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
17:55 Término do vazamento do forno 1 para a panela
18:10 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
18:15 Término do vazamento do forno 1 para a panela
18:30 Inicio do vazamento do forno 1 para a panela
18:36 Término do vazamento do forno 1 para a panela
Fonte: O autor, 2018.
45

No dia 09/10/2018, primeiro dia de medições, a previsão da temperatura


ambiente para a região de Curitiba, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) foi mínima de 17,2 ºC e máxima de 26,9 ºC, conforme histórico de
temperaturas apresentado no Gráfico 1.
Os dados coletados no segundo dia de medições estão apresentados na
Tabela 7.

Tabela 7 - Rotina de trabalho do dia 10 de outubro de 2018


Rotina de Trabalho do dia 10/out
06:00 Liga o Forno 2
06:03 Alimenta o Forno 2 - 26 Kg de Carbono
06:05 Alimenta o Forno 2 - 10 Kg de Silicio
06:08 Alimenta o Forno 2 - 6,24 Kg de Inoculante
06:11 Alimenta o Forno 2 - 4 Kg de Cobre
06:15 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavavo
06:40 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
07:00 Remoção da Escória
07:12 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
07:18 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
07:37 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
07:40 Término do vazamento do forno 2 para a panela
08:00 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
08:04 Término do vazamento do forno 2 para a panela
08:20 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
08:24 Término do vazamento do forno 2 para a panela
08:27 Alimenta o Forno 2 - 26 Kg de Carbono
08:30 Alimenta o Forno 2 - 10 Kg de Silicio
08:34 Alimenta o Forno 2 - 6,24 Kg de Inoculante
08:36 Alimenta o Forno 2 - 4 Kg de Cobre
08:40 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavavo
08:45 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
09:30 Remoção da Escória
09:34 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
09:36 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
09:53 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
10:00 Término do vazamento do forno 2 para a panela
10:18 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
10:23 Término do vazamento do forno 2 para a panela
10:41 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
10:46 Término do vazamento do forno 2 para a panela
46

Tabela 7 - Continuação
10:50 Alimenta o Forno 2 - 26 Kg de Carbono
10:53 Alimenta o Forno 2 - 10 Kg de Silicio
10:55 Alimenta o Forno 2 - 6,24 Kg de Inoculante
10:57 Alimenta o Forno 2 - 4 Kg de Cobre
11:00 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavavo
11:05 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
12:05 Remoção da Escória
12:16 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
12:20 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
12:40 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
12:46 Término do vazamento do forno 2 para a panela
13:05 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
13:11 Término do vazamento do forno 2 para a panela
13:30 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
13:37 Término do vazamento do forno 2 para a panela
14:00 Alimenta o Forno 2 - 26 Kg de Carbono
14:06 Alimenta o Forno 2 - 10 Kg de Silicio
14:09 Alimenta o Forno 2 - 6,24 Kg de Inoculante
14:11 Alimenta o Forno 2 - 4 Kg de Cobre
14:15 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavavo
14:20 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg
15:16 Remoção da Escória
15:30 Tira amostra do metal liquido para o laboratório
15:36 Correção da mistura com os materiais informados pelo laboratório
15:45 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
15:51 Término do vazamento do forno 2 para a panela
16:00 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
16:07 Término do vazamento do forno 2 para a panela
16:35 Inicio do vazamento do forno 2 para a panela
16:44 Término do vazamento do forno 2 para a panela
Fonte: O autor, 2018.

No dia 10/10/2018, segundo dia de medições, a previsão da temperatura


ambiente para a região de Curitiba, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia
(INMET) foi mínima de 16,4 ºC e máxima de 27,4 ºC, conforme histórico de
temperaturas apresentado no Gráfico 1.
47

Gráfico 1 - Temperaturas diárias (máx, mín e méd) - INMET

Fonte: Adaptado INMET, 2018.

3.4 RESULTADOS

O acompanhamento da jornada de trabalho e as medições de temperaturas


ocorreram em dois dias. As medições foram feitas conforme o procedimento de
medição mostrado no capítulo 3.2 deste trabalho. No primeiro dia de medição, o
equipamento foi colocado no local mais próximo possível do forneiro, porém o mesmo
estava trabalhando em 2 fornos. No segundo dia o equipamento foi instalado próximo
ao forno 2, pois o forneiro trabalhou apenas com um forno em operação neste dia. Em
cada um dos dias, o equipamento foi montado e ligado e se esperou por vinte e cinco
minutos para a estabilização térmica das sondas, conforme manual de instruções do
equipamento. O medidor de stress térmico utilizado foi o de modelo HS-2000 da
HiSeg. O certificado de calibração do medidor encontra-se no anexo A. O medidor de
stress térmico conta com três termômetros: um para medir a temperatura de bulbo
seco, um para medir a temperatura de bulbo úmido e um para medir a temperatura de
globo.
A posição do medidor de stress térmico na fundição nos dois dias de medições
pode ser vista na Figura 13.
48

Figura 13 - Posição dos equipamentos de medição

Fonte: O autor, 2018.

Sendo que a posição 1 é a posição do equipamento no primeiro dia de


medições e a posição 2 é a posição do equipamento no segundo dia de medições.
Na Figura 14, vê-se a posição do equipamento para as medições no primeiro
dia de medições.
49

Figura 14 - Posição do equipamento no primeiro dia de medições

Fonte: O autor, 2018.

E na Figura 15, vê-se a posição do equipamento para as medições no segundo


dia de medições.

Figura 15 - Posição do equipamento no segundo dia de medições

Fonte: O autor, 2018.

Os dados das medições de temperaturas coletados no primeiro dia estão


apresentados no Quabro 10 abaixo:
50

Quadro 10 - Dados de medição dia 09 de outubro de 2018

Data Dados Medição

09/out Bulbo Seco - tbs Bulbo Úmido - tbu Globo - tg IBUTG Cálculado
08:00 23,4 20,7 25,2 22,1
08:15 22,4 20,4 27,3 22,5
08:30 23,0 20,6 26,3 22,3
08:45 23,4 21,0 25,2 22,3
09:00 23,1 20,3 24,4 21,5
09:15 23,0 20,0 24,6 21,4
09:30 23,1 20,2 24,3 21,4
09:45 27,9 21,9 32,3 25,0
10:00 29,8 23,3 36,7 27,3
10:15 28,0 22,8 31,0 25,3
10:30 28,0 22,4 29,7 24,6
10:45 23,8 20,4 25,6 22,0
11:00 24,7 20,7 26,9 22,6
11:15 25,0 21,0 27,3 22,9
11:30 24,9 20,8 27,6 22,8
11:45 27,9 21,9 37,4 26,6
12:00 28,1 22,0 38,6 27,0
12:15 nc nc nc nc
12:30 nc nc nc nc
12:45 nc nc nc nc
13:00 29,8 23,3 36,7 27,3
13:15 28,7 22,3 34,8 26,1
13:30 27,9 21,9 32,3 25,0
13:45 28,3 22,1 32,0 25,1
14:00 34,0 24,3 37,0 28,1
14:15 28,4 24,6 38,4 28,7
14:30 28,4 25,6 41,2 30,3
14:45 23,9 22,1 27,6 23,8
15:00 28,6 22,1 34,8 25,9
15:15 27,8 22,0 32,3 25,1
15:30 28,2 22,1 32,0 25,1
15:45 28,0 22,5 31,8 25,3
16:00 28,4 23,8 31,0 26,0
16:15 28,4 23,2 31,0 25,5
16:30 27,2 23,1 28,8 24,8
16:45 27,2 22,9 28,2 24,5
17:00 27,3 22,9 28,2 24,5
Fonte: O autor, 2018.
51

Os dados das medições de temperaturas coletados no segundo dia estão


apresentados no Quabro 11 abaixo:

Quadro 11 - Dados de medição dia 10 de outubro de 2018

Data Dados Medição

10/out Bulbo Seco - tbs Bulbo Úmido - tbu Globo - tg IBUTG Cálculado
07:45 20,0 19,5 21,4 20,1
08:00 23,0 21,0 26,7 22,7
08:15 23,9 21,4 27,7 23,3
08:30 30,2 24,6 41,0 29,5
08:45 33,0 26,7 47,4 32,9
09:00 27,2 25,2 36,8 28,7
09:15 28,4 25,6 33,8 28,1
09:30 31,8 26,1 41,4 30,7
09:45 24,6 22,3 26,7 23,6
10:00 24,5 22,1 26,5 23,4
10:15 24,6 21,7 29,9 24,2
10:30 24,7 21,2 27,2 23,0
10:45 27,0 22,8 30,2 25,0
11:00 28,4 23,7 34,3 26,9
11:15 31,9 25,3 40,6 29,9
11:30 32,4 26,5 41,0 30,9
11:45 32,6 26,9 41,4 31,3
12:00 33,7 27,4 45,0 32,7
12:15 nc nc nc nc
12:30 nc nc nc nc
12:45 nc nc nc nc
13:00 28,5 22,1 30,2 24,5
13:15 28,9 22,1 32,8 25,3
13:30 28,5 22,5 32,6 25,5
13:45 24,7 21,2 27,2 23,0
14:00 25,8 22,4 27,6 24,0
14:15 26,5 22,5 29,9 24,7
14:30 28,5 24,0 34,0 27,0
14:45 34,0 24,3 37,0 28,1
15:00 28,4 24,6 38,4 28,7
15:15 28,4 25,6 41,2 30,3
15:30 23,9 22,1 27,6 23,8
15:45 24,6 22,3 26,7 23,6
16:00 24,5 22,1 26,5 23,4
16:15 24,6 21,7 29,9 24,2
16:30 24,7 21,2 27,2 23,0
16:45 27,0 22,8 30,2 25,0
Fonte: O autor, 2018.
52

3.4.1 Avaliação NR 15

Utilizando o critério de avaliação de calor apresentado pela NR 15, para o


cálculo do IBUTG, primeiramente classifica-se o regime de trabalho executado na
fundição. Analisando a Tabela 1, e atráves do que foi observado em campo, que
consiste em um trabalho com carregamento de 8 a 10 toneladas de metal diárias para
abastecimento dos fornos de indução, com auxilio de ponte rolante para levantamento
de cargas pesadas e também de forma manual, e com temperaturas superiores a
1500 °C, chega-se, então, a conclusão de que o trabalho executado pelo forneiro de
fundição é um trabalho moderado. Então se classifica o trabalho como sendo
executado de pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma
movimentação, com gastos de 220 Kcal/h.
Seguindo com a avaliação da NR 15 para se encontrar os limites de tolerância
para o trabalho desenvolvido na fundição, utiliza-se a Tabela 2, pois o tipo de trabalho
desenvolvido na fundição é intermitente com descanso no próprio local de trabalho. O
trabalho é contínuo, ou seja, não há pausas para descanso. Então, o limite de
tolerância para trabalho contínuo com a atividade moderada é de 26,7 ºC de IBUTG.
̅̅̅̅̅̅̅̅̅ dos 60 minutos corridos mais críticos em que o
Deve-se usar o valor do IBUTG
trabalhador esteja exposto. Para cálculo do ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG basta se aplicar a Equação 4. No
caso do presente trabalho, o período mais crítico de exposição ao calor no primeiro
̅̅̅̅̅̅̅̅̅, nesse período, de
dia de medições foi no período de 13:00 até 14:00, sendo o IBUTG
27,3 ºC (Quadro 12). Já no segundo dia de medições, o período mais crítico de
exposição do trabalhador ao calor foi de 11:00 ao 12:00, sendo o ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG, nesse
̅ deve-se utilizar os 60 minutos
período, de 30,5 ºC (Quadro 14). Para o cálculo de M
corridos mais críticos em que o trabalhador esteja exposto. Utilizando a Equação 3 e
considerando os períodos mais críticos das atividades dos dias avaliados, foi obtido o
valor de 200 kcal/h (Quadros 13 e 15) para o primeiro e segundo dia de medição.
53

̅̅̅̅̅̅̅̅̅ (09/10/2018)
Quadro 12 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação IBUTG

Data Dados Medição

09/out Bulbo Seco - tbs Bulbo Úmido - tbu Globo - tg IBUTG Cálculado
14:00 34,0 24,3 37,0 28,1
14:15 28,4 24,6 38,4 28,7
14:30 28,4 25,6 41,2 30,3
14:45 23,9 22,1 27,6 23,8
15:00 28,6 22,1 34,8 25,9
IBUTG Médio ponderado = 27,3
Fonte: O autor, 2018.

Quadro 13 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação M ̅ (09/10/2018)


Atividade Desenvolvida - 09/10 Classificação kcal/h
14:05 Término do vazamento do forno 1 para a panela LEVE 100
14:10 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg MODERADO 220
15:00 Remoção da Escória MODERADO 220
M Taxa Metabólica Média ponderada = 200 kcal/h
Fonte: O autor, 2018.

O término do vazamento do forno consiste em trabalho leve, se enquadrando


de acordo com a Tabela 1 da NR 15 sendo de pé, trabalho, em máquina ou bancada,
principalmente com os braços. A alimentação do forno com aço, sucatas e ferro gusa
consiste em um trabalho moderado, sendo classificado como, de pé, trabalho
moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação, pois o trabalhador
se desloca frenquente para buscar ou içar materiais para alimentar o forno. A remoção
da escória também consiste em um trabalho moderado, sendo classificado como, de
pé, trabalho moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação devido
o trabalhador se movimentar e executar sua tarefa com uma enxada para a remoção
dos materiais que não se aproveita no derretimento do metal.

Quadro 14 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação ̅̅̅̅̅̅̅̅̅


IBUTG (10/10/2018)

Data Dados Medição

10/out Bulbo Seco - tbs Bulbo Úmido - tbu Globo - tg IBUTG Cálculado
11:00 28,4 23,7 34,3 26,9
11:15 31,9 25,3 40,6 29,9
11:30 32,4 26,5 41,0 30,9
11:45 32,6 26,9 41,4 31,3
12:00 33,7 27,4 45,0 32,7
IBUTG Médio ponderado = 30,5
Fonte: O autor, 2018.
54

Quadro 15 - Perído de 60 minutos mais crítico da avaliação M ̅ (10/10/2018)


Atividade Desenvolvida - 10/10 Classificação kcal/h
11:00 Alimenta o Forno 2 - 100 Kg de Cavavo LEVE 100
11:05 Alimenta forno 2 com Aço 500 Kg, sucatas 1100 Kg, ferro gusa 200 Kg MODERADO 220
12:05 Remoção da Escória MODERADO 220
M Taxa Metabólica Média ponderada = 200 kcal/h
Fonte: O autor, 2018.

A alimentação do forno com cavaco consiste em trabalho leve, se enquadrando


de acordo com a Tabela 1 da NR 15 sendo de pé, trabalho, em máquina ou bancada,
principalmente com os braços, pois o trabalhador utiliza uma ponte rolante acionada
por controle remoto. A alimentação do forno com aço, sucatas e ferro gusa consiste
em um trabalho moderado, sendo classificado como, de pé, trabalho moderado em
máquina ou bancada, com alguma movimentação, pois o trabalhador se desloca
frenquente para buscar ou içar materiais para alimentar o forno. A remoção da escória
também consiste em um trabalho moderado, sendo classificado como, de pé, trabalho
moderado em máquina ou bancada, com alguma movimentação devido o trabalhador
se movimentar, e executar sua tarefa com uma enxada para a remoção dos materiais
que não se aproveita no derretimento do metal.
Desta forma foi no segundo dia de acompanhamento, das 11:00 a 12:00, no
qual o ̅̅̅̅̅̅̅̅̅
IBUTG foi de 30,5 ºC que se tem a pior condição em que o forneiro está exposto
ao calor. Como o valor de 30,5 ºC ultrapassa o limite de tolerância de 26,7 ºC se
conclui que esse trabalhador labora em condições insalubres de exposição ao calor,
̅̅̅̅̅̅̅̅̅, em alguns momentos da medição ultrapassou
segundo o anexo III da NR 15. O IBUTG
do limite de 31,1 ºC, em que o trabalho não seria permitido sem a adoção de medidas
de controle adequadas. No item 15.5.1 da NR 15, explica-se que quando comprovada
a insalubridade, o perito do Ministério do Trabalho indicará o adicional devido. Esse
item deixa a determinação do grau de insalubridade de forma subjetiva, ao cargo da
experiência e julgamento de cada perito.
55

3.4.2 Avaliação NHO 06

Utilizando o critério de avaliação de calor apresentado pela NHO 06, para o


cálculo da taxa metabólica M, primeiramente classifica-se o regime de trabalho
executado na fundição. Foi utilizado o intervalo dos 60 minutos mais crítico da
avaliação. Analisando a Quadro 1 do item 2.6.8.2, e das atividades executadas no
momento mais crítico da coleta de dados, o trabalho foi classificado para o primeiro
dia de medição como atividade em pé em repouso e atividade em pé em trabalho
moderado com os dois braços. Utilizando a Equação 6, para cálculo das taxas
metabólicas, foi encontrado o valor de 253 W. E para o segundo dia, foi classificado o
trabalho como em pé e trabalho leve com as mãos e atividade em pé em trabalho
moderado com os dois braços. Utilizando a Equação 6, para cálculo das taxas
metabólicas, foi encontrado o valor de 258 W.
Para o cálculo do IBUTG foi utilizado o intervalo dos 60 minutos mais crítico da
avaliação. Utilizando a Equação 5, os resultados encontrados para o IBUTG para o
primeiro dia de avaliação foi de 27,3 e do segundo dia foi de 30,5.
Analisando os quadros da NHO 06, é observado o nível de ação, o limite de
exposição, o valor de teto de exposição e a região de incerteza, com base na taxa
metabólica obtida anteriormente conforme Quadro 16 para cada dia avaliado.

Quadro 16 - Parâmetro de avaliação NHO 06


Parâmetros NHO 06

Dia da medição 09 de outubro de 2018


Nivel de ação IBUTG
Quadro 2
253 W 26,0
Limite de Exposição IBUTG
Quadro 3
256 W 29
Valor Teto de Exposição IBUTG
Quadro 4
257 W 37,6
Região de Incerteza IBUTG
Quadro 6
256 W 27,6 a 29,0
Dia da medição 10 de outubro de 2018
Nivel de ação IBUTG
Quadro 2
262 W 25,8
Limite de Exposição IBUTG
Quadro 3
261 W 28,9
Valor Teto de Exposição IBUTG
Quadro 4
261 W 37,5
Região de Incerteza IBUTG
Quadro 6
261 W 27,5 a 28,9
Fonte: O autor, 2018.
56

A partir dos parâmetros encontrados no Quadro 16, foi possível verificar a


situação de exposição ao calor, utilizando as recomendações estabelecidas no critério
de julgamento e tomas de decisão apresentado no Quadro 7. Os resultados obtidos
são apresentados no Quadro 17.

Quadro 17 - Resultado utilizando os parâmetros de avaliação NHO 06

09/out Resultado
IBUTG
Acima do nível de ação.
27,3
No mínimo, adoção de
Taxa Metabólica
medidas preventivas
253
10/out Resultado
IBUTG Acima do limite de
30,5 Exposição. Adoção
Taxa Metabólica imediata de medidas
258 corretivas
Fonte: O autor, 2018.

Analisando o período mais crítico (segundo dia), o valor de 30,5 ºC ultrapassa


o limite de tolerância de 29,0 ºC e se conclui que esse trabalhador labora em
condições acima do limite de exposição e são necessárias adoção imediata de
medidas corretivas, segundo a NHO 06.
As medidas preventivas são atitudes que visam diminuir a probabilidade de as
exposições ocupacionais ao calor atingirem a região de incerteza, podendo ocasionar
danos à saúde do trabalhador. Estas medidas incluem monitoramento periódico da
exposição, disponibilização de água e sais minerais para reposição adequada da
perda pelo suor, treinamento e informação aos trabalhadores, permissão para
interromper o trabalho quando o trabalhador sentir extremo desconforto ao calor e
controle médico.
As medidas corretivas minimizam a exposição a valores abaixo do limite
considerado. Entre estas medidas estão: modificação do processo ou da operação de
trabalho, utilização de barreiras refletoras ou absorventes, adequação da ventilação,
redução da umidade relativa do ar, reorganização de bancadas e postos de trabalho,
disponibilização de locais climatizados ou termicamente mais amenos para
recuperação térmica e introdução de pausas.
57

3.5 SUGESTÕES DE MELHORIA

O resultado da análise, realizado em uma fundição, foi de que forneiro de


fundição está desempenhando suas atividades em uma condição insalubre. Diante
desta constatação, sugerem-se algumas melhorias nas condições físicas do ambiente
de trabalho e também melhorias no plano de trabalho deste profissional.
As principais fontes geradoras de calor no ambiente estudado são os dois
fornos de indução. Estes, além de produzir muito calor, quando alimentados com
sucatas úmidas ou molhadas, podem causar explosões. Para reduzir os riscos das
aitividades, e se proteger corretamente dos perigos de sua função, deveriam ser
implantados EPC’s para proteção de todos os funcionários e também, o forneiro
deveria utilizar os EPI’s fornecido pela empresa. Existem no local, diversos avisos,
como mostrado nas Figuras 11 e 12, alertando sobre a utilização dos EPI’s
necessários e sobre os perigos do local, conforme a NR 26.
Com relação aos riscos de incêndio, a empresa possui brigadistas em diversos
setores, conforme a NR 23, havendo apenas a necessidade de realizar treinamentos
e reciclagens com todos os funcionários.
Outra questão que poderia ser melhorada, é com relação a ventilação e
circulação de ar do local. Como o derretimento do metal produz muitos gases e
vapores, este fator também prejudica a saúde do trabalhador. Estes gases devem ser
avaliados por uma análise química.
Atualmente é disponibilizado no período da tarde, um momento rápido com
sucos, chás e café para que os trabalhadores reponham o líquido perdido durante a
jornada de trabalho. Se sugere que também sejam oferecidas bebidas repositoras de
sais minerais, e em outros períodos também, para que reponham os minerais perdidos
durante a execução das atividades.
Outro ponto que pode ser melhorado é quanto ao nível de iluminamento. A
empresa possui clara bóias que estão sujas e impedem a entrada de iluminação
natural. Uma limpeza ou substituição destas telhas poderiam melhorar
significativamente a iluminação do local.
A automação ou o controle a distância da ponte rolante pode ser uma
alternativa para manter o trabalhador um pouco mais afastado dos fornos de indução.
58

Sugerem-se também melhorias nos planos de trabalho das profissionais, como


a introdução de pausas para a recuperação térmica e utilização de outra sala, com
condições térmicas mais amenas, para descanso.
59

4 CONCLUSÃO

Com o objetivo principal de identificar se o trabalhador do setor de fusão de


uma fundição, o forneiro, que opera na cidade de Curitiba, trabalha em condição
insalubre de exposição ao calor, com o que preconiza a norma regulamentadora N.º15
do Ministério do Trabalho e também da NHO 06 da Fundacentro foram realizadas
medições no local de estudo, com o auxílio de um termômetro de globo. Também
foram analisadas as características do trabalho desenvolvido pelo funcionário
exposto. Para a coleta de dados se seguiram as recomendações e procedimentos
técnicos orientados na Norma de Higiene Ocupacional 06 da Fundacentro.
A metodologia de cálculo utilizada para o IBUTG foi a indicada no anexo III da
NR 15, que trata da exposição ocupacional em relação ao calor e também foi utilizada
a metodologia de cálculo apresentada na NHO 06. A NR 15 e a NHO 06 indicam os
limites de tolerância a exposição ao calor, os quais são utilizados para a
caracterização da salubridade ou insalubridade ocupacional ao calor.
Neste trabalho, o limite de exposição para a condição de trabalho desenvolvida
na fundição analisada foi de 26,7 ºC, segundo anexo III da NR 15. Mas IBUTG médio
ponderado para os 60 minutos mais crítico da jornada de trabalho do trabalhador
analisado foi de 30,5 ºC, acima do limite de tolerância. Na avaliação, seguindo com
metodologia proposta pela NHO 06, o limite de exposição para a condição de trabalho
desenvolvida na fundição analisada no período mais crítico foi de 28,9 ºC e o IBUTG
médio ponderado para os 60 minutos mais crítico da jornada de trabalho do
trabalhador analisado foi de 30,5 ºC, acima do limite de tolerância. Através destes
valores calculados, foi constatado que o trabalhador do setor de fusão desta fundição
labora sob condições insalubres de exposição ao calor. Desta forma, a empresa não
está cumprindo com as obrigações para com a legislação trabalhista, pois não possui
em seu PPRA as informações sobre a insalubridade por exposição ocupacional ao
calor a que o trabalhador esta exposto e também não paga o adicional de
insalubridade devido.
Sugestões de melhorais foram dadas, tentando eliminar, isolar ou reduzir a
principal fonte geradora de calor. A instalação de novos sistemas de ventilação se faz
importante para o controle térmico do ambiente e também o auxilio na eliminação dos
gases. Alguns pontos relacionados a ergonomia, NR 17, devido a postura do
trabalhador devem ser analisados. A utilização de EPI’s e EPC’s são essenciais para
60

a proteçao dos trabalhadores nesta unidade. Existe sinalização, porém falta


conscientização dos funcionários e, treinamento e cobrança por parte da empresa.
Outro ponto importante é a implantação de um sistema de proteção contra-incendios.
Também, foram sugeridas melhorias no sistema de iluminação da unidade.
61

REFERÊNCIAS

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64

ANEXO A – LAUDO DE CALIBRAÇÃO DO MEDIDOR


65

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