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Resumo
Pretende-se apresentar a proposta metodológica da pesquisa de doutoramento do
primeiro autor e alguns resultados parciais dessa pesquisa que se iniciou em 2013. Este
trabalho tem como objetivo estudar os grupos ceramistas que ocupavam a região
entre as bacias dos Rios Tietê e Paranapanema no Estado de São Paulo. A bibliografia
descreve este espaço como uma região de interação cultural, mas há poucos estudos
sistemáticos. A revisão de uma extensa bibliografia e a organização de um banco de
dados arqueológico auxiliaram na integração de informações. Com isso, é possível
observar e compreender a distribuição dos sítios arqueológicos pela paisagem,
períodos de ocupação e regiões com concentração de sítios.
Palavras-chave: São Paulo, Jê, Tupi, fronteira, arqueologia
Abstract
We present the methodological approach of the first author's doctoral research
project and some partial results of this research that started in 2013. The aim of this
1
Museu de Arqueologia e Etnologia/Universidade de São Paulo – MAE/USP e Laboratório de Arqueologia,
Etnologia e Etno-história/Universidade Estadual de Maringá/PR – LAEE/UEM
2
Museu de Arqueologia e Etnologia/Universidade de São Paulo e Laboratório de Arqueologia da
Paisagem e Geoarqueologia LAPGEO/MAE/USP
3
Laboratório de Arqueologia, Etnologia e Etno-história/Universidade Estadual de Maringá/PR –
LAEE/UEM
289
project is to study the ceramic groups who lived in the region between the Tietê and
Paranapanema River Basins in the state of São Paulo. The literature describes this
space as a cultural interaction region, but there are few systematic studies. The review
of an extensive bibliography and the organizing of an archaeological database helped
to integrate information. This makes it possible to observe and understand the
distribution of archaeological sites in the landscape, periods of occupation and regions
with concentration of sites.
Key words: São Paulo, Jê, Tupi, border, archaeology
Introdução
As fontes
290
-Arquivo de Projetos e Relatórios de arqueologia preventiva;
-Teses;
-Dissertações;
-Anhembi;
291
arquivos dificulta o acesso à fonte, já que a pesquisa fica atrelada à disponibilidade de
um arquivista responsável.
292
artigo referente à mesma pesquisa de campo. Isso justifica a consulta a tantos tipos
diferentes de fontes, mesmo que tratem do mesmo sítio ou do mesmo trabalho de
arqueologia preventiva.
Quantidade de fontes
293
Quadro 1 - Publicações consultadas entre 1895 e 2013.
Revista do Museu
1895 1984 133 19
Paulista
Arquivos do
Museu
Paranaense - 1941 1993 105
17
Museu
Paranaense
Revista do CEPA -
1968 2004 77 0
RS
Revista
1968 2003 26 1
CEPA/UFPR
Revista de
1987 2013 169 2
Arqueologia/SAB
294
pesquisadores acabam divulgando em revistas de temas interdisciplinares, como
revistas das Geociências, Históricas, Ciências Sociais, Biológicas, entre outras; o que
acaba dificultando o acesso às informações, isto é relacionado à interdisciplinaridade
da disciplina arqueológica e não só a falta de revistas especializadas no assunto. E
então, os arqueólogos publicam pouco? Esta é uma dúvida a se debater, visto que de
acordo com este levantamento, temos poucas publicações junto às principais revistas
destinadas ao assunto arqueológico destinadas à área de pesquisa.
O Banco de Dados (BD) foi criado no software Microsoft Office Access (2010),
um sistema de gerenciamento de banco de dados da Microsoft que combina o
Microsoft Jet Database Engine com uma interface gráfica. Nele a tabela do banco é
constituída por linhas que representam os sítios arqueológicos e por colunas que
indicam características dos sítios. O programa oferece ainda a possibilidade da
construção de um formulário base para a observação dos dados.
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(superfície/profundidade); exposição (céu aberto/abrigo); dimensões (m²); unidade
morfológica; compartimento topográfico (topo, terço superior, inferior, planície de
inundação); DATUM; Zona; longitude (E); latitude (N); coordenada em grau, minuto
segundo), e por fim, Referências bibliográficas (nº CNSA; localização dos dados;
referência bibliográfica associada; informações extra/observações; segunda referência
bibliográfica). Esse layout do banco de dados favorece o entendimento desses eixos
como um todo, já que as informações são bastante complementares entre as colunas;
no total são 25 categorias descritivas elencadas para cada sítio arqueológico.
296
Gráfico 1 - Localização dos dados a partir de bibliotecas.
Revista Online 3
Inventário 9
CNSA, Biblioteca MAE, Biblioteca Empresa 1
CNSA, Biblioteca MAE e Inventário 2
CNSA e Inventário 4
CNSA e Biblioteca MAE 217
CNSA e Biblioteca Empresa 1
CNSA 224
Biblioteca MAE e Inventário 12
Biblioteca MAE 265
Biblioteca empresa 10
Arquivo IPHAN - Relarórios 33
0 50 100 150 200 250 300
Quantidade de sítios
297
Dos 71 sítios que apresentam datações, apenas 44 podem ser
georreferenciados, sendo: 37 sítios Tupiguarani, 5 Itararé-Taquara, 1 sem referência a
uma tradição arqueológica e um outro Itararé-Taquara e Tupiguarani.
Itararé-
192 10 71 5
Taquara
Tupiguarani/
Itararé- 6 1 4 0
Taquara
Sem
97 2 43 1
Referência
298
para um amplo estudo da longa duração dos grupos, pois apenas 5,6% deles são
indexados com datas e coordenadas geográficas e b) embora exista um salto na
produção de relatórios de arqueologia preventiva após os anos de 2010, não houve um
salto significativo na quantidade de sítios arqueológicos descobertos e descritos com
informações que pudessem ser anexadas ao BD para fazer diferença nas estatísticas
preliminares do levantamento. É valido relembrar que a pesquisa de levantamento no
Arquivo do IPHAN entre os relatórios finais teve como limite o ano de 2013.
Primeira imagem
299
Na figura 1 podemos observar a nuvem de dispersão dos sítios arqueológicos
pesquisados pela paisagem paulista. Nessa execução foi utilizado o programa ArcGis
300
Penápolis 1 e Quaresma). Já no centro-sul e sul do estado, existe uma vasta
quantidade de sítios de grupos ceramistas Itararé-Taquara (pontos azuis).
Considerações finais
301
No Brasil, gerenciamento de sítios arqueológicos deveria ter maior importância,
já que desde o segundo semestre de 2007, estão em execução os Plano de Aceleração
do Crescimento implantados pelos Presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Dilma
Rousseff. Esses planos promovem a retomada do planejamento e execução de grandes
obras de infraestrutura social, urbana, logística e energética do país e desde o início da
sua segunda fase em 2011, têm envolvido mais estados e municípios, para a execução
de obras estruturantes e que irremediavelmente afetam direta e indiretamente os
trabalhos de arqueologia e os sítios arqueológicos. Dessa maneira, reforçando, temos
uma situação no Brasil que exige a necessidade imediata de um bom e funcional plano
para o gerenciamento dos vestígios arqueológicos encontrados.
Agradecimentos
À CAPES/CNPq pela bolsa de doutorado e ao CNPq pela bolsa produtividades para a
Pesquisa; Scientia Consultoria Científica pela utilização de relatórios; Ao IPHAN/SP na
pessoa de Rafael Oliveira; à Equipe de funcionários da Biblioteca MAE/USP.
Referências Bibliográficas
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MOTA, L. T. V Fórum de Pesquisa e Pós-Graduação em História & XVI Semana de
História da Universidade Estadual de Maringá em uma mesa redonda intitulada
‘Populações tradicionais: indígenas, quilombolas e faxinalenses – Populações indígenas
no Paraná’ em outubro, 2010.
VON IHERING, H. A questão dos índios no Brasil. Revista do Museu Paulista. V.8: 1906-
1909, pp. 112-140.
303