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6/12/2017 ::: Jurisprudência do STJ (boletim interno)

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ACSTJ de 22­09­2004
INFORMAÇÃO JURÍDICA  Concurso efectivo de infracções Concurso aparente de infracções Roubo Sequestro Consumpção
Especialidade Subsidiariedade Regime penal especial para jovens Fins Omissão de pronúncia
Legislação I ‐ No âmbito do chamado concurso efectivo de infracções, haverá concurso real sempre que à pluralidade de
crimes corresponder uma pluralidade de acções e concurso ideal sempre que a mesma acção viole diferentes
Jurisprudência tipos (concurso ideal heterogéneo) ou um só tipo de crimes (concurso ideal homogéneo).
II ‐ Do concurso efectivo de infracções se distingue o concurso aparente ou impuro, em que a conduta do agente
ACTIVIDADE apenas formalmente preenche vários tipos legais, mas por via da interpretação das normas conclui‐se que, por
vezes, essa conduta é exclusiva e totalmente absorvida por um só tipo, de modo tal que todos os demais devem
ceder.
Docs. da PGDL III ‐ No concurso aparente de infracções há um feixe de normas legais em convergência, em concordância, de tal
modo que em consequência de uma conexão entre elas, a aplicação de uma norma importa a exclusão de
Cláusulas contratuais nulas aplicação de outra, na observância das regras da especialidade, da consumpção, da subsidiariedade, do facto
ulterior não punível, pois os diversos crimes podem mostrar‐se conexionados por essas diversificadas relações
MP na Relação de Lisboa entre si.
IV ‐ Por força das regras da especialidade um dos tipos aplicáveis ‐ tipo especial ‐ abrange ‐ já elementos
essenciais de outro, também abstractamente aplicável ‐ o tipo base ‐, ao qual, em vista dos interesses a proteger
e da sua especialidade, se aditaram elementos suplementares ou especializadores, recriando um novo tipo, mais
ajustasdo às circunstâncias do caso, mercê da regra lex specialis derogat legi generali.
V ‐ A aplicação da regra da consumpção não abdica da consideração de que o preenchimento do tipo mais grave
engloba o preenchimento de outro menos grave e, quando tal sucede as disposições legais encontram‐se numa
posição em que uma consome a protecção legal já conferida por outra, a lei mais ampla, a lex consumens, que é
a mais eficaz e a aplicável por força do princípio ne bis in idem, do que a lei menos ampla, a lex consumpta, que
não cobra aplicação.
VI ‐ Por aplicação das regras da subsidiariedade certas normas apenas se aplicam quando o facto não é punido
por outra mais grave, casos havendo em que essa é mesmo a formulação da acção típica, o ditame legal está
enunciado nesses precisos moldes.
VII ‐ Os delitos que visam garantir ou assegurar a impunidade de outros (crimes de garantia ou aproveitamento)
não são punidos em concurso com o crime de fim lucrativo ou de apropriação, salvo se gerarem um novo dano ao
ofendido ou se dirigirem contra um novo bem jurídico.
VIII ‐ O crime de sequestro tem por legal escopo a protecção da liberdade de locomoção, a liberdade de
deslocação física, corpórea, de mudar de lugar sem entrave, o jus ambulandi, com tradução a nível
constitucional. A liberdade de uma pessoa se manter em dado lugar, de a pessoa aceder ou não a certo local, o
constranger alguém a abandonar um certo local ou não aceder ou se dirigir a certo ponto, é missão tutelar do
crime de coacção.
IX ‐ A violência, tanto física como psíquica, pode presenciar‐se na privação de liberdade de movimentos, base
incriminatória do crime de sequestro, o que pode colocar questões delicadas ao nível de concurso de infracções,
da respectiva unidade ou pluralidade.
X ‐ Sempre que a duração da privação da liberdade de movimentos não exceda, não ultrapasse a medida
naturalmente associada à prática do crime‐fim (v.g. roubo) e seja incluída na acção típica e na respectiva
retribuição, deve inferir‐se pela constatação de um concurso aparente de infracções entre o crime‐meio (v.g.
sequestro) e o crime‐fim, sendo o agente punido por um só deles.
XI ‐ Tudo o que essa duração necessária exceda já se não inclui no tipo legal de crime de roubo, já é aplicação na
prática de elemento de outra configuração típica, que não pode deixar de erigir e substanciar um crime
autónomo.
XII ‐ Haverá concurso real entre os crimes de roubo e de sequestro, por a privação da liberdade de movimentos
dos ofendidos ir muitíssimo além da imprescindível à consumação das duas subtracções patrimoniais, se da
matéria de facto provada constar que:'Os arguidos, de concerto com outras duas pessoas, não identificadas ‐ um
deles será o A ‐ mediante a ameaça de uma pistola e de uma caçadeira, forçaram o ofendido M, a ceder ao
recorrente a posição de condutor do seu carro, passando o mesmo, arguido E, a dirigi‐lo sendo o seu dono
obrigado a ocupar o banco de trás do carro.Depois, com a ameaça de uma pistola forçaram a entrar nele o
ofendido C.No interior da viatura o A revistou o C, e o arguido J apropriou‐se de diversos objectos, num clima de
violência tanto física como psíquica.E sendo perguntado ao ofendido C sobre a existência de sabonetes de
haxixe, logo aquele desmentiu possuí‐los, sendo seu propósito dar uma 'banhada' aos arguidos, receber
dinheiro, sem nenhuma droga entregar.Nessa altura por ordem do arguido‐recorrente é esmurrado e socado
pelo A.Ensaiando uma fuga, é agarrado por todos os arguidos e demais acompanhantes, que o pontapearam por
todo o corpo e lhe desferiram murros, trazendo‐o de novo para o carro, arrastando‐o.E como o C persistisse em
enganá‐los sobre a situação da droga, informando‐os erroneamente sobre um local onde inexistia, os arguidos e
seus acompanhantes, reincidiram na agressão, e no arrastá‐lo contra vontade para o interior do carro.Veio
então, a declarar com verdade a casa onde morava, pelo que os arguidos, e um dos seus comparsas, penetraram
nela, mantendo‐os o A sob ameaça de uma pistola no interior do carro, apropriando‐se aqueles dos bens
descritos a fls. 100.De seguida levaram o C e o M para a Serra de Leceia, retirando o C para o exterior, onde o
seviciaram a soco, pontapés, à coronhada de pistolas e com um cinto, nas pernas, durante cerca de 20 minutos,
tendo sido o J que lhe baixou as calças.O A disparou tiros de pistola junto dos ouvidos do C.Forçando de novo, o
C a entrar no veículo, conduziram‐no para o Bairro da Politeira e lançaram‐no para junto de uns caixotes de lixo,
de novo lhe batendo, partindo‐lhe um dente o A e arguido J urinou para cima daquele.'.
XIII ‐ O regime penal especial para jovens representa a conciliação entre uma ideia de humanidade em prol de
uma juventude desencaminhada e carente de repressão, em nome de um princípio da proporcionalidade das
penas e da proibição do excesso (Prof. Eduardo Correia, in Direito Criminal,I, 265).
XIV ‐ Está longe do espírito da lei consagrar um regime que, como uma esponja, apague a gravidade do facto,
restituindo‐o ao limbo do esquecimento, pois do que se trata é de encarar que se está em presença de
personalidades em processo de maturação, havendo que estabelecer‐se uma dilação no ajustamento social, sem
considerar excessivamente o desvalor da acção, se tal se justificar, mas também, sem esquecer a gravidade da
negação de valores, se tal for de declarar e afirmar.
XV ‐ O direito instituído no DL 401/82, de 23‐09, mais do que sancionatório, é um direito reeducador, não
devendo olvidar‐se os interesses fundamentais da sociedade e de exigir, sempre que se justifique pena de prisão,
que esta seja especialmente atenuada, se concorrerem sérias razões de que, com tal opção, se alcança a
reinserção social do agente no meio social.
XVI ‐ Porém, o Estado, em caso algum, deverá abdicar de inegáveis interesses de defesa comunitária, de
prevenção geral positiva, em favor da prevenção especial de ressocialização e de jovens que afrontando pilares
da sua subsistência, ponham em crise a segurança e a tranquilidade públicas e a sua própria autoridade. Por isso
que este regime não é de aplicação automática.
XVII ‐ Sobre o não acatamento, por não pronúncia na decisão, do regime especial punitivo de jovens
delinquentes, este STJ já se manifestou, de forma divergente, associando a essa omissão o vício da nulidade da
sentença, nos termos do art. 379.º, n.º 1, al. c), do CPP, anomalia de conhecimento oficioso, impeditiva de se
proferir correcta decisão de direito, ou a uma insuficiência para a decisão da matéria de facto provada, com a
inevitável consequência do reenvio do processo para novo julgamento, nos termos dos arts. 426.º e 426.º‐A do

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CPP.
XVIII ‐ Actualmente, parece desenhar‐se neste STJ o abandono daquela primeira posição e esboçar‐se uma
tendência para configurar a omissão de pronúncia, como um error in judicando, que não in procedendo, já que
dispondo o tribunal de todos os elementos para tal abordagem, todavia ela lhe escapou de todo a exame, seja por
visível esquecimento, seja porque da solução dada à questão resulta, implicitamente, se tomou posição sobre
ela, afastando‐se aquele regime.
XIX ‐ No caso concreto, considerando os factos descritos em XIII, os sentimentos de retaliação e vingança
subjacentes à actuação do arguido E, fruto da personalidade delineada, verificam‐se agudizadas necessidades de
prevenção especial, de correcção, de emenda, que, aliadas à ausência de reconhecimento dos factos e ao modo
de vida do arguido (sem trabalho há 4 meses, dando mostras de pertencer a um grupo marginal, com algum
profissionalismo nele radicado, evidenciando pelos meios de agressão usados, altamente perigosos, alguma
capacidade organizativa), não permitem concluir que da atenuação especial resultem vantagens para a
reinserção do arguido.
Proc. n.º 1795/04 ‐ 3.ª Secção Armindo Monteiro (relator) Rua Dias Pires Salpico
Sousa Fonte

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