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O Procedimento Especial de Despejo

A sua tramitação na secretaria


judicial
DGAJ-DF - 2013

Direção-Geral da Administração da Justiça


Índice
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................................3
CAPÍTULO 2. OS PRAZOS NO PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESPEJO ................................................5
CAPÍTULO 3. O PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESPEJO E O ACESSO AO DIREITO E AOS
TRIBUNAIS ....................................................................................................................................................7
CAPÍTULO 4. A DISTRIBUIÇÃO DO PED AO TRIBUNAL ............................................................................9
Apresentação de Oposição (pode incluir pedido de diferimento da desocupação) ....................9
Apresentação de pedido de diferimento da desocupação de imóvel arrendado para
habitação. ..............................................................................................................................................13
CAPÍTULO 5. A DESOCUPAÇÃO DO LOCADO .........................................................................................16
A desocupação do locado realizada pelo oficial de justiça ..........................................................17
As vicissitudes no decurso da diligência de desocupação .............................................................20
Requerimento para autorização judicial para entrada imediata no domicílio..........................20
A suspensão da desocupação do locado ...........................................................................................22
CAPÍTULO 6. IMPUGNAÇÃO DO TÍTULO PARA DESOCUPAÇÃO DO LOCADO .....................................24
CAPÍTULO 7. EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA .....................................................26
Títulos executivos ................................................................................................................................26
Procedimento especial de despejo com cumulação de pedidos ..................................................26
Aplicação subsidiária do Código de Processo Civil .........................................................................27
NO BNA ...................................................................................................................................................27
Do agente de execução ou oficial de justiça...................................................................................28
Do agente de execução, notário ou oficial de justiça (cumulação de pedidos) .......................29
NO TRIBUNAL .........................................................................................................................................30

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CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

Com a entrada em vigor da Reforma à Lei do Arrendamento Urbano - Lei n.º 31/2012,
de 14 de agosto, retificada pela Declaração de Retificação n.º 59-A/2012, de 12 de
outubro - foi criado o Balcão Nacional do Arrendamento (BNA) e o Procedimento
Especial de Despejo (PED). Este consiste, basicamente, num novo instrumento ao
dispor dos senhorios para efetivar a cessação do arrendamento, independentemente
do fim a que se destina, quando o arrendatário não desocupe o locado na data
prevista na lei ou na data prevista por convenção entre as partes.

Além de visar a efetiva desocupação e entrega do imóvel, vai permitir ao senhorio, no


mesmo procedimento, e ao contrário do que vinha sucedendo até hoje, solicitar o
pagamento das rendas, encargos e despesas eventualmente em falta.

Podemos desde já elencar as suas características essenciais:

– Toda a sua tramitação será realizada de modo eletrónico, permitindo uma


economia de meios e de tempo;

– Dá-se início ao procedimento com a apresentação de um formulário, com


campos de preenchimento obrigatório, sob pena de recusa;

– Encontra-se prevista a situação, de tanto o senhorio como o arrendatário,


poderem recorrer ao pedido de apoio judiciário para suportar os custos com
este procedimento.

Recebido o Requerimento de despejo (RD), o BNA, se não houver motivos de recusa,


notifica o arrendatário sobre o pedido apresentado, podendo este, no prazo de 15
dias, fazer o seguinte (n.º 3 do art.º 15.º-D, do art.º 15.º-F e n.º 1 do art.º 15.º-N,
todos do NRAU):

a) Desocupar o local e, sendo caso disso, efetuar o pagamento dos montantes


em dívida, acrescidos da taxa de justiça suportada pelo senhorio;
b) Opor-se ao pedido apresentado pelo senhorio, juntando documento
comprovativo do pagamento da taxa de justiça devida (ou, em alternativa,
apresentar o comprovativo de pedido de apoio judiciário).
c) Nos casos de pedido com fundamento na falta de pagamento de rendas,
despesas ou encargos, com a oposição deve comprovar a prestação de uma
caução no valor da dívida em causa, até ao máximo de seis rendas;

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d) Requerer, o diferimento da desocupação do imóvel, com fundamento em
razões sociais imperiosas, devendo apresentar todas as provas para
demonstração dos factos que alega e indicar até três testemunhas.

Na hipótese do arrendatário não reagir, nem entregar voluntariamente o imóvel, o


BNA converte automaticamente o requerimento de despejo em título para
desocupação do locado, autenticado com recurso a assinatura eletrónica (art.º 15.º-E
do NRAU).

No caso de apresentação de oposição, o BNA remeterá, também de forma eletrónica,


o procedimento especial de despejo para o tribunal competente, correndo o
procedimento os seus termos com prazos encurtados1 e procedimentos simplificados
até à prolação da sentença.

Na posse do título para desocupação do locado (quando não haja oposição) ou de


sentença judicial, o agente de execução, o notário ou o oficial de justiça desloca-se
ao locado a fim de investir o senhorio na posse do mesmo entregando-lhe os
documentos e as chaves se os houver e notifica os arrendatários e quaisquer
detentores para que respeitem e reconheçam o direito daquele.

Em determinadas situações, e perante a recusa do arrendatário em abandonar o local,


poderá ser necessário solicitar ao Tribunal que emita uma autorização judicial para
entrada imediata no domicílio, bem como o auxílio das forças policiais.

Por último, no caso de ter sido requerido, como dissemos, no prazo da oposição, o
diferimento da desocupação do locado, deve o juiz decidir com base nas exigências
de boa-fé, na situação económica e social do arrendatário e do seu agregado familiar,
número de pessoas que habitam o imóvel, idades e estados de saúde. O período de
diferimento não pode, contudo, exceder o prazo de cinco meses a contar da data do
trânsito em julgado da decisão.

Do que acabamos de referir, resulta que a primeira parte do Procedimento Especial


de Despejo decorre no BNA e só no caso de o requerido apresentar oposição, é que
este é remetido automaticamente à distribuição no tribunal da situação do locado.

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Vd Capítulo seguinte.

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CAPÍTULO 2. OS PRAZOS NO PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESPEJO

A Lei n.º 31/2012, de 14 de agosto, tem como objeto a aprovação de medidas


destinadas a dinamizar o mercado de arrendamento urbano, alterando o regime
substantivo da locação, o regime transitório dos contratos de arrendamento
celebrados antes da entrada em vigor da Lei n.º 6/2006, de 27/2, e criando um
procedimento especial de despejo do local arrendado que permita a célere
recolocação daquele no mercado de arrendamento.

Na exposição de motivos desta lei refere o legislador que a intervenção do tribunal


assume caráter de urgência no pedido de autorização de entrada no domicílio do
arrendatário e que, no caso de oposição ao Procedimento Especial de Despejo (PED),
há lugar à intervenção do juiz num processo especial e urgente.

A intenção do legislador de tornar este procedimento mais célere e eficaz encontra-se


plasmada na lei, simplificando procedimentos, encurtando e imprimindo caráter
urgente a determinados prazos, bem como aos atos a praticar pelo juiz.

No entanto, o NRAU não prevê no seu normativo que o PED é urgente.

Prevê sim, em três momentos, que o procedimento tem caráter de urgência, a saber:

- Autorização judicial para entrada imediata no domicílio – n.º 2 do art.º 15.º-


L;

- Diferimento da desocupação de imóvel arrendado para habitação – n.º 1 do


art.º 15.º-O; e

- Os atos a praticar pelo juiz no âmbito do procedimento especial de


despejo assumem caráter urgente – n.º 8 do art.º 15.º-S.

É sabido que o caráter urgente de um processo implica, desde logo, um tratamento


prioritário, com precedência sobre o demais serviço do tribunal, quer para o juiz quer
para a secretaria.

Além disso, também a contagem dos prazos não se suspende durante o período das
férias judiciais, o que obriga à prática dos atos pelas partes de forma mais célere.

Por outro lado, o caráter urgente pode ainda significar uma redução significativa dos
prazos para a prática de determinados atos previsto na lei.

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Como sabemos, são exemplos de processos urgentes as providências cautelares e os
processos de insolvência, conforme se prevê no n.º 1 do art.º 382.º do CPC e no n.º 1
do art.º 9.º do CIRE, respetivamente.

Ora, não sendo o PED considerado um processo urgente, convém analisar as


referências que o legislador lhe incutiu no sentido de, em momentos diferenciados, o
procedimento assumir esse caráter urgente.

Quanto à autorização judicial para entrada imediata no domicílio e ao diferimento de


desocupação de imóvel arrendado para habitação acima referidos, dúvidas não restam
de que se tratam de requerimentos que assumem caráter urgente com todas as
características acima apontadas aos processos com aquela natureza.

As dúvidas colocam-se apenas quanto ao alcance da norma do n.º 8 do art.º 15.º-S,


quando se diz que “Os atos a praticar pelo juiz assumem caráter urgente”.

Primeiramente há que analisar a repercussão que têm as decisões proferidas pelos


magistrados judiciais, na prática dos atos subsequentes, pelas secretarias judiciais e
até pelos agentes de execução ou notários.

Dúvidas não restam que as secretarias, logo os oficiais de justiça, asseguram o


expediente, autuação e regular tramitação dos processos pendentes, bem como lhes
incumbe ainda a execução dos despachos judiciais e a realização, mesmo que
oficiosamente, das diligências necessárias para que o fim daqueles possa ser
prontamente alcançado, sempre na dependência funcional do magistrado
competente, conforme dispõe o art.º 161.º do CPC.

À luz deste princípio ordenador da atividade das secretarias judiciais, podemos


concluir que os atos dos magistrados apenas se completam e atingem a plenitude dos
fins a que se destinam as suas decisões, quando antecedidos ou completados com os
atos praticados ou a praticar pela secretaria que, com a sua efetiva atuação, as
tornam eficazes e definitivas.

Ora, sendo intenção do legislador imprimir urgência aos atos praticados pelo juiz, não
faria sentido, em nossa opinião, que a secretaria não desse o mesmo tratamento ao
expediente dirigido ao processo e às decisões proferidas, conferindo-lhes também a
requerida urgência, com precedência sobre o demais serviço do tribunal.

No entanto, convém relembrar que o PED não é urgente, pelo que, salvo a previsão de
que os prazos não se suspendem durante o período das férias judiciais (cfr. N.º 5 do
art.º 15.º-S), após a notificação urgente por parte da secretaria das decisões do juiz,
os prazos que se despoletarem no seu seguimento não são os de um processo urgente.

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Poderemos dar como exemplo do que acabámos de referir, a sentença
proferida, no PED nos termos do art.º 15.º-I. A sentença há-de ser notificada com
caráter de urgência mas o prazo para interposição de recurso é de 30 dias e não de 15
dias como se acha previsto para os processos urgentes (cfr. n.º 1 do art.º 685.º e n.º 5
do art.º 691.º do CPC).

Posto isto, poderemos concluir, salvo, como sempre, orientações em contrário


do magistrado competente:

- O PED não é urgente;

- Os requerimentos previstos no n.º 2 do art.º 15.º-L e n.º 1 do art.º15.º-O


do NRAU, têm carácter de urgência;

- Os atos do juiz têm caráter de urgência;

- Os atos da secretaria a praticar anteriormente ou na sequência das


decisões proferidas pelos magistrados, assumem também caráter de
urgência.

- Os prazos judiciais do PED não se suspendem durante as férias judiciais.

CAPÍTULO 3. O PROCEDIMENTO ESPECIAL DE DESPEJO E O ACESSO AO DIREITO E


AOS TRIBUNAIS

Quem goze de insuficiência económica que não permita suportar as despesas


inerentes à disputa judicial pode, junto dos serviços da Segurança Social, requerer a
concessão do benefício do apoio judiciário.

O apoio judiciário tem âmbito pessoal. Por isso, sendo vários requerentes ou vários
requeridos, a concessão de apoio a um não aproveita aos restantes. Designadamente,
sendo um procedimento interposto por ou contra cônjuges, cada um deles, se
pretender beneficiar de apoio judiciário, carece de apresentar de forma individual o
respetivo requerimento.

Ao procedimento especial de despejo aplicam-se, com as devidas adaptações, o


regime de acesso ao direito e aos tribunais (n.º 1 do art.º 15.º-S do NRAU).

De seguida, apresentamos as especialidades.

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Por regra, o requerimento de pedido de concessão de apoio judiciário deve ser
apresentado, no mínimo, 30 dias antes da propositura do procedimento, pois só a
partir de 30 dias após o decurso desse prazo poderá ser apresentado o requerimento
de despejo. O requerente deve apresentar, juntamente com o requerimento de
despejo, o documento da concessão do benefício do apoio judiciário na modalidade
de dispensa total ou parcial, sob pena de recusa (al h) do n.º 1 do art.º 15.º-C do
NRAU).

Porém, nos casos em que à data da apresentação do requerimento de despejo faltem


menos de 30 dias para o termo do prazo de prescrição ou caducidade, ou outra causa
de urgência, ao requerente é suficiente a junção com o requerimento de despejo do
documento comprovativo da apresentação do pedido de apoio judiciário na
modalidade de dispensa de pagamento ou pagamento faseado das taxas de justiça e
demais encargos, que ainda não tenha sido concedido, equivalendo ao pagamento da
taxa de justiça (n.º 7 do art.º 15.º-B do NRAU).

Se o requerente do procedimento especial de despejo pretende a nomeação de


patrono, deve juntar ao procedimento o documento comprovativo da apresentação do
requerimento da concessão do benefício do apoio judiciário nessa modalidade para
que seja interrompido o prazo processual em curso.

Nestes casos, os serviços da Segurança Social notificam a Ordem dos Advogados,


entidade a quem compete a designação e nomeação do advogado.

O prazo reinicia-se a partir da notificação ao patrono nomeado da sua designação ou


da notificação do requerente da decisão de indeferimento.

Quando a nomeação do patrono vise a apresentação do requerimento de despejo, este


deve ser apresentado no prazo de 10 dias não estando prevista a possibilidade de o
advogado nomeado solicitar a prorrogação desse prazo (al.s a) e b) do n.º 1 do art.º
15.º-S do NRAU).

Se a nomeação se destinar a procedimento pendente, o prazo para a prática do ato


reinicia-se, devendo, por conseguinte, o ato ser praticado nesse prazo.

O procedimento especial de despejo considera-se iniciado na data da junção do


documento comprovativo do pedido ou da concessão de apoio judiciário na
modalidade de dispensa ou pagamento faseado da taxa de justiça e dos demais
encargos com o procedimento.

Em caso de indeferimento do pedido de apoio judiciário na modalidade de dispensa ou


de pagamento faseado da taxa de justiça e demais encargos com o procedimento, o
requerente do pedido deve efetuar o pagamento da taxa de justiça em falta no prazo

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de 5 dias a contar da notificação da decisão definitiva de indeferimento, sob pena de
extinção do procedimento ou, caso já tenha sido constituído título para desocupação
do locado, de pagamento do valor igual a 10 vezes o valor da taxa devida (n.º 2 do
art.º 15.º-S do NRAU).

O benefício de apoio judiciário não abrange as multas aplicadas no procedimento


devido a vg., apresentação de peças ou documentos fora de prazo, incumprimento de
prazos, etc.

CAPÍTULO 4. A DISTRIBUIÇÃO DO PED AO TRIBUNAL

Nota prévia: sempre que seja suscitada qualquer questão sujeita a decisão
judicial, o BNA envia de forma eletrónica o PED para distribuição.

Estão sujeitos a distribuição no tribunal da situação do locado, a autorização judicial


para entrada imediata no domicílio, a suspensão da desocupação do locado e o pedido
de diferimento da desocupação do imóvel arrendado para habitação, bem como os
demais atos que careçam de despacho judicial (n.º 6 do art.º 15.º-S do NRAU e n.º 4
do art.º 11.º da Portaria n.º 9/2013).

O juiz, em qualquer caso, deve pronunciar-se sobre todas as questões suscitadas e,


independentemente de ter sido requerida, sobre a autorização de entrada no
domicilio (n.º 7 do art.º 15.º do NRAU).

Apresentação de Oposição (pode incluir pedido de diferimento da desocupação)

Então, apresentada que seja oposição junto do BNA, este envia, por via eletrónica, o
PED para distribuição ao tribunal da situação do locado.

Distribuído na 3.ª espécie – art.º 222.º do CPC.

A secção de processos a quem foi distribuído, depois de proceder à autuação do


procedimento, terá de verificar oficiosamente:

a) - Se o articulado de oposição foi apresentado em papel, caso em que terá


sido anexado o DUC correspondente ao pagamento da multa de 2 UC (n.º 2 do
art.º 15.º-F do NRAU e n.º 2 do art.º 9 da Portaria n.º 9/2013);

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b) - Se a oposição foi apresentada dentro do prazo (15 dias) – o prazo para
apresentação da oposição é perentório e o seu decurso, salvo o justo
impedimento, extingue o direito de praticar esse ato. Se a mesma foi
apresentada em qualquer um dos 3 dias úteis subsequentes ao termo do prazo,
a secção deve proceder à liquidação da multa a que se refere o art.º 145.º do
CPC;

Nos termos do n.º 2 do art.º 486.º do CPC, deve a secção considerar que,
quando termine em dias diferentes, o prazo para a apresentação da
oposição por parte dos vários requeridos, a oposição de todos ou de cada
um deles, pode ser oferecida até ao termo do prazo que começou a
correr em último lugar.

De notar que, para efeitos de contagem do prazo, se a oposição foi


apresentada2:

- via Citius – vale como data da prática do ato a da respetiva expedição;

- em papel – vale como data da prática do ato a da respetiva entrega;

- via correio, sob registo – vale como data da prática do ato a da


efetivação do respetivo registo postal;

c) - Se o requerimento de apoio judiciário envolver o pedido de nomeação e


pagamento da compensação de patrono, este, depois de nomeado, apresentou
a oposição no prazo de 10 dias a contar da notificação da nomeação 3;

d) - Se juntamente com a oposição foi apresentado documento comprovativo do


pagamento da taxa de justiça devida (3 UC se o valor do procedimento for igual
ou inferior a 30.000,00 ou 6 UC se superior – n.º 1 do art.º 22.º do Dec. Lei n.º
1/2013) ou, em alternativa, se foi apresentado documento comprovativo da
concessão de apoio judiciário ou ainda de que foi apresentado, junto dos
serviços da Segurança Social, o pedido de apoio judiciário na modalidade de
dispensa de pagamento ou pagamento faseado da taxa de justiça e demais
encargos.

No primeiro caso, a secção deve providenciar pela imediata associação do DUC


ao procedimento.

Após a verificação, pela secção, dos pressupostos de validação da apresentação da


oposição por parte do ou dos requeridos, o procedimento é apresentado ao juiz a

2
Art.º 9.º, n.º 1 da Portaria n.º 9/2013.
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Al. a) do n.º 1 do art.º 15.º-S do NRAU

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quem compete a análise dos requisitos da oposição e que procederá a um saneamento
sumário dos autos e, além do mais, verificará:

- Se, pelo requerido, foi constituído advogado cuja procuração deve ser junta,
se o não for fica sem efeito a defesa e, em consequência, será decidido em
conformidade;

- Se, em caso de se encontrar cumulado pedido o pagamento de rendas,


encargos ou despesas, o requerido juntou comprovativo da prestação de caução
– (n.º 3 do art.º 15.º-F do NRAU, n.º 1 do art.º 9.º do Dec.Lei n.º 1/2013 e art.
10.º da Portaria n.º 9/2013), se o não for fica sem efeito a defesa e, em
consequência, será decidido em conformidade;

- Se o requerido apresentou pedido de diferimento da desocupação de imóvel


arrendado para habitação;

- Se o requerido deduziu oposição ao pedido de pagamento de rendas, encargos


e despesas apresentado pelo senhorio;

- Se as rendas continuam a ser pagas ou depositadas nos termos legais – n.º 8 do


art.º 15 do NRAU.

O juiz pode entretanto convidar ambas as partes para:

- no prazo de 5 dias aperfeiçoarem as peças processuais;

- no prazo de 10 dias apresentarem novo articulado sempre que seja necessário


garantir o contraditório;

O juiz, se não julgar procedente alguma exceção dilatória ou nulidade que lhe cumpra
conhecer e se não decidir do mérito da causa, pode ordenar a notificação das partes
para a audiência de julgamento.

Uma nota a ter em atenção é que, a partir desta fase, o requerente caso pretenda
intervir no procedimento, se ainda não tem mandatário, também é obrigado a
constituir advogado.

A falta de constituição de advogado configura uma exceção dilatória. Se a parte,


dentro do prazo que lhe foi fixado pelo juiz, constituir mandatário, a falta fica
regularizada, seguindo o procedimento os seus termos normais.

Se o requerente não constituir mandatário, o requerido será absolvido da instância.

A secção procede às notificações ordenadas com observância, se o juiz o ordenar, do


disposto no art.º 155.º do CPC. A audiência de julgamento que deve ser realizada no

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prazo de 20 dias a contar da distribuição, não sendo motivo de adiamento a falta de
qualquer das partes ou dos seus mandatários a não ser em casos de justo
impedimento.

A invocação do justo impedimento efetua-se por requerimento dirigido ao juiz do


procedimento, oferecendo a prova respetiva (documental, testemunhal ou outra).

Se as partes ou os seus representantes estiverem presentes na audiência, o juiz deve


procurar a sua conciliação no sentido da obtenção de um acordo (n.º 3 do art.º 15.º-I
do NRAU).

Frustrando-se a conciliação, produzem-se as provas que ao caso couber. As provas são


oferecidas na audiência, podendo cada parte apresentar até três testemunhas.

Assiste às partes a faculdade de requerer a gravação da produção de prova.

Se ao juiz parecer indispensável, visando uma boa decisão da causa, que se proceda a
alguma diligência de prova, suspenderá a audiência na altura que reputar mais
conveniente e designará imediatamente dia para a sua continuação, devendo,
contudo, o julgamento concluir-se no prazo de 10 dias.

A prova pericial, caso seja solicitada, contará apenas com intervenção de um único
perito.

Sendo ordenada a perícia, o juiz deve fixar o seu objeto nomeando o perito e
designando a data e local do início da diligência, devendo no ato ser prestado
compromisso de cumprimento da função (ou o mesmo pode ser prestado no início do
relatório pericial).

O resultado da perícia é expresso num relatório junto aos autos do qual a secção deve
dar conhecimento às partes.

Finda a produção de prova pode cada um dos mandatários fazer uma breve alegação
oral.

A sentença, sucintamente fundamentada (pode limitar-se à parte decisória, precedida


da identificação das partes), é logo ditada para a ata.

Da audiência de julgamento é elaborada ata, cuja redação incumbe ao oficial de


justiça, nos termos gerais previstos no CPC, decorrendo a discussão e julgamento da
causa sob a égide do que se acha estabelecido para o processo ordinário, por força do
disposto no n.º 1 do art.º 463.º do CPC.

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A sentença será notificada ao Ministério Público e às partes e, da mesma,
independentemente do valor da causa ou da sucumbência, poderá ser interposto
recurso de apelação nos termos previstos no CPC, o qual tem sempre efeito
meramente devolutivo com subida imediata e nos próprios autos.

A interposição de recurso e a decisão que ponha termo ao recurso deve ser


comunicada eletronicamente ao BNA (n.º 3 do art.º 17.º da Portaria n.º 9/2013 de 10
janeiro).

A secção deverá proceder ao registo da sentença no livro próprio e efetuar os registos


estatísticos necessários.

A sentença também é comunicada, de modo eletrónico, ao BNA que, em


conformidade com o decidido, remete ao agente de execução, notário ou oficial de
justiça para efetivação da desocupação, aguarda o prazo do diferimento ou arquiva o
procedimento.

A decisão judicial que condene o(s) requerido(s) no pagamento das rendas, encargos
ou despesas em atraso constitui título executivo para pagamento de quantia certa,
aplicando-se, com as necessárias adaptações o disposto nos arts. 810.º e ss do CPC
(n.º 5 do art.º 15.º-J do NRAU). Este assunto será tratado mais adiante.

Apresentação de pedido de diferimento da desocupação de imóvel arrendado para


habitação.

Pode acontecer que o(s) requerido(s), dentro do prazo que lhe foi concedido aquando
da notificação do requerimento de despejo – 15 dias - não apresente, no BNA,
oposição ao requerimento de despejo mas apresente, no BNA (al c) do n.º 1 do art.º
10.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 janeiro) dirigido ao juiz do tribunal da situação do
locado, requerimento de diferimento da desocupação de imóvel locado para
habitação.

São fundamentos para este requerimento:

- O imóvel ser arrendado para habitação e estar em causa razões sociais


imperiosas;

- O arrendatário ser portador de deficiência com grau comprovado de


incapacidade superior a 60 %;

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- Tratando-se de resolução por não pagamento de rendas, a invocação de que a
falta do mesmo se deve a carência de meios por parte do arrendatário.

Com o requerimento devem ser oferecidas as provas disponíveis e indicadas as


testemunhas, a apresentar, até ao limite de 3.

Este requerimento assume caráter de urgência e está sujeito a distribuição.

Assim, apresentado que seja o requerimento junto do BNA este envia, por via
eletrónica, o PED para distribuição ao tribunal da situação do locado (n.º 6 do art.º
15.º-S do NRAU e n.º 2 do art.º 10.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 janeiro).

É distribuído na 3.ª espécie, se o PED não tiver sido ainda submetido à distribuição –
art.º 222.º do CPC.

A secção de processos a quem foi distribuído, depois de proceder à autuação do


procedimento, terá de verificar oficiosamente:

- Se o requerimento foi apresentado dentro do prazo (15 dias) – o prazo para


apresentação do requerimento é o mesmo da oposição, pelo que é perentório e
o seu decurso, salvo o justo impedimento, extingue o direito de praticar esse
ato.

Se o mesmo foi apresentado em qualquer um dos 3 dias úteis para além do


prazo, a secção deve proceder à liquidação da multa a que se refere o art.º
145.º do CPC.

De notar que, se o requerimento foi apresentado:

- via Citius – vale como data da prática do ato a da respetiva expedição;

- em papel – vale como data da prática do ato a da respetiva entrega;

- via correio, sob registo – vale como data da prática do ato a da


efetivação do respetivo registo postal;

- Se o requerimento de apoio judiciário envolver o pedido de nomeação e


pagamento da compensação de patrono, este, depois de nomeado, apresentou
o requerimento no prazo de 10 dias;

- Se juntamente com o requerimento foi apresentado documento comprovativo


do pagamento da taxa de justiça devida (0,5 UC – al b) do n.º 3 do art.º 22.º do
Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 janeiro) ou, em alternativa, se foi apresentado
documento comprovativo da concessão de apoio judiciário ou de que foi
apresentado, junto dos serviços da Segurança Social o pedido de apoio

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judiciário na modalidade de dispensa de pagamento ou pagamento faseado da
taxa de justiça e demais encargos.

No primeiro caso, a secção deve providenciar pela imediata associação do DUC.

Após a verificação, pela secção, dos pressupostos de validação da apresentação do


requerimento por parte do ou dos requeridos, o procedimento é apresentado ao juiz a
quem compete a análise dos seus requisitos e que procederá a um saneamento
sumário dos autos e, além do mais, verificará:

- Se o requerimento foi apresentado fora de prazo;

- Se o fundamento não se ajusta a algum dos pressupostos;

- Se o pedido é manifestamente improcedente.

Caso em que será indeferido liminarmente.

Ou,

- Se, pelo requerido, foi constituído advogado cuja procuração deve ser junta,
se o não for fica sem efeito o pedido e, em consequência, será decidido em
conformidade;

- Se as rendas continuam a ser pagas ou depositadas nos termos legais – n.º 8 do


art.º 15 do NRAU (salvaguardadas as situações de carência económica
anteriormente referidas).

O juiz deve, sempre que os autos lhe sejam distribuídos, pronunciar-se sobre todas as
questões suscitadas e, como já foi referido, independentemente de ter sido
requerida, deverá pronunciar-se sobre a autorização de entrada no domicílio (n.º 7 do
art.º 15.º do NRAU).

Se, com base nos requisitos acima referidos, o juiz indeferir liminarmente o pedido de
diferimento de desocupação do locado, a secção notifica ambas as partes e comunica
ao BNA que converterá o requerimento de despejo em título para desocupação do
locado (n.º 1 do art.º 11.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 janeiro).

Se o requerimento de diferimento da desocupação do locado for recebido, o senhorio


será notificado para o contestar, querendo, no prazo de 10 dias, devendo desde logo
oferecer as provas disponíveis e indicar as testemunhas, a apresentar, até ao limite
de 3. A apresentação desta peça processual segue as regras do CPC (n.º 3 do art.º 11.º
da Portaria n.º 9/2013 de 10 janeiro).

15
A contestação, devendo ser subscrita por mandatário judicial, está sujeita, se o
senhorio não tiver apoio judiciário na modalidade de dispensa do pagamento de taxa
de justiça, ao pagamento de taxa de justiça correspondente a 0,5 UC (al. b) do n.º 3
do art.º 22.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 janeiro).

O juiz marcará uma audiência para produção de prova, onde serão inquiridas as
testemunhas indicadas, até ao limite de três por cada parte, devendo decidir o
pedido no prazo máximo de 20 dias a contar da sua apresentação.

A decisão será notificada ao Ministério Público e às partes e, da mesma, poderá ser


interposto recurso de apelação, no prazo de 15 dias nos termos previstos no CPC (n.º
5 do art.º 691.º do CPC), o qual tem sempre efeito meramente devolutivo com subida
imediata e nos próprios autos.

A interposição de recurso e a decisão que ponha termo ao recurso deve ser


comunicada eletronicamente ao BNA (n.º 3 do art.º 17.º da Portaria n.º 9/2013 de 10
janeiro).

O prazo de diferimento não pode exceder os 5 meses a contar do trânsito em julgado


da decisão que o conceder.

No caso de decisão favorável ao diferimento da desocupação cujo fundamento tenha


sido constituído na falta de pagamento de rendas por carência de meios do
arrendatário, a decisão será oficiosamente comunicada, com a sua fundamentação,
ao Fundo de Socorro Social do Instituo de Gestão Financeira da Segurança Social, a
quem caberá pagar ao senhorio as rendas correspondentes ao período de diferimento
(n.º 3 do art.º 15.º-O do NRAU).

A decisão é também comunicada, de modo eletrónico, ao BNA que, em conformidade


com o decidido, se for o caso, converte o requerimento de despejo em título para
desocupação do locado e remete-o ao agente de execução, notário ou oficial de
justiça para efetivação da desocupação ou aguarda o prazo do diferimento (art.º 11.º
do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro).

CAPÍTULO 5. A DESOCUPAÇÃO DO LOCADO

Como tivemos oportunidade de apurar pelo já exposto, se notificado para o efeito, o


requerido não apresentou oposição ou a mesma for considerada como não deduzida

16
ou ainda, no decurso do PED, não pagou ou depositou as rendas que se foram
vencendo, o BNA de imediato converte aquele requerimento de despejo em Título
para Desocupação do Locado que, à semelhança do que acontece com a decisão
judicial para desocupação, de forma eletrónica, é enviada para o agente de
execução, notário ou oficial de justiça para ser levada a efeito a diligência de
desocupação.

Será então, munido de um destes documentos a sentença judicial ou o título para


desocupação do locado, que o oficial de justiça (nos casos em que para tal for
designado) se desloca ao locado para investir o requerente na sua posse. Qualquer um
destes documentos dará entrada de modo eletrónico e automático no tribunal, sendo
em consequência objeto de distribuição na respetiva Secção do Serviço Externo.

A desocupação do locado realizada pelo oficial de justiça

Em primeiro lugar importa esclarecer quais os fundamentos para a intervenção do


oficial de justiça nesta diligência.

Não sendo possível proceder à designação de agente de execução ou notário, de entre


os que tenham previamente manifestado vontade em participar no PED,
nomeadamente por não existir agente de execução ou notário com domicílio
profissional no concelho, ou, no caso do agente de execução, no concelho do imóvel
ou nos concelhos confinantes ao da localização do imóvel, e, no caso dos notários,
que não possam exercer a sua competência nesse concelho, o BNA designará oficial de
justiça do tribunal da situação do locado para proceder à diligência de desocupação
(n.º 5 do art.º 24.º, da Portaria n.º 9/2013 de 10 de janeiro).

Esta diligência será realizada pela Secção de Serviço Externo ou pelo Escrivão Auxiliar
designado no tribunal da localização do imóvel a desocupar (cfr. Mapa I anexo ao
EFJ).

Parece-nos também que, caso o requerente litigue com o benefício do apoio judiciário
na modalidade de atribuição de agente de execução, prevista no art.º 35.º-A da Lei do
Acesso ao Direito e aos Tribunais, a desocupação do locado deverá ser também
realizada pelo oficial de justiça.

O BNA, ao mesmo tempo que informa o requerente sobre o modo de pagamento e


comprovação da taxa de justiça devida pela diligência de desocupação, disponibiliza
(remete para distribuição) eletronicamente o requerimento de despejo entretanto
convertido em título para desocupação do locado, ou a decisão judicial que a ordena,

17
ao oficial de justiça designado nos termos acima referidos (n.º 6 do art.º 24.º da
Portaria n.º 9/2013).

Com a notificação feita ao requerente pelo BNA, aquele, sem prejuízo do benefício do
apoio judiciário, deve pagar a taxa de justiça no valor de 1,75 UC, quando o
procedimento tenha valor inferior a 30.000,00 €, ou 3,50 UC se igual ou superior. O
pagamento da taxa de justiça será comprovado pela junção do respetivo DUC e,
enquanto tal não suceder, o oficial de justiça não prossegue com as diligências
necessárias à efetivação da desocupação (art.º 25.º da Portaria n.º 9/2013).

Com este procedimento pretende o requerente obter a entrega do imóvel locado uma
vez que o requerido não procedeu voluntariamente à sua entrega.

Constituem pressupostos de desocupação do locado, a existência de pelo menos um


destes documentos: o título ou decisão judicial para desocupação do locado.

Para o efeito, o oficial de justiça desloca-se de imediato ao locado para investir o


requerente na posse da sua quota-parte do imóvel, entregando-lhe os documentos e
as chaves, se os houver, e notifica o(s) requerido(s) e quaisquer detentores para que
respeitem e reconheçam o direito do requerente, lavrando-se auto da diligência (cfr.
n.º 1 do art.º 15.º-J do NRAU e do art.º 15.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro).

Caso isso não seja possível, deve proceder às diligências necessárias para obter o
efeito útil dessa diligência a qual se traduz num ato material em cuja execução
deverão ser observadas as garantias e os direitos do requerente e do requerido.

No elenco destas diligências prévias importa referir que, se o imóvel a entregar se


tratar de casa de habitação principal do requerido, a partir do momento em que se
suscitem sérias dificuldades no seu realojamento deve ser comunicado
antecipadamente esse facto à Camara Municipal respetiva e às entidades
assistenciais4 (art.º 15.º, n.º 3 do Dec. Lei n.º 1/2013).

O senhorio e o arrendatário poderão, no decurso da diligência, acordar num prazo


para a desocupação com remoção de todos os bens móveis, sendo desse facto lavrado
auto pelo oficial de justiça (n.º 2 do art.º 15.º-J do NRAU).

O requerente deverá cooperar5 com o oficial de justiça na realização da diligência,


nomeadamente, disponibilizando os meios que permitam, se necessário, o
arrombamento de portas ou a mudança de fechaduras. Caso haja necessidade de
proceder a alguma destas operações, deve ser observado, com as necessárias
adaptações, o disposto no n.º 5 do art.º 840.º do CPC.
4
Por exemplo: os serviços da Segurança Social, IPSS, Santa Casa da Misericórdia, etc.
5
Para além da garantia dos encargos a que se refere os artºs. 16.º a 19.º do RCP.

18
Sempre que:

a) seja oposta alguma resistência;


b) haja justificado receio de oposição de resistência;
c) seja necessário o arrombamento da porta;
d) seja necessária a substituição da fechadura,

deve o oficial de justiça solicitar diretamente o auxílio das autoridades policiais.

As despesas com a disponibilização dos meios considerados absolutamente necessários


à efetivação da diligência devem ser adiantadas pelo requerente nos termos gerais do
RCP (n.º 3 do art.º 15.º-J e o n.º 5 do art.º 14.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de
janeiro).

A desocupação de locado que constitua domicilio6 só pode ser realizada entre as 7 e


as 21 horas, devendo ser entregue cópia do título para desocupação ou da decisão
judicial ao requerido ou a quem tiver a disponibilidade do lugar em que a diligência se
realize, o qual poderá assistir à diligência e fazer-se acompanhar ou substituir por
pessoa da sua confiança que se apresente no local sem delongas (n.º 4 do art.º 15.º-J
do NRAU).

O oficial de justiça, se necessário, procede ao arrolamento dos bens encontrados no


local e investe o requerente na posse do imóvel, entregando-lhe os documentos e as
chaves, se os houver, e notifica o requerido e quaisquer outros detentores para que
respeitem e reconheçam o seu direito (cfr. n.º 1 do art.º 15.º-J e n.º 1 do art.º 15.º-K
do NRAU e 15.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 janeiro).

O arrendatário deve, no prazo de 30 dias após a tomada de posse do imóvel, remover


todos os seus bens móveis, sob pena de estes serem considerarem abandonados.

Se não for possível proceder à notificação do arrendatário para esse efeito, o oficial
de justiça, na mesma data em que realiza o seu arrolamento, procede à notificação
do arrendatário através da afixação da correspondente nota na porta do imóvel.

Findo esse prazo, os bens móveis serão considerados abandonados (n.º 2 do art.º 15.º-
K do NRAU e o art.º 16.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro).

Importa acrescentar que carece de prévia autorização judicial a entrada imediata no


imóvel arrendado sempre que o mesmo constitua domicílio7 (art.º 15.º-L do NRAU e o

6
O art.º 82.º, n.º 1 do Código Civil, refere que “a pessoa tem domicílio no lugar da sua residência habitual”.
7
N.º 2 do artigo 34.º da CRP:
“A entrada no domicílio dos cidadãos contra a sua vontade só pode ser ordenada pela autoridade judicial competente, nos casos
e segundo as formas previstos na lei.”

19
n.º 1 do art.º 14.ºdo Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro) ou outros casos similares
dessa forma tratados pela lei.

No entanto, o oficial de justiça verificando que no imóvel arrendado para fins


habitacionais não se encontram pessoas e, confirmados que sejam indícios de que o
mesmo se encontra abandonado, não carece de ser autorizada judicialmente a
entrada no imóvel.

Para o efeito, o oficial de justiça afixa no local, com a antecedência de pelo menos
20 dias, um aviso indicando o dia e hora que designou para a entrada e consequente
desocupação do imóvel.

Devem ser elaborados autos que relatem a verificação dos indícios de abandono e da
afixação da nota (n.ºs 2 a 4 do art.º 14.º, do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro).

Para ser considerado existirem indícios de abandono, devem verificar-se, pelo menos,
duas das seguintes circunstâncias:

a) O fornecimento de água ou de eletricidade encontrar-se interrompido há mais


de dois meses;
b) O recetáculo postal encontrar-se cheio;
c) O imóvel encontrar-se devoluto, sendo tal situação confirmada por pessoa
residente na área do locado e com conhecimento direto.

Finalmente, importa acrescentar que o oficial de justiça designado para proceder à


desocupação do locado deve efetuar o registo da prática de todos os atos no processo
no sistema informático “Habilus” de modo a permitir identificar o ato, cópia dos
documentos respeitantes à efetivação do mesmo, e, sendo caso disso, cópia dos
documentos que o acompanham (n.º 3 do art.º 16.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de
janeiro).

As vicissitudes no decurso da diligência de desocupação

Requerimento para autorização judicial para entrada imediata no domicílio

Se o arrendatário não desocupar o domicílio de livre vontade ou incumpra o acordo


de desocupação que celebrou com o senhorio e se o procedimento não foi ainda
distribuído a juiz (sendo certo que, se tal aconteceu, o juiz deve pronunciar-se sobre

20
esta matéria – n.º 7 do art.º 15.º do NRAU), o oficial de justiça designado apresenta,
no BNA, dirigido ao juiz do tribunal da situação do locado, um requerimento para, no
prazo de 5 dias, o juiz autorizar a entrada imediata no domicílio (n.º 1 do art.º 15.º-L,
do NRAU e al. a) do n.º 1 do art.º 11.º da Portaria n.º 9/2013 de 10 janeiro).

O BNA procede de forma automática e eletrónica ao envio do requerimento para


distribuição.

Se o PED ainda não foi objeto de qualquer distribuição a juízo, será distribuído na 3.ª
espécie, sendo imediatamente apresentado ao juiz.

Este requerimento, que obedece a um formulário aprovado e consta da página


eletrónica do BNA, assume o caráter de urgência pelo que a sua tramitação se
sobrepõe ao serviço normal da secretaria, devendo ser instruído com o título para
desocupação do locado e acompanhado do DUC comprovativo do pagamento da taxa
de justiça, no montante de 0,20 UC a suportar pelo requerente (n.º 2 do art.º 15.º-L
do NRAU e 12.º e 13.º da Portaria n.º 9/2013 de 10 janeiro).

Devem ainda ser juntos ao requerimento, com recurso à versão eletrónica dos
documentos constantes do processo, os documentos previstos nos art.º 9.º, 10.º e
15.º-D do NRAU8 (art.º 14.º da Portaria n.º 9/2013 de 10 janeiro).

O oficial de justiça apenas apresenta este requerimento ao BNA após ter recebido do
requerente o documento comprovativo do pagamento da taxa de justiça (art.º 13.º da
Portaria n.º 9/2013 de 10 janeiro).

Se não for utilizado o modelo de requerimento ou se este não se mostrar devidamente


preenchido, se não contiver os documentos acima referidos ou se verificar a violação
das normas relativas à forma ou às vicissitudes das comunicações entre as partes ou
quanto à finalidade, conteúdo e efeito da notificação realizada pelo BNA ao
requerido, o juiz decide pela recusa do requerimento de autorização para entrada no
domicilio.

Esta decisão será comunicada eletronicamente ao BNA (n.º 4 do art.º 15.º-L, do


NRAU).

Por outro lado, se o admitir e se considerar necessário ordena que o arrendatário seja
notificado para, em prazo que fixar, se pronunciar (n.º 3 do art.º 15.º-L do NRAU).

Não havendo motivo de recusa, se o juiz conferir a autorização judicial para entrada
no domicilio, esta deve ser comunicada ao BNA nos termos do art.º 17.º da Portaria

8
Estas disposições são relativas à forma de comunicação para a cessação do contrato de arrendamento, às vicissitudes ocorridas
nessa comunicação e à finalidade, conteúdo e efeito da notificação efetuada pelo BNA ao requerido.

21
n.º 9/2013 de 10 de janeiro que, por sua vez, a disponibiliza de forma eletrónica ao
oficial de justiça para que, de imediato se desloque ao locado a fim de investir na
posse do imóvel o requerente, lavrando auto de diligência ou, caso isso não seja
possível, proceder às diligências necessárias para obter o efeito útil dessa diligência,
tudo nos termos descritos para a desocupação do locado prevista no n.ºs 2 a 4 do art.º
15.º-J, do NRAU.

Teremos de destacar o facto de que em causa poderá estar a desocupação de um


conjunto de bens imóveis mas tal situação apenas pode ocorrer desde que constem do
título para desocupação do locado (o bem principal estará identificado no
requerimento de despejo e os restantes resultarão do contrato de arrendamento), e
desde que exista entre os mesmos uma dependência funcional (p.ex. seja uma
garagem ou arrecadação em relação a uma fração autónoma) e, naturalmente, desde
que se situem dentro do mesmo concelho (art.º 8.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de
janeiro).

A suspensão da desocupação do locado

Na deslocação ao locado para efetivar a sua desocupação pode verificar-se que, ao


oficial de justiça encarregue da diligência, se apresente um detentor do mesmo, a
quem não tenha sido dada a oportunidade de intervir no procedimento especial de
despejo, que exiba, emanado do senhorio, qualquer um dos seguintes documentos,
com data anterior ao início do procedimento:

a) Título de arrendamento ou de outro gozo legítimo do prédio;


b) Título de subarrendamento9 ou de cessão de posição contratual10 e documento
comprovativo de haver sido requerida no prazo de 15 dias a respetiva
notificação ao senhorio, ou de este ter especialmente autorizado ou
reconhecido o subarrendatário como tal ou a cessão ou o cessionário como tal.

Em caso de se tratar de um arrendamento para habitação, o oficial de justiça deverá


também suspender a diligência desde que se mostre, por atestado médico que indique
fundamentadamente o prazo durante o qual se deve suspender a diligência ou que a
mesma põe em risco de vida, devido a doença aguda, uma pessoa que se encontre no
local.

9
Quando o contrato de arrendamento se destinar a fins habitacionais.
10
Quando o contrato de arrendamento se destinar a outros fins que não os habitacionais (p.ex. comerciais ou industriais).

22
Verificada que esteja qualquer uma destas situações, o oficial de justiça, suspende a
diligência, lavra certidão das ocorrências, junta-lhes os documentos exibidos e
adverte o detentor ou a pessoa que se encontra no local de que as diligências para a
desocupação do locado prosseguirão a não ser que, no prazo de 10 dias, venha a ser
requerida ao juiz do tribunal judicial da situação do locado a confirmação da
suspensão, e que deve ser junta ao respetivo requerimento a documentação
disponível.

Destes factos deve ser dado imediato conhecimento ao senhorio ou seu


representante.

Findo o prazo de 10 dias sem que nada tenha sido requerido, o oficial de justiça, de
imediato, desloca-se ao locado para investir o requerente na posse do imóvel,
entregando-lhe os documentos e as chaves, se os houver, e notifica os requeridos e
quaisquer detentores para que respeitem e reconheçam o direito do requerente (cfr.
n.º 1 do art.º 15.º-J do NRAU e art.º 15.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro)

Se, pelo contrário, for requerida a suspensão da desocupação do locado, o


requerimento, se bem que dirigido ao juiz do tribunal, deve ser apresentado no BNA,
acompanhado dos documentos já referidos, acrescido do comprovativo do pagamento
da taxa de justiça no valor de 0,50 UC. O BNA procede de forma automática e
eletrónica ao seu envio para distribuição. Distribuído que seja na 3.ª espécie, o
requerimento é imediatamente apresentado ao juiz.

Este requerimento deve ser apresentado pelas mesmas formas previstas para a
apresentação da oposição (al. b) do n.º 1 do art.º 11.º da Portaria n.º 9/2013 de 10
janeiro).

O juiz verificará os requisitos formais do requerimento e manda notificar para, em


prazo que fixará, o senhorio se pronunciar. Se o senhorio se pronunciar, deverá fazer
acompanhar o seu requerimento do comprovativo do pagamento da taxa de justiça no
montante de 0,50 UC (parte final da al. a) do n.º 4 do art.º 22.º do Dec.Lei n.º
1/2013).

Findo o prazo, o processo é apresentado ao juiz para, em 5 dias, proferir decisão


sobre se se devem manter suspensas as diligências para desocupação ou, ao invés,
ordenar o levantamento da suspensão e a imediata prossecução das diligências
tendentes à efetiva desocupação do locado.

Em qualquer dos casos, a decisão proferida pelo juiz, deverá ser notificada às partes
e será comunicada ao BNA que, por sua vez, a vai disponibilizar ao oficial de justiça
para que, sendo caso disso, de imediato se desloque ao locado para tomar posse do

23
imóvel, lavrando auto de diligência ou, caso isso não seja possível, proceder às
diligências necessárias para obter o efeito útil dessa diligência, disso elaborando o
respetivo auto.

CAPÍTULO 6. IMPUGNAÇÃO DO TÍTULO PARA DESOCUPAÇÃO DO LOCADO

O arrendatário só pode impugnar o título para desocupação do locado com base em


algum dos seguintes fundamentos:

1. Violação do disposto no art.º 9.º do NRAU, relativo à forma a ser observada nas
comunicações legalmente exigíveis ao senhorio para a cessação do contrato de
arrendamento;
2. Violação do disposto no art.º 10.º do NRAU, relativo aos procedimentos a serem
observados pelo senhorio em eventuais vicissitudes que vierem a verificar-se
nas comunicações ao arrendatário, destinadas à cessação do contrato de
arrendamento;
3. Violação do disposto no art.º 15.º-D do NRAU, relativo à finalidade, conteúdo e
efeito da notificação que o BNA efetuou ao(s) requerido(s) para deduzir
oposição, requerer o diferimento da desocupação ou , em alternativa,
desocupar o locado.

Este procedimento tem a sua génese na existência de irregularidades nas


comunicações que deram origem ao fundamento para a desocupação ou às
notificações efetuadas pelo BNA.

A violação das normas referidas significa que, na verdade, não existe título para
desocupação do locado porque não foram levadas em conta as regras que
salvaguardam os direitos do arrendatário.

Assim sendo, o arrendatário apenas conhecerá da pretensão do senhorio quando o


oficial de justiça (o agente de execução ou o notário) incumbido de realizar o despejo
se deslocar ao local arrendado para efetuar a diligência, ou mesmo depois disso, caso
se encontre ausente nesse momento.

O requerimento de impugnação do título para desocupação do locado deve ser


apresentado no BNA (através das formas previstas para a apresentação da oposição
(al. d) do n.º 1 do art.º 11.º, ex vi do n.º 1 do art.º 9.º da Portaria n.º 9/2013 de 10 de

24
janeiro), dirigido ao juiz de direito do tribunal judicial da situação do locado, no
prazo de 10 dias a contar:

a) - Da deslocação do agente de execução, notário ou oficial de justiça, ao


imóvel para a sua desocupação; ou
b) - Do momento em que o arrendatário teve conhecimento de ter sido
efetuada a desocupação do locado.

O requerimento de impugnação do título para desocupação do locado pode ser


acompanhado do título para desocupação do locado e deve ser apresentada a prova,
bem como o documento comprovativo do pagamento da respetiva taxa de justiça no
montante de 0,50 UC (al. c) do n.º 4 do art.º 22.º do Dec.Lei n.º 1/2013), caso o
requerente não tenha apoio judiciário na modalidade de dispensa ou pagamento
faseado da taxa de justiça e demais encargos com o processo.

Este requerimento após dar entrada no BNA é remetido por meios eletrónicos e de
forma automática ao tribunal da situação do locado onde é distribuído na 3.ª espécie.

De imediato apresentado ao juiz que verificará os requisitos formais do requerimento


e ordenará a notificação para, no prazo de 10 dias, a parte requerida (o senhorio) se
opor, devendo também oferecer a prova que entender.

À oposição à impugnação do título para desocupação do locado aplica-se o disposto no


art.º 150.º do CPC e legislação complementar (Portaria n.º 114/2008) quanto à
apresentação das peças processuais (n.º 3 do art.º 11.º da Portaria n.º 9/2013 de 10
janeiro).

Se o senhorio apresentar oposição à impugnação, deverá fazer acompanhar o seu


articulado do comprovativo do pagamento da taxa de justiça no montante de 0,50 UC
(parte final da al. c) do n.º 4 do art.º 22.º do Dec.Lei n.º 1/2013).

Findo o prazo, o processo é apresentado ao juiz para eventual produção de prova e


proferir decisão.

A impugnação tem sempre efeito meramente devolutivo, seguindo, com as


necessárias adaptações, a tramitação do recurso de apelação nos termos do CPC.

A decisão proferida pelo juiz será comunicada ao BNA para os fins convenientes,
conforme dispõe o art.º 17.º da Portaria n.º 9/2013 de 10 de janeiro.

25
CAPÍTULO 7. EXECUÇÃO PARA PAGAMENTO DE QUANTIA CERTA

Títulos executivos

Constituem título executivo com vista à instauração de execução para pagamento de


quantia certa correspondente a rendas, encargos ou despesas, os seguintes
documentos:

a) - Não procedentes do PED:

-O contrato de arrendamento, acompanhado do comprovativo da comunicação


ao arrendatário do montante em dívida – art.º 14.º-A do NRAU;

- A decisão judicial proferida na ação de despejo prevista no art.º 14.º do


NRAU.

b) - Procedentes do PED:

- O título para desocupação do locado quando no PED tenha sido efetuado o


pedido de pagamento de rendas, encargos ou despesas em atraso – n.º 5 do
art.º 15.º-J do NRAU;

- A decisão judicial que, no âmbito do PED, condene o requerido no pagamento


das rendas, encargos ou despesas em atraso – n.º 5 do art.º 15.º-J do NRAU.

Procedimento especial de despejo com cumulação de pedidos

Quando haja lugar a procedimento especial de despejo, o pedido de pagamento de


rendas, encargos ou despesas que corram por conta do arrendatário, pode ser
deduzido cumulativamente com o pedido de despejo, no âmbito do referido
procedimento, desde que tenha sido comunicado ao arrendatário o montante em
dívida, salvo se previamente tiver sido intentada ação executiva com base no título
executivo previsto no art.º 14.º-A (n.º 5 do art.º 15.º, e do n.º 5 e 6 do art.º 15.º-J do
NRAU).

26
Aplicação subsidiária do Código de Processo Civil

À decisão judicial que condene o requerido no pagamento das rendes, encargos ou


despesas em atraso, bem como ao título para desocupação do locado quando tenha
sido efetuado aquele pedido, aplicam-se, com as necessárias adaptações, os termos
previstos no CPC para a execução para pagamento de quantia certa baseada em
injunção (n.º 5 do art.º 15.º-J do NRAU).

NO BNA

Quando o requerente, no requerimento de despejo, formulou um pedido de


pagamento de rendas, encargos ou despesas, e se o BNA procedeu à conversão do
requerimento de despejo em título para desocupação do locado ou foi proferida
decisão judicial (após comunicação do tribunal) para desocupação do locado, o BNA
deve (n.º 1 do art.º 12.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro):

- Disponibilizar o título ou a decisão judicial nos termos do n.º 3 do artigo 15.º-


E do NRAU; e

- Notificar o requerente para em 10 dias:

1-Juntar ao processo o comprovativo de pagamento da taxa de justiça


respeitante à execução para pagamento de quantia certa ou
comprovativo da concessão do apoio judiciário (caso não tenha sido
concedido aquando do requerimento de despejo)11;

Se o requerente não proceder à sua junção no prazo de 10 dias,


entende-se tal omissão como desistência do pedido12 de
pagamento de rendas, encargos ou despesas, não prosseguindo o
BNA com os trâmites necessários à execução para pagamento de
quantia certa (n.º 2 do art.º 12.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de
janeiro).

11
No caso do requerente litigar já com apoio judiciário, no silêncio da lei, propendemos para que o
BNA inclua nesta notificação a indicação de que deve, no prazo de 10 dias, indicar se pretende
prosseguir com a execução para pagamento de quantia certa.
12
Esta desistência do pedido deverá, em nossa opinião, ser entendida como desistência da execução no
âmbito do PED, e não com o alcance previsto no art.º 295.º, n.º 1 do CPC.

27
2 - Indicar, caso ainda não o tenha feito e o pretenda fazer, ou caso o
mandatário ainda não se tenha associado ao processo através do sistema
informático “CITIUS”, mandatário que o represente na execução para
pagamento de quantia certa, juntando a respetiva procuração, se for
obrigatória a constituição de mandatário nos termos do art.º 60.º do
CPC.

Após junção do comprovativo de pagamento da taxa de justiça ou comprovativo da


concessão do apoio judiciário, ou do referido no ponto 2 anterior, o BNA remete, por
via eletrónica, o requerimento de despejo para o tribunal nele indicado, juntamente
com o título ou a decisão judicial para desocupação do locado, o documento
comprovativo do pagamento da taxa de justiça ou da concessão de apoio judiciário e,
se for caso disso, a procuração junta pelo mandatário, valendo o conjunto destes
documentos como requerimento executivo idóneo a iniciar a execução para
pagamento de quantia certa (n.º 3 do art.º 12.º do Dec. Lei n.º 1/2013 de 7 de
janeiro)13.

Depois de ter sido efetuado o envio do requerimento executivo para o tribunal, o BNA
remete ao requerente o comprovativo desse envio, juntamente com as referências
necessárias para que o mesmo possa proceder ao pagamento dos honorários devidos
ao agente de execução designado, nos termos da regulamentação relativa à
remuneração do agente de execução nas execuções cíveis (n.º 4 do art.º 12.º do Dec.
Lei n.º 1/2013 de 7 de janeiro).

Do agente de execução ou oficial de justiça

É da competência do BNA verificar a designação do agente de execução.14

Também o agente de execução responsável pela execução para pagamento de quantia


certa respeitante a rendas, encargos ou despesas em atraso, deve ser designado pelo
requerente, no requerimento de despejo.

Na falta de designação pelo requerente, ou não sendo a mesma válida, o BNA procede
à designação eletrónica e automática do agente de execução, devendo remeter ao
requerente, juntamente com elementos anteriormente referidos, a identificação e o

13
Este requerimento substitui, para todos os efeitos, aquele previsto no art.º 810.º do CPC.
14
Os notários apenas podem ser designados para proceder à desocupação do locado, nunca para
execução para pagamento de quantia certa.

28
contacto do agente de execução (art.ºs 12.º, n.º 6 e 13.º, n.º 1 do Dec.Lei n.º 1/2013
de 7 de janeiro).

Convém aqui ressalvar que nos termos do disposto no n.º 5 do art.º 15.º-J do NRAU, ao
título executivo para pagamento de quantia certa se aplicam, com as necessárias
adaptações, os termos previstos no CPC para a execução para pagamento de quantia
certa baseada em injunção.

Assim sendo, aplicam-se aqui as regras da designação do oficial de justiça, nas vestes
de agente de execução, designadamente:

- Nas execuções em que o Estado seja exequente (n.º 5 do art.º 808.º do CPC);

- Não havendo agente de execução inscrito ou registado na comarca ou


ocorrendo outra causa de impossibilidade, pode o exequente requerer que as
diligências de execução sejam realizadas por oficial de justiça (n.º 4 do art.º
808.º do CPC);

- Nos casos em que o exequente litigue com o benefício do apoio judiciário na


modalidade de atribuição de agente de execução (art.º 35-A da Lei do Acesso
ao Direito e aos Tribunais);

- Quando as pessoas singulares que intentem ações executivas para cobrança de


créditos não resultantes da sua atividade profissional, requeiram que seja o
oficial de justiça a realizar as funções de agente de execução (n.º 1 do art.º
19.º do Dec. Lei. n.º 226/2008, de 20 de novembro).

Do agente de execução, notário ou oficial de justiça (cumulação de pedidos)

Se o requerente, no requerimento de despejo, deduzir pedido de pagamento de


rendas, encargos ou despesas cumulativamente com o pedido de despejo, a
designação do agente de execução ou notário competente está sujeita às seguintes
regras (art.º 23.º da Portaria n.º 9/2013 de 10 de janeiro):

- Tendo sido designado notário para proceder à desocupação do locado, deve


ser designado agente de execução para proceder à execução para pagamento
das rendas, encargos ou despesas;

- Tendo sido designado agente de execução para proceder à desocupação do


locado, esse agente de execução é também designado para proceder à
execução para pagamento das rendas, encargos ou despesas.

29
- Não tendo o requerente designado nem agente de execução nem notário para
proceder à desocupação do locado, não pode designar agente de execução para
proceder à execução para pagamento das rendas, encargos ou despesas, sendo
esta designação feita pelo BNA (al. c do n.ºs 1,) e n.º 2 do art.º 23.º da Portaria
n.º 9/2013 de 10 de janeiro).

Cumulação de Pedidos (Desocupação do locado + rendas, encargos ou despesas)

No RD pode ser indicado quem realiza a desocupação e quem exerce as funções de


agente de execução na ação executiva, caso se verifique:

DESOCUPAÇÃO PAG. DE RENDAS, ENCARGOS, OBS.


DESPESAS

Notário Agente de Execução (a) Art.º 23.º, n.º 1 a) Portaria n.º


9/2013

Agente de O mesmo Agente de Execução Art.º 23.º, n.º 1 b) da Portaria


execução n.º 9/2013

Sem designação, O BNA designa Agente de Art.º 23.º, n.º 1 c) e 2 e 24.º


o BNA designa Execução n.º 5 da Portaria n.º 9/2013
Notário, AE ou
Oficial de Justiça

(a) Pode ser o oficial de justiça nos termos previstos na lei (n.ºs 4 e 5 do art.º
808.º do CPC; 35.º-A Lei Apoio Judiciário; e 19.º do Dec. Lei n.º 226/2008, de
20 de novembro).

NO TRIBUNAL

A execução comum (pagamento de quantia certa)


Antes de mais importa referir que, de acordo com a al. b) do nº 1 do art.º 53.º do
CPC, não se podem cumular execuções com fins diferentes.
Assim, se o arrendatário, no procedimento especial de despejo, formulou
cumulativamente um pedido de pagamento de rendas, encargos ou despesas com o
pedido de despejo, de acordo com o estipulado no CPC, na norma anteriormente

30
referida, terá de fazer valer o seu direito através de duas formas distintas:
- Para o pagamento de rendas, encargos ou despesas: Execução para
pagamento de quantia certa;
- Para o pedido de despejo: através do mecanismo da desocupação do locado
previsto no art.º 15.º-J do NRAU.
Assentes que estão estas duas notas, e distribuído que esteja o processo, como
Execução Comum (Pagamento de Quantia Certa), a sua tramitação segue os termos
previstos no CPC para a execução para pagamento de quantia certa baseada em
injunção.
Assim, estamos perante uma execução em que não há lugar a despacho liminar nem a
citação prévia, de acordo com a al. b) do art.º 812.º-C do CPC.
Quer isto dizer que estas execuções se iniciam sempre pelas consultas e pelas
diligências prévias à penhora de acordo com o previsto nos art.ºs 832.º e 833.º-A do
CPC, a realizar pelo agente de execução, com vista à realização da penhora com
observância do disposto no art.º 834.º do mesmo código.
No mais, seguir-se-ão sempre as diligências previstas no CPC para a ação executiva,
sendo certo que nas execuções provenientes do PED não há lugar à oposição à
execução (n.º 6 do art.º 15.º-J do NRAU).15

15
Mantém-se, naturalmente, a possibilidade de deduzir oposição à penhora nos termos gerais.

31
Coleção “Textos de Apoio”

Autor:

Direção-Geral da Administração da Justiça - Divisão de


Formação

Titulo:

“O Procedimento especial de despejo – A sua tramitação na


secretaria Judicial ”

Coordenação técnico-pedagógica:

José Cabido

Colaboração:

José Póvoas, Jorge Ribeiro e Elisabete Fonseca

Coleção pedagógica:

Divisão de Formação

1.ª edição

Março de 2013

Direção-Geral da Administração da Justiça


Divisão de Formação
Av. D. João II, n.º 1.08.01 D/E – piso 10..º, 1994-097 Lisboa, PORTUGAL
TEL + 351 21 790 64 21 Fax + 351 21 154 51 02 EMAIL cfoj@mj.pt
http://e-learning.mj.pt 32

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