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SERVIÇOS PÚBLICOS
A definição de um serviço como público depende do contexto social. Ex: Serviço de bonde, que
hoje nem mais existe. O serviço para ser público precisa representar uma necessidade coletiva, não basta
necessidade de um grupo apenas. Não há uma lista taxativa, deve-se avaliar o momento histórico.
1. CONCEITO
Apesar de ser prestado à comunidade em geral, cada pessoa o utiliza à sua maneira, ou seja, o
serviço público é fruível singularmente.
É um serviço que o Estado assume como um dever próprio, mas não presta necessariamente por
seus próprios meios, vale dizer, o Estado assume como seu dever, mas pode prestar tanto de forma
direta quanto indireta (delegação).
Esse serviço tem o regime jurídico de Direito Público, no entanto, nos casos onde a prestação é
transferida ao particular (prestação indireta) o regime passa a ser parcialmente público.
OBS1: Todos os princípios que regem a Administração também se aplicam aos serviços
públicos.
OBS2: Cada autor tem uma lista de princípios. Ficamos com a lista do art. 6º da Lei 8.987/95
(leitura obrigatória – lei conceitual), que conceitua o chamado serviço público adequado.
Lei 8.987/95
Temos o seguinte:
1. Princípio da eficiência;
4. Princípio da segurança: O serviço público não pode pôr em risco a vida, a saúde e segurança
geral. OBS: Esse princípio não é aplicado na prática, basta ver os serviços de atendimento
médico e escolar, que não atingem a todos.
7. Princípio da atualidade: O serviço deve ser prestado de acordo com o estado da técnica, ou
seja, de acordo com as técnicas mais modernas. OBS: Ainda existem repartições com
máquina de escrever.
8. Princípio da cortesia (prova): O servidor deve ser cortês, atencioso; deve atender com
urbanidade, com educação.
É o serviço que deve ser prestado diretamente pelo Estado (indelegável), que, na época de
Hely, correspondiam aos serviços essenciais. Exemplo: segurança pública.
Essa classificação, elaborada por Hely Lopes Meirelles, era ideal antes da política nacional da
desestatização. Hoje é muito criticada. Não se encaixaria mais, pois muitos serviços considerados
‘essenciais’, foram delegados.
OBS2: Di Pietro usa essa nomenclatura ‘próprio e impróprio’ para outra classificação.
Lembrando ainda da modificação de “essencialidade” quanto ao tempo, algo que era ‘essencial’
antes, hoje pode não ser mais.
Aqueles prestados à coletividade em geral. É o serviço onde não se pode medir ou calcular o
quanto é usado por cada particular (é indivisível). Ex: Segurança pública. O custeio desses é feito através
da receita geral do Estado, que advém, basicamente, da arrecadação de impostos. Não podem ser
cobrados por taxa (tributo vinculado).
*TIP: Taxa de Iluminação Pública. Não se pode cobrar taxa pelo serviço geral, afinal a taxa é um
tributo vinculado a uma contraprestação estatal, é cobrado aquilo que for prestado pelo estado. Como a
iluminação pública (postes), não pode ser medida quanto ao uso, não pode ser cobrada por taxa. A TIP
foi declarada inconstitucional.
*COSIP: Contribuição de Iluminação Pública. Veio substituir por EC, a TIP, devido sua declaração
de inconstitucionalidade. Entretanto, contribuição também é vinculada. É reputada como inconstitucional,
a doutrina critica muito. Não foi declarada ainda inconstitucional.
“Taxa de bombeiro”: É presente junto ao IPTU. Não dá para medir e calcular o uso desse serviço.
Portanto trata-se de serviço geral, indivisível. Por isso, não é constitucional essa cobrança por meio de
taxa. Os serviços indivisíveis devem ser mantidos pela receita geral.
“Taxa do buraco”: É cobrada para tapar os buracos da cidade, junto ao IPVA. Também não tem
como ser de natureza divisível.
é pago pelo simples ato de estar à sua disposição. É a chamada taxa mínima pelo uso potencial. Ou
seja, independe de uso efetivo.
Serviços individuais FACULTATIVOS: São aqueles que somente são pagos quando
efetivamente utilizados. O pagamento se dá por meio de tarifa. São os casos dos serviços prestados
pelos particulares. A tarifa não tem natureza tributária; trata-se de preço público. Logo não obedece ao
regramento tributário (legalidade, anterioridade etc.). Ocorre com as concessionárias e
permissionárias.
E o PEDÁGIO?
A doutrina diverge com intensidade quanto à natureza jurídica do pedágio. A divergência se situa
entre preço público (tarifa) x tributo (taxa). As consequências são que, se for encarado como tributo,
está sujeito às amarras constitucionais dos tributos, caso contrário, não.
STF:
4. DELEGAÇÃO DE SERVIÇO
Leituras obrigatórias (em especial procuradorias): CF/88, art. 175; Lei 8.987/95, Lei 11.079/04
(Lei das PPP’s).
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
A delegação é uma das formas de descentralização de serviço: aquela onde o ente administrativo
transfere apenas a execução de um serviço, mantendo para a si a sua titularidade. Estudaremos agora
as formas de delegação em que o Estado transfere a execução do serviço público aos particulares,
através dos institutos da concessão, autorização e permissão de serviços públicos.
Estado presta o serviço de FORMA INDIRETA, ou seja, a prestação não é feita nem pela
Serviços públicos que o Estado tem a obrigação de promover (o serviço tem que ocorrer), mas
deve prestar, OBRIGATORIAMENTE, de forma INDIRETA. O Estado tem a obrigação de delegar a
prestação (“outorgar” no texto da CR). Exemplo: Serviço de rádio e de TV, que devem ser
obrigatoriamente transferidos, a fim de legitimar a liberdade de informação.
Serviços que o Estado tem a obrigação de prestar DIRETAMENTE e com EXCLUSIVIDADE (não
pode haver delegação). Exemplo: serviço postal (que na prática não acontece – ver acima ADPF 46);
Segurança pública, defesa nacional.
Serviços que o Estado tem a obrigação de promover, mas a prestação pode ser tanto DIRETA
quanto INDIRETA. Exemplo: transporte coletivo, telefonia. Enfim, a maioria dos serviços atualmente. Ou
o Estado presta diretamente, ou ele transfere a prestação.
A partir de agora estudaremos apenas esse último caso, mais especificamente os serviços
prestados pelo Estado de forma indireta, ou seja, onde o Estado não faz por suas próprias mãos, mas
transfere a prestação do serviço ao particular. É uma hipótese de descentralização, na espécie delegação
(ver acima). Outorga já estudamos: aquela que transfere o serviço para administração indireta de direito
público, delegação por lei já estudamos também: aquela que transfere o serviço para Administração
indireta de direito privado. Agora falta estudarmos delegação por contrato e por ato administrativo
(transferência para particular).
5. CONCESSÃO DE SERVIÇO
Lei 8.987/95
Há dois tipos: concessão de serviço público e concessão de serviço público precedido de obra.
O segundo caso, “precedido por obra”, deve-se entender que a obra não pode ser tecnicamente
‘concedida’, o que o estado concede é a atividade, ou seja, o serviço, para tanto autoriza o
concessionário a executar a obra previamente. Neste ponto, se distingue dos contratos administrativos
de obra em geral, pelo fato de que o concedente não remunera o concessionário pela execução (diferente
daqueles), o concedente transfere a exploração, por determinado tempo ao concessionário, sendo este
remunerado com a tarifa que é cobrada (tecnicamente seria um pacto de construção + um pacto de
serviço). Veja que não precisa necessariamente ser precedida, a obra pode ser simultânea, exemplo:
concessionárias de pedágios.
Quem delega o serviço é chamado de poder concedente. Trata-se do ente político que tem a
titularidade do serviço na sua órbita de competência.
Quem recebe a delegação do serviço é o particular, que pode ser apenas pessoa jurídica ou
consórcio de empresas. Não há possibilidade de concessão de serviço a pessoas físicas (permissão há).
licitação (exemplo: grupo controlador de empresas de telefonia: oi, vivo, Telemar etc.).
A celebração de contrato administrativo deve, em regra, ser precedida de licitação. Com o contrato
de concessão não é diferente, prevendo inclusive o Estatuto geral que seja realizada a licitação na
modalidade CONCORRÊNCIA (ver acima). Entretanto, não se aplica a essa licitação as regras gerais do
Estatuto de licitações e contratos, uma vez que essa concorrência possui peculiaridades, tais como
critérios próprios de seleção (tipos próprios, por exemplo: menor tarifa), POSSIBILIDADE de
procedimento invertido (tal qual o pregão – ver acima) e lances verbais. Percebe-se que essa
concorrência aproxima-se muito do pregão. O art. 14 e seguintes da Lei 8.987 estabelecem essas
peculiaridades.
Lei 8.987/95
Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou não da execução de obra
pública, será objeto de prévia licitação, nos termos da legislação própria e com
observância dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igualdade, do
julgamento por critérios objetivos e da vinculação ao instrumento convocatório.
O art. 15 da Lei 8.987/95 estabelece os critérios de julgamento das licitações relativas à concessão
de serviço. Deve ser observado um dos seguintes:
Lei 8.987/95
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder concedente pela outorga (aqui
é em um sentido amplo... devo saber que se trata de uma delegação) da concessão;
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos incisos I (menor tarifa), II
(maior oferta)e VII (melhor oferta de pagamento pela outorga após a qualificação de
propostas técnicas);
Lei 9074/95
Não esquecer: O contrato de concessão, tal como qualquer contrato administrativo, deve
possuir prazo determinado.
Conforme o art. 2º, §3º da Lei 9.074/95 (Lei de prorrogação de prazo de concessões), independe
de concessão ou permissão o transporte:
Lei 8.987/95
Art. 32. O poder concedente poderá intervir na concessão, com o fim de assegurar
a adequação na prestação do serviço, bem como o fiel cumprimento das normas
contratuais, regulamentares e legais pertinentes.
...
Ocorre basicamente por meio de TARIFA de usuário (espécie de preço público). É o meio de
arrecadação das empresas concessionárias.
E quem define o valor, data de reajuste, índice de reajuste, enfim, as regras referentes às tarifas?
Essa política tarifária é estabelecida pela Administração no momento da licitação. A empresa
simplesmente cumpre aquilo que foi estabelecido no procedimento licitatório.
E o princípio da modicidade? Para aplicar esse princípio, a lei dispõe que, além da tarifa, o contrato
pode prever outras formas de remuneração (remunerações ou receitas alternativas). Exemplo:
propagandas em ônibus são receitas alternativas (previstas em contrato), que tem o fito de abater o preço
das tarifas, buscando a modicidade.
A lei prevê ainda que o Estado pode bancar uma parcela da remuneração, a fim de baratear a
tarifa do usuário. No entanto, devemos frisar: essa utilização de recursos públicos na busca da
modicidade é facultativa nos contratos de concessão comum (ao contrário da concessão especial, onde
a participação de receita pública é obrigatória).
CF Art. 37
Ex: Contrato do Estado com empresa para fornecimento de merenda. Trata-se de contrato
simples – de prestação de serviço (art. 6º da Lei 8.666). Não se trata de contrato de concessão de
serviço público. A criança come a merenda podre e morre. De quem é a responsabilidade? Deve reclamar
da Escola, que é do Estado, ou seja, a ação deve ser ajuizada perante o Estado, que pode vir a cobrar
em regresso da empresa. O vínculo da criança é com o Estado e não com a empresa.
Ex2: Contrato de construção de escola. Contrato de obra do art. 6º. Cai uma barra de ferro que
mata uma criança. A construção é do Estado, o vínculo é com o Estado. Logo, reclama-se do Estado.
Esses dois são os chamados contratos simples. Nos contratos de concessão é diferente.
Ex3: Estado celebra contrato de concessão com a empresa de telefonia. Se o usuário tem algum
problema com a prestação do serviço, o usuário deve reclamar da empresa diretamente. O vínculo
jurídico aqui se forma entre empresa e usuário. O Estado é mero regulador e fiscalizador do serviço.
Ou seja, se o contrato é SIMPLES, a empresa faz o serviço por conta e risco do Estado. A empresa
só responde em regresso. Já nos contratos de CONCESSÃO, a empresa presta o serviço por sua conta
e risco.
CF Art. 37
CESPE: Tem uma questão que menciona decisão isolada do STF: a responsabilidade é objetiva
em face do usuário do serviço prestado (passageiro do ônibus); em face do não usuário do serviço (carro
do particular abalroado) aplica-se o direito civil e a teoria subjetiva. O problema desse entendimento é
conseguir definir quando o sujeito é usuário. Mas este entendimento já foi superado em
repercussão geral.
Vale lembrar que o Estado tem responsabilidade SUBSIDIÁRIA. Se a empresa não tem recursos
para pagar, o Estado deve honrar a dívida.
José Carvalho Filho: Pode o Estado ser obrigado a ressarcir o concessionário em ação de
regresso no que tange à indenização que este tiver de pagar a terceiro, quando o dano por ele causado
tiver sido também provocado por falta de fiscalização estatal, o que configuraria, em tese, uma culpa
concorrente.
Lei 8.987/95
IV - rescisão; V
- anulação; e
§4o Nos casos previstos nos incisos I (advento do termo) e II (encampação) deste
artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção da concessão, procederá
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far-se-á com a indenização das
parcelas dos investimentos vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados
ou depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de garantir a
continuidade e atualidade do serviço concedido.
OBS: Não existem concessões ou permissões com prazo indeterminado. Extinta a concessão
retorna à Administração a execução do serviço assim como todos os bens reversíveis, direitos e
privilégios transferidos ao concessionário na forma do edital e contrato.
Advento do termo contratual: Ocorre quando o contrato chega ao seu termo final. Ocorre de pleno
direito, sem qualquer necessidade de aviso ou notificação. Tem efeitos ex nunc.
OBS: Aqui não se fala em conclusão do objeto, pois não há uma obra. Trata-se de serviço.
Rescisão contratual:
II.1) Unilateral (encampação e caducidade): O poder público pode rescindir o contrato por razões
de interesse público supervenientes. Tal forma de rescisão recebe o nome de “ENCAMPAÇÃO”,
conforme previsão do art. 37 da Lei de concessões. É necessário, para tanto, autorização legislativa
(edição de lei específica - que também é necessária na criação da concessão) além de prévio
pagamento de indenização relativa aos investimentos realizados pelo particular sobre os bens
reversíveis.
Lei 8.987/95
Ver se não há possibilidade de rescisão por caso fortuito e força maior. Entra nas razões de
interesse público, devendo o particular ser indenizado pelos prejuízos.
II.2) Judicial: É chamada somente de rescisão pela Lei de concessões. É a forma de extinção do
contrato de iniciativa do concessionário, motivada por descumprimento de cláusula contratual por parte
do poder concedente. Vale lembrar que somente depois do trânsito em julgado da sentença que julgar
procedente o pedido de rescisão contratual a concessionária poderá parar de executar o serviço (Princípio
da continuidade do serviço público), vale dizer, não se admite a invocação da exceptio non adimpleti
contractus como forma de parar a execução do serviço público.
Carvalho Filho (novamente) lembra ser possível ao concessionário ingressar com ação cautelar
a fim de suspender a execução do serviço, quando, em não fazendo puder a situação levar a ruína o
concessionário.
II.3) Amigável
Lei 8.987/95
5.2.10. Reversão
2. esta Lei que define como deverá ser a relação jurídica do governo com
as popularmente conhecidas ONGs (organizações não-governamentais),
especialmente em casos envolvendo transferências de recursos para a execução
de projetos de interesse público, bem como das cooperativas e de entidades
religiosas. Vale ressaltar que a Lei não utiliza a nomenclatura ONG, preferindo
falar em “organização da sociedade civil” (OSC).
órgãos;
autarquias;
fundações; e
A Lei aplica-se para órgãos e entidades não apenas da União, como também dos Estados, DF e
Municípios.
Repare que a Lei não regula parcerias firmadas por empresas públicas e sociedades de
economia mista exploradoras de atividades econômicas.
entidade privada sem fins lucrativos que não distribua entre os seus sócios ou associados,
conselheiros, diretores, empregados, doadores ou terceiros eventuais resultados, sobras, excedentes
operacionais, brutos ou líquidos, dividendos, isenções de qualquer natureza, participações ou parcelas
do seu patrimônio, auferidos mediante o exercício de suas atividades, e que os aplique integralmente na
consecução do respectivo objeto social, de forma imediata ou por meio da constituição de fundo
patrimonial ou fundo de reserva;
6.2.1. Introdução
Guardadas as devidas diferenças, esse chamamento público funcionará como se fosse uma
licitação, ou seja, um processo seletivo (competitivo) para selecionar a organização que melhor poderá
executar o projeto.
Esse é o ponto mais interessante e importante da Lei, considerando que essa seleção pública
busca evitar a escolha das ONGs que irão receber os recursos com base em interesses pessoais e
preferências políticas/ideológicas.
São vedadas cláusulas que admitem, preveem, incluem ou tolerem, nos atos de convocação,
cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo em
decorrência de qualquer circunstância impertinente ou irrelevante para o específico objeto da parceria,
admitidos:
II a seleção de propostas apresentadas exclusivamente por concorrentes sediados ou com
representação atuante e reconhecida na unidade da Federação onde será executado o objeto
da parceria;
Será impedida de participar da comissão de seleção pessoa que, nos últimos cinco anos, tenha
mantido relação jurídica com, ao menos, uma das entidades participantes do chamamento público.
Se a organização da sociedade civil selecionada não atender aos requisitos exigidos nos arts. 33
e 34, aquela imediatamente mais bem classificada poderá ser convidada a aceitar a celebração de
parceria nos termos da proposta por ela apresentada.
Como vimos, em regra, para a celebração de qualquer modalidade de parceria deverá ser
realizado o chamamento público.
A Lei n. 13.019/2013, contudo, traz exceções nas quais o chamamento público não será
obrigatório.
à semelhança do que ocorre com as licitações, a Lei n. 13.019/2013 prevê situações em que o
chamamento é dispensado e outras em que o procedimento é inexigível.
São situações em que a Lei autoriza a não realização do chamamento. Mesmo sendo dispensável,
a Administração pode decidir realizar o chamamento. Tais situações estão previstas no art. 30 da Lei
13.019/2014.
Assim, é possível dispensara realização do chamamento público:
JJ Nos casos de guerra, calamidade pública, grave perturbação da ordem pública ou ameaça à
paz social;
Como o chamamento é uma disputa, para que ocorra, é indispensável que haja pluralidade de
objetos e pluralidade de ofertantes para que ele possa ocorrer.
Assim, a Lei prevê, em seu art. 31, que, se houver impossibilidade jurídica de competição, o
chamamento não será realizado, por ser inexigível.
Tanto na hipótese de dispensa (art. 30) como de inexigibilidade (art.31), o administrador público
deverá justificar, detalhadamente, as razões pelas quais não foi realizado o processo seletivo, sendo isso
publicado na internet.
Os eventuais interessados poderão impugnar as razões invocadas. Veja o que dispõe a Lei:
Art. 32. Nas hipóteses dos arts. 30 e 31 desta Lei, a ausência de realização de
chamamento público será justificada pelo administrador público. (Redação dada
pela Lei nº 13.204, de 2015)
2015)
Para os fins desta Lei, administrador público é o agente público, titular do órgão ou entidade,
competente para assinar o instrumento de cooperação com organização da sociedade civil.
Ex: uma organização social faz uma proposta para que o poder público municipal inicie um
trabalho de amparo às crianças e adolescentes carentes de determinado bairro.
A proposta a ser encaminhada à administração pública deverá atender aos seguintes requisitos:
Preenchidos os requisitos acima, a administração pública deverá tornar pública a proposta em seu
site na internet e, verificada a conveniência e oportunidade para realização do Procedimento de
Manifestação de Interesse Social, o instaurará para oitiva da sociedade sobre o tema.
6.3.1. Introdução
A organização da sociedade civil que receberá tais transferências será selecionada por meio de
um procedimento nominado de “chamamento público” e, após escolhida, deverá celebrar um “termo de
colaboração” ou um “termo de fomento” com a administração pública.
A parceria voluntária celebrada entre a administração pública e a OSC é formalizada por meio de
um termo de colaboração ou mediante um termo de fomento.
Termo de colaboração não é sinônimo de termo de fomento. Existe uma pequena diferença entre
os dois. Antes de vermos a diferença entre eles, confira as características que são iguais:
A Lei n. 13.019/2014 prevê que, para poder celebrar a parceria, as organizações da sociedade
civil deverão ter em seus estatutos as seguintes cláusulas:
p Possuir:
Éno mínimo, um, dois ou três anos de existência, com cadastro ativo, comprovados por meio de
documentação emitida pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, com base no Cadastro Nacional da
Pessoa Jurídica - CNPJ, conforme, respectivamente, a parceria seja celebrada no âmbito dos Municípios,
do Distrito Federal ou dos Estados e da União, admitida a redução desses prazos por ato específico de
cada ente na hipótese de nenhuma organização atingi-los;
6.3.4. Providências que a administração pública deve adotar para a celebração do termo:
De igual forma, a organização da sociedade civil deverá divulgar na internet e em locais visíveis
de suas sedes sociais e dos estabelecimentos em que exerça suas ações todas as parcerias celebradas
com a administração pública.
Por fim, a administração pública deverá divulgar pela internet os meios de representação sobre
a aplicação irregular dos recursos envolvidos na parceria.
6.3.6. Impedimentos
6. não esteja regularmente constituída ou, se estrangeira, não esteja autorizada a funcionar no
território nacional;
9. tenha tido as contas rejeitadas pela administração pública nos últimos cinco anos, exceto se: for
sanada a irregularidade que motivou a rejeição e quitados os débitos eventualmente imputados;
for reconsiderada ou revista a decisão pela rejeição; a apreciação das contas estiver pendente
de decisão sobre recurso com efeito suspensivo;
10. tenha sido punida com uma das seguintes sanções, pelo período que durar a penalidade
11. tenha tido contas de parceria julgadas irregulares ou rejeitadas por Tribunal ou Conselho de
Contas de qualquer esfera da Federação, em decisão irrecorrível, nos últimos 8 (oito) anos;
Em qualquer das hipóteses acima previstas, persiste o impedimento para celebrar parceria
enquanto não houver o ressarcimento do dano ao erário, pelo qual seja responsável a organização da
sociedade civil ou seu dirigente.
6.3.7. Vedações
A Lei n. 13.019/2014 prevê que é vedada a celebração de parcerias que tenham por objeto,
envolvam ou incluam, direta ou indiretamente, delegação das funções de regulação, de fiscalização, de
exercício do poder de polícia ou de outras atividades exclusivas de Estado.
O art. 42 da Lei elenca uma série de cláusulas que deverão constar, obrigatoriamente, no termo
de colaboração ou no termo de fomento. Vejamos as principais:
6.4.1. Introdução
6.4.3. Gestor
Além da comissão de monitoramento, a administração pública designará um agente público que
ficará responsável pela gestão da parceria, tendo poderes de controle e fiscalização.
É retomar os bens públicos em poder da organização da sociedade civil parceira, qualquer que
tenha sido a modalidade ou título que concedeu direitos de uso de tais bens;
Obs: essas medidas devem ser tomadas exclusivamente para assegurar o atendimento de
serviços essenciais à população e a fim de realizar ou manter a execução das metas ou atividades
pactuadas.
A organização da sociedade civil está obrigada a prestar contas da boa e regular aplicação dos
recursos recebidos no prazo de até noventa dias a partir do término da vigência da parceria ou no final
de cada exercício, se a duração da parceria exceder um ano
A administração pública terá como objetivo apreciar a prestação final de contas apresentada, no
prazo de 90 a 150 dias, contado da data de seu recebimento, conforme estabelecido no instrumento da
parceria.
6.6.1. Introdução
Pela execução da parceria em desacordo com o plano de trabalho e com as disposições legais, a
administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar à organização da sociedade civil parceira as
seguintes sanções:
a) advertência;
Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário
qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades
referidas no art. 1º desta lei, e notadamente:
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou jurídica privada utilize bens,
rendas, verbas ou valores públicos transferidos pela administração pública a
entidade privada mediante celebração de parcerias, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à espécie;
(...)
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que atenta contra os princípios da
administração pública qualquer ação ou omissão que viole os deveres de honestidade,
imparcialidade, legalidade, e lealdade às instituições, e notadamente: VIII - descumprir
as normas relativas à celebração, fiscalização e aprovação de contas de parcerias
firmadas pela administração pública com entidades privadas.
6.7. DISPOSIÇÕES FINAIS