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Introdução ao

Novo Testamento
Unidade 2

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Aula 1 - Evangelhos: João e Marcos

Objetivos

Que você seja capaz de:

 Identificar o foco principal do método de João;


 Compreender a identidade de Jesus como o grande Eu Sou;
 Entender Jesus como o Messias esperado - a promessa realizada;
 Assimilar de maneira prática os sinais deixados por Jesus Cristo. Ampliar
a compreensão da ação do Espírito Santo no início da Igreja cristã;
 Desenvolver uma consciência mais cognitiva e efetiva do livro de Atos;
 Relacionar os escritos de Lucas, autor de Atos;
 Aplicar o livro e sua mensagem ao contexto atual.

Introdução da aula

Alunos e alunas!

Bem-vindos à mais uma aula.

Hoje daremos continuidade aos estudos do Novo Testamento. Nosso foco


estará agora no Evangelho de João e no livro de Atos.

JOÃO é o quarto Evangelho e tem um significado peculiar por muitas razões,


mas principalmente porque ele foi escrito pelo discípulo mais próximo do
nosso Senhor Jesus Cristo.

Evangelho de João e o Livro de Atos

Quando você lê o Evangelho de Mateus, está lendo o registro de nosso Senhor


como visto por meio dos olhos de um discípulo. Marcos e Lucas foram cristãos
dedicados que conheciam e amavam a Jesus Cristo, embora tenham aprendido
sobre Ele em grande parte por meio do testemunho de outros. Mas João, não.
João é aquele que se inclinou sobre o peito Dele.

Você deve lembrar que em Mateus vemos o Senhor como o Rei; em Marcos
podemos vê-lo como o servo, sempre ocupado em atividade incessante,
servindo aos homens; em Lucas vemos sua perfeição da humanidade, o
homem como Deus pretendia que o homem fosse. Agora, no Evangelho de
João, vemos sua entrada no Santo dos Santos, e aprendemos o segredo de sua
vinda.

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João, assim como Pedro e Tiago, era do círculo de convívio do nosso Senhor,
conhecia as circunstâncias mais íntimas de seu ministério e ouvia mais do que
qualquer um dos outros. Por isso, abrimos este livro com uma sensação de
esperança. Aqui está o testemunho do amigo mais próximo do nosso Senhor.

É surpreendente ver como o Evangelho de João começa (João 1: 1): “No


princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

Imagine como foi difícil para os discípulos pensarem Nele como Deus. Hoje,
para nós é mais fácil pensar assim, mas eles viviam com Ele e viram sua
humanidade como nenhum de nós nunca viu ou verá. Certamente eles devem
ter sido confrontados muitas e muitas vezes com uma pergunta que intrigava e
inquietava-os: "Quem é este homem?" Como eles mesmos disseram, "Que tipo
de homem é este que cura os enfermos, ressuscita os mortos, acalma o vento e
transforma água em vinho?" (Mateus 8:27)

Podemos imaginar Pedro ou João ou um dos outros acordar no meio da noite,


dizendo para si mesmo: "É verdade? Pode este homem ser o Deus eterno?
Qual é o segredo do seu ser, o mistério da sua vinda?”

No entanto, tão esmagadora e convincente foi a evidência que viram e


ouviram, que quando chegaram ao final da história, simplesmente sabiam: Ele
é Deus.

Ao escrever as memórias daqueles dias incríveis, João começou com uma


surpreendente declaração da divindade de Jesus, "Ele é o ÚNICO que existia no
princípio. Ele era o Verbo que estava com Deus, que estava no princípio com
Deus, e era Deus."(João 1: 1). Esse é o tema do Evangelho de João.

A chave para o Evangelho de João é encontrada no último capítulo.

João termina seu livro duas vezes. No Capítulo 21, acrescenta um pós-escrito,
que tem a ver com alguns fatos ocorreridos após a ressurreição. Ele já havia
terminado o seu Evangelho com estas palavras no capítulo 20, versículos 30, 31:
“Agora Jesus fez muitos outros sinais da presença dos discípulos, que não
estão escritos neste livro; mas estes foram escritos para que creiais que Jesus é
o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais vida em seu nome.” (João
20: 30-31).

Esse é o duplo propósito deste livro: o primeiro é propor que qualquer pessoa
em qualquer lugar deve acreditar que Jesus é o Cristo. O segundo objetivo é
mostrar que Ele é o Filho de Deus.

Para os hebreus, o uso do termo Filho de Deus quer dizer que Ele é Deus.

É por isso que, invariavelmente, quando o nosso Senhor usou esse termo para
falar de si, Ele foi desafiado pelos escribas e fariseus incrédulos que diziam:
"quem é você?” Observe como João divide seu livro:

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Jesus é o Cristo

É a primeira questão. Era a pergunta nos lábios dos homens nos dias de João, e
a questão que dividiu os judeus. Figuras proeminentes se perguntavam: "É este
o Cristo?" Eles sabiam que havia um profundo senso de expectativa ao longo
do Antigo Testamento.

No final do livro de Malaquias, encontramos a pergunta que pairava no ar:


"Quem é este que está para vir?"

Nos dias de João, as pessoas estavam agitadas pelo fato de que João Batista
tinha aparecido, e lhe perguntaram "És tu o Cristo?" Ele disse: "Não, mas ele
vem depois de mim". E quando Jesus começou a pregar nas colinas da Judéia e
da Galiléia, todos perguntavam, "É este o que há de vir? É este o Messias?"

O Senhor Jesus declarou repetidas vezes que ele veio com as credenciais
autorizadas do Messias. Foi o que quis dizer quando proclamou:"Em verdade,
em verdade, vos digo que aquele que não entra no aprisco das ovelhas pela
porta, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador, mas quem entra
pela porta é o pastor das ovelhas." (João 10: 1-2)

O aprisco é a nação de Israel. Ele disse que Alguém viria por um caminho
autorizado, pela porta. Se alguém vem de qualquer outra forma, é um ladrão e
um mentiroso, mas o que entra pela porta, a abertura autorizada, será
reconhecido como o Grande Pastor. Ele continua no versículo 3:"Para este o
porteiro abre a porta, as ovelhas ouvem a sua voz ..." (João 10: 3). Ele está se
referindo ao ministério de João Batista, que veio como o que abre a porta, o
precursor do Messias. Assim, ele veio como Aquele que foi autorizado, com as
credenciais adequadas.

Quais foram essas credenciais? A resposta está em Lucas, no capítulo 4, que na


sinagoga leu o livro do profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim,
porque ele me ungiu..." (Lucas 4: 18).

SETE SINAIS

Há sete sinais que João escolhe do ministério de nosso Senhor, e você vai ver
que ele seleciona como sinais aquelas particularidades que provam que Jesus é
o Cristo, o Messias. Isso será mostrado na ordem em que aparecem no
Evangelho de João.

O primeiro milagre de nosso Senhor é a transformação da água em vinho


(João 2: 11). Esse milagre foi uma parábola.

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Nosso Senhor realizou um ato simbólico no casamento em Caná da Galiléia ao
tomar aquilo que pertencia ao reino do ser inanimado, a água, e transformar
em uma substância viva, o vinho. Ele tomou aquilo que pertencia ao reino da
passividade e transformou no que se tornou uma expressão de alegria e vida.
Com isso, por meio do símbolo, ele está declarando o que veio fazer.

O próximo sinal é a cura do filho do nobre (João 4: 46-54). A figura central


nessa história não é o filho, que se encontra doente, à porta da morte, mas o
nobre, que vem para o Senhor com um coração esmagado de dor. Na agonia
de seu coração, ele clama a Cristo, e diz: "Você vai descer e curar o meu filho?"
O Senhor não só cura o filho a distância, com uma palavra, mas ele cura o
coração partido de um pai. Como Ele disse: ele foi ungido para curar os
quebrantados do coração.

O terceiro sinal é a cura do homem incapaz que estava no tanque de Betesda


(João 5: 1-9). Lembre-se de que o homem tinha estado lá por 38 anos, era
prisioneiro de uma doença paralisante, de modo que ele era incapaz de entrar
na piscina. Ele tinha sido trazido para a piscina na esperança de ser curado e
livrado desse mal. Nosso Senhor escolheu-o em meio à grande multidão e o
curou, dizendo: "Levanta­te, toma o teu leito e anda” ; (João 5: 8).

Aqui, ele estava demonstrando a sua capacidade para libertar os oprimidos.


Por 38 anos um homem havia estado preso, e ele liberta-o imediatamente.

O próximo milagre foi a alimentação dos cinco mil (João 6: 1-14). Esse milagre
aparece em todos os quatro Evangelhos, e ligado a ele está o milagre de andar
sobre as águas.

Qual é o significado destes sinais?

Bem, não é possível entender o milagre da alimentação no deserto com cinco


pães e dois peixes sem ver que se trata de uma maravilhosa demonstração do
desejo do Senhor em atender a necessidade mais profunda do coração
humano, a fome de Deus. Para isso, Ele usa o símbolo do pão. Ele próprio
havia dito: "O homem não vive somente de pão, mas de toda palavra que
procede da boca de Deus" (Mateus 4: 4). Em seguida, demonstrou que tipo de
pão ele queria dizer: “Eu sou o pão da vida" (João 6:35). Tomando o pão,
partiu-o e com ele alimentou os cinco mil, simbolizando que é capaz de
atender plenamente a necessidade da vida humana.

Em seguida, acalma a tempestade. As ondas estão altas, o barco está prestes a


ser naufragado, e o coração dos tripulantes está angustiado e com medo. Ele
vem andando sobre as ondas no meio da tempestade e acalma-os, dizendo:
"Sou eu, não tenhais medo" (João 6:20).

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No duplo milagre da alimentação dos cinco mil e do andar sobre as águas, há
uma representação simbolizando capacidade de nosso Senhor de satisfazer a
necessidade do coração humano, de vencer o maior inimigo: o medo. É uma
boa notícia, não é? Este é um dos sinais do Messias, que veio para anunciar as
boas-novas aos pobres.

O próximo milagre é a cura do cego (João 9: 1-12), que dificilmente precisa de


comentários. Nosso Senhor disse que veio "para dar recuperação da vista aos
cegos" (Lucas 4:19). Ele escolheu um homem cego de nascença, assim como o
ser humano é espiritualmente cego de nascença, e o curou.

O último milagre é a ressurreição de Lázaro dentre os mortos (ver João 11: 1-


44), simbolizando vidas que haviam vivido sob o cativeiro de Satanás, com
medo da morte.

Assim, os sete sinais provaram, além de qualquer dúvida, que Jesus é o


Messias. Ele é o esperado.

Mas João adentra um território mais profundo ainda e que não é apenas o
Cristo, mas, além disso, o Filho de Deus. Quando você o vê em seu poder de
entrega, você realmente está vendo o Libertador prometido.

VERDADEIRO HOMEM, VERDADEIRO DEUS

Na abertura de seu Evangelho, declara: “Ninguém jamais viu a Deus, o Filho


único, que está no seio do Pai, o deu a conhecer” (João 1:18).

João destaca sete grandes palavras de nosso Senhor para provar tal afirmação:

EU SOU: Ele baseia tudo no nome grandioso de Deus, que se revelou a Moisés
na sarça ardente. Quando Moisés viu a sarça ardente e virou de lado para ouvir
o seu segredo, Deus falou com ele na sarça: "EU SOU O QUE EU SOU"; (Êxodo
3:14). Essa é a natureza de Deus. Isto é, "Eu sou exatamente o que eu sou. Eu
não sou nada mais. Eu não sou nada menos. Eu sou o eterno EU SOU". Sete
vezes em seu Evangelho João utiliza estas palavras ao falar de Cristo. Na
verdade, sete vezes essas palavras vieram dos próprios lábios de nosso Senhor
e constituem a prova de que Ele é uma divindade.

"Eu sou o pão da vida" (João 6: 35) ; ou seja, eu sou o sustentador da vida,
aquele que satisfaz a vida.

"Eu sou a luz do mundo" (João 8: 12), o iluminador da vida. Eu sou aquele "no
qual estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento"
(Colossenses 2: 3), aquele que lança luz sobre todos os mistérios e enigmas da
vida.

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“Eu sou a porta" (João 10: 7), a oportunidade para a vida, o caminho aberto.
Estas são as palavras que você precisa ouvir sempre que estiver com um
sentimento de falta de fome de algo mais.

"Eu sou o bom pastor" (João 10: 11) ; isto é, o guia da vida, a única via para
conduzir um indivíduo com segurança e guiá-lo em meio aos problemas e
abismos, para conduzi­lo com segurança ao longo da vida. (“O Senhor é meu
pastor, nada me faltará” (Sl. 23:1)).

Finalmente:

"Eu sou a ressurreição e a vida" (João 11: 25) ; ou seja, o poder de vida. Você
percebe que o poder da ressurreição é o único tipo que funciona quando nada
mais o fará? Esse poder funciona no meio da morte. O poder da ressurreição é
o único tipo que não precisa de adereços externos, nenhum processo de
aprendizagem. Quando nada mais pode ser feito, ele começa a agir. Disse
Jesus: "Eu sou a ressurreição e a vida".

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (João 14:6) ; ou seja, eu sou a grande
realidade. Eu sou a substância real por trás de todas as coisas.

"Eu sou a videira" (João 15:5), "sem mim, nada podeis fazer" (João 15:5). Eu sou
o produtor da fecundidade, a fonte da identidade e da comunhão.

João diz: "se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1:14). Ele armou sua tenda entre
nós, e vimos a sua glória, a glória de Deus se tornou homem. Esse é o principal
tema deste livro.

Não há um tema maior em todo o universo do que o fato de que quando


estamos na presença da humanidade de Jesus, de repente descobrimos que
também estamos na presença de Deus. Aquele que cura, ama, serve, espera,
abençoa, morre e ressuscita - este é Deus.

Quem não quer viver?!

Não é isso que todos nós queremos, jovens e velhos? O que realmente
buscamos é a chave para a vida. Queremos ver cumpridas todas as
possibilidades e potencialidades de nosso ser. Queremos que esses anseios
profundos sejam satisfeitos. Queremos ser aquilo para o qual fomos projetados
e destinados a ser.

E, crendo que Ele é o Messias, que ele é Deus, podemos ter vida em seu nome.
Ele é a chave para a vida.

FINALMENTE, veja o que João diz:” Estas coisas foram escritas para que creiais
que

Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu
nome.” (João 20:31)

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Indicação de Leitura

Para conhecermos mais sobre o Evangelho de João, deixo como leitura


complementar o capítulo 11 do livro “O Novo Testamento”.

Boa leitura.

Vamos em frente, Pessoal!

Continuando nossa caminhada pelo Novo Testamento, nossa próxima parada é


o livro de Atos. E para começar, vamos ao nosso áudio, ok!

Livro de Atos

O livro de Atos foi escrito por Lucas, companheiro amado de Paulo, o mesmo
que escreveu o Evangelho de Lucas.

Infelizmente, ele tem o título errado. Em quase todas as edições da Bíblia é


chamado de "Atos dos Apóstolos". Mas, ao ler o livro, os únicos atos referidos
são de Pedro e Paulo. Todos os outros apóstolos são deixados despercebidos,
por isso o título não é adequado. Realmente deveria ser intitulado: "Os Atos do
Espírito Santo" ou talvez até mesmo "Os Atos do Senhor Jesus Cristo”.

Você encontra essa sugestão na introdução do livro. Lucas está escrevendo


novamente para o amigo a quem ele se dirigiu em seu primeiro livro; ele diz no
primeiro livro: “ó Teófilo, eu tenho lidado com todas as coisas que Jesus
começou a fazer e a ensinar...” (Atos 1:1).

Obviamente, então, Lucas era "Volume um" e Atos é "Volume Dois". Atos é
uma história que continuou do que Jesus começou a fazer e ensinar. Lucas
continua a dizer, “... Até o dia em que foi assunto aos céus...” leia (Atos 1: 2­5)

Isso é o que o livro de Atos é - a história da forma como o Espírito Santo, que
veio para a igreja e continuou o que Jesus começou a fazer.

Assim, o registro dos Evangelhos é a história só do começo da obra do Senhor


Jesus Cristo. Quando chegar ao final dos evangelhos, você de fato chegou ao
fim do começo.

No livro de Atos, o Espírito Santo começa a cumprir o programa concebido por


Deus. Ele começa a exercer a sua obra através do corpo de Jesus Cristo - a
Igreja - o corpo pelo qual o Senhor tem a intenção que chegue até os confins
da terra. Esse trabalho começou há mais de 2000 anos, e como você pode ver,
está em andamento ainda hoje. Vivemos agora a era do Espírito, inaugurada
no dia de Pentecostes, o primeiro grande evento do livro de Atos.

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O livro de Atos revela a vida da Igreja.

Os cristãos reuniram-se e receberam a Grande Comissão de Jesus Cristo, que


consistia em levar o evangelho para os cantos mais distantes da terra: “Ide,
portanto, fazei discípulos de todas as nações...” (Mateus 28:19)

Nunca foi a intenção do Senhor que todo o trabalho de planejamento da

estratégia de alcançar os confins da terra e de mobilização dos recursos deva


recair sobre o cristão, ou seja, em sua própria força.

Quando esgotados e totalmente abatidos e desanimados, gritamos: "Oh,


Senhor, misericórdia. Sem ti nada podemos". Em seguida, ele recorda-nos que
seu programa é o Espírito Santo.

Portanto, quando uma Igreja começa a diminuir, perder a sua energia e ficar
monótona em seu testemunho, ela precisa desesperadamente voltar-se para o
Espírito Santo, o ensino do livro de Atos.

A ideia é que a igreja deve de alguma forma planejar toda a estratégia e


descobrir a melhor forma de chegar até os extremos confins da terra, de modo
a cumprir essa expectativa de Deus. Mas isso é porque ouvimos apenas uma
parte da Grande Comissão. Ouvimos a primeira palavra, "VÁ", mas o nosso
Senhor falou outra palavra - "ESTOU".

Veja: E eis que estou convosco todos os dias, até ao fim dos tempos. (Mateus
28: 20)

Atos é o testemunho completo da realização do programa que ele tinha em


mente. "Aquele que vos chama é fiel, e ele o fará" (1 Tessalonicenses 5:24).
Sempre foi a intenção de Deus não só lançar o programa, mas cumpri-lo em
SUA GLORIOSA FORÇA.

Enquanto você lê este livro, verá vários aspectos do ministério do Espírito


Santo. Se o livro de Atos fosse excluído do Novo Testamento, nós nunca
entenderíamos o restante do N.T.

Neste livro, os princípios da vida trocada - "Não eu, mas Cristo..." - é


dramaticamente demonstrado.

Primeiro de tudo, ele é visível no direcionamento das atividades da Igreja.

É o Espírito de Deus que toma a iniciativa e lança novos

movimentos na realização do programa de Deus. Por exemplo, quando Felipe


estava em Samaria pregando o Evangelho, um grande avivamento se iniciou
como resultado de sua pregação. A cidade inteira se agitou. Mas o espírito de
Deus lhe disse: "Levante-te e vá até um homem no deserto" (Atos 8:36). Agora,
que tipo de estratégia é esta que diz para deixar uma campanha que impacta
toda a cidade onde o Espírito de Deus está se movendo em poder, onde

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multidões estão vindo para Cristo, para descer ao deserto e falar a um único
homem? Mas ele foi. E o que ele ministrou? Foi ao encontro do eunuco etíope,
um homem que era o tesoureiro dos etíopes (Atos 8:27).

Aproximou-se e viu que ele lia o profeta Isaías. E perguntou-lhe:


“Compreendes o que vens lendo?” E ele “respondeu: Como posso, se alguém
não explicar isso para mim?” (Atos 8: 31). Então Felipe explicou; e começando
por esta passagem da Escritura, anunciou-lhe Jesus. (Atos 8: 35).

Isso é o que é o testemunho guiado pelo Espírito - o homem certo no lugar


certo, na hora certa, dizer a coisa certa para a pessoa certa. Esta é uma das
primeiras evidências apresentadas neste livro sobre atividade de
direcionamento geral do Espírito Santo.

No capítulo nove, o Espírito Santo chama um homem na estrada de Damasco e


o manda orar com outro homem – Ananias. Ele ficou espantado com a missão.
A fama de Saulo era terrivelmente negativa. Deus disse: "Eu sei quem tenho
chamado, ele é um vaso escolhido."

No capítulo 13, o Espírito Santo é registrado como tendo dito à igreja de


Antioquia: Separai-me agora Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho
chamado. (Atos 13: 2) Mais tarde nesse livro, Paulo diz: "Nós tentamos ir para
Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu”. “E, foram impedidos pelo
Espírito Santo de pregar o Evangelho na Ásia". (Atos 16: 6-7).

Ao longo desse livro, você vai entender que a estratégia foi trabalhada com
antecedência pelo Espírito Santo.

Ninguém pode planejar esse tipo de programa. Podemos apenas estar


dispostos a seguir a atividade de direcionamento do Espírito de Deus no
trabalho em sua Igreja. Essa é a estratégia divina.

Mais adiante em Atos você vai encontrar o Espírito Santo em outro aspecto do
seu ministério fazer o que ninguém pode fazer - comunicar vida para aqueles
que acreditam.

Onde quer que o Evangelho seja pregado, onde quer que a Palavra de Deus
seja acolhida, onde quer que a boa notícia da obra do Senhor Jesus seja
pregada aos homens, o Espírito Santo está ali para comunicar vida.

Finalmente, a ênfase principal deste livro e a coisa mais surpreendente sobre os


cristãos - a qualidade que os tornou uma maravilha constante para aqueles
que os ouviu pregar - é que o Espírito de Deus está sempre atuando para
encorajar os cristãos.

Em um momento, você verá Pedro e João se escondendo atrás de portas


trancadas, com medo. Agora, o Espírito de Deus vem sobre eles, e depois
disso, eles saem às ruas e praças corajosamente, proclamando Jesus Cristo.

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Quando eles estão trancados na prisão, o anjo os liberta e eles voltam ao
templo para orar e pregar. Isso é OUSADIA.

Mais uma vez eles são presos, e a Igreja faz oração por eles, pedindo a Deus
para que sejam novamente libertados para pregar o evangelho no mesmo
lugar. Em outras palavras, eles estão dizendo: "Senhor, faça de novo. Nós
tivemos problemas a última vez, mas Senhor, faça de novo!" Sua ousadia era
simplesmente inquestionável. Mesmo aqueles que eram amargos inimigos do
Evangelho não puderam resistir à ousadia com que eles proclamaram a
verdade.

Esse é o programa de Deus - o Espírito Santo fazendo acontecer -


energizando, guiando, dando direção e programação, capacitando e
comunicando vida.

A extensão desse programa nos é revelado tanto geográfica quanto


cronologicamente neste livro, em que você tem a dimensão geográfica no
versículo 8: "Mas recebereis a força do Espírito Santo que virá sobre vós, e
sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até aos
confins da terra." (Atos 1:8)

O livro de Atos pode ser dividido assim:

Os primeiros sete capítulos tratam sobre ser testemunha de Cristo em


Jerusalém.

No capítulo oito encontramos uma pausa, e os discípulos são expulsos de


Jerusalém para a Judéia e Samaria.

Começando com o capítulo 13, você tem a chamada de Paulo e Barnabé para
sair para o mundo gentio, e aí começa a história da divulgação para os confins
da terra. É o programa de Deus.

No capítulo dois, você vê o mesmo programa cumprido em ordem


cronológica. Aqui, uma vez que as pessoas estão atordoadas com o
derramamento do Espírito Santo e se perguntam o que devem fazer para
serem salvos, Pedro diz (versículos 38, 39): "Arrependei-vos... Acreditai nele,
porque esta promessa é para vós." (Atos 2: 38-39)

Foi para a própria geração que ele pregava, “para você e para seus filhos [a
próxima geração] e para todos aqueles que estão longe" (Atos 2: 39) - pelos
corredores do tempo. Não importa quantas gerações podem vir nesta era de
longo alcance da graça, a promessa é para você como foi para eles, para que a
todo aquele que recebe o Senhor Jesus Cristo, a promessa do Espírito Santo
será dada, "para todos que estão longe, isto é, para quantos o Senhor, nosso
Deus chamar" (Atos 2: 39). Esse é o programa de Deus na dimensão do tempo.

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Era a formação de um novo povo - a Igreja. Cento e vinte pessoas se reuniram
no templo e se tornaram uma unidade viva; eles já não estavam relacionados
apenas com Senhor; mas também uns com os outros.

Eles foram feitos um povo novo, por meio de um novo poder - o Espírito
Santo, que habita neles e os liga uns aos outros. É dado um novo programa.

Como já vimos anteriormente, esta mensagem chegou a Jerusalém, Judéia,


Samaria e até os confins da terra ao longo das eras, de uma geração para a
seguinte, e continuará até a vinda de Jesus Cristo.

QUAIS SÃO OS ELEMENTOS ESSENCIAIS DESTE LIVRO?

O restante do livro trata da convocação de Paulo, o sábio edificador, aquele a


quem o Espírito Santo selecionou para ser o padrão para os cristãos gentios. É
por isso que Paulo foi submetido a um período de treinamento muito intensivo
pelo Espírito Santo, durante o qual ele passou por um dos treinos mais
rigorosos que um ser humano pode ter. Ele foi enviado para sua própria cidade
natal para viver na obscuridade, durante sete anos, até que ele aprendeu a
grande lição que o Espírito Santo ensina a cada cristão, e sem a qual nenhum
de nós jamais poderia ter uma vida cristã eficaz. Nas palavras de nosso Senhor,
"... se o grão de trigo que cai na terra e não morre, fica só" (João 12: 24).

À medida que o livro traça a carreira do apóstolo Paulo, você descobre o que
acontece também com cada um de nós.

Paulo era hebreu de nascimento, foi educado sob a lei e a compreensão dos
hebreus, era o aluno favorito do maior mestre de Israel, Gamaliel; era o fariseu
dos fariseus, entendeu tudo do mais profundo sentimento hebraico. Mas foi
chamado para o mundo gentio. Foi tratado por Deus no deserto. Ao voltar
para casa, tentou pregar em Damasco e foi escorraçado. Com o coração
partido e derrotado, ele seguiu para Jerusalém, mas não teve o apoio dos
Apóstolos, que o deixaram de lado. Quando finalmente Barnabé intercedeu
por ele, ele recebeu a aceitação aos olhos dos apóstolos. "Senhor, qualquer
coisa que você quiser, em qualquer lugar que você quiser me mandar, eu estou
pronto para ir”. Deus enviou Barnabé para ele, e ele tomou­o pela mão e
levou-o para Antioquia, a Igreja gentia, e lá o apóstolo Paulo começou seu
ministério.

O livro termina com Paulo em Roma, pregando em uma casa alugada, vigiada
dia e noite pela guarda romana, incapaz de sair, incapaz de prosseguir a
evangelização nos confins da terra como seu coração desejava fazer.

Uma das palavras mais incríveis de toda a Escritura é dada lá, como ele escreve
aos seus amigos em Filipos: "Todas essas coisas que aconteceram teriam
acontecido pelo avanço do evangelho..." (Filipenses 1: 12).

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O fato é um só – o Evangelho progride. Ele acaba dizendo como isso
aconteceu quando a nata do exército romano, que formava a guarda especial
do palácio do imperador, foi sendo levado a Cristo, um por um. A guarda
pretoriana foi tomada e levada sob o comando do imperador, acorrentados, ao
apóstolo Paulo durante seis horas.

Deus estava usando o imperador para trazer seus melhores rapazes e


acorrentá-los ao apóstolo por seis horas de instrução no evangelho cristão.
Não admira que Paulo escreva no final da carta: "Todos os santos vos saúdam,
especialmente os da casa de César" (Filipenses 4:22).

A segunda coisa é que, porque Paulo havia sido preso, todos os outros irmãos
na cidade estavam ocupados pregando o evangelho. Ele disse: "Alegro-me
com isso”.

Mas há uma terceira vantagem que o apóstolo não percebeu uma coisa que
ele nunca sonhou acontecer. Entendemos agora, olhando para trás, que Paulo
nunca teria escrito suas gloriosas cartas se não tivesse sido preso. Devido a
essas cartas, a Igreja tem sido ministrada, alimentada e fortalecida ao longo
dos 20 séculos de vida cristã.

Indicação de Leitura

Faremos, agora, a leitura complementar do Capítulo 13, O estabelecimento da


Igreja.

Considerações Finais

Agora, devemos afirmar que o livro de Atos é um livro inacabado. Ele nunca foi
concluído – mas de repente termina. Lucas sequer escreve um final. O Espírito
Santo pretendia que fosse inacabado; pois ele ainda está sendo escrito.

O livro de Atos é o livro de registro das coisas que Jesus começou a fazer e
ensinar. E Ele ainda tem o que fazer pela Igreja.

O Volume 21 está agora a ser escrito. Quando este grande livro estiver
totalmente concluído e, em glória, você começar a lê-lo – qual será sua parte
nele?

Atos 29... agora é a sua vez!

Ficamos por aqui!

Aguardo vocês na próxima aula!

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Aula 2 - Carta aos Romanos

Objetivo

 Entender Romanos como o evangelho da justiça de


Deus;
 Compreender que o evangelho torna-se eficaz em
nossas vidas pela fé;
 Observar a conexão entre o Evangelho da graça de
Deus com as Escrituras;
 Concluir que não há Evangelho sem cruz, nem
transformação sem Cristo;
 Compreender a estrutura teológica pastoral da
primeira e segunda carta aos

Coríntios;

 Aplicar de maneira contemporânea os fatores


constitutivos das cartas;
 Entender temas como a disciplina eclesiástica e a ceia
do Senhor;
 Edificar um novo relacionamento com Deus a partir
do homem interior visto na segunda carta aos
Coríntios;
 Oportunizar um aprendizado de ordem pastoral
quanto à governança eclesial.

Introdução da aula

Bem-Vindos à esta nova aula! Hoje estudaremos uma carta que pode ser
considerada a Bíblia em miniatura. Trata-se do livro de ROMANOS – O
Evangelho da Justiça de Deus. Avançaremos nossos estudos contemplando
também I Coríntios e II Coríntios, onde verificamos a igreja em sua
complexidade.

A Epístola de Paulo aos Romanos é, sem dúvida, o documento humano mais


poderoso já escrito. É puro ouro do começo ao fim.

Este livro acendeu o fogo no coração de Martinho Lutero e provocou a


Reforma Protestante que mudou a história da Europa e do mundo.

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É o livro que marcou a vida de John Wesley e fez dele o que se tornou para o
mundo cristão.Wesley disse que seu coração foi aquecido quando ouviu as
verdades de Romanos. Seguiu-se, através dele, o grande despertar evangélico
que salvou a Inglaterra do destino da França e impediu a decadência da vida
inglesa, alterando completamente a história do mundo.

Esta é a epístola que ardia no coração de Karl Barth, que no século passado
enfatizou as poderosas verdades da presente carta e, assim, conquistou o
mundo teológico, chamando-o de volta do caos do modernismo teológico
(liberalismo), restaurando a verdade teológica.

DESTINATÁRIOS

Foi escrito para os cristãos em Roma pelo apóstolo Paulo, quando estava
passando alguns meses em Corinto antes de levar o dinheiro recebido das
igrejas da Ásia para os santos carentes em Jerusalém.

Paulo escrevia para eles porque tinha ouvido falar de sua fé, e queria
abençoá-los; queria que eles fossem solidamente fundamentados na verdade.
Assim, esta carta constitui uma magnífica explicação da mensagem geral do
cristianismo que contém quase toda a doutrina cristã. Trata-se de um
panorama do maravilhoso plano de Deus para a redenção humana.

Se não houvesse nenhum outro livro na Bíblia, Romanos seria suficiente para
encontrarmos todos os ensinamentos da vida cristã. É o que poderíamos
chamar de a chave mestra para toda a Escritura. Se você realmente entender o
livro de Romanos em seu argumento total, vai se sentir familiarizado com todas
as outras partes das Escrituras.

Na introdução, nos primeiros 17 versos, Paulo escreve-nos sobre Cristo, sobre


os cristãos romanos e sobre si mesmo. Como em toda boa introdução, ele
declara aqui os principais temas da carta.

A carta tem três grandes divisões: capítulos 1 a 8, 9 a 11 e 12 a 16.

Os oito primeiros capítulos são explicações doutrinais do que Deus está


fazendo com o ser humano; como ele redime o homem por inteiro - corpo,
alma e espírito.

Os Capítulos 9 a 11 têm a ver com a nação de Israel.

Finalmente, nos capítulos 12 a 16 teremos aparte prática, em que todas essas


verdades poderosas são aplicadas a situações humanas. Assim, o livro cobre
toda a vida.

15
1. O primeiro grande tema é a respeito de Cristo, porque
não há cristianismo sem Ele. O cristianismo não é um
credo; é uma vida - uma vida para ser vivida. Portanto,
você deve aprender sobre Cristo.
2. Em seguida, Paulo escreve sobre os cristãos romanos,
porque eles são como nós. Na verdade, esta é a
questão central com a qual o cristianismo subsiste - os
seres humanos são como você e eu. Somos o material
básico a partir do qual Deus começa seu trabalho.
Tudo o que é descrito sobre eles nesta carta é verdade
para nós, como tudo o que é verdadeiro para nós era
a verdade deles.
3. Em terceiro lugar, Paulo escreve sobre si mesmo como
exemplo vivo da graça de Deus. Tudo isso serve para
tornar visível e claro para nós o que Deus pretende
fazer em Cristo.

Esta carta requer um sumário.Para começar, no capítulo 1 temos a afirmação


central da carta ­ o Evangelho: “Porque não me envergonho do evangelho: é o
poder de Deus...” (Romanos 1: 16)

Quem teria vergonha do poder de Deus, a maior força possível no universo, no


trabalho e no evangelho? Ele pode mudar vidas; ele pode agir sobre um jovem
sem propósito, que não se importa para onde vai e não sabe o que está
vivendo, e de repente mudar sua vida e dar-lhe significado. Esse é o Evangelho.

...” É o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê primeiro do
judeu, e também do grego”. (Romanos 1: 16)

Paulo vai nos mostrar que à medida que avançamos no Evangelho, a justiça de
Deus é revelada por meio da fé pela fé; como está escrito: “O justo viverá pela
fé”. (Romanos l: 17)

Esta citação é de Habacuque; é o verso que queimou no coração de Martinho


Lutero.Esse é o tema de Paulo - a justiça de Deus que se revela no Evangelho.

Para estabelecer a necessidade disso, Paulo olha para o mundo ao seu redor.
Nos versículos seguintes, até o capítulo 2 e meados do capítulo 3, ele analisa a
humanidade.

Trata-sede um verso tão importante que chamo sua atenção especial para ele
(versículo 18):“A ira de Deus se revela do céu contra toda a impiedade e
perversidade dos homens, que pela injustiça aprisionam a verdade” (Romanos
1:18).

16
Isso diz muito. Ele diz, por exemplo, que o problema de todo ser humano é
que eles têm a verdade, mas não a enxergam; em vez disso, eles as eliminam.

É por isso que as pessoas se mantêm tão ocupadas na corrida da vida, nunca
quererem ficar sozinhas, sempre tentam se manterem ocupadas em um
turbilhão constante.

Devido a essa pressão, Deus constantemente lança sua ira sobre a


humanidade.

Três vezes neste capítulo a ira de Deus é indicada na frase repetida. "Deus os
entregou", o que resulta nessa condição (versos 29­31): “Eles estavam cheios de
toda sorte de injustiça, malícia, cobiça, maldade.Cheios de inveja, homicídio,
contenda, engano, malignidade, fofocas, caluniadores, inimigos de Deus,
insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos
pais, insensatos, desleais, sem coração, implacáveis”. (Romanos 1: 29­31)

Essa é a condição das pessoas rebeldes, que vivem como querem e fazem o
que gostam. O resultado é uma decadência moral e uma perversão das
unidades naturais da vida. Mesmo as pulsões sexuais tornam-se pervertidas. É
exatamente o que está ocorrendo na sociedade de hoje, uma rebeldia
desvairada, embora não na sociedade como um todo.

No capítulo 2 o apóstolo se volta para as "pessoas boas", ou que pelo menos


pensam que são. Paulo diz-lhes: "Espere um minuto!" ” Você não tem desculpa,
quem quer que seja, quando julga o outro; pois está fazendo as mesmas
coisas”. (Romanos 2:1)

Então, de uma forma mais clara, ele mostra como isso é verdade e explica o
que essas pessoas que estão dizendo: "Ora, nós não fazemos essas coisas”. Na
verdade, estão. Eles vivem coisas tais como a malícia, contenda, falsidade,
maldade, fofocas, calúnias, e assim por diante. Também são "inventores do
mal"; são "tolos, sem fé, sem coração, e cruéis". Por fora, mostram-se bons,
mas por dentro, seu coração está cheio de maldade, inveja, ciúme e discórdia
entre eles.

Em seguida, o judeu chega e diz: "E eu? Afinal, eu sou judeu e tenho certas
vantagens diante de Deus”. Paulo examina tal afirmação e mostra que o judeu
é exatamente igual aos outros, estão todos no mesmo barco. Apesar das
vantagens, ele é cheio de soberba e hostilidade como os outros. Então a
conclusão de Paulo é que a humanidade, sem exceção, necessita de um
Redentor.

Agora, prepara o caminho para o evangelho. Quando o homem vê isso, a


conclusão é encontrada nesta passagem bem conhecida (capítulo 3, versículos
19­20): “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz que fala àqueles que estão
debaixo da lei, de modo que toda a boca esteja fechada e todo o mundo pode
ser responsabilizado perante Deus. Visto que nenhum ser humano será

17
justificado diante dele por obras da lei, uma vez que pela lei vem o pleno
conhecimento do pecado”. (Romanos 3: 19­20)

E então, no versículo 23: “... Já que todos pecaram e estão destituídos da glória
de Deus”. (Romanos 3:23)

Este mesmo texto, na tradução de J.B. Phillips: “Todo aquele que pecar
automaticamente se afasta do plano da salvação divina." (Romanos 3: 23b J.B.
Philips). Assim estabelece a base para a redenção.

Há três fases de redenção, como Paulo descreve para nós. Veja:

 Justificação
 Santificação
 Glorificação

O capítulo 4 ilustra o significado de justificação. Paulo começa esse tema na


parte final do capítulo três.

Deus nos dá uma posição de justiça diante dele com base na obra de Cristo.
Alguém morreu por nós. Alguém atendeu nossa necessidade. Nós nunca
poderíamos fazê-lo por nós mesmos, pois somos totalmente incapazes de
agradar a Deus, além disso, a mudança ocorre no coração.

Não faz diferença se vamos construir uma vida moral respeitável ou depravada.
Ambas carregam culpas; nenhuma é aceita, nem melhor do que a outra.
Portanto, a única maneira de justiça que pode vir até nós é aceitar o dom de
Deus em Jesus Cristo. Essa é a justificação.

Tudo tem a ver com o espírito do homem. Cada um de nós é um ser que
possui espírito, alma e corpo. É o programa de Deus para salvar o homem por
inteiro, e nos próximos capítulos Paulo nos diz como Deus faz isso.

A JUSTIÇA IMPUTADA

Começa com o espírito, a parte mais profunda do homem. O que Deus faz no
espírito é implantar o seu Espírito Santo lá. Isso nos dá a justiça, uma posição
justa diante de Deus. A justificação é, portanto, uma coisa imutável e
permanente. É muito mais do que o perdão do pecado, ainda que inclua isso; é
uma posição diante de Deus como se nunca tivéssemos pecado. É a justiça de
Cristo imputada a nós, incluída na nossa conta. Quando isso acontece, estamos
libertos da penalidade do pecado.

Paulo ilustra isso no capítulo 4 com Abraão e Davi, que se justificam com base
nisso, e não na circuncisão ou na obediência à lei ou qualquer uma das coisas
que os homens fazem para agradar a Deus. Nenhuma tentativa de obedecer a

18
um padrão inatingível seria adequada aos olhos de Deus. Dá-se simplesmente
pela fé.

Abraão aceitou a vinda de Cristo, creu em Deus e ele foi justificado pela fé.
Davi, embora culpado dos pecados de adultério e assassinato, creu em Deus e
foi justificado. Assim, esses homens são exemplos do Antigo Testamento de
como Deus justifica.

Começando no capítulo 5, Paulo apresenta para nós a maneira como Deus


trabalha para que entreguemos tudo a Ele: nossa mente, emoções e desejos.

Por sermos nascidos de Adão, estamos sob o domínio do pecado. A carne (se
você quiser usar o termo bíblico para ela) nos governa. A vida de Adão nos
possui, com todas as suas características. Mesmo que o nosso espírito tenha
sido justificado, é bem possível que continuemos com a psique ainda sob a
servidão e o reino do pecado. Assim, embora o nosso destino esteja em Cristo,
a nossa vivência ainda está sob o controle do mal. Essa é a causa de uma vida
infeliz repletade altos e baixos.

Qual é o programa de Deus para isso? Para resumir em uma palavra:


santificação.

Deus, em toda eternidade, tinha a única intenção de que em Jesus Cristo toda
vida humana seria tratada, dando-nos Nele um novo destino para que
pudéssemos nos livrar do domínio e da penalidade do pecado.

VITÓRIA EM CRISTO

No capítulo 5, Paulo descreve o programa inteiro para nós e aborda essas duas
divisões bastante básicas da humanidade: o homem em Adão e o homem em
Cristo, coloca-os lado a lado e diz: "Olha, quando você era um homem em
Adão (ou seja, antes de se tornar um cristão) você agiu com base na vida
herdada de Adão”. Você fez coisas naturalmente, e o que você fez
naturalmente estava errado, era egocêntrico. Você não teve que planejar ou
programar.

Não, você simplesmente expressa a vida que estava em você, a vida de Adão”.

Mas, agora em Cristo, Ele abomina a vida em Adão. Você não está mais unido
a Adão, o caído. Se você se uniu a Cristo ressuscitado, sua vida está agora
ligada a d’Ele.

O que você experimentou de derrota, miséria, sofrimento, escravidão e


cegueira em Adão foi ultrapassado. Agora você vai experimentar vitória, glória,
bênção, paz e alegria em Cristo. Quando você aprender o processo, descobrirá
que é tão fácil ser bom em Cristo, e como era ser ruim em Adão.

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Cristo está agora reinando sobre você para a vida. Agora, nesta vida, você
pode experimentar a vitória em Cristo, quando antes você experimentava a
derrota em Adão.

LIBERTOS DO VELHO ADÃO

O capítulo 6 começa nos mostrando como Paulo declara que Jesus não só
morreu por nós, mas também morremos com ele. Essa é uma grande verdade.
Quando Deus diz que nos liberta da vida de Adão e nós liga à vida de Cristo,
ele realmente fez isso. Embora por muito tempo nossos sentimentos vão nos
dizer outra coisa, Deus quer nos fazer entender isso.

O sétimo capítulo aborda o fato de que existem dois níveis de experiências


nesta matéria. Há ainda uma luta em nosso interior.

Então descobrimos que algo estranho está acontecendo: apesar do fato de que
aprendemos a vencer os coisas ruins que praticamos, ainda estamos em
cativeiro. Nós ainda não temos o poder que buscamos em nossa experiência
cristã.

Neste capítulo, Paulo fala de um conflito interno em que ele luta com ele
mesmo. O que está errado? O que nós ainda não aprendemos é que não existe
algo para chamar de um “lado bom” da carne, que na verdade é tão ruim
quanto o “lado ruim". Nosso esforço para tentar fazer algo para Deus, ou para
ganhar algum tipo de sabor ou prazer, ou para evoluir por meio das coisas que
fazemos para Deus ­ é tudo tão ruim quanto as “coisas ruins”.

Quando finalmente aprendermos que não há nada que possamos fazer por
Deus, mas que ele pretende fazer tudo por nosso intermédio, então entramos
em libertação. É quando começamos a perceber plenamente a experiência da
mente, emoção e vontade sob o controle de Jesus Cristo e o cumprimento no
glorioso, poder triunfante em tudo. É o que Ele tem em mente para nós. Essa é
a santificação da alma.

O NÚCLEO DA FÉ

Mas, então o que acontece com o corpo? É o que aborda o capítulo 8. Aqui,
Paulo nos mostra que enquanto ainda estamos nesta vida, o corpo permanece
não resgatado, mas o fato de que o espírito pode ser justificado e a alma
santificada é uma garantia de que Deus um dia vai redimir (glorificar) o corpo
também. Quando finalmente estivermos na presença de Cristo, vamos ficar -
corpo, alma e espírito – perfeitos diante dele. Essa linha de pensamento
irrompe num grande e enorme hino de louvor ao final deste capítulo.

20
Nos capítulos 9 a 11 são respondidas algumas das questões inevitavelmente
levantadas por qualquer mente pensante que prossegue com o grande plano
da redenção.

SOBERANIA DIVINA

Em primeiro lugar, há a questão da soberania de Deus, que é magnificamente


tratada no capítulo 9. Deus é um ser soberano, e sua soberania responde à
pergunta de por que eu sou parte do corpo de Cristo, e não outra pessoa.

Toda a questão da eleição e escolha de Deus nos ajuda a ver o problema como
ele realmente é. Tendemos a pensar em nós mesmos como uma condição
neutra diante de Deus, e, dependendo de como vivemos ou agimos, ou das
escolhas que fazemos, poderemos pender para o lado perdido ou sermos
salvos. Mas este não é o caso.

Neste capítulo, Paulo mostra-nos que toda a raça já estava perdida em Adão.
Nós nascemos em uma raça perdida, perdemos o direito de sermos salvos em
Adão quando ele pecou, e não temos direitos diante de Deus. Portanto, é
somente a graça de Deus que salva.

RESPONSABILIDADE E LIBERDADE

No capítulo 10, ele relaciona a soberania de Deus com a responsabilidade


moral e a liberdade do homem, e nos mostra que a salvação é uma escolha de
fé.

Como fazer isso? A palavra já está na sua boca: Jesus é o Senhor; creia em seu
coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, e você será salvo.

No capítulo onze ele nos mostra que o mesmo Deus que separou Israel por
um tempo, a fim de que a graça pudesse fazer o seu trabalho entre os gentios,
Deus coloca de lado a natureza decaída, o que somos por natureza humana,
de modo que possamos saber o que Deus fará por nós e em nós por graça.

Quando admitimos livremente, na prática, que sem Cristo nada podemos fazer,
então aprendemos que podemos fazer todas as coisas naquele que nos
fortalece (Filipenses 4:13).

A fé é o processo. Não importa quanto tempo vivemos como

cristãos, nunca nos tornaremos melhores, nem mais capazes de servir a Cristo,
sem a dependência Dele. Apenas Cristo operando em nós realiza a vontade do
Pai.

O orgulho é a nossa maior tentação e nosso mais cruel inimigo. Nossa carne
vai servir a Deus por sua graça no dia em que a criação for libertada da

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escravidão do pecado, e os filhos de Deus se apresentarem com corpos
ressuscitados. Isso nos leva à doxologia no final do capítulo 11, versículo 33: “Ó
profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus!
Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos!”
(Romanos 11:33).

TRANSFORMAÇÃO

A seção final, capítulos 12 a 16, cobre a aplicação prática dessas verdades na


vida. Chamo a atenção para uma ou duas coisas apenas: primeiro, no capítulo
12, versículo 1:“Rogo­vos, pois, irmãos, pelas

misericórdias de Deus, para apresentar os vossos corpos como sacrifício vivo,


santo e agradável a Deus, que é o vosso culto espiritual [ou serviço razoável]”
.(Romanos 12:1)

Em outras palavras, a coisa mais inteligente, razoável, proposital que você pode
fazer com a sua vida, tendo em vista todos esses grandes fatos declarados por
Paulo, é dar-se a Deus e viver para ele. Nada mais pode satisfazê-lo em
qualquer grau. Portanto, dar-se a Ele é a coisa sensata a fazer.

Quando fizer isso, você vai conhecer mudanças em todos os seus


relacionamentos.

Em primeiro lugar, ele é alterado no que diz respeito a seus irmãos. Apresentar
o seu corpo vai afetar sua vida na igreja.

Em seguida, na última parte do capítulo 12 e no capítulo 13, ele diz que vai
afetar o seu relacionamento com os poderes que governam, para a
humanidade em geral, e para toda a sociedade. Até mesmo suas atitudes
interiores serão diferentes. Suas atitudes com os fracos serão diferentes. Sua
atitude comos perdidos (Capítulo15) será Totalmente diferente. Isso é
Transformação.

As Palavras Finais de Paulo são maravilhosas (Capítulo 16, versículos 25-27):


“Ora, Aquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e
a pregação de Jesus Cristo, conforme a Revelação do mistério guardado em
silêncio desde tempos eternos, e que agora se tornou revelado por meio dos
escritos proféticos, dado a conhecer a todas as Nações de acordo com o
mandamento do Deus eterno, trazer à obediência da fé - ao Único Deus, seja
dada a Glória eternamente através de Jesus Cristo pelos séculos dos séculos.
Amém”. (Romanos 16: 25­27)

Indicação de Leitura

Chegou a hora da nossa leitura para esta aula: “A Epístola aos Romanos”.

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Bom Pessoal, vimos que a Carta aos Romanos influenciou Martinho Lutero,
marcou a vida de John Wesley e queimou o coração de Karl Barth tamanho seu
impacto na vida desses grandes personagens.

Agora vamos em frente porque ainda não acabou! Sigamos para I e II Coríntios
e para iniciar nosso estudo, vamos ao áudio, ok!

Coríntios

O apóstolo sabia que a igreja de Corinto falhava em compreender as


verdadeiras funções dos ministros de Jesus Cristo, e foi para corrigir essa
dificuldade que essas duas cartas (I e II Coríntios) foram escritas.

Depois de estabelecer a Igreja em Corinto e ali trabalhar por quase dois anos,
Paulo foi para a cidade de Éfeso no continente asiático. De lá, ele escreveu sua
primeira carta aos Coríntios. Seu objetivo era corrigir algumas das divisões que
surgiram na Igreja em Corinto, bem como alguns dos escândalos,
irregularidades e imoralidades que foram se infiltrando na igreja.

A primeira epístola de Paulo aos Coríntios é uma carta muito importante para
nós, porque capta os problemas que enfrentamos hoje.Quando a carta foi
escrita, o ambiente era tal que a imoralidade sexual era amplamente aceita
como forma normal de vida dentro da cidade.

Corinto era uma cidade grega localizada na península do Peloponeso. Era


bonita e encantadora, com palmeiras e belos edifícios, centro de
entretenimento que oferecia duas coisas - a busca do prazer (em grande parte
carnal), e da sabedoria. Seus habitantes amavam filosofar, e receberam o que
Paulo chama de "a sabedoria das palavras”.

A cidade era herdeira dos grandes pensadores da Idade de Ouro da Grécia -


Sócrates, Platão e Aristóteles. Todos tiveram seus seguidores dentro da cidade
de Corinto. Eram pessoas dedicadas ao amor à sabedoria.

Assim, as duas grandes forças ativas na cidade, criando a atmosfera em que a


Igreja de Corinto tinha que viver, eram estas: intelectualismo e sensualismo.

A cidade cultuava a deusa do sexo. Ali, havia um templo dedicado à deusa


grega do amor, Afrodite, e parte do culto da deusa grega consistia em realizar
certas cerimônias religiosas que envolviam relações sexuais; portanto, as
sacerdotisas desse templo realmente eram prostitutas, e havia cerca de dez mil
delas no templo.

O apóstolo Paulo chega à cidade.

Você se lembra da história do livro de Atos? Eles cruzaram Tessalônica e foram


expulsos daquela cidade por uma revolta dos judeus contra eles, ficaram

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brevemente na pequena cidade de Berea, e, em seguida, desceram para
Atenas.

Em Atenas, enquanto caminhava sozinho na cidade, ele notou que havia


muitos templos e decidiu pregar aos atenienses no Areópago. Quando ele
deixou Atenas, finalmente, veio a Corinto. Lá permaneceu por cerca de um ano
e meio a dois anos, anunciando o evangelho e fazendo tendas para viver.

PRISCILA E ÁQUILA

Paulo encontrou um casal que tinha vindo de Roma, chamado Áquila e Priscila,
que também eram fabricantes de tendas, e ficou com eles e levou-os a Cristo.
Ele formou uma Igreja em sua casa e promoveu gradualmente a propagação
do Evangelho por toda a cidade. Ao ouvi-lo, muitos coríntios creram, foram
batizados e tornaram-se membros dessa igreja.

No entanto, era uma igreja em apuros; a mais problemática no Novo


Testamento.

Mas algumas coisas corriam bem.

Primeiro, ele os chama de "santos": “Para a Igreja de Deus que está em Corinto,
aos santificados em Cristo Jesus, chamados a ser santos...” (1 Coríntios 1: 2)

Em seguida, o apóstolo começa a falar sobre os grandes temas

da nossa fé cristã. Ele menciona o fato de que receberam a Cristo pela fé; e
pela graça iniciaram uma nova vida e Nele tinham enriquecido.

A carta tem duas grandes divisões: uma seção lidando com o que poderíamos
chamar de "carnalidades", do capítulo 1 a 11, e uma seção do capítulo 12 a 16
que lida com "espiritualidades".

Na primeira seção, há três grandes áreas.

 O problema de divisões;
 O problema dos escândalos na Igreja;
 Assuntos vários.

O primeiro problema, a questão das divisões, foi causado pelo fato de que o
espírito da cidade havia se embrenhado na Igreja.

O trabalho da Igreja era corrigir o espírito da época. Quando uma Igreja


começa a refletir o espírito da época em que ela vive, imediatamente perde o
seu poder, e é o que tinha acontecido com a Igreja em Corinto.

24
Eles permitiam que essas divisões e suas filosofias entrassem na igreja, tinham
escolhido certos líderes religiosos com os quais faziam facções, dizendo que
fulano é melhor do que fulano de tal, e que as ideias deste eram melhores do
que daquele. Alguns seguiam Pedro, outros Apolo, outros Paulo. E então
houve um grupo pequeno, restrito, que se diziam os mais puros de todos.
Diziam que seguiam Cristo, e somente Cristo, e esses são os piores instigadores
de todos.

Agora, Paulo mostra que a sabedoria dos homens não tem nenhum proveito.

O apóstolo diz que é impossível chegar a uma solução para as nossas


necessidades neste nível porque falta algo vital: a presença do Espírito no
interior do ser humano, e sem isso, ele nunca será capaz de resolver todos os
enigmas da vida.

Paulo vai confrontar estes cismas, facções e divisões com a palavra da cruz - a
palavra que apresenta a cruz do Cristo como o instrumento pelo qual Deus
corta toda a sabedoria humana, não porque seja inútil em seu próprio e
restrito reino, mas inútil para resolver nossos principais problemas.

Quando entendemos isso, percebemos que nunca vamos aprender até que
primeiro aprendamos que nada sabemos.

E Paulo diz: "Eu não vou perder tempo em tudo discutindo qualquer outra
sabedoria dos homens: eles têm o seu lugar, mas quando se trata de resolver
os profundos problemas de natureza humana, só há uma sabedoria que pode
tocá-lo, e essa é a palavra da cruz".

A palavra da cruz deve entrar e cortar a carne.

Um dia haverá o Tribunal de Cristo, e então veremos se aquilo que vivemos na


carne é madeira, feno ou palha. Ou pode ser ouro, prata e pedras preciosas.

A seguir, Paulo se volta para a questão dos escândalos que ocorriam nesta
Igreja.

Eram os efeitos das divisões: casos de imoralidade sexual considerados


abertamente com aceitação e tolerância.

QUESTÕES A RESOLVER NA IGREJA

Os capítulos 5 e 6 lidam com a questão da imoralidade e aponta para o


reconhecimento de que nossos corpos são o templo do Espírito Santo. O
próprio Filho de Deus habita em nós.

Então, começando com o capítulo 7, Paulo se volta para as perguntas que eles
tinham feito - Agora, a respeito das coisas que me escrevestes. (I Coríntios 7:1)

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Primeiro, houve uma pergunta sobre o casamento; embora o próprio Paulo
não fosse casado, no entanto, ele lhes disse nesta seção que é bom para os
homens e mulheres se casarem, que o casamento é uma maneira
perfeitamente adequada de vida, e por causa do perigo da prostituição, cada
um deve ter a sua própria mulher, e cada mulher seu próprio marido.

Em seguida, eles escreveram para ele questionando três coisas que os estavam
incomodando na Igreja de Corinto.

Primeiro, eles estavam preocupados caso ofendessem a Deus; segundo, caso


ofendessem a consciência do irmão mais fraco; e terceiro na questão de comer
carne que foi oferecida aos ídolos.

Paulo sabe que os cristãos devem aprender a lidar com o que ele chama de "a
lei da liberdade." O fato é que todas as coisas estão certas; nada

há de errado nisso. E nenhuma vontade, desejo ou tendência é errada em si -


temos liberdade nessas questões. Mas ele relaciona duas outras leis a essa,
uma que ele chama de "lei do amor"; que diz: "Eu posso ser livre para fazê-lo,
mas se eu realmente estou colocando uma pedra no caminho de outra pessoa,
eu não vou fazê-lo". Não é imposta uma limitação pela minha consciência, mas
pela consciência sobre o outro.

A outra é a "lei da conveniência"; isto é, tudo que é legal, é lícito, mas nem
tudo é útil.

Há um monte de coisas que eu poderia fazer e muitas direções que eu poderia


tomar como cristão, mas se eu gastar todo o tempo fazendo todas as coisas
que somos livres para fazer, eu já não teria tempo para fazer as coisas que eu
sou chamado a fazer e, portanto, nem sempre seria útil.

SOBRE AS MULHERES

Eles escreveram também sobre as mulheres. As mulheres eram um problema


na Igreja de Corinto. Se uma mulher fosse vista com a cabeça descoberta, era
imediatamente identificada como prostituta, uma sacerdotisa do templo, pois
consta que as prostitutas raspavam a cabeça. Por isso, Paulo escreve para as
mulheres de Corinto: “Senhoras, quando vocês virem à igreja, coloquem um
véu. É um sinal de que você é uma mulher cristã”. As mulheres cristãs devem
ser submissas a seus maridos - como se pode ver nas Escrituras - em todos os
sentidos, como uma indicação e um sinal de que a Igreja está em sujeição ao
seu Senhor.

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A QUESTÃO DA CEIA DO SENHOR

O terceiro problema em questão é a mesa do Senhor. Havia certas pessoas que


ceavam de uma maneira mecânica, superficial, sem qualquer significado ou
ideia do que estavam fazendo.

ESPIRITUALIDADE E DONS ESPIRITUAIS

Do capítulo 12 até o final, a ênfase é a espiritualidade cristã; uma correção da


vida carnal. Ninguém corrigiria nada apenas tentando se endireitar. Como
você vai se corrigir?

Bem, primeiro, reconhecendo o ministério do Espírito Santo em sua vida. por


isso que o capítulo 12 começa com essas mesmas palavras.

Nesse capítulo, ele passa a explicar que a presença do Espírito Santo torna
Cristo real para nós. Ele anuncia os dons do Espírito Santo como competências
de ação na Igreja, de maneira a afetar a sociedade em todos os aspectos.

O fato é que cada cristão tem um dom - pelo menos um - e há diferentes


dons. Ninguém sozinho tem todos os dons.

Deus nos concedeu diferentes dons, e nossa função é colocá-los em prática;


mostrando-nos que não devemos desprezar um ao outro por causa de uma
tarefa diferente. "O olho não pode dizer à mão, 'Não tenho necessidade de
vós’ (1 Coríntios 12: 21), nem devemos negligenciar o dom que nos foi dado;
tudo é necessário - nem mesmo a cabeça pode corretamente operar sem o
pé”.

Pense nisso: a cabeça é o próprio Cristo, e somos todos membros, e assim,


como o corpo de Cristo, cada um tem a sua função - tanto na igreja quanto no
mundo – por meio do exercício de dons espirituais no poder do Espírito Santo.

O CAMINHO DA EXCELÊNCIA

E a prova de que aprendemos o segredo é estabelecido no capítulo 13. Você


sabe qual é esse segredo? O amor; a manifestação do amor.

Trata-se de um capítulo maravilhoso que nos apresenta o valor, a figura e o


poder do amor.

No capítulo 14 Paulo se ocupa com outro problema que causava confusão na


Igreja - o desvio de um dos dons, o dom das línguas, bem como a ocorrência
de línguas falsas.

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A GLORIOSA RESSURREIÇÃO

No capítulo 15, há uma ênfase na ressurreição.

A ressurreição é o grande pivô do conjunto da fé cristã - tudo se volta a ela. Se


Jesus Cristo não foi ressuscitado dentre os mortos, então, como diz o apóstolo
neste capítulo, a esperança é perdida. Mas não só isso, somos os mais dignos
de pena dentre todas as pessoas - somos loucos e tolos se Cristo não
ressuscitou dentre os mortos.

Finalmente, a carta termina triunfante neste versículo: “Portanto, meus amados


irmãos, sede firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor,
sabendo que, no Senhor vosso trabalho não é em vão”. (1 Coríntios 15:58)

O capítulo 16 é um pós-escrito em que ele aborda importantes detalhes que a


Igreja precisava saber, mas, em seguida, ele retoma o tema: “Sedes vigilantes
permaneçam firmes na fé, sedes corajosos e fortes, que tudo seja feito no
amor.” (I Coríntios 16: 13­14)

CORÍNTIOS: viver no espírito interior

A segunda carta de Paulo à Igreja de Corinto é a mais pessoal e emocional de


todas as suas cartas; um relato que pulsa na glória e na graça de Deus.

Nela, Paulo mostra a credencial de seu ministério: “na paciência, nas

aflições, nas privações, nas angústias, nos açoites, nas prisões, nos tumultos,
nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, na pureza, no saber, na longanimidade,
na bondade, no Espírito Santo, no amor não fingido, na palavra da verdade, no
poder de Deus, pelas armas da justiça, quer ofensivas, quer defensivas, por
honra e por desonra, por infâmia e por boa fama, enganados ou sendo
verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se
estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porem
não mortos; entristecidos, mas sempre alegres; pobres, mas enriquecendo a
muitos; nada tendo, mas possuindo tudo.” (II Coríntios 6: 4-10)

No meio das ruínas da cidade, era fácil de entender essas palavras. O apóstolo
era considerado a escória da terra pela inteligência de Corinto, com o seu amor
pela filosofia e a sabedoria de palavras dos homens.

Você não pode compreender esta segunda carta de Paulo à igreja de Corinto,
sem alguma compreensão de seu transfundo.

RESISTÊNCIA E SUBMISSÃO

Com o tempo surgiu oposição ao seu ensino. Eles eram liderados por um
professor antipaulino que possivelmente haviam descido de Jerusalém.

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No capítulo 1, versículo 8, ele diz, “Por que não queremos que ignoreis a
natureza da tribulação que nos sobreveio na Ásia, porquanto foi acima de
nossas forças a ponto de desesperarmos da própria vida. (II Coríntios 1: 8)

Então ele diz-lhes como ansioso e preocupado ele estava com eles (capítulo 2
versículo 4): Pois eu lhes escrevi em muita tribulação e angústia de coração e
com muitas lágrimas, não para causar-lhe dor, mas para que saibas o amor
abundante que eu tenho por vocês. (II Coríntios 2: 4)

A partir da cidade de Filipos, Paulo escreveu a segunda carta aos Coríntios, que
expressa tanto da ansiedade e agitação do coração que ele experimentou
quanto das lutas externas.

Com esse pano de fundo é possível entender algo da paixão do apóstolo e do


porque ele escreveu.

GRANDES TEMAS PAULINOS

A partir do problema, lágrimas e sofrimento que se reflete nesta carta, vêm os


três grandes temas que ela encarna:

 O ministério dentro da igreja – graça.


 Doação e serviço, ou o ministério pela igreja - ação.
 E o assunto de autoridade, isto é, onde o poder e autoridade espiritual
realmente residem – encargo.

Nestes capítulos de abertura temos uma grande declaração de que o


ministério deveria ser. Como Paulo afirma no capítulo três, por exemplo, não é
o ministério da antiga aliança, mas da nova. Em outras palavras, a mensagem
não é a demanda da lei sobre as pessoas para obrigá-los a seguir certas regras
e regulamentos.

Como Paulo diz "A letra mata", diz ele, "mas o Espírito vivifica", (II Coríntios 3:
6b).

Ele continua em seguida, para estabelecer o maravilhoso ministério da nova


aliança. Este é o novo arranjo para a vida, não a velha e firme determinação de
cerrar os punhos e os dentes e tentar fazer o que Deus quer que você faça.

Saber e ter a percepção de que ele forneceu para você o Santo Espírito para
ministrar-lhe a vida de um Senhor ressuscitado, em cuja força e graça devemos
viver.

Nele e somente Nele você pode fazer tudo o que a vida pede de você. Esse é o
novo arranjo para a vida – a nova aliança em Jesus Cristo.

QUAIS SERIAM OS RECURSOS DE UM CRISTÃO?

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Nesta seção, portanto, ele expõe os recursos de um cristão:

Primeiro, a Palavra de Deus.

...recusamo-nos a praticar astúcia, nem adulterando a palavra de Deus. (II


Coríntios 4: 1-2)

... Mas pela manifestação da verdade nós nos recomendamos à consciência de


todo homem, na presença de Deus. (II Coríntios 4: 2)

Esse é o primeiro recurso do ministério - a verdade e a luz da Palavra de Deus.

Segundo, o Espírito Santo.

Há um tesouro em nós: a habitação misteriosa do Espírito de Deus. Você vê


isso no capítulo 4, versículo 7: “Mas temos este tesouro em vasos de barro,
para mostrar que o poder transcendente pertence a Deus e não a nós”. (II

Coríntios 4:7)

Não é por causa das nossas personalidades, nem porque somos tão
inteligentes e espertos. Nós temos este tesouro em um vaso de barro, a fim de
mostrar que o poder não é nosso, mas que pertence a Deus.

O segredo da libertação desse tipo de energia radiante é o princípio da Cruz.


Você encontrará estabelecido no capítulo 4, versículo 10: “... Trazendo sempre
no corpo a morte de Jesus, para que a vida de Jesus também se manifeste em
nossos corpos”. (II Coríntios 4:10)

Isso significa aceitar o julgamento de Deus sobre a carne - sobre a vida natural.
Paulo diz: "Eu estou trazendo sempre comigo a sentença do juízo sobre a vida
natural, a fim de que a vida de Jesus, com todas as suas gloriosas
possibilidades, possa se manifestar em mim." Além disso, "ao mesmo tempo
em que vivemos, estamos sempre entregues à morte por amor de Jesus", ou
seja, estamos sempre sendo postos às dificuldades, pressão e problemas.

Então, afirma a grande esperança do crente: "não olhar para as coisas que são
vistas, mas as coisas que se não veem" (II Coríntios 4: 18).

Nós sabemos que temos um corpo que não pode ser destruído "uma casa não
feita por mãos, eterna, nos céus" (II Coríntios 5:1).

Deus tem um grande futuro para nós. A vida que agora vivemos é a
preparação para a vida que está por vir.

Portanto, como ele diz: ...Esta ligeira e momentânea tribulação produz para nós
um peso eterno de glória além de toda comparação (II Coríntios 4: 17).

Cristo morreu por todos, para que, os que agora vivem, não vivam mais para si
mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.

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Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criatura; o antigo passou, eis que
tudo se fez novo.

Tudo isto vem de Deus, que por meio de Cristo nos reconciliou consigo
mesmo e nos deu o ministério da reconciliação; isto é, Deus estava em Cristo
reconciliando o mundo consigo, não lhes imputando os seus pecados, e
colocando em nós a palavra da reconciliação. Então, somos embaixadores de
Cristo, Deus fazendo o seu apelo por nosso intermédio. “Em nome de Cristo,
pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus”. (II Coríntios 5: 16­21)

Paulo diz que Deus nos confiou a palavra da reconciliação de "sorte que somos
embaixadores da parte de Cristo, Deus fazendo o seu apelo por nosso
intermédio".

A RIQUEZA DE CRISTO

Nos capítulos oito e nove, temos a declaração de Paulo nas ministrações da


igreja.

O grande discurso sobre a doação foi ocasionado pela coleta que Paulo estava
levando para o alívio dos santos atingidos pela fome em Jerusalém.

Nesta parte da carta vamos descobrir este incrível texto: “Para conhecer a
graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, por amor de vós se fez
pobre, para que pela sua pobreza vos tornasse ricos”. (II Coríntios 8: 9)

Esse é o processo inverso, através da qual o cristianismo opera - como pobres,


e ainda enriquecendo a muitos. Mesmo em sua pobreza Paulo diz: os cristãos
macedônios deram liberalmente, além de si mesmos e, portanto, Deus
derramou enriquecimento em generosidade de volta para suas vidas. Esta é a
essência da vida cristã, e é a base dos grandes princípios da doação cristã.

Ainda lemos na mesma direção:

“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou


por necessidade; por que Deus ama a quem dá com alegria”. (2 Coríntios 9:7)

MUDANÇA DE TOM

Agora nos capítulos 10, 11 e 12 temos uma inteira mudança de tom. Aqui, Paulo
começa a falar com essa minoria rebelde de cristãos de Corinto que ainda
estava recusando a autoridade do ministério de Paulo. E então vem o capítulo
11:

“São eles Hebreus, também eu. São israelitas? também eu. Eles são
descendentes de Abraão? também eu. Eles são servos de Cristo? Eu ainda mais.

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Em trabalhos, em prisões, em açoites, sem medida; em perigos de morte,
muitas vezes”. (II Coríntios 11: 22­23)

Em seguida, ele dá esta lista tremendamente impressionante de provas de sua


vida de entrega:

“Cinco vezes que recebi nas mãos dos judeus os quarenta açoites menos um.
Três vezes fui açoitado com varas; uma vez fui apedrejado. Três vezes eu fui
náufrago; uma noite e um dia à deriva no mar; em viagens muitas vezes, em
perigos de rios, perigos de salteadores, perigos dos meus concidadãos, perigos
dos pagãos, perigos na cidade; perigos no deserto, perigos no mar, perigos
entre falsos irmãos; trabalhos e fadigas, repetidas vigílias, com fome e sede,
muitas vezes sem comida, frio e nudez”. (II Coríntios 11: 24­27)

No capítulo 11, versículo 31: “O Deus e Pai do Senhor Jesus, aquele que é
eternamente bendito, sabe que não minto. Em Damasco, o que governava
preposto do rei Aretas montou guarda na cidade dos damascenos, para me
prender, mas num grande cesto, me desceram por uma janela da muralha
abaixo, e assim me livrei das mãos deles”. (IICoríntios 11: 31­33)

Finalmente, lemos: “Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas
necessidades, nas perseguições, nas angustias, por amor de Cristo. Porque,
quando sou fraco, então, é que sou forte”. (II Coríntios 12: 10)

Assim, Paulo fecha a epístola, apontando cooperadores em seu ministério.

Vem até seus leitores - nós, e convoca-nos a um exame, veja:

“Examinai­vos a vós mesmos se realmente estais na fé; provai-vos a vós


mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós?” (II Coríntios 13: 5)
Esse é o segredo da vida cristã!

Indicação de Leitura

Façam a leitura indicada: “A correspondência Coríntia”(p.304­311).

Referências

THIELMAN, Fran. Teologia do Novo Testamento, uma abordagem canônica e


sintética, São Paulo: Shedd, 2007.

MERRILL, C. Tenney. O Novo Testamento, sua origem e Análise, São Paulo:


Shedd, 2008.

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Esperamos que este guia o tenha ajudado compreender a organização e o
funcionamento de seu curso. Outras questões importantes relacionadas ao curso
serão disponibilizadas pela coordenação.
Grande abraço e sucesso!

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