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Lipídeos

Capítulo 10 e 11 Capítulo 12
Lipídeos
Lipídeos (do grego lipos, gordura) incluem uma série de compostos de origem
biológica que se dissolvem em solventes apolares (hidrofóbicas) e exibem
variedade estrutural e funções diversificadas.

1. Lipídeos na forma de
membranas biológicas
são componentes
estruturais, assim
como proteínas.
2. Lipídeos com cadeias
de hidrocarbonetos
servem de reserva
energética.
3. Servem como
sinalizadores em
eventos intra e
intercelulares
Lipídeos
Ácidos graxos
Ácidos carboxílicos com grupos laterais de longas cadeias de hidrocarbonetos. Estão,
normalmente, esterificados.

Nas plantas e
animais superiores
predominam os
resíduos com C16 e
C18. Ácidos graxos
com número de
átomos de carbono
< 14 ou > 20 são
incomuns.
Lipídeos
Ácidos graxos
Ácidos graxos naturais têm cadeias não-ramificadas e número par de carbonos

Biossintetizados pela associação de unidades de C2 (acetil-CoA).


Lipídeos
Ácidos graxos

Gurr, M. I.; Harwood, J. L.; Frayn, K. N.; Lipid


Biochemistry, 5th Edition, Blackwell Science:
Great Britain, 2002.
Ácidos graxos
Nomenclatura
Lipídeos
Ceras – reserva de energia e impermeabilizantes
Lipídeos
Triacilgliceróis

Adipócito
Triacilgliceróis
Reserva de energia

As gorduras, por serem apolares, são


armazenadas na forma anidra, enquanto o
glicogênio, p.e., liga-se a água em quantidade
aproximadamente duas vezes o seu peso nas
condições fisiológicas.
Quando metabolizados a CO2 e H2O fornecem
cerca de seis vezes mais energia metabólica
do que o mesmo peso de glicogênio hidratado.
Assim, constituem formas de estocagem de
energia por longos períodos, enquanto que
carbohidratos liberam energia rapidamente.
Triacilgliceróis
Reserva de energia
Na maioria das células eucariotas,
triacilgliceróis formam gotículas
microscópicas de óleo no citoplasma
aquoso, servindo com depósito de
combustível metabólico.
Nos invertebrados, células de gordura
especializadas (adipócitos) são
responsáveis pela síntese e
armazenamento de triacilgliceróis.
Triacilgliceróis também são armazenados
como óleos nas sementes de muitos tipos
de plantas fornecendo energia e
precursores biossintéticos durante a
germinação das sementes.
Adipócitos e sementes em germinação
contêm lipases que catabolizam a hidrólise
de triacilgliceróis, liberando ácidos graxos Depósitos gordurosos nas células. (a) Secção de quatro
para serem transportados a sítios onde são adipócitos, mostrando enormes gotículas de gordura. (b) Seção
de uma célula cotiledônea de uma semente da planta
necessários como combustível. Arabidopsis. As estrutura grandes e escuras são corpos protéico
rodeados de óleo armazenado nos corpos oleosos claros.
Triacilgliceróis
Reserva de energia – Baleia cachalote
Nas baleias cachalotes, cerca de
90% do peso da cabeça refere-se ao
órgão do esparmacete, uma massa
esponjosa que contém ~18.000 Kg de
óleo de espermacete (mistura de
ácidos graxos, triacilgliceróis e ceras
insaturadas). Essa mistura é líquida
na temperatura normal de repouso do
Isolante térmico
corpo da baleia, 37°C, mas começa a
se cristalizar em torno de 31°C e se
torna sólida quando a temperatura
diminui de vários graus.
Permite ajustar a densidade de seus
corpos à do meio ambiente, quando
mergulham em águas frias e
profundas, o óleo cristaliza e se torna
mais denso. Durante o retorno à
superfície o óleo funde-se, diminuindo
a densidade para se ajustar à água da
superfície.
Baleia cachalote
Triacilgliceróis
Reserva de energia – Baleia cachalote

O óleo de spermaceti é
composto majoritariamente de
Estearato de cetila C15H31COO-
C16H33. Foi utilizado por muitos
anos para combustão e Ilha do Rei George –
geração de calor/energia. região subantártica
Lipídeos
Triacilgliceróis – fonte nos alimentos
As gorduras naturais, tais como óleos vegetais, laticíneos e gordura animal são,
na maioria, misturas complexas de triacilgliceróis simples e mistos.
Gorduras animais são compostos principalmente por ácidos graxos
saturados e apresentam elevados ponto de fusão, são sólidos à
temperatura ambiente (p.e. triestearina em bovinos).

Óleos vegetais apresentam elevado teor de ácidos graxos insaturados e


poliinsaturados (PUFAs) e são líquidos à temperatura ambiente.

Alimentos ricos em óleos e


gorduras podem se deteriorar
quando expostos ao oxigênio
do ar por longos períodos. O
gosto e sabor desagradáveis
associados à rancificação
resulta da clivagem oxidativa
das duplas ligações, que gera
aldeídos e ácidos de cadeias
menores e mais voláteis.
Os ácidos linoléico e linolênico são precursores dos demais ácidos graxos da família
ômega-6 e ômega-3, respectivamente, sendo conhecidos como essenciais pelo
fato do organismo humano não sintetizá-los, tornando-se indispensáveis a ingestão
de alimentos que os contenham em sua composição.

linoléico ômega-3 linolênico

ômega-6

O ômega-3 (ácido α-linolênico, ALA) pode ser convertido enzimaticamente pelo


organismo humano em dois ácidos de cadeia longa: EPA (eicosapentaenóico –
C20) e DHA (docosahexaenóico – C22), naturalmente abundantes na carne dos
peixes, principalmente aqueles de águas frias e profundas, com reconhecida
importância na funções neuronais, acuidade visual e prevenção de doenças
cardiovasculares.
Hidrogenação catalítica e isomerização cis-trans
Industrialmente, óleos vegetais são convertidos por hidrogenação catalítica em
gorduras sólidas, por redução parcial das ligações duplas, fornecendo gorduras
vegetais. A hidrogenação parcial isomeriza algumas ligações duplas cis para
duplas trans.

Gorduras “trans” são associadas com aumento de risco em indivíduos


portadores de doenças cardiovasculares.
Saponificação de Triacilgliceróis
Outras reações dos lipídeos
simples

Reações dos grupos


Ácidos graxos
carboxilas de ácidos
graxos

Reações das cadeias


alquenílicas de ácidos
graxos insaturados
Lipídeos
Constituintes de membrana
Glicerofosfolipídeos
Lipídeos éter

O PAF é liberado de leucócitos (basófilos). Estimula a agregação plaquetária e a


liberação de serotonina (vasoconstrictor). Exerce uma série de efeitos no fígado,
músculo liso, coração, tecidos uterinos e pulmonares. Tem papel importante na
inflamação e respostas alérgicas. Na reprodução, o PAF secretado pelo óvulo
fertilizado atua na implantação do óvulo na parede uterina.
Lipídeos
Esfigolipídeos
Lipídeos
Esfigolipídeos

Esfingolipídeos são derivados da


esfingosina (um amino álcool de
cadeia longa), um ácido graxo e
grupo terminal polar. Constituem a
segunda maior classe de
lipídeos de membranas.

Existem basicamente três classes


de esfingolipídeos, derivados da
ceramida:

► esfingomielinas,
► glicoesfingolipídeos
(cerebrosídeos e
globosídeos)
► gangliosídeos
(glicoesfingolipídeos
complexos)
Lipídeos
Esfigolipídeos

Esfingomielinas contêm fosfocolina ou fosfoetanolamina como grupos polares,


semelhantemente aos fosfolipídeos.
Glicoesfingolipídeos ocorrem principalmente na face externa da membrana
plasmática. Apresentam um ou mais açúcares ligados diretamente em C-1 da
ceramida e não contêm grupo fosfato. São também chamados de glicolipídeos
neutros (sem carga a pH 7).

Cerebrosídeos têm um único açúcar; aqueles com galactose são característicos


da membrana plasmática de células em tecidos neurais; e os com glicose
encontram-se na membrana de células não-neurais.

Globosídeos contêm
dois ou mais açúcares,
e.g., D-glicose, D-
galactose ou N-acetil-D-
galactosamina.
Desempenham funções
diversas. Os grupos
sanguíneos do sistema
ABO são determinados
por globosídeos.
Gangliosídios, esfingolipídeos mais complexos, têm oligossacarídeos nas cabeças
polares e um ou mais resíduos de ácido N-acetilneuramínico (ácido siálico) nas
unidades terminais, responsáveis pela carga negativa em pH 7, o que os distinguem
dos globosídeos.
Glicoesfingolipídeos
Grupos sanguíneos
Lipídeos éter
Encontrado em membranas de arqueias
Fosfolipídeos e esfingolipídeos
Degradação nos lisossomos
A maioria das células degrada e
repõe continuamente os lipídeos
de membrana. Os lipídeos polares
da membrana sofrem constante
renovação metabólica, sendo a
velocidade de sua síntese
contrabalanceada pela sua
degradação.

Fosfolipídeos e esfingolipídeos
são degradados no lisossomo e
para cada ligação hidrolisável
existe uma enzima hidrolítica.
Quando a degradação é
prejudicada por defeitos em uma
dessas enzimas, produtos de
degradação parcial acumulam
nos tecidos, causando doenças
graves.
Esfingolipídeos
Doenças por acúmulo de esfingolipídeos

Esfingolipídeos acumulam no
cérebro, baço e fígado.
Retardo mental. Levam à
morte.
Fosfolipases
Toxinas de serpentes
A secreção de cobras venenosas contém fosfolipases
que causam degradação de fosfolipídeos.
Os exemplares mostrados ao lado contêm fosfolipase
A2, que hidrolisa ácidos graxos na posição C-2 do
fosfolipídeo liberando lisolecitina.

Lisolectina

Dissolve membranas de
hemácias, causando sua
ruptura.
Fosfolipídeo
Lipídeos
Terpenos e terpenóides

Terpenos são compostos encontrados em óleos essenciais de plantas


formados a partir de unidades isoprênicas (C5) e esqueletos carbônicos de
10, 15, 20 ou 30 carbonos.
Terpenos
Regra do isopreno
Difosfato de isopentenila
Unidade de isopreno biológico
Terpenos
Biossíntese – Formação da ligação carbono-carbono
Terpenos
Biossíntese – Formação da ligação carbono-carbono

1.

2. 3.
Terpenos
Monoterpenos

Monoterpenos (C10) são


encontrados em quase
todas as plantas
superiores e são
reconhecidos pelo sabor e
odor. São os componentes
dos óleos voláteis
(essenciais) das plantas.
Sesquiterpenos Diterpenos
Sequiterperpenos
(C15) e diterpenos
(C20) são menos
amplamente
conhecidos.

Os diterpenos
incluem o retinal
(pigmento essencial
à visão), fitol
(constituinte da
clorofila) e
giberelinas
Triiterpenos (fitohormônios).

Os triterpenos (C30)
esqualeno e
lanosterol (graxa de
caprinos) são
precursores do
colesterol e outros
esteróides.
Tetraterpenos

Tetraterpenos (C40)
são menos comuns,
mas incluem os
carotenóides, uma
classe de pigmentos
fotossintéticos.

β-Caroteno é o
precursor da
vitamina A. O
licopeno, similar ao
caroteno, é um
pigmento encontrado
em tomates.
Carotenos são precursores biossintéticos da Vitamina A

Isolada inicialmente do óleo de fígado de peixe. Fígado, ovos e leite


integral são boas fontes de Vitamina A. β-Caroteno dos vegetais são
convertidos em Vitamina A. Sua deficiência leva a secura da pele, olhos e
membranas; retardo no crescimento; cegueira noturna, um sintoma
precoce, é usado no diagnóstico da sua deficiência.
Terpenos e Terpenóides
Derivados biologicamente ativos
Esqualeno é o precursor
direto do colesterol

Os esteróides são sintetizados


intracelularmente a partir de acetil-
CoA em uma série complexa de
reações e com a participação de
intermediários como mevalonato e
isoprenos ativados. A condensação de
unidades de isopreno produz o
esqualeno.

A oxidação do esqualeno leva ao 2,3-


epóxido de esqualeno, que sofre
notável sequência de fechamento de
anéis, acompanhada por migrações
combinadas de grupos metila e
hidreto para então ser convertido em
colesterol por uma sequência de
reações enzimáticas.
Lipídeos
Esteroides
Esteróides são lipídeos
estruturais e estão presentes
nas membranas da maioria
das células eucariotas.
Desempenham importantes
papéis como “reguladores
biológicos”.

O núcleo esteroidal
apresenta uma estrutura
tetracíclica característica
(cicloperidrofenantreno),
consistindo de quatro anéis
fundidos (três de seis
carbonos e um de cinco
carbonos), designados pelas
letras A, B, C e D.
Esteróides
Colesterol
É um álcool de 27 átomos de carbono presente em organismos animais, sendo
o esteróide de maior ocorrência e o precursor biossintético de todos os
demais compostos esteroidais.

Sintetizado pelo fígado e regulado por um sistema compensatório. O organismo


humano produz colesterol suficiente para suas necessidades. O colestrol
proveniente da dieta faz com o organismo produza menos colesterol.

Altos níveis de colesterol no sangue está relacionado com arterioesclerose


(inflamação e endurecimento de artérias) e ataques cardíacos.
Vitamina D
Biossíntese

O colecalciferol (vitamina D3) é produzido na pele pela radiação UV sobre o 7-


desidrocolesterol, que rompe a ligação que está em cor salmão. No ]gado, um grupo
hidroxila é adicionado ao C-25; no rim, uma segunda hidroxilação em C-1 produz o
hormônio a`vo, 1𝛼,25-di-hidroxivitamina D3. Este hormônio regula o metabolismo do Ca2+
no rim, no intes`no e nos ossos.
Esteróides
Análogos de colesterol em outros organismos
Membrana de plantas
Membrana de fungos
Biossíntese de
hormônios
esteroidais
Lipídeos
Hormônios sexuais
Hormônios sexuais afetam o desenvolvimento e a função sexual. São
subdivididos em três grupos principais: estrogênios (femininos); androgênios
(masculinos) e progestinas (gravidez).

Estradiol, o mais importante hormônio feminino, é secretado pelos ovários e


promove o desenvolvimento de caracteres secundários femininos que aparecem
no início da puberdade.

Estrona é a forma
metabolizada do
estradiol, excretada
na urina.

Estrogênios também estimulam glândulas mamárias durante a gestação e


induzem o cio nos animais.
Testosterona é secretada pelo testículos e promove o desenvolvimento dos
caracteres secundários masculinos: pilosidade facial e corporal,
engrossamento da voz, desenvolvimento muscular e maturação dos órgãos
sexuais masculinos.

Testosterona é o verdadeiro hormônio sexual masculino e a androsterona é uma


forma metabolizada da testosterona, excretada na urina.
Progesterona é a mais importante das progestinas (hormônios de gravidez).

Após ovulação, o remanescente do folículo ovariano rompido (corpus luteum)


principia a secreção da progesterona. Esse hormônio prepara o endométrio
do útero para implantação do óvulo fertilizado.

A secreção da progesterona é necessária para que se complete a gravidez.


Depois de cessada a secreção de progesterona pelo corpus luteum, a sua
produção é conduzida pela placenta.

Progesterona também suprime a


ovulação e, aparentemente, é o
agente químico que explica o fato
de as mulheres grávidas não
engravidarem uma segunda vez.

Na supressão da ovulação, a
progesterona só é eficiente por
via oral quando tomada em
grandes doses pois, é degradada
no trato intestinal.
Lipídeos
Eicosanóides
São hormônios parácrinos (ação próxima
ao sítio de produção). Todos são derivados
do ácido araquidônico.

O ácido araquidônico é precursor das


prostaglandinas e de diversas outros
eicosanóides mediadores do processo de
inflamação como, leucotrienos,
tromboxanas e prostaciclinas.

Prostaglandinas são eicosanóides que


apresentam um anel de cinco membros e
duas cadeias hidrocarbônicas
oxigenadas.

Aumentam a permeabilidade capilar e


afetam os batimentos cardíacos, a
pressão sanguínea, a coagulação do
sangue, a concepção, a fertilidade e as
reações alérgicas.
Prostaglandinas
são biossintetizadas
a partir do ácido
araquidônico
A ação do AAS e dos
antiinflamatórios não
esteroidais (AINE) e se faz por
inibir seletivamente a
cicloxigenase (COX) ou
prostaglandina endoperóxido-
H sintetase (PGHS).

Vasodilatadores,
quimiotáticos,
Aumentar broncoconstritores
permeabilidade
capilar
Vasoconstrição,
broncoconstrição
e agregadores de plaquetas

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