You are on page 1of 6

DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO E PRIVADO – DIPP

Prof.ª. Adriana Aviz

TRATADOS INTERNACIONAIS
Livro: GUERRA, Sidney. Curso de Direito Internacional Público. 11 ed. São Paulo

EQUIPE:
 Fabíola LEÃO
 Hélter DIAS
 Josele FERREIRA
 João VITOR
 Rubens EMIN
TURMA: 2DIN1

Belém, 21 de Março de 2019


1. CONCEITO: A convenção de Viena sobre Direito dos Tratados, de 1969, estabelece no artigo
2, a, que “tratado” significa um acordo internacional concluído por escrito entre Estados e regido
pelo Direito Internacional, quer conste de um instrumento único, quer de dois ou mais instrumentos
conexos, qualquer que seja sua denominação específica.

2. FINALIDADE: Tratado é todo acordo formal concluído entre Estados e Organizações


Internacionais com a finalidade de produzir efeitos jurídicos no plano internacional.

3. CLASSIFICAÇÃO: Os tratados internacionais têm sido apresentados de várias formas nos


estudos do Direito Internacional, seguindo uma classificação extremamente variada. Embora
existam diversas classificações para eles (os tratados), nesse estudo foram priorizadas aquelas que
mais comumente são apresentadas em doutrina.
A classificação subjetiva pode ser dividida quanto ao número das partes (bilaterais e
multilaterais); qualidade das partes (Estados e organizações internacionais); quanto aos sujeitos
terceiros (tratados abertos, semi-fechados ou tratados fechados).
A classificação material pode ser vista sob o prisma de abrangência das matérias (tratados gerais
ou tratados especiais); quanto aos efeitos (tratados-leis ou tratados contratos); quanto a natureza
institucional; quanto à aplicabilidade circunstancial; quanto a tempo de duração.
A classificação formal pode ser dividida quanto ao grau de complexidade procedimental; quanto
à formalização (escrita ou verbal).

4. REQUISITOS DE VALIDADE: Para que um tratado internacional tenha efeitos jurídicos é


necessária a reunião de quatro elementos:
I) Capacidade das partes: A Convenção de Viena determina que em seu art. 6º que “Todo Estado
tem capacidade para concluir tratados”. Quanto aos Estados federados, as unidades da federação
somente serão capazes caso a Constituição do Estado permita. Já as organizações internacionais
possuem capacidade parcial e derivada, pois a possibilidade decorre do ato de sua constituição e
da vontade de seus membros. A ideia de capacidade para celebração de um tratado está relacionada
à de sujeito de direito internacional público.
II) Habilitação dos Agentes Signatários: A habilitação dos agentes signatários de um tratado
internacional é feita pelo “plenos poderes” que dão aos negociadores o “poder de negociar e
concluir” o tratado, conforme estabelece o artigo 2 , c, da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados.“Trata-se de um documento expedido pela autoridade competente de um Estado,
designando uma ou várias pessoas para representar o Estado na negociação, adoção ou
autenticação do texto de um tratado, para manifestar o consentimento do Estado em obrigar-se por
um tratado ou para praticar qualquer ato relativo a um tratado”
III) Objeto lícito e possível: a ilicitude será analisada com base nas normas cogentes de direito
internacional geral e não em normas internas de determinado Estado. O art. 53, da convenção de
Viena estabelece que “É nulo um tratado que, no momento de sua conclusão, conflite com uma
norma imperativa de Direito Internacional geral. Para os fins da presente Convenção, uma norma
imperativa de Direito Internacional geral é uma norma aceita e reconhecida pela comunidade
internacional dos Estados como um todo, como norma da qual nenhuma derrogação é permitida e
que só pode ser modificada por norma ulterior de Direito Internacional geral da mesma natureza.”
IV) Consentimento mútuo: todos aqueles que celebram o tratado internacional deve manifestar
o seu consentimento. E se uma parte não consentir, o tratado só não terá validade para ela,
exclusivamente. Destarte, o tratado terá validade para as outras partes que manifestaram o
consentimento positivo. Os vícios de consentimento podem manifestar em face de uma ratificação
imperfeita (contrarias as normas internas do Estado) seja por ERRO essencial, DOLO,
CORRUPÇÃO, COAÇÃO sobre o representante ou sobre o Estado.
5. EFEITOS (difuso, aparente, previsão convencional de direitos para terceiros): Quanto aos
efeitos dos tratados, estes, em princípio, limitam-se às partes contratantes, visto que a Convecção
de Viena sobre o Direito dos Tratados estabelece que em princípio um tratado só se impõe a um
terceiro Estado se o terceiro Estado aceitar a obrigação e só pode ser revogado com o
consentimento do terceiro Estado e dos contratantes.
Os efeitos jurídicos produzidos pelos tratados sobre terceiros se classifica em quatro tipos:
I) Efeito Difuso: nessa situação se encontram aqueles tratados que apenas criam ou modificam
situações jurídicas objetivas, e que, por esse motivo, em relação a terceiros, somente importará o
seu conhecimento. Um acordo de permuta territorial, por exemplo, entre Brasil e Argentina,
modificando a linha limítrofe que os separa, importará tão somente no conhecimento dos outros
Estados, não afetando terceiros diretamente.
II) Efeito Aparente: há casos em que um terceiro Estado sofre consequências diretas de um
tratado do qual não participou como contratante, por força do disposto em tratado anterior. Por
exemplo, um tratado entre os Estados A e B pode prejudicar o Estado C como? Digamos um
tratado comercial. A e B se asseguram um tratamento tarifário privilegiado, impondo alíquotas de
1% para certa classe de produtos que são vendidos de um a outro. E inserem a cláusula da nação
mais favorecida. Isso quer dizer que A e B assegurarão tratado mais privilegiado um ao outro,
garantindo a menor tarifa entre si, ou, melhor dizendo, nem A nem B poderão estabelecer tarifas
menores do que 1% a nenhum outro Estado que não os dois. Mais tarde, digamos, cinco anos
depois, B celebra com C outro acordo, e assegura a este uma alíquota de 0,5% sobre aquele mesmo
produto. A, indignado, interpela B arguindo que eles haviam, antes, estabelecido a cláusula da
nação mais favorecida, e exige, portanto, que B baixe a tarifa anteriormente pactuada para no
máximo 0,4%. Neste caso, A foi prejudicado. A celebração do tratado entre B e C não repercute
como tratado, como norma jurídica, mas como fato, que dá ensejo a essa revisão do tratado original
entre A e B. Esse é o efeito aparente, porque repercute sim sobre o Estado. É por força do tratado
inicial entre A e B que o segundo tratado (entre B e C) é encarado como fato. Daí aparente.
III) Criação de Direitos para Terceiros Estados: há casos em que um tratado prevê direitos para
um terceiro Estado, como dispõe o art 36 da Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados de
1986

“Artigo 36 Tratados que Criam Direitos para Terceiros Estados


1. Um direito nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no
tratado tiverem a intenção de conferir, por meio dessa disposição, esse direito quer a um terceiro
Estado, quer a um grupo de Estados a que pertença, quer a todos os Estados, e o terceiro Estado
nisso consentir. Presume-se o seu consentimento até indicação em contrário, a menos que o
tratado disponha diversamente.
2. Um Estado que exerce um direito nos termos do parágrafo 1 deve respeitar, para o exercício
desse direito, as condições previstas no tratado ou estabelecidas de acordo com o tratado. ”

Portanto, a criação de direitos para um terceiro reclama o consentimento deste. Entretanto, o


silêncio faz presumir sua concordância.
Esta é a denominada PREVISÃO CONVENCIONAL DE DIREITOS PARA TERCEIROS.

Atenção: O silêncio pode gerar direitos para terceiros países, mas nunca vai gerar obrigações
para eles, como vemos a seguir.

IV) Criação de obrigações para terceiros Estados: Podemos encontrar, ainda no plano
internacional, a chamada PREVISÃO CONVENCIONAL DE OBRIGAÇÕES PARA
TERCEIROS, que ocorre quando um tratado estabelece obrigações para um terceiro. Disposto
no art 35 da Convenção de Viena.

“Artigo 35 – Tratados que criam obrigações para Terceiros Estados


Uma obrigação nasce para um terceiro Estado de uma disposição de um tratado se as partes no
tratado tiverem a intenção de criar a obrigação por meio dessa disposição e o terceiro Estado aceitar
expressamente, por escrito, essa obrigação. ”

6. RATIFICAÇÃO E ADESÃO: A ratificação é considerada a fase mais importante do processo


de conclusão dos tratados, pois confirma a assinatura e dá validade a ele. Ou seja, é o ato pelo qual
a autoridade nacional competente informa às autoridades correspondentes dos Estados cujos
plenipotenciários concluíram, com os seus, um projeto de tratado, a aprovação que dá a este projeto
e que o faz doravante um tratado obrigatório para o Estado que esta autoridade encarna nas relações
internacionais. Já a adesão é o ato de ingresso de um Estado num tratado sem ter, quando de sua
criação, participado das negociações. A adesão não difere, em termos de procedimento, da
ratificação. Podem aderir também aqueles Estados que negociaram o acordo, amas que perderam
o prazo para ratificação, se este tiver sido definido. Disposto no art 15 da Convenção de Viena.

7. PROMULGAÇÃO: É o ato jurídico, de natureza interna, pelo qual o governo de um Estado


afirma ou atesta a existência de um tratado por ele celebrado e o preenchimento das formalidades
exigidas para sua conclusão, e, além disto, ordena sua execução dentro dos limites aos quais se
estende a competência estatal.
A promulgação ocorre normalmente após a troca ou o depósito dos instrumentos de ratificação e
estabelece a vigência do tratado no âmbito interno do Estado.
A razão da existência da promulgação é que o tratado não é fonte de direito interno. Assim sendo,
a promulgação não atinge o tratado no plano internacional, mas apenas a sua executoriedade no
direito interno.
No caso brasileiro, o presidente da República dá ciência a todos de que o tratado foi aceito pelo
Congresso Nacional por meio de decreto presidencial. Assim os efeitos da promulgação consistem
em tornar o tratado executório no plano interno e constatar a regularidade do processo legislativo.

8. REGISTRO E PUBLICAÇÃO: O registro é um requisito estabelecido pela Carta da ONU e


tem como escopo fazer com que o Estado que celebrou o tratado internacional possa invocar para
si, junto à organização, os benefícios do acordo celebrado. O registro deve ser requerido ao
secretário-geral da ONU, que fornece, a cada Estado, um certificado redigido em inglês e francês.
Nesse sentido vale registrar a previsão do art. 80, da Convenção de Viena sobre o Direito dos
Tratados e o art. 102 da Carta da ONU. A publicação é condição essencial para o tratado ser
aplicado na ordem interna do Estado. Publica-se no Diário Oficial da União o texto do tratado e o
Decreto Presidencial.

9. APLICABILIDADE E INTERPRETAÇÃO: Quanto à aplicabilidade dos tratados, a


Convenção de Viena estabelece que uma parte não poderá invocar disposições de seu direito
interno para justificar o descumprimento de um tratado (art. 27). O próprio tratado deverá
determinar solução para os casos de não-execução, prevendo, ainda, instrumentos de soluções de
controvérsias. Quanto a interpretação, a regra geral determina que um tratado deva ser
interpretado de acordo com a boa-fé, à luz de seu contexto e finalidade. A interpretação deverá
buscar, portanto, a compreensão da vontade dos Estados-Partes, uma vez que não deverá resultar
em obrigações não assumidas pelos Estados. Para a compreensão do contexto do tratado, será
levado em considerações o texto, sem preâmbulo e anexos, além dos acordos relativos aos tratados
firmados entre as mesmas partes por ocasião da conclusão do tratado. Serão também considerados
instrumentos estabelecidos por uma ou várias partes quando da conclusão do tratado e aceitos pelas
outras partes como relativos ao tratado.

10. VIGÊNCIA: A vigência dos tratados pode ser: (I) ilimitada: o tratado exige o ato de denúncia;
(II) por prazo fixo: o tratado se extingue por decurso do prazo, podendo ser, normalmente,
renovável por acordo das partes; (III) por prazo determinado: prorroga-se automaticamente por
iguais períodos, possibilitando-se a denúncia às partes que não desejem a sua renovação.
O início da vigência de um tratado pode ser definido pelas partes conforme estabelece o art. 24 da
Convenção de Viena.

11. INCORPORAÇÃO DO DIREITO INTERNO: Quanto à incorporação dos tratados


internacionais ao direito dos Estados soberanos (ou, tecnicamente falando, seu consentimento
definitivo), esta ocorre de acordo com as regras do direito interno do respectivo Estado, regras
estas normalmente estabelecidas na Constituição, como é o caso da República Federativa do
Brasil.
O processo de formação e validade dos tratados no ordenamento interno brasileiro tem quatro
fases.
A primeira é relativa à assinatura, que é um aceite precário e não definitivo, conforme estabelece
o artigo 84, inciso VIII da Constituição Federal:
“Art. 84 – Compete privativamente ao Presidente da República:
VII – celebrar tratados, convenções e atos internacionais sujeitos a referendo do Congresso
Nacional.”
Em seguida, a segunda fase é a aprovação pelo Congresso Nacional, conforme estabelece o
artigo 49, I da Constituição Federal:
“Art. 49 – É da competência do Congresso Nacional:
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou ato internacionais que acarretem encargos
ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional”.
A terceira fase é a da ratificação do tratado pelo Poder Executivo, por meio do Presidente da
República. A ratificação cria obrigações jurídicas no âmbito internacional.
A quarta fase é a publicação do texto por Decreto Presidencial no Diário Oficial, o Tratado é
incorporado ao ordenamento jurídico brasileiro como lei ordinária, ou seja, a partir desse
momento, torna-se lei interna brasileira e seu cumprimento é obrigatório para todos.
12. VIOLAÇÃO: Um tratado bilateral violado substancialmente por uma parte acarreta a
possibilidade de outra parte atendê-lo como tendo sido extinto. Além da extinção, pode haver a
suspensão da aplicação do tratado, ou seja, se houver violação substancial do tratado bilateral, a
outra parte pode deixar de cumprir também sua parte no acordo.
Mas o que é uma violação substancial? A Convenção de Viena dispõe, no artigo 60, que a violação
é substancial quando houver: a) Uma rejeição do tratado não autorizada pela presente Convenção;
ou b) A violação de uma disposição essencial para a realização do objeto ou do fim do tratado.

13. EXTINÇÃO: A extinção de um tratado refere-se a desaparecimento do mesmo da ordem


jurídica internacional. Passam a não existir mais as obrigações e os direito das partes, sendo,
portanto, diferente da suspenção, que é uma interrupção temporária da aplicação do tratado.
A extinção dos tratados se dá por vontade comum:
a) predeterminação ab-rogatória: quando há termo de vigência;
b) decisão ab-rogatória superveniente: de modo total ou majoritário.
Pode também ocorrer por vontade unilateral mediante denúncia, que se exprime numa
notificação, carta ou instrumento.

14. ESTRUTURA: A estrutura ou fases da elaboração do Tratado Internacional segue, de maneira


geral, as seguintes etapas: negociação, assinatura, ratificação, promulgação, publicação e
registro.

You might also like