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Plano de Aula 07

(FGV \u2013 VII Exame unificado) O Estado KWY editou norma determinando a gratuidade dos
estacionamentos privados vinculados a estabelecimentos comerciais, como supermercados,
hipermercados, shopping centers, estabelecendo multas pelo descumprimento e gradação nas
punições administrativas, além de delegar ao PROCON local a responsabilidade pela fiscalização
dos estabelecimentos relacionados no instrumento normativo. Tício, contratado como advogado
Júnior da Confederação Nacional do Comércio, é consultado sobre a possibilidade de ajuizamento
de medida judicial, apresentando seu parecer positivo quanto à matéria, pois a referida lei
afrontaria a CRFB. Em seguida, diante desse pronunciamento, a Diretoria autoriza a propositura da
ação judicial constante do parecer.

Na qualidade de advogado, elabore a peça cabível, observando: a) competência do Juízo; b)


legitimidade ativa e passiva; c) fundamentos de mérito constitucionais e legais vinculados; d)
requisitos formais da peça; e) tutela de urgência.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO COMÉRCIO, pessoa jurídica de direito privado, por meio de seu
presidente, com inscrição no Ministério do Trabalho n. ..., inscrita no CNPJ n. ..., com sede à ..., por
seu advogado que esta subscreve, conforme procuração anexa, com endereço profissional à ...,
para onde devem ser remetidas as notificações e intimações, nos termos do art. 39, I, do CPC, vem
mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 102, I, a, da CRFB/88 e
na Lei n. 9.868/99, propor a presente

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO CAUTELAR

Em face da Lei Estadual editada pelo Estado KWY, elaborada pelo Governador do Estado e a
Assembléia Legislativa estadual.

I) DA COMPETÊNCIA DO ÓRGÃO JULGADOR

O art. 102, I, alínea a, da CRFB/88 estabelece que compete ao Supremo Tribunal Federal,
precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe processar e julgar, originariamente, a ação
direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória
de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.

Desse modo, verifica-se que a competência para processamento e julgamento da presente ação
direta de inconstitucionalidade é originária do Supremo Tribunal Federal.

II) DA LEGITIMIDADE ATIVA/PERTINÊNCIA TEMÁTICA

O art. 103, IX, da CRFB/88 estabelece o rol dos legitimados para propor uma ação direta de
inconstitucionalidade, dentre os quais, verificam-se as confederações sindicais ou entidades de
classe de âmbito nacional. Corroborando com essa assertiva, o art. 2º, IX, da Lei n. 9.868/99
discorre sobre o mesmo tema.

É sabido que se faz necessária no caso em tela a comprovação da pertinência temática como
requisito para a propositura da ação direta de inconstitucionalidade. No entanto, não resta dúvida
de que a confederação nacional de comércio possui claro interesse na presente ação, haja vista a
atividade ser extremamente afetada pela norma que deu finalidade à propositura da presente
ação.

III) DA LEGITIMIDADE PASSIVA

A legitimidade passiva da ação direta de inconstitucionalidade em referência é do Governador do


Estado e da Assembléia Legislativa estadual que criaram a norma estadual inconstitucional.

IV) DA INCONSTITUCIONALIDADE DA NORMA

Nos termos do art. 22, I, da CRFB/88, confirma-se a competência privativa por parte da União para
legislar sobre direito civil, comercial, penal processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,
espacial e do trabalho. Diante de tal assertiva, configura-se a inconstitucionalidade formal da
norma objeto da presente ação, haja vista não haver competência do Estado para legislar sobre
matéria afeta à União de forma privativa.

Não se pode olvidar que a norma que deu finalidade à ação fere o fundamento da livre iniciativa
constante do art. 1º, IV, da CRFB/88. Além da garantia ao direito de propriedade previsto no art.
5º, XXII, da Carta Magna.

Verifica-se, ainda, o total desacordo com o que preconizam os princípios gerais da atividade
econômica, da propriedade privada e da livre concorrência, dispostos no art. 170, caput, I e IV, da
CRFB/88.

Ante o exposto, fica fundamentada a violação dos ditames constitucionais, caracterizando-se tanto
na inconstitucionalidade formal quanto na inconstitucionalidade material da norma ora
impugnada.

V) DA MEDIDA CAUTELAR

É cediça, no caso em tela, a possibilidade de Medida Cautelar nos termos do art. 102, I, p, da Carta
Magna, corroborada pelos arts. 10 e 12 da Lei n. 9.868/99, por serem identificáveis os requisitos do
fumus boni juris e do periculum in mora.

O requisito do fumus boni juris fica patente na violação do texto constitucional, quanto a livre
iniciativa, propriedade privada e livre concorrência. Além de ferir a competência da União no que
diz respeito ao art. 22, I, da CRFB/88.

E, quanto ao periculum in mora, poderemos verificar o cumprimento de tal requisito na


possibilidade identificada de dano irreparável ao reclamante, em face da relevância da matéria e
segurança jurídica, evitando, desta forma, danos e prejuízos advindos da norma ora vigente, de
acordo com o art. 12 da Lei n. 9.868/99.
VI) DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) A concessão da medida cautelar para suspender a norma impugnada até a sentença definitiva
com fulcro nos arts. 10 a 12 da Lei n. 9.868/99.

b) A notificação da autoridade coatora, na pessoa do Governador do Estado KWY, para prestar


informações no prazo legal, com fundamento no art. 6º da Lei n. 9.868/99.

c) A intimação do Procurador-Geral da República para que se manifeste no prazo de quinze dias,


conforme o art. 8º da Lei n.9.868/99.

d) A intimação do Advogado-Geral da União para prestar informações no prazo de quinze dias,


em conformidade com art. 8º da Lei n. 9.868/99.

e) Procedência do pedido, com a ratificação da cautelar, para que seja declarada a


inconstitucionalidade com efeitos erga omnes .

Nesses termos,

Pede deferimento.

Local e data

Advogado, OAB n. ...

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