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Geometria no Plano

NOTA: O presente documento é composto por um conjunto de apontamentos


teóricos que complementam as aulas de Matemática IV do Curso de Educação
Básica.

1. Geometria no Plano

1.1. Introdução das noções (primitivas) de ponto, reta e plano

Pontos, retas e planos constituem as noções primitivas da Geometria Euclidiana, isto é,


os objetos (empíricos e não sujeitos a definição…) que são a base ou ponto de partida
da Teoria.
Pontos, retas e planos são noções abstratas, para as quais não existem representações
exatas no mundo que nos rodeia. Existem, no entanto, objetos que as podem
representar de maneira mais ou menos grosseira.

A ideia de ponto pode ser sugerida, por exemplo, por:

 o ponto final numa frase:


Gosto de estudar Matemática IV.

 as pintas nos ii:

i
 a marca deixada sobre uma folha de papel pelo bico de um lápis:

Os exemplos apresentados constituem representações grosseiras de pontos e não


pontos no sentido que lhe dá a Geometria. Embora não definamos ponto, este conceito
pode ser introduzido, por exemplo, a partir da consideração sucessiva de círculos de

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raios decrescentes, como mostra a figura seguinte, ou de sucessivas marcas deixadas


na folha de papel por lápis ou feltros com pontas de diferentes espessuras.

Tal como o ponto, também a reta é, em Geometria, um conceito abstrato. Por exemplo,
um raio de luz solar despontando por entre as nuvens, a linha do horizonte, o vinco
deixado pela dobragem de uma folha de papel em duas partes, são exemplos de
representações grosseiras de retas e não retas propriamente ditas, no sentido que lhe é
dado em Geometria. Tal como foi feito para o ponto, o conceito abstrato de reta pode
ser introduzido a partir, por exemplo, da consideração de sucessivos traços realizados,
com o auxílio de uma régua, sobre uma folha de papel e com feltros de espessuras cada
vez mais finas ou lápis cada vez mais afiados.

No entanto, contrariamente ao que acontecia com o conceito de ponto, o procedimento


sugerido não está completo, pois à noção de reta está ligado o conceito de infinito ou
de conjunto ilimitado. Em todos os casos anteriormente referidos apresentam-se apenas
representações de uma porção de uma reta e não de toda a reta. Uma reta estende-se
indefinidamente (não tem princípio nem fim...).

Os exemplos seguintes sugerem a ideia de plano, ou melhor ainda, a ideia de porção de


plano:

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 a superfície calma de um grande lago;


 as paredes da nossa sala de aula, o teto, o soalho,…;
 cada uma das folhas de um livro;
 o tampo de uma mesa.

Tal como nos casos do ponto e da reta, foram apresentadas representações grosseiras
de (porções de) planos e não (porções de) planos no sentido que a Geometria lhe
confere. Analogamente ao que se fez para as noções de ponto e reta, a noção abstrata
de plano pode ser introduzida a partir de placas de espessura decrescente, considerando
que estas se estendem ilimitadamente em várias direções.

Notações:
 Os pontos notam-se usando letras maiúsculas do alfabeto latino {A, B, C, …}.
 As retas notam-se usando letras minúsculas do alfabeto latino {r, s, t, …} ou
duas letras maiúsculas que notam dois pontos (distintos) da reta.
 Os planos notam-se usando letras minúsculas do alfabeto grego (  ,  ,  ,... ).

Este capítulo é dedicado ao estudo da geometria plana, trabalharemos no plano


euclidiano, que notamos por  . O plano euclidiano é um conjunto cujos elementos
chamamos pontos e as retas são certos subconjuntos de  .
Dizemos que:
 um ponto pertence a uma reta (plano) ou está sobre ela (resp. ele);
 uma reta passa por um ponto ou contém esse ponto;
 uma reta está contida num plano ou assente sobre ele;
 um plano contém uma reta.

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1.2. Axiomas de incidência. Axiomas de ordem. Outros grupos de


axiomas. Posições relativas de retas

Anteriormente foram introduzidas três noções primitivas da Geometria Elementar. A


seguir apresentamos relações entre conceitos primitivos, válidas no plano euclidiano.
Quando Euclides apresentou, na sua obra “Elementos”, o conjunto dos conhecimentos
geométricos do seu tempo, escolheu algumas afirmações, que aceitou sem
demonstração e que, por isso, são chamados de AXIOMAS (asserções dignas de
confiança). Alguns autores chamam-lhe POSTULADOS, outros estabelecem uma
diferenciação entre axiomas e postulados.

Axiomas de incidência para a geometria plana:

A1. Por cada par de pontos distintos passa uma e uma só reta.

Se os pontos não forem distintos, isto é, se for um único ponto, por esse ponto pode
passar uma infinidade de retas, que formam um feixe de retas.

A2. Cada reta contém pelo menos dois pontos.

Na verdade, sobre uma reta qualquer, existe sempre um número infinito de pontos.
Os pontos situados sobre a mesma reta dizem-se pontos colineares.

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Os pontos P, Q e R são colineares.


Do que foi referido anteriormente, resulta imediatamente que dois pontos são sempre
colineares.

A3. Existem pelo menos três pontos não colineares.

A nossa intuição diz-nos que fora de qualquer reta r, se podem considerar pontos, senão
viveríamos num espaço semelhante a uma reta, ou seja, num espaço unidimensional.
Dada uma reta qualquer r, existe pelo menos um ponto do plano que não está sobre r.

Analisemos a posição relativa dos pontos sobre uma mesma reta, mediante a relação
primitiva “estar entre”, a partir dos axiomas que se seguem, designados por axiomas
de ordem. Estes axiomas para além de se referirem à posição relativa dos pontos sobre
uma mesma reta, referem-se também à posição relativa das retas num mesmo plano.

Axiomas de ordem:

B1. Se um ponto B estiver entre dois pontos A e C de uma reta, então A, B e C são
colineares e distintos.

B2. Se, numa reta, B estiver entre A e C, então B está também entre C e A.

B3. Dados três pontos distintos sobre uma reta, um e apenas um deles está entre os
outros dois.

B4. Para cada dois pontos A e C existe pelo menos um ponto B da reta AC tal que C
está entre A e B.

Além destes axiomas lineares de ordem, existe um quinto axioma de ordem relativo a
retas num mesmo plano. É conhecido por Axioma de Pasch, e pode ser enunciado do
seguinte modo:

B5. Sejam A, B e C três pontos não colineares e r uma reta que não contém nenhum
dos pontos referidos. Quando a reta r passa por um ponto do segmento [AB] então
seguramente, passa também por um ponto do segmento [AC] ou por um ponto do
segmento [BC].

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Traduzindo em termos mais intuitivos, este axioma exprime somente que se uma reta
entra no interior de um triângulo, tem forçosamente que sair.

Quando no plano se consideram duas retas, elas podem ou não ter pontos comuns.
Quando têm apenas um ponto comum dizem-se retas concorrentes. Quando não têm
pontos comuns ou têm todos os pontos comuns dizem-se retas paralelas.

As retas r e s são concorrentes no ponto P. As retas t e u são estritamente paralelas


(escrevemos t//u).

No caso de duas retas terem todos os pontos comuns dizem-se retas coincidentes
(um caso particular das retas paralelas).

As retas m e n são coincidentes.

Qualquer reta é paralela a si própria, sendo coincidente consigo própria.

Observações:

1. Há mais três grupos de axiomas, a saber, axiomas de congruência, axioma das


paralelas e axiomas de continuidade.

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2. Na axiomática deve respeitar-se a não contradição e a independência mútua dos


axiomas.
3. O axioma das paralelas, devido a Euclides (330 a.C. - 275 a.C.), na sua obra “Os
Elementos”, pode ser enunciado do seguinte modo:
Se uma reta t corta duas outras retas r e s (todas num mesmo plano) de modo
que um dos pares dos ângulos colaterais internos tem soma inferior a dois
ângulos rectos, então as retas r e s, quando prolongadas suficientemente,
intersetam-se do lado de t em que se encontram os referidos ângulos colaterais
internos.

4. O axioma das paralelas levantou muita contestação no que respeita à


complexidade do seu enunciado e à observância dos princípios referidos na
observação 2.
Dessa contestação que durou alguns séculos e só terá terminado com os
trabalhos de Lobachevsky (1792-1856) e Gauss (1777-1855), resultaram
axiomas equivalentes ao das paralelas, sendo a formulação de Playfair a mais
conhecida:
 por um ponto exterior a uma reta passa apenas uma reta paralela à dada
(John Playfair);
 a soma das medidas dos ângulos internos de um triângulo é igual a dois
ângulos retos;
 existe um par de triângulos semelhantes, mas não congruentes;
 se três ângulos de um quadrilátero são retos, então o quarto ângulo
também é reto;
 existem retângulos;
 existe um par de retas equidistantes;
 retas paralelas são equidistantes;

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 pode-se sempre traçar uma circunferência passando por três pontos não
colineares.

1.3. Segmentos de reta. Ponto médio. Mediatriz. Semirretas.


Semiplanos

Na figura que se segue está representado o Sol emitindo os seus raios de luz para a
Terra.

Os raios que atingem a superfície do nosso Planeta podem ser considerados como
representações de porções de reta cujos extremos estão, um sobre o Sol e o outro sobre
a superfície da Terra. De um modo geral, o que nos aparece à nossa volta são
representações de porções de reta e não propriamente retas. As porções de reta
limitadas por pontos A e B, são designadas por segmentos de reta.

Definição: Dados dois pontos A e B sobre uma dada reta, chamamos segmento de reta
determinado por A e B, à porção da reta AB constituída por:
-AeB
e
- todos os pontos de AB situados entre A e B.
Um segmento de reta determinado por A e por B representa-se por [AB] ou [BA]. A A
e a B chamamos os extremos ou extremidades do segmento de reta [AB]. Os pontos
situados entre A e B dizem-se pontos interiores. Os restantes pontos da reta AB
designam-se por pontos exteriores.

No plano euclidiano pode-se medir o comprimento de segmentos de reta atribuindo-lhes


um número real positivo. Por exemplo, consideremos o segmento [AB]. Colocando uma
régua graduada sobre o segmento, verificamos que a distância entre os pontos A e B é
9 - 6 = 3, ou seja, o comprimento do segmento de reta [AB] é 3.

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Se a régua for movida, as coordenadas de A e B mudarão, como mostra a figura que se


segue. As coordenadas passarão a ser 4 e 7, respetivamente. No entanto, a distância
entre os dois pontos não mudou, pois 7 - 4 = 3.

Para determinarmos a distância em cada um dos exemplos anteriores, subtraímos a


menor coordenada à maior coordenada, para obtermos a distância (positiva) ou o
comprimento (positivo). No entanto, uma outra forma de termos a certeza que a
distância entre dois pontos é positiva consiste em subtrair a uma coordenada a outra e
considerar o valor absoluto. Por exemplo,

74  3 3

ou

4  7  3  3.

Para medirmos a distância entre dois pontos A e B, imaginamos uma régua graduada
infinita que se pode ajustar à reta AB. A cada ponto da reta corresponde um número
real, a coordenada desse ponto. Supondo que as coordenadas de A e B são
respetivamente a e b, a distância entre os pontos A e B (o comprimento do segmento

[AB]) é representada pelo símbolo d ( A, B ) ou por AB e é determinada por

d ( A, B)  a  b  b  a .

Para cada par de pontos A e B do plano, a distância entre A e B goza das seguintes
propriedades:
 d ( A, B )  0 para todos os pontos A e B do plano;
 d ( A, B )  0 se e só se A  B ;
 d ( A, B )  d ( B, A) para todos os pontos A e B do plano.

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Dois segmentos de reta dizem-se congruentes ou geometricamente iguais se têm


o mesmo comprimento.

Ponto médio de um segmento de reta é o ponto do segmento que está a igual distância
dos pontos extremos.

M é o ponto médio de [AB]. Por sua vez, [AM] e [MB] são segmentos de reta
congruentes.

Dado um segmento de reta, ele tem apenas um único ponto igualmente distanciado dos
pontos extremos do segmento. No entanto, no plano é possível encontrar outros pontos
igualmente distanciados dos extremos do segmento de reta considerado. Esses pontos
formam uma reta que se designa por mediatriz do segmento.

Mediatriz de um segmento de reta é a reta formada pelos pontos do plano que estão
a igual distância dos pontos extremos do segmento.

A reta m é a mediatriz do segmento de reta [AB]. M é o ponto médio do segmento de


reta [AB].

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Numa figura anteriormente apresentada, a qual representava o Sol emitindo raios de luz
para a Terra, os raios que não atingem a superfície da Terra, de uma forma geral, vão
continuar pelo espaço fora… a maioria deles sem nunca encontrarem um obstáculo.
Estes raios não podem representar segmentos de reta, uma vez que para eles não existe
uma segunda extremidade, como acontece nos segmentos de reta. Às porções de reta
deste tipo chamamos semirretas.

Definição: Sejam O, A, B e C, quatro pontos de uma mesma reta r, tais que O está
entre A e C, mas não está entre A e B.

Dizemos que:
- os pontos A e B estão sobre a reta r e para o mesmo lado em relação ao ponto O;
- os pontos A e C estão sobre a reta r de um e outro lado do ponto O.
O conjunto de todos os pontos da reta r que estão para o mesmo lado de O diz-se uma
semirreta com origem em O.


A semirreta com origem em O e que contém o ponto C representa-se por O C . O ponto
O diz-se a origem da semirreta. Não podemos trocar a ordem dos pontos visto que o
 
primeiro ponto designa a origem da semirreta: O C  C O .

Ao traçar uma reta r no plano este fica dividido em duas partes que se designam de
semiplanos, tais que:
- dois pontos do mesmo semiplano definem um segmento que não intersecta a reta r;
- dois pontos pertencentes a semiplanos diferentes definem um segmento que intersecta
a reta r.

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Na seguinte figura podemos considerar dois semiplanos de fronteira r. Um semiplano


tem fronteira r e contém o ponto P; o outro semiplano tem fronteira r e contém o ponto
Q.

1.4. Ângulos

Duas semirretas com a mesma origem determinam no plano duas regiões. Chama-se
ângulo a qualquer uma das regiões em que fica dividido o plano por duas semirretas
nas referidas condições. As duas semirretas chamam-se lados do ângulo e a sua
origem comum, vértice do ângulo.

Podemos olhar para os ângulos sob o ponto de vista dinâmico como rotações dos seus
lados, inicialmente sobrepostos, em torno do vértice. Tal ideia pode ser concretizada,
por exemplo, quando se abre uma porta ou quando se dobra uma palhinha de refresco
ao meio, de modo que as duas partes fiquem bem juntinhas, fixando uma das partes da
palhinha e movimentando a outra parte. A quantidade de rotação determina a
amplitude do ângulo.

A medida da amplitude de um ângulo pode ser definida informalmente como “o quanto


ele está aberto” (visão estática) ou “quanto rodou um lado em relação ao outro” (visão
dinâmica). (Serrazina e Matos, 1988)

Tal como o comprimento de segmentos, também a amplitude dos ângulos pode ser
medida. Na medição de ângulos podem ser utilizadas unidades de medida tais como o
grau, o grado ou o radiano. É de notar, que por vezes se encontra a expressão “medida

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do ângulo” como expressão abreviada de “medida da amplitude do ângulo”, já que não


há outras grandezas a medir num ângulo.

É usual fazer a distinção entre ângulos convexos (com medida de amplitude inferior
a 180º) e ângulos côncavos (com medida de amplitude superior a 180º). Duas
semirretas com a mesma origem e que não estejam contidas na mesma reta, dividem
sempre o plano em duas regiões, pelo que definem sempre dois ângulos: um convexo e
um côncavo.

De acordo com a figura acima, o ângulo convexo tanto se pode designar por ângulo BAC
(representando-se por BAC ) como por ângulo CAB (representando-se por CAB ).
Para nos referirmos ao ângulo não convexo teremos de, explicitamente, dizer ângulo
não convexo BAC (ou CAB). Notamos a medida da amplitude de um ângulo BAC por
m(BAC ) .

Se as semirretas forem coincidentes, estamos na presença de um ângulo nulo, se nos


restringirmos apenas aos lados do ângulo (à semirreta), ou de um ângulo giro, se se
considerar todo o plano.

Se duas semirretas com a mesma origem não forem coincidentes mas estiverem no
prolongamento uma da outra, isto é, estiverem contidas na mesma reta, o ângulo obtido
é um ângulo raso.

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 
As semirretas K M e K N estão no prolongamento uma da outra. O ângulo MKN é um
ângulo raso.

Dois ângulos dizem-se congruentes se puderem fazer-se coincidir ponto por ponto, por
meio de um deslocamento. Ou, por outras palavras, os ângulos BAC e EDF dizem-
se congruentes se e só se têm a mesma medida de amplitude.

Duas retas concorrentes originam quatro ângulos convexos. Destes ângulos, os opostos,
que se designam ângulos verticalmente opostos, são congruentes.

Os ângulos PRQ e SRT ; PRS e QRT são verticalmente opostos e portanto

são congruentes.

Duas retas concorrentes podem originar quatro ângulos congruentes entre si. Nesse
caso, as retas dizem-se retas perpendiculares e os ângulos obtidos são ângulos
retos.

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As retas AC e BD são retas perpendiculares. Os ângulos APB , BPC , CPD e


DPA são ângulos retos.

Um ângulo reto, cuja medida de amplitude é 90º, é usado como referência para
classificar outros ângulos. Dizemos que um ângulo é:
- agudo quando a medida da sua amplitude é positiva e inferior a 90º;
- obtuso quando a medida da sua amplitude for superior a 90º e inferior a 180º.

Considere a seguinte figura:

Dois ângulos (tais como ABD e DBE ou ABE e EBC ou ABD e DBC), que têm em comum
o vértice e um lado, dizem-se adjacentes.

Quaisquer dois ângulos ABC e DEF dizem-se:


- suplementares se e só se m(ABC )  m(DEF )  180º ;

- complementares se e só se m(ABC )  m(DEF )  90º .

Exemplos:

1)

Os ângulos e são ângulos suplementares adjacentes.


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2)

Os ângulos e são ângulos suplementares.

3)

Os ângulos e são ângulos complementares adjacentes.

4)

Os ângulos e são ângulos complementares.

A bissetriz de um ângulo é a semirreta formada pelos pontos do ângulo que estão a


igual distância dos lados do ângulo. Ou, por outras palavras, uma bissetriz de um ângulo

ABC é uma semirreta B D tal que D é um ponto do ângulo ABC e ABD e
DBC são ângulos congruentes.

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é a bissetriz do ângulo . é a bissetriz do ângulo não convexo .

1.5. Figuras planas (classificação; propriedades; construção)

Um exemplo de uma tarefa que vulgarmente se propõe às crianças é a ligação sequencial


de vários pontos numerados de forma a obter-se uma figura. A seguir apresentamos um
exemplo de uma tarefa com as referidas características.

A linha que resulta da ligação sequencial dos vários pontos define a figura requerida.

Em Matemática, podemos falar em linhas poligonais, curvas ou mistas.

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Por exemplo:

Linhas poligonais Linhas curvas


Linhas mistas

Uma linha poligonal é construída a partir de segmentos de reta que se intersetam


sempre dois a dois e que satisfazem as seguintes condições:
- só se intersectam entre si nos seus extremos;
- qualquer um dos extremos de um segmento de reta só pode pertencer, no máximo, a
dois segmentos de reta;
- se dois segmentos se intersetam então não podem estar contidos numa mesma reta.

Consideremos os seguintes exemplos de linhas poligonais:

a) b)

Os extremos dos segmentos de reta constituintes dizem-se os vértices da linha


poligonal e os pontos onde ela começa e acaba, os seus extremos. A linha poligonal
diz-se fechada se os extremos coincidirem e aberta, no caso contrário.

Assim, na figura a), [ABCDEF] representa uma linha poligonal aberta cujos vértices são
os pontos A, B, C, D, E e F e os seus extremos os pontos A e F (A e F são dois pontos
distintos). Por sua vez, na figura b), [GHIJKLM] representa uma linha poligonal fechada,
cujos vértices são os pontos G=M, H, I, J, K e L e os seus extremos os pontos G e M,
que, neste caso, coincidem.

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Uma superfície plana pode ser:

1. completamente ilimitada: plano;

2. parcialmente limitada:

Atenção: rectas estritamente


paralelas.

3. completamente limitada por uma linha fechada: figura plana. A linha que limita
a figura plana é a sua fronteira.

A figura plana compreende a fronteira e o seu interior.

1.5.1. Polígonos

Quando uma linha poligonal fechada está completamente contida num mesmo plano,
permite considerar três regiões no plano que a contém: a própria linha poligonal, a região
plana limitada pela linha poligonal e a região plana que lhe é exterior.

Polígono é uma superfície plana limitada por uma linha poligonal fechada. O polígono
compreende a fronteira e o seu interior.

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Nos polígonos definem-se:


- lados – os segmentos de reta que formam a linha poligonal;
- vértices – os pontos de interseção dos lados do polígono.

Um polígono é convexo se para quaisquer dois dos seus pontos o segmento de reta
que os une está contido no polígono. No caso contrário, o polígono é não convexo ou
côncavo.

Exemplo:

Polígono convexo Polígono não convexo ou côncavo

Observação: Nos polígonos acima representados assim como noutras representações


que serão apresentadas posteriormente, estamos a considerar que a região interior à
fronteira está pintada de branco, faz parte do polígono, como foi definido anteriormente.

Podemos classificar os polígonos de acordo com o número de lados que estes possuem.

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Nº de lados/ Exemplos de polígonos Exemplos de polígonos


Designação do polígono convexos côncavos

3 lados
Não há triângulos côncavos
Triângulo ou Trilátero

4 lados
Quadrilátero

5 lados
Pentágono

6 lados
Hexágono

7 lados
Heptágono

Outros polígonos com designação específica:


 8 lados – Octógono
 9 lados – Eneágono
 10 lados - Decágono
 11 lados – Undecágono
 12 lados – Dodecágono
 15 lados – Pentadecágono
 20 lados – Icoságono

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Para os outros polígonos especificaremos o número n de lados, dizendo que são


polígonos com n lados. Por exemplo, o correspondente a uma linha poligonal com 13
lados, diz-se um “polígono com 13 lados”.

Diagonal de um polígono é um segmento de reta que une dois vértices não


consecutivos.

Exemplo:

[AC] e [AD] são as diagonais dos polígonos [ABCDE] e [ABCDEF] respetivamente.

Em todos os polígonos com mais de três lados é possível unir os vértices não
consecutivos, isto é, é possível traçar diagonais. No caso dos triângulos, quaisquer dois
vértices são sempre consecutivos, por isso o triângulo não tem diagonais.

Consideremos o triângulo [ABC]. Os ângulos CBA , BAF e ACB são chamados


ângulos internos do triângulo (ou apenas ângulos do triângulo). Os ângulos
externos do triângulo são os ângulos suplementares adjacentes dos seus ângulos
internos. Os ângulos CBE , BAD e ACF são ângulos externos do triângulo [ABC].

ângulo externo

ângulo interno

Analogamente se definem os ângulos internos e externos de qualquer polígono.

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ângulo interno ângulo externo

Qualquer polígono que tenha:


- os lados congruentes entre si, diz-se equilátero;
- os ângulos internos congruentes entre si, diz-se equiângulo.

Um polígono que seja, simultaneamente, equilátero e equiângulo diz-se regular. Ou


seja, um polígono diz-se regular se tem todos os lados e todos os ângulos internos
congruentes entre si.

1.5.1.1. Triângulos

Os triângulos são polígonos que assumem um papel bastante importante na Geometria


Euclidiana pois a resolução de muitos problemas geométricos passa pela decomposição
de figuras em triângulos, pela comparação de dois ou mais triângulos, etc.

É possível classificar os triângulos quanto ao comprimento dos seus lados e quanto à


amplitude dos seus ângulos internos.

Quanto ao comprimento dos seus lados, um triângulo é:


Escaleno se todos os seus lados tiverem comprimentos
diferentes;

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Isósceles se pelo menos dois dos seus lados tiverem o


mesmo comprimento;

Equilátero se todos os seus lados tiverem o mesmo


comprimento (um triângulo equilátero é um caso
particular de um triângulo isósceles).

Quanto à amplitude dos seus ângulos internos, um triângulo é:


Acutângulo se todos os seus ângulos são agudos;

Retângulo se um dos seus ângulos é reto;

Obtusângulo se um dos seus ângulos é obtuso;

Relações entre elementos dos triângulos

Considere duas retas paralelas cortadas por uma terceira reta.

Os ângulos d e e, bem como os ângulos c e f são congruentes. Devido à sua posição


relativamente às retas que os determinam, são chamados de ângulos alternos
internos.

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Os ângulos a e h, bem como os ângulos b e g, também são congruentes. São chamados


ângulos alternos externos.

Os ângulos b e f, bem como os ângulos d e h, a e e, c e g são também congruentes.


São chamados ângulos correspondentes.

Teorema: A soma das medidas das amplitudes dos ângulos internos de qualquer
triângulo é igual a 180º.

Demonstração:
Seja [ABC] um triângulo. Tracemos por um dos vértices, por exemplo, B, uma reta, KJ,
paralela ao lado oposto.

É evidente que m(KBA)  m(ABC )  m(CBJ )  180º .

Considerando as retas KJ, AC e AB, verificamos que os ângulos KBA e BAC são
ângulos alternos internos e portanto são congruentes, isto é, m(KBA)  m(BAC ) .

Considerando as retas KJ, AC e BC, concluímos que m(CBJ )  m(ACB ) , pois são

ângulos alternos internos.

Assim,
m(KBA)  m(ABC )  m(CBJ )  m(BAC )  m(ABC )  m(ACB )  180º .

Teorema: Num triângulo a medida da amplitude de um ângulo externo é igual à soma


das medidas das amplitudes dos ângulos internos que não lhe são adjacentes.

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Demonstração:
Seja [ABC] um triângulo.

Sabemos que m( BAC )  m(ABC )  m(ACB )  180º .

O ângulo DCB é um ângulo externo, como tal m(ACB )  m( DCB )  180º .

Assim,
m( BAC )  m(ABC )  m(ACB )  m(ACB )  m(DCB ) .
Isto é,
m( BAC )  m(ABC )  m(DCB ) .

Do teorema anterior concluímos que, num triângulo, a medida da amplitude de um


ângulo externo é maior do que a medida da amplitude de qualquer um dos ângulos
internos não adjacentes.

Teorema: Num triângulo [ABC], se o lado [BC] tem comprimento superior ao


comprimento do lado [AC], então, o ângulo que se opõe a [BC] é maior do que
o ângulo que se opõe a [AC].

Este teorema pode apresentar-se numa formulação mais intuitiva:


“Num triângulo, ao maior lado opõe-se o maior ângulo.”

Outros teoremas podem ser formulados:

o Num triângulo, a lados congruentes opõem-se ângulos congruentes.

o Num triângulo, ao menor lado opõe-se o menor ângulo.

o Num triângulo, a ângulos congruentes opõem-se lados congruentes.

o Num triângulo, ao maior ângulo opõe-se o maior lado.

o Num triângulo, ao menor ângulo opõe-se o menor lado.

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Geometria no Plano

Por exemplo, no triângulo isósceles [ABC], [AB] e [BC] são lados congruentes. O ângulo
CAB é oposto ao lado [BC], por sua vez o ângulo BCA é oposto ao lado [AB]. Assim
concluímos que CAB e BCA são ângulos congruentes.

Teorema (Desigualdade Triangular): Num triângulo, a medida de comprimento de


qualquer um dos lados é sempre menor do que a soma das medidas de comprimento
dos outros dois.

Demonstração:

Seja [ABC] um triângulo. Mostremos, sem perda de generalidade, que AC  AB  BC .


Marquemos um ponto D sobre a reta AB de modo que B esteja entre A e D e tal que
[BD] e [BC] sejam congruentes.

O triângulo [BCD] é isósceles e os lados congruentes são [BD] e [BC]. Os ângulos BCD
e BDC , que se lhes opõem, também são congruentes.
O ângulo ADC é congruente com BDC , que é congruente com BCD .
Como m(BCD )  m(ACD ) então m(ADC )  m( ACD ) .

Como num triângulo ao maior ângulo se opõe o maior lado, concluímos que

AD  AC
AB  BD  AC
AB  BC  AC , porque [BD] é congruente com [BC].

Matemática IV 27
Geometria no Plano

Num triângulo retângulo o lado que se opõe ao ângulo reto designa-se de hipotenusa.
Os outros dois lados são os catetos. No triângulo retângulo abaixo, [BC] é a hipotenusa
e [AB] e [AC] são os catetos do triângulo retângulo [ABC].

Teorema (Teorema de Pitágoras): Num triângulo retângulo, o quadrado da medida


do comprimento da hipotenusa é igual à soma dos quadrados das medidas do
comprimento dos catetos.

2 2 2
Na figura anterior, o Teorema de Pitágoras diz-nos que BC  AB  AC .

Existem muitas demonstrações deste teorema1. A seguir apresentamos uma delas.

Demonstração:
A figura seguinte representa um quadrado cujo lado tem de comprimento a + b.
O quadrado está dividido em cinco partes: quatro triângulos retângulos, de catetos com
medida de comprimento a e b, respetivamente, e um quadrado cujos lados são as
hipotenusas dos triângulos.

1
Pode consultar, por exemplo: Andrade, J. e Saraiva, M. (2008). Pitágoras até aos nossos dias e o
raciocínio visual. Educação e Matemática, 96, 2-6.

Matemática IV 28
Geometria no Plano

Na figura que se segue temos também um quadrado cuja medida do comprimento do


lado é a + b. Portanto, é um quadrado geometricamente igual ao anterior. No entanto,
está dividido em seis partes: quatro triângulos geometricamente iguais aos triângulos
representados na figura anterior e dois quadrados cujas medidas do comprimento dos
lados correspondem, respetivamente, às medidas do comprimento dos catetos do
triângulo retângulo.

Como os dois quadrados de lado a + b são geometricamente iguais e os triângulos


também o são, “subtraindo” aos quadrados os triângulos, resta-nos no primeiro, um
quadrado de área c2 e, no segundo, dois quadrados de áreas a2 e b2.
Logo,
c2  a2  b2 .

Critérios de congruência de triângulos

Em qualquer triângulo há seis medidas fundamentais, a saber, as medidas dos


comprimentos dos lados e as medidas das amplitudes dos ângulos internos. Quando
essas medidas coincidem em dois triângulos dados, os triângulos dizem-se
congruentes ou geometricamente iguais.
Mais precisamente, os triângulos [ABC] e [DEF] dizem-se congruentes se houver uma
correspondência entre os vértices de um e de outro (digamos A  D , B  E e
C  F ) de tal modo que lados e ângulos correspondentes sejam congruentes
(ou seja AB  DE, BC  EF , CA  FD, m(CAB)  m(FDE ), m(ABC )  m(DEF )

e m(BCA)  m(EFD ) ).

Matemática IV 29
Geometria no Plano

Quando escrevemos [ ABC ]  [ DEF ] (ou, ABC  DEF ), queremos dizer não só que

os triângulos são congruentes, mas que o são através da correspondência A  D ,


B  E e C  F . Logo, [ ABC ]  [ DEF ] não significa o mesmo que [ ABC ]  [ FDE ] .

Os critérios de congruência que vamos estudar dizem que, em certos casos, basta que
três partes (ângulos ou lados) de um triângulo sejam congruentes às correspondentes
partes do outro para que essa correspondência seja uma congruência.

1. Critério LLL (Lado-Lado-Lado)

Dois triângulos são congruentes se e só tiverem, de um para o outro, os três


lados congruentes. [Os elementos congruentes assinalam-se com igual marca.]

[ ABC ]  [ RST ]

2. LAL (Lado-Ângulo-Lado)

Dois triângulos são congruentes se e só se tiverem, de um para o outro, dois


lados e o ângulo por eles formado congruentes.

[ ABC ]  [ RST ]

Matemática IV 30
Geometria no Plano

3. ALA (Ângulo-Lado-Ângulo)

Dois triângulos são congruentes se e só se tiverem, de um para o outro, um lado


congruente e os ângulos adjacentes a esse lado também congruentes.

[ ABC ]  [ RST ]

1.5.1.2. Quadriláteros

Um quadrilátero é um polígono com quatro lados.

Os quadriláteros têm algumas propriedades que os caracterizam e os relacionam uns


com os outros. Por exemplo, há quadriláteros com pares de lados paralelos, com os
ângulos internos congruentes entre si, com os lados opostos congruentes, etc.

Um trapézio é um quadrilátero com pelo menos um par de lados opostos paralelos.

Os lados paralelos designam-se de bases do trapézio. Distinguimos a base menor e a


base maior, se existirem.

Classificação de trapézios:

 Trapézio isósceles

São trapézios que verificam as seguintes condições:

Matemática IV 31
Geometria no Plano

 Trapézio retângulo

Tem um dos lados perpendicular aos lados paralelos.

 Trapézio escaleno

Os lados não paralelos não são congruentes.

Um paralelogramo é um trapézio com os lados opostos paralelos.

Consideremos um paralelogramo [ABDC].

Matemática IV 32
Geometria no Plano

As retas AB e CD são paralelas. São também paralelas as retas AC e BD. Considerando


as retas AB, CD e AD, verificamos que os ângulos BAD e CDA são congruentes,
pois são ângulos alternos internos. Observando as retas AC, BD e AD, concluímos que
os ângulos CAD e ADB são congruentes, pois são ângulos alternos internos.

Da análise da figura acima conclui-se, pelo critério de congruência de triângulos ALA,


que [ABD]  [ADC] e portanto:

 AB  CD e AC  BD ;
 m(ACD )  m(ABD ) .

Assim, podemos afirmar que num paralelogramo:

 os lados opostos são congruentes;


 os ângulos opostos são congruentes;
 a soma das medidas de amplitude de dois ângulos consecutivos é igual a
180º;
 a soma das medidas de amplitude dos ângulos internos de um paralelogramo
é igual a 360º.

Matemática IV 33
Geometria no Plano

Um retângulo é um paralelogramo com todos os ângulos internos retos.

Um losango é um paralelogramo com os quatro lados congruentes.

Um quadrado é um quadrilátero com todos os lados e todos os ângulos internos


congruentes entre si.

 Um quadrado é um retângulo com todos os lados congruentes.

 Um quadrado é um losango com os ângulos internos congruentes.

Um papagaio é um quadrilátero que tem dois pares de lados consecutivos congruentes.

Observação: Poderá consultar outros textos nos quais surjam definições diferentes
para os quadriláteros, por exemplo, de trapézio, como sendo um quadrilátero com
exatamente um par de lados paralelos, e que, portanto, não inclui os paralelogramos.

O seguinte esquema ilustra a classificação dos diferentes tipos de quadriláteros.

Matemática IV 34
Geometria no Plano

Propriedades das diagonais dos quadriláteros

Os quadriláteros são polígonos com duas diagonais. Nas figuras seguintes as diagonais
são, respetivamente, os segmentos de reta [AC] e [BD]

Teorema: Num paralelogramo as diagonais bissetam-se, isto é, intersetam-se no


respetivo ponto médio.

Matemática IV 35
Geometria no Plano

Demonstração:

Consideremos o paralelogramo [ABCD] e as suas diagonais [AC] e [BD]. Pretendemos

mostrar que AM  MC e DM  MB .

Consideremos os triângulos [ABM] e [CDM]. Ao analisarmos a figura concluímos que os


ângulos BAC e DCM são congruentes. Por sua vez, são também congruentes os
ângulos ABD e BDC . Como os segmentos [AB] e [DC] são congruentes, visto que
são lados opostos de um paralelogramo, pelo critério ALA da congruência de triângulos

verificamos que [ABM]  [CDM] . Assim, AM  MC e DM  MB , como pretendíamos

mostrar.

É de notar que esta propriedade é também válida para os retângulos, losangos e


quadrados, visto serem também paralelogramos.

Outras propriedades:

o Num papagaio as diagonais são perpendiculares.


o Num trapézio isósceles as diagonais são congruentes.
o Num retângulo as diagonais são congruentes.
o Num losango as diagonais são perpendiculares.
o Num quadrado as diagonais são congruentes.
o Num quadrado as diagonais são perpendiculares.

1.5.2. Circunferência. Círculo.

Circunferência é o conjunto dos pontos do plano que estão à mesma distância de um


ponto C designado por centro da circunferência. Estes pontos formam uma linha curva
fechada.

Matemática IV 36
Geometria no Plano

Ao segmento de reta que une um ponto da circunferência ao centro chama-se raio da


circunferência. Muitas vezes a designação “raio da circunferência” também é usada
para representar a distância (constante) entre cada ponto da circunferência e o centro.

Um segmento de reta cujos extremos sejam pontos de uma circunferência designam-se


por corda da circunferência. As cordas que passam pelo centro da circunferência
designam-se por diâmetros da circunferência.
Exemplo:
- O segmento [CP] é um raio da circunferência.
- O segmento [QR] é uma corda da circunferência.
- O segmento [ST] é um diâmetro da circunferência.

A medida de comprimento de um diâmetro é o dobro da medida de


comprimento do raio da circunferência.

O círculo é formado pela circunferência e pela região plana que esta limita, ou seja,
considerando uma circunferência de centro C e que tenha r por comprimento do raio, o
círculo é o conjunto de pontos do plano cuja distância ao ponto C é inferior ou igual a r.

Matemática IV 37
Geometria no Plano

- Se uma reta, qualquer que seja, passar pelo centro de uma circunferência e for
perpendicular a uma corda, então bisseta a corda.
- Se uma reta, qualquer que seja, passar pelo centro de uma circunferência e bissetar
uma corda, então é perpendicular à corda.

1.5.2.1. Posição relativa entre duas circunferências

Quando consideramos duas circunferências no plano, estas podem:


- não ter pontos comuns;
- ter um ponto comum;
- ter dois pontos comuns;
- ter todos os pontos comuns.

Exemplos:

 As duas circunferências C1 e C2 não têm pontos comuns.

Matemática IV 38
Geometria no Plano

 As duas circunferências C1 e C2 têm um ponto comum: o ponto A.

As circunferências C1 e C2 são tangentes.

 As duas circunferências C1 e C2 têm dois pontos comuns: os pontos A e B.

As circunferências C1 e C2 são secantes.

 As duas circunferências C1 e C2 têm todos os pontos comuns.

As circunferências C1 e C2 são coincidentes.

Matemática IV 39
Geometria no Plano

As circunferências com o mesmo centro dizem-se concêntricas.

1.5.2.2. Posição relativa entre uma reta e uma circunferência

Quando consideramos uma reta e uma circunferência no plano, estas podem:


- não ter pontos comuns;
- ter um ponto comum;
- ter dois pontos comuns.

Exemplos:

 A reta e a circunferência não têm pontos comuns.

 A reta e a circunferência têm um ponto comum: o ponto A.

A reta m é tangente à circunferência C no ponto A.

 A reta e a circunferência têm dois pontos comuns: os pontos A e B.

Matemática IV 40
Geometria no Plano

A reta m é secante à circunferência C.

Uma reta tangente a uma circunferência num ponto A, é perpendicular ao raio [AC],
sendo C o centro da circunferência.

1.5.3. Polígonos e circunferência

Diz-se que um polígono está inscrito numa circunferência (ou que uma
circunferência está circunscrita a um polígono) quando todos os vértices do
polígono são pontos da circunferência; o centro desta circunferência diz-se o
circuncentro do polígono.
Exemplo:
O pentágono [PQRST] está inscrito na circunferência de centro C, por sua vez, a
circunferência de centro C está circunscrita ao pentágono [PQRST]. O ponto C é o
circuncentro do pentágono.

Matemática IV 41
Geometria no Plano

Diz-se que um polígono está circunscrito a uma circunferência (ou que uma
circunferência está inscrita num polígono) quando todos os lados do polígono são
tangentes à circunferência; o centro desta circunferência diz-se o incentro do
polígono.
Exemplo: O hexágono [MNOPQR] está circunscrito à circunferência de centro C, por sua
vez, a circunferência de centro C está inscrita no hexágono [MNOPQR]. O ponto C é o
incentro do hexágono.

Todo o polígono regular pode inscrever-se numa circunferência e circunscrever-se a


uma circunferência e os seus incentro e circuncentro coincidem.

Num polígono regular, chama-se:


- raio do polígono a um raio da circunferência circunscrita cujos extremos são o centro
e um vértice do polígono;
- apótema a um raio da circunferência inscrita perpendicular a um lado do polígono.

Exemplo:
O segmento [CS] é um raio do pentágono regular [PQRST].
O segmento [CA] é um apótema do pentágono regular [PQRST].

Matemática IV 42
Geometria no Plano

Num polígono regular, o incentro (coincidente com o circuncentro) designa-se por


centro do polígono regular. No exemplo anterior C é o centro do pentágono regular
[PQRST].

Consideremos um polígono regular com n lados [A1A2…An] e a circunferência que lhe


está circunscrita. Podemos considerar para esta circunferência, os n ângulos ao centro
determinados por vértices consecutivos do polígono. Estes ângulos são designados por
360º
ângulos ao centro do polígono e a medida das suas amplitudes é igual a .
n
Exemplos:

1) Consideremos o pentágono regular [PQRST]. Os ângulos ao centro do pentágono


360º
têm medida de amplitude igual a  72º . É de notar que os ângulos ao
5
centro de qualquer polígono regular são congruentes entre si, basta considerar
o critério LLL da congruência de triângulos para verificar que assim é.

2) Os ângulos ao centro do hexágono regular [PQRSTU] têm medida de amplitude


360º
igual a  60º .
6

Matemática IV 43
Geometria no Plano

Atenção: Ângulo ao centro de um polígono é diferente de ângulo interno de um polígono.

Sobre os ângulos internos de um polígono sabemos:


o A soma das medidas de amplitude dos ângulos internos de um triângulo é 180º;
o A soma das medidas de amplitude dos ângulos internos de um paralelogramo é
igual a 360º.

Será que a soma das medidas de amplitude dos ângulos internos de um


qualquer quadrilátero é também 360º?

A resposta é imediata a partir da observação da seguinte figura, onde um quadrilátero


qualquer é decomposto em dois triângulos justapostos, por meio de uma das suas
diagonais.

Podemos assim concluir que qualquer que seja o quadrilátero, a soma das
medidas de amplitude dos seus ângulos internos é sempre 360º  2 180º .

Este processo de decomposição de um polígono em triângulos pode ser utilizado em


qualquer polígono (não necessariamente regular): as diagonais de qualquer polígono
tomadas a partir de um mesmo vértice, permitem sempre a decomposição de um
polígono em triângulos.

Matemática IV 44
Geometria no Plano

Quantos?

1) N.º de lados: 5
N.º de diagonais: 2 = 5 – 3
N.º de triângulos: 3 = 5 - 2
Soma das medidas de amplitude dos ângulos internos: 3 180º  540º .

2) N.º de lados: 6
N.º de diagonais: 3 = 6 – 3
N.º de triângulos: 4 = 6 - 2
Soma das medidas de amplitude dos ângulos internos: 4 180º  720º .

Se continuarmos com este processo para polígonos com um número diferente de lados,
concluímos que se um polígono tiver n lados, existem n – 3 diagonais partindo de cada
vértice e portanto n – 2 triângulos.” Assim:

a) A soma das medidas de amplitude dos ângulos internos de um


polígono com n lados (não necessariamente regular) é igual a
( n  2)  180º .
b) A medida da amplitude dos ângulos internos de um polígono regular
( n  2)  180º
com n lados é .
n

Matemática IV 45
Geometria no Plano

1.5.4. Perímetro e área de um polígono

MEDIR é comparar.

Medir um comprimento é contar o número de vezes que a unidade de medida de


comprimento (ou um seu submúltiplo ou um seu múltiplo) “cabe” no que queremos
medir.

Imagine que tem 8 linhas com o mesmo comprimento e que, com o auxílio de alfinetes
ou pioneses, constrói cada uma das seguintes linhas poligonais fechadas:

Estas linhas poligonais fechadas (e portanto os polígonos correspondentes) têm algo em


comum: foram obtidos a partir de linhas com o mesmo comprimento. Portanto, as somas
das medidas de comprimento dos lados dos polígonos são iguais.

Dizemos que estes polígonos têm o mesmo perímetro (do grego: peri (contorno) +
metron (medida)).

Matemática IV 46
Geometria no Plano

O perímetro de um polígono é o comprimento da linha poligonal fechada que limita


o polígono.

NOTA: Normalmente, usa-se a expressão “perímetro” em vez de “medida do perímetro”.

O perímetro não depende do número de lados do polígono. Como se pode observar nos
polígonos anteriores podem existir polígonos com número diferente de lados e
que têm o mesmo perímetro.

É de notar que num polígono regular com n lados, se a medida do comprimento de um


dos lados for l unidades, o seu perímetro corresponderá a n  l unidades.

Se tentar desenhar com, no máximo, 9 quadrículas, figuras geométricas que tenham o


mesmo perímetro, poderá obter figuras como as que se seguem:

o Se pretendermos construir as linhas poligonais fechadas que contornam cada


figura, usando fio e pioneses, precisaremos de 17 linhas com 12 unidades de
comprimento cada uma e o número de pioneses varia de figura para figura.

o Se pretendermos construir as figuras usando papel, como poderemos determinar


a quantidade de papel necessária na construção de cada figura?

Matemática IV 47
Geometria no Plano

Vamos supor que cortamos quadradinhos de papel geometricamente iguais à


quadrícula do papel do desenho. Saber qual é a quantidade de papel necessária
é saber, por exemplo, o número destes quadradinhos: quantos deles são
necessários para cobrir cada figura.

Consideremos as figuras 2, 3 e 4. Embora estas figuras não sejam


geometricamente iguais (não podem levar-se à coincidência ponto por ponto), é
preciso a mesma quantidade de papel para as construir, ou seja, o mesmo
número de quadrículas para as cobrirem completamente. Diz-se que as figuras
têm a mesma área.

Duas figuras que têm a mesma área dizem-se equivalentes. Duas figuras
equivalentes não são necessariamente geometricamente iguais.

A grandeza “comprimento” é quantificada, é medida, por comparação com o


comprimento de um segmento de reta tomado como unidade. Será que,
analogamente, se pode medir a área de uma superfície plana?

No processo de cobertura das figuras por quadrículas, descrito anteriormente,


vimos quantas vezes a quadrícula “cabe” na figura construída. Estamos a medir!
Neste caso, a unidade de medida escolhida foi a quadrícula. É claro que
poderíamos ter escolhido outra unidade de medida, por exemplo o triângulo
retângulo que se obtém dividindo uma quadrícula por uma das suas diagonais.
É de notar, no entanto, que, por exemplo, a área da figura 1, tomando a
quadrícula para unidade de medida, é igual a 8 unidades de medida de área,
enquanto a área da mesma figura, usando o triângulo retângulo anteriormente
referido para unidade de medida, é igual a 16 unidades de medida de área.

Em conclusão, para medir a área de uma superfície plana precisamos de:


 uma unidade de medida, isto é, uma figura plana cuja área consideramos ter
medida 1;
 responder à questão “quantas vezes a unidade escolhida, ou um dos seus
submúltiplos, “cabe” na figura dada?”

A seguir iremos deduzir fórmulas matemáticas que nos permitem determinar a


medida da área dos polígonos, a partir das medidas dos comprimentos de
segmentos de reta ligados ao polígono em questão (lados, diagonais, …).

Matemática IV 48
Geometria no Plano

Quadrados

Consideremos para unidade de medida de área, a área de um quadrado com lado


medindo 1 unidade de comprimento (previamente escolhida).

Se a medida do comprimento do lado l de um quadrado for n unidades, qual a medida


da área do quadrado?

Exemplo: O lado do seguinte quadrado tem de medida de comprimento 7 unidades.

Quantas vezes (unidade de medida de área) “cabe” no quadrado?

Analisando o quadrado em questão verifica-se:


- 7 linhas com 7 unidades de medida de área;
- 7 colunas com 7 unidades de medida de área.

Isto é, no total tem-se (7  7 ) unidades de medida de área. Assim, a medida da área do

quadrado é 49 unidades de medida de área.

No caso de um quadrado cujo lado tem medida de comprimento igual a n unidades,


procedendo a um raciocínio análogo, conclui-se que a medida da área do quadrado é
( n  n ) unidades de medida de área.

A medida da área de um quadrado Q cujo lado mede l é expressa pela fórmula

A(Q)  l  l  l 2

Matemática IV 49
Geometria no Plano

Retângulos

A medida da área de um retângulo R cujos lados medem, respetivamente, b e h é


expressa pela fórmula
A( R )  b  h

Diz-se que a medida da área do retângulo R é o produto da medida do comprimento da


base (b) pela medida do comprimento da altura (h).

Exemplo: A medida da área do seguinte retângulo é 7  3  21 unidades de medida de


área.

b
Paralelogramos

Consideremos um paralelogramo [ABCD]. Tracemos por C o segmento [CE],


perpendicular ao lado oposto. Se destacarmos do paralelogramo o triângulo rectângulo
[CBE] e o colocarmos na posição [ADF], Os quadriláteros [ABCD] e [FECD] têm a mesma
área uma vez que o segundo se obteve do primeiro alterando apenas a posição do
triângulo removido.

NOTA: Num paralelogramo se escolhermos um dos seus lados para base (por exemplo
[AB]), chamamos altura (relativa àquele lado) ao segmento perpendicular com
extremidades na base e no lado oposto (por exemplo [CE] para a base [AB]).

Matemática IV 50
Geometria no Plano

A medida da área de um paralelogramo é expressa pelo produto da medida do


comprimento de qualquer base do paralelogramo pela medida do comprimento da
altura correspondente.

Triângulos

Consideremos um triângulo qualquer [ABC] e construamos um triângulo [A’B’C’] tal que


[ABC]  [A' B' C' ] . Coloquemos o lado [B’C’] sobre [BC] como indica a seguinte figura.
Obtemos um quadrilátero, em particular um paralelogramo.

Assim, a medida da área do triângulo [ABC] é metade da medida da área do


paralelogramo [ABA’C]. Isto é,

1
A([ ABC ])   AB  h ,
2

com h a medida do comprimento da altura do paralelogramo.

NOTA: Num triângulo, se escolhermos um lado para base (por exemplo, [AB]),
chamamos altura do triângulo (relativa ao lado [AB]) ao segmento perpendicular à base
que une o vértice oposto à base (que une C à base).

A medida da área de um triângulo é igual a metade do produto da medida do


comprimento de uma base pela medida do comprimento da altura correspondente.

Matemática IV 51
Geometria no Plano

Trapézios

Considere o trapézio [ABCD]. Este quadrilátero é facilmente decomponível num


retângulo e em dois triângulos. Basta traçar os segmentos de reta [AE] e [BF],
perpendiculares a [DC].

Então,

Chamando, como habitualmente, bases do trapézio aos dois lados paralelos e altura a
qualquer segmento de reta perpendicular às bases e com origem numa e extremidade
noutra, podemos dizer que:

A medida da área de um trapézio é igual ao produto da semissoma das medidas dos


comprimentos das bases pela medida de comprimento da altura.

Polígono regular com n lados

Consideremos o caso particular de um hexágono regular.

Matemática IV 52
Geometria no Plano

O hexágono regular pode ser decomponível em 6 triângulos congruentes entre si e


portanto com a mesma medida de área. Assim, determinar a medida da área do
hexágono equivale a determinar a medida da área de um triângulo e multiplicar por 6.
Isto é:

1 
A  6    l  med.apótema ,
2 
com l a medida do comprimento do lado do hexágono.

Procedendo a um raciocínio análogo verifica-se que a área de um polígono regular com


n lados é expressa por:

1 
n    l  med.apótema ,
2 

com l a medida de comprimento do lado do polígono.

1.5.5. Perímetro de uma circunferência. Área de um círculo.

Se construir uma “circunferência” com um fio e quiser medir o comprimento da


circunferência, isto é, o perímetro da circunferência, poderá estender o fio como está
indicado na figura e a medida do comprimento do fio corresponderá à medida do
comprimento da circunferência.

Se realizar a seguinte experiência:


1. Considere várias circunferências de raios distintos.

Matemática IV 53
Geometria no Plano

2. Meça, para cada circunferência, o respetivo perímetro e o comprimento do diâmetro.


3. Analise, para cada circunferência, o quociente entre a medida do perímetro e a medida
do comprimento do diâmetro.

Verificará que, em todos os casos, o referido quociente é constante e igual a

P
 ,
d
com   3,14 .

Logo, pode afirmar-se que a medida do perímetro de uma circunferência é expressa por

P  d   ou P  2  r   ,

com r a medida do comprimento do raio da circunferência e d a medida do comprimento


do diâmetro da circunferência ( d  2  r ) .

Suponha que pretende determinar a medida da área das seguintes figuras.

Unidade de medida de área

Facilmente se verifica que a medida da área de H é 11 unidades de medida. No entanto,


a medição da área do círculo sombreado a azul não é tão trivial!

Um processo que se pode aplicar para calcular a área do círculo é o cálculo da área por
enquadramento.

Matemática IV 54
Geometria no Plano

Verifica-se que a medida da área do círculo é superior a 25 unidades de medida e inferior


a 49 unidades de medida.

Outro processo para medir a área de um círculo:


1.º: Enrolar uma corda sobre si própria, de forma a fazer um círculo.

2.º: Marcar um raio do círculo.

Matemática IV 55
Geometria no Plano

3.º: Cortar com uma tesoura esse raio.

4.º: Estender os fios cortados.

Os fios que compõem o círculo inicial compõem, aproximadamente, um triângulo cuja


medida da base é a medida do perímetro da circunferência que limita o círculo e a
medida da altura é a medida do raio do círculo. Assim, pode-se concluir que

Matemática IV 56
Geometria no Plano

1 1
Ao   P  r   2  r  r    r2 .
2 2

Isto é,

Ao    r 2 .

Referências

Andrade, J. e Saraiva, M. (2008). Pitágoras até aos nossos dias e o raciocínio visual.
Educação e Matemática, 96, 2-6.
Araújo, P. V. (1998). Curso de Geometria. Lisboa: Gradiva.
Barbosa, J. L. M. (1985). Geometria Euclidiana Plana. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira
de Matemática.
Hilbert, D. (1952). Fundamentos da Geometria, Lisboa: Instituto para a Alta Cultura.
Jacobs, H.(1987). Geometry. New York: W. H. Freeman and Company.
Loff, D. (1991). Polígonos e Pavimentações – uma abordagem elementar. Sociedade
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