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Achille Mbembe CRITICA, Pons oy Po eros ats ior oro eho fo foro fees loon erro Sto oro Poon ‘© fiitions La Découverte, Paris, 2013, 2015 @n-edigdes, 2018 ee ontee sos editoriais do Ambito ‘segue necessariamente as convengées das instituigées poisconsideraa ecto um trabalho de criago que deve intergie COORDENAGAO EDITORIAL Peter Pal Pelbart e Ricardo Muniz Fernandes” |ASSISTENTE EDITORIAL Inés Mendonga prosero GRAFICO Erico Peretta q ‘rrapugio Sebastiio Nascimento preparagio Tadeu Breda Este livro, publicado no ambito do Programa de Apoio & Publicagao ano 2018 Carlos ‘Drummond de Andrade do Instituto Francés do Brasil, contou com o apoio do ‘Ministério francés da Europa ¢ das Relagdes Exteriores | Cet ouvrage, publié dans le du Programme @aide d la Publication année 2018 Carlos Drummond de Andrade de! Francais du Brési, bendficie du soutien du Ministére de l'Europe et des Affaires étramgires. Este livro contou com o apoio & publicagao do Institut Francais | Get ouvrage a! du soutien des Programmes Waides & la publication de Institut Frangais Appresente ediséo contou com o apoio de Flivia Lacerda, ‘A ierodusto parcial sem fins lucrativos deste livro, para us0| Sean % Sef qualquer meio, est autorizada, desde que citada a com 05 editores, CLINICA DO SUJEITO Tudo comega, assim, por um ato de identificagao: “Eu sou um negro”. O ato de identificagao constitui a resposta a uma per- gunta que nos fazemos: “Quem sou eu, afinal?”; ou que nos é feita: “Quem é vocé?” Neste segundo caso, trata-se de uma resposta a uma intimacao. Em ambos os casos, trata-se de revelar a propria identidade, de tornd-la ptiblica. Mas revelar aidentidade é também se reconhecer (autorreconhecimento), é saber quem se é e dizé-lo, ou melhor, proclamé-lo, ou ainda, dizé-lo a si mesmo. O ato de identificagao é também uma afir- macao de existéncia. “Eu sou” significa, desde ja, eu existo. O senhor e 0 seu negro Mas 0 que é entao um “negro”, esse ente do qual se diz que eu sou a espécie? “Negro” é, antes de mais nada, uma palavra. Uma palavra remete sempre a alguma coisa. Mas a palavra tem também uma consisténcia propria, uma densidade pro- pria. Uma palavra existe para evocar alguma coisa na coms- ciéncia daquele a quem é enderegada ou que a ouve. Quanto mais densidade e consisténcia tiver, mais a palavra provo- caré uma sensacao, um sentimento ou um ressentimento naquele a quem se destina. Existem palavras que ferem. A capacidade das palavras de ferirem faz parte do seu peso préprio. Supde-se que “negro” seja também & acima de tudo um nome. Aparentemente, todo nome abarca uma sina, uma condicao relativamente genérica. “Negro” é portanto o nome que me foi dado por alguém, Nao 0 escolhi originalmente. Herdo esse nome por conta da posigio que ocupo nO espago a ~ ae

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