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Todos são culpados

Texto básico: Romanos 3.9-20


Leitura diária
D Sl 14.1-7 – A corrupção do pecado
S Sl 53.1-6 – Uma mente obscurecida
T Ef 2.1-10 – O nosso verdadeiro passado
Q Is 53.1-6 – A necessidade de um salvador
Q Is 59.1-8 – Uma grande barreira espiritual
S Gl 2.15,16 – Sem justiça própria
S At 2.37-41 – Arrependimento para todos

Introdução
O Brasil é reconhecido internacionalmente como o país do futebol e do carnaval. Porém, temos
um outro produto também genuinamente nacional: “o jeitinho brasileiro”, que é maneira, muitas
vezes não ética, de sempre se arrumar uma solução ou desculpa para tudo.

Às vezes temos o mesmo comportamento também quando se trata de realidades espirituais. Nós
nos comportamos como se alguma desculpa ou “jeitinho” pudesse nos justificar diante de Deus.
No entanto, a Bíblia não deixa nenhuma dúvida para a realidade de que diante de Deus ninguém
poderá se desculpar ou dar um jeitinho. Vejamos quais são as razões para esse ensinamento
bíblico.

I. Todos são culpados


Ao escrever à igreja em Roma, o apóstolo Paulo faz uma exposição minuciosa do evangelho. Ele
explica por que o evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm
1.17,18). A primeira parte da explicação é a demonstração de que o mundo inteiro é culpado
diante de Deus. Ninguém pode alegar inocência perante ele.

a. Os gentios são culpados


Os gentios (ou pessoas sem a Bíblia) são indesculpáveis diante de Deus porque nunca ficaram
sem testemunho suficiente do Senhor, tanto por meio da criação (Sl 19.1-3; At 14.17; Rm 1.19-
20) como por meio da lei moral gravada nos corações (Rm 2.14,15). Portanto, a idolatria ou
paganismo que praticam aqueles que não conhecem o evangelho, não é fruto da ignorância
somente, mas de rebeldia mesmo. Daí a razão deles também estarem debaixo da ira de Deus e
subjugados pelo pecado.

Isso por si só já seria motivo mais do que suficiente para nos ocuparmos com o trabalho
evangelístico e missionário. Se pesar sobre nós a consciência de que todos aqueles que não
conhecem o evangelho de Jesus Cristo estão debaixo da ira de Deus, sentiremos a urgência e a
necessidade de anunciarmos do poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.

b. Os judeus são culpados


Para os judeus, era fácil aceitar que os gentios estavam debaixo do pecado, portanto condenados
e debaixo da ira de Deus. No entanto, Paulo também se dirige a eles com a mesma mensagem.
Os judeus (ou pessoas com a Bíblia), orgulhavam-se de serem os guardiões da revelação de
Deus e de receberem em seus corpos o sinal externo da aliança (a circuncisão). Contudo, as
Escrituras também diziam que eles eram culpados aos olhos de Deus. Isto por dois motivos
básicos: da lei da qual se orgulhavam, eles mesmos eram infratores (Rm 2.23), e a circuncisão
que era um sinal para a comunidade do pacto, perdera o seu valor, pois a sua prática não era
acompanhada pela obediência e purificação do coração (Rm 2.25).

Professar o Cristianismo e sentir segurança espiritual por causa do conhecimento, pode ser muito
perigoso. Aos olhos de Deus alguém que procede desse modo não é nem um pouco menos
culpado do aquele que pratica o paganismo deliberadamente.
II. Por que todos são culpados?
Paulo já havia mencionado várias razões por que tanto gentios como judeus são culpados.
Porém, para não haver qualquer tipo de questionamento ele cita alguns trechos do Antigo
Testamento (Rm 3.10-18), onde é expressamente declarada o motivo para toda a humanidade
estar debaixo da ira de Deus.

a. A ausência de Deus na vida


O primeiro motivo apresentado é a ausência de Deus na vida. O Antigo Testamento, a Bíblia dos
judeus, afirma que “não há justo, nem um sequer” (Rm. 3.10), “não há quem busque a Deus” (Rm
3.11) e que “não há o temor de Deus diante de seus olhos” (Rm 3.18). Esse é o diagnóstico
preciso e real de todo ser humano diante de Deus. Essa é a realidade espiritual em que todo ser
humano se encontra, por isso ele é culpado e está debaixo da ira de Deus.

É interessante observar que o próprio apóstolo Paulo se inclui nessa lista quando diz: “temos nós
qualquer vantagem?”. Isto mostra que nem o apóstolo Paulo confiava em méritos próprios como
garantia da sua salvação.

b. A natureza destruidora do pecado


Outro ponto importante a ser observado é a natureza destruidora do pecado. Ele tem a
capacidade de corromper todas as áreas da nossa vida, tais como as nossas emoções, mente,
sexualidade, consciência e vontade. Não há nada no ser humano que tenha ficado imune ao
poder de corrupção do pecado.

O quadro é muito real e não deixa dúvidas: “a garganta deles é sepulcro aberto; com a língua,
urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldade e de
amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e
miséria; desconheceram o caminho da paz” (Rm 3.13-17). Aqui, Paulo cita algumas atitudes e
órgãos do nosso corpo que, em vez de glorificarem a Deus e servirem o próximo, servem para
desonrar a Deus e ferir o semelhante. Todas essas práticas, em menor ou maior grau, só nos
fazem culpados e merecedores da ira de Deus.

c. A universalidade do pecado
Por último, utilizando-se das próprias Escrituras do Antigo Testamento, Paulo aponta para a
universalidade do pecado. Elas dizem que “não há justo, nem um sequer, não há quem entenda,
não há quem busque a Deus; todos se extraviaram (…); não há quem faça o bem, não há nem
um sequer” (Rm. 3.10-12). Essas citações são mais do que suficientes para provar a
universalidade do pecado.

Diante de tais argumentos, o que devemos fazer é confessar a nossa culpa, nos arrependermos
dos nossos pecados e depositarmos a nossa total confiança e esperança na obra de Jesus
Cristo. O que percebemos também, é que essa concepção do pecado nivela toda humanidade a
um mesmo patamar, não restando assim, nenhum espaço para o orgulho e para qualquer
sentimento de auto-suficiência.

III. A incapacidade de autojustificação


Após apresentar a deplorável situação em que toda a humanidade se encontra, Paulo encerra
esta primeira parte da sua apresentação do evangelho mostrando que, igualmente assim como
todos estão condenados, judeus e gentios, também não há a menor possibilidade para ninguém
em qualquer um desses grupos justificar-se com base em seus próprios méritos. Isso eqüivale a
dizer que tanto para aquele que vive isolado numa tribo no meio da selva, quanto para aquele que
foi criado dentro de uma igreja evangélica ou numa família de tradição cristã, o único meio de
salvação é encontrado fora de si mesmo, ou seja, em Jesus Cristo.

a. Dos gentios
A incapacidade de se autojustificar por parte dos gentios, ou seja, daqueles que nunca
conheceram o evangelho, tem sido apresentado por Paulo desde o princípio da sua carta. As
duas pretensas justificativas foram desqualificadas pelo ensino apostólico.

1. Alegação de ignorância – Desde o início da sua carta, o apóstolo tem declarado que todos os
homens são indesculpáveis diante de Deus (Rm 1.20). Ninguém pode alegar ignorância da
existência de Deus, pois o testemunho divino é claro a toda humanidade. Esse testemunho revela
conhecimento suficiente de Deus para ninguém alegue desconhecimento (Sl 19.1-3; At 14.17; Rm
1.19,20). Se isso não fosse verdadeiro, só nos restaria fazer uma pergunta: se a ignorância salva,
por que Jesus Cristo mandou que o evangelho seja pregado a todas as nações? A atitude não
deveria ser o contrário?
2. Alegação de mérito – Outro argumento que ninguém poderá apresentar diante de Deus, será o do
mérito próprio. Paulo afirma em Romanos 2.1, que aqueles que alegam mérito próprio, praticam
em muitas ocasiões as mesmas coisas que condenam. Jesus não precisará nem do
conhecimento do evangelho para julgar essas pessoas. Apenas o próprio padrão moral que há no
coração será suficiente para condená-los (Rm 2.14,15).
b. Dos judeus
Por último, Paulo destrói qualquer tentativa também por parte dos judeus para se autojustificarem.
O seu objetivo é demonstrar como todos estão debaixo da ira de Deus, por serem igualmente
culpados. Nenhum dos argumentos apresentados seria suficiente. Logo, somente o evangelho é
o meio para que essas pessoas sejam salvas.

1. Conhecimento da lei – Os judeus se orgulhavam da sua nacionalidade e também de terem


recebido a lei (Rm 2.24). Porém, ainda que isto seja um grande privilégio, essa vantagem só
evidenciou mais ainda o pecado em que eles se encontravam. A lei só serviu para testemunhar
ainda mais contra o estado de culpa em que eles se achavam (Rm 3.20). Eles também eram
transgressores da lei de Deus, logo, o simples fato de conhecerem a lei não os salvava.
2. A prática da circuncisão – Havia também a confiança na prática da circuncisão. Porém, como
Paulo já havia dito, se essa não tivesse acompanhada pela realidade interna que ela
representava, não teria valor algum diante de Deus (Rm 2.25,28,29). Semelhantemente, ninguém
poderá apresentar algum sacramento ou ritual religioso como meio de se autojustificar diante de
Deus no dia do Juízo Final.
Logo, a conclusão apresentada pelo apóstolo Paulo é de que ninguém poderá se justificar diante
de Deus por nenhum tipo de obra, seja ela religiosa ou moral (Rm 3.20). Isto levaria os leitores da
carta à seguinte pergunta: se essa é a condição do ser humano, se ele está fatalmente
condenado por causa dos seus pecados e debaixo da ira de Deus, se ele é incapaz de salvar a si
próprio, o que fazer então? Há alguma esperança? É desse ponto em diante que Paulo começa a
apresentar a segunda parte do evangelho. Primeiro ele apresentou a condenação que a lei traz,
agora ele apresentará a justificação pela fé. Esse será o assunto das duas próximas lições.

Conclusão
Uma das maiores dificuldades que enfrenta o ser humano é reconhecer a necessidade de um
salvador. Ele procura seguir uma religião, busca um líder espiritual e até mesmo alguém que lhe
diga o que fazer. No entanto, crer em Jesus como salvador, é algo que o homem reluta em fazer.
A razão é simples: ninguém reconhece que necessita de um salvador enquanto não sentir o peso
da condenação por causa do seu pecado. Isso requer humilhação, arrependimento e uma entrega
total a Jesus Cristo.

No entanto, só veremos um genuíno crescimento da igreja a partir do momento em que a igreja


se preocupar em pregar o evangelho tal como ele é e as pessoas fizerem a sua profissão de fé
pelos motivos já expostos.

Aplicação
Se Deus lhe perguntasse os motivos pelos quais ele deveria lhe conceder vida eterna, quais
razões você apresentaria?

>> Estudo publicado originalmente pela Editora Cultura Cristã, em revista para escola dominical
da série Palavra Viva, com base no livro A Obra Consumada de Cristo, de Francis A. Schaeffer,
da Editora Cultura Cristã. Usado com permissão.

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