O golpe de março de 1964, que derrubou o presidente do Brasil, João Goulart,
inaugurou 21 anos de ditadura militar e, com ele, um longo período de sofrimento marcado por desaparecimentos e tortura. Tavares remonta a 1961, quando Goulart, como vice-presidente, fez uma visita oficial à China de Mao quatro meses após a debacle da Baía dos Porcos. As preocupações dos EUA sobre a mudança política para a esquerda do Brasil chegaram ao auge quando Goulart (apelidado de Jango) se tornou presidente em 1963, levando o embaixador Lincoln Gordon a liderar uma campanha secreta apoiada pela CIA para derrubar o governo. Gordon argumentou que, se o Brasil se tornasse comunista, o país não seria outra Cuba, mas sim outra China. Os interesses econômicos dos EUA eram grandes demais para permitir que isso acontecesse, então a CIA começou a canalizar enormes somas de dinheiro para financiar candidatos anti-Goulart e plantar artigos falsos na imprensa brasileira. Quando Lyndon B. Johnson se tornou presidente, ele continuou as políticas de seu antecessor, assinando uma campanha para reunir secretamente elementos dissidentes no exército brasileiro a fim de derrubar o governo de Goulart. Através de gravações dos presidentes Kennedy e Johnson, bem como documentos e imagens noticiosas, Tavares expõe os objetivos da Operação Irmão Sam, um retorno quando a Marinha dos EUA enviou navios pela costa brasileira nos dias conduzindo ao golpe, assegurando um apoio rápido se os oficiais rebeldes tiverem dificuldade em derrubar o governo. Como se viu, a intervenção foi desnecessária em grande parte porque Goulart, não querendo sancionar o que poderia facilmente ter se transformado em uma sangrenta guerra civil, exilou-se no Uruguai. Tavares não ignora os partidários sobreviventes do golpe, e ainda há alguns no Brasil que acreditam que Goulart teria levado o país a um sistema semelhante ao de Castro. No entanto, como afirma um dos ex-oficiais, o país precisava limpar a casa, mas ninguém limpa a casa há 21 anos. No evento, Goulart admitiu a derrota em poucas horas e fugiu pela fronteira sem necessidade de intervenção estrangeira direta. Tavares parece apressar o encerramento do filme, mostrando ao longo de 21 anos de governantes brasileiros autoritários em apenas um minuto e encerra mostrando o seqüestro de 1969 do embaixador dos EUA, Charles Elbrick, dando uma cena dramática para o golpe, mas o desmantelamento da democracia e a brutal opressão nas décadas de 1970 e 1980 merece maior ênfase. O povo brasileiro acabou pagando um preço muito mais alto do que Goulart.