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Roteiro pré-definido:

1. Idade?
25 Anos

2. Gênero?
Masculino

3. Tempo de formação?
3 Anos

4. Qual é a linha teórica que utiliza?


Psicanálise – Freud e Lacan.

5. Classifique como foi a formação na graduação em relação à Avaliação


Psicológica e justifique (ruim, satisfatória, boa, muito boa).
Na minha opinião, o tema da avaliação psicológica aborda várias disciplinas
correlacionadas, não abrangendo apenas aquelas disciplinas autointituladas
“avaliação psicológica I, II, III...”, mas sim as disciplinas sobre psicopatologia,
funções cognitivas superiores, psicologia da aprendizagem, ética, psicometria,
etc. Essas disciplinas de forma indireta e direta eventualmente tocam no tema
da avaliação psicológica, tanto no que se refere ao funcionamento e manuseio
da relação psicólogo e paciente, quanto ao que se refere ao abordar o que se
busca na avaliação psicológica. Cada vez mais me questiono a respeito das
referências básicas e diferenças entre saúde e doença, noção de normalidade,
etc. Assim, num âmbito social, o curso me ajudou muito a questionar qual a
finalidade de um diagnóstico na contemporaneidade, e qual o papel da psicologia
nisso tudo. Um grande debate atual é se a psicologia se identifica mais com um
curso de ciências humanas ou com um curso da área de saúde, e a avaliação
psicológica tem um papel importante nisso. Quando trabalhei em um posto de
saúde, a avaliação psicológica entrava em um campo muito mais ativo para
fichar, rotular, diagnosticar, encaminhar para devidas assistências, muito mais
num campo de rotulação e diagnóstico do paciente. Nesse caso, o paciente é
visto mais a partir de uma perspectiva de sua doença do que de um paciente. Já
quando estagiei no CRAS, a avaliação entrava mais um campo interpretativo
auxiliar, deixando a referência de doença de lado. Entretanto, o que eu tive das
disciplinas “Avaliação Psicológica” era algo muito mais bruto e prático e se
referenciava aos testes mesmo, como aplicar, local, espaço, função, elaboração
de laudo, etc. Para mim isso é um problema, pois os psicométricos, ao meu ver,
são “mais fáceis” de se aprender do que os projetivos, visto o caráter de
avaliação quantitativa que os mesmos apresentam. Além disso, devido à grande
“eficácia” de acertos dos testes, vejo que progressivamente o caráter de saber e
experiência vai se deixando de lado e os testes vão ganhando mais espaço e
peso no diagnóstico. O olhar do psicólogo é voltado cada vez mais ao olhar do
teste do que dele mesmo, afetando a busca subjetiva do sujeito entrevistado.

6. Saberia citar as etapas realizadas no processo de Avaliação Psicológica?


Teoricamente falando, não tenho organização para explanar tais processos, mas
se eu pudesse a partir de uma perspectiva pessoal separá-los, faria assim: 1.
Introdução e elaboração do projeto de avaliação. Momento que se conversa com
o grupo, empresa, sujeito, sobre a avaliação psicológica, o papel da solicitação,
como irá funcionar, pressupostos, etc. Essa etapa serve para dialogar com o
grupo que planeja e quer a avaliação psicológica sobre o seu papel. É importante
destacar que o que mais me surpreende na minha prática clínica é que a
avaliação psicológica ganha mais um peso de encosto/salvação de alguma coisa
do que efetivamente como a produção de algo. Então os pais querem um
diagnóstico para o filho, e não uma psicoterapia. A empresa quer saber qual é o
candidato mais apto e adequado para determinar função, considerado suas
neuroses e excessos, e não qual que seria mais integrado como “saudável”, se
eu posso ousar usar esse termo ainda. 2. É a etapa ativa de coleta das
informações e prática da avaliação propriamente dita. O CFP vive ressaltando
para se buscar a subjetividade, utilizar vários testes e a perspectiva pessoal do
psicólogo na hora da avaliação, mas o que eu mais encontro é o pessoal
utilizando apenas um teste “FODÃO” para avaliar um grupo de candidatos e fazer
uma seleção mais rápida. 3. A terceira etapa serve para a elaboração e
organização dos dados baseados na teoria da psicologia, que acaba sendo a
etapa que eu mais gosto e me identifico. É a parte em que se reflete sobre todo
o processo prático da avaliação, se olha se os dados são funcionais e corretos,
se repensa as estratégias utilizadas durante a avaliação e se questiona se deve
retomar e utilizar outros processos de testagem novamente com o grupo ou não.
Essa etapa é complicada em empresas, por que geralmente se pede o resultado
“para ontem”, então não dá muita margem para erros ou se possibilitar rever
alguns testes. No consultório particular é mais tranquilo, por que se pode pedir
mais sessões ou encontros para garantir a fidedignidade do processo. 4. Nessa
etapa se encerra e se apresenta os resultados obtidos, e é a parte mais delicada,
por que é comum um confronto interno ou externo dos entrevistados ou aqueles
que buscaram inicialmente o teste. Parece estranho, mas existe uma estranha
surpresa desses sujeitos quando o resultado não é aquilo que eles buscam –
como se o papel da avaliação psicológica fosse para garantir a verdade que eles
já pressupõem. Então é necessário cuidado de que forma vai ser apresentado
os resultados, o que isso indica e qual o seu caminho.
7. Tem alguma formação complementar/pós-graduação latu ou strictu sensu
em Avaliação Psicológica (Pós-graduação ou Cursos de curta duração)?
Não.
8. Qual(is) é(são) a(s) área(s) e o(s) local(is) de sua atuação?
Atuo como psicólogo clínico em meu consultório particular e trabalho em uma
empresa. Nesta empresa eu não sou registrado como “psicólogo”, mas acabo
usando muito conhecimento que adquiri com a psicologia nesta prática. Então
trabalho diretamente com os processos administrativos relacionados a
contratação e registro de pessoas em seu campo de trabalho bem como na
atuação de concessão de benefícios.
9. Qual(is) é(são) o(s) público(s) atendido(s)?
Em minha clínica particular, geralmente atendo “jovens adultos”, isto é, de 18 a
30 anos de idade. Mas eventualmente atendo outras faixas etárias.
10. Faz Avaliação Psicológica? Se sim, comente. Se não, por quê?
A prática da avaliação psicológica em si, de produzir um documento elaborado,
não estou realizando. Em minha prática clínica de consultório particular, o que
se tem mais solicitado são avaliações específicas – como a avaliação para
cirurgia bariátrica e a avaliação para posse/porte de arma de fogo. Nesse
quesito, acredito não ter conhecimento teórico/prático para realizar tais
avaliações (além do que, se precisa de cursos específicos do CFP), e geralmente
encaminho para colegas que tem tais especializações. Já a avaliação voltada a
prática clínica, é constante para se focar em um diagnóstico de estrutura clínica
(partindo dos pressupostos da psicopatologia psicanalítica/dinâmica), o que é
uma situação e campo bem diferentes. Esta hipótese diagnóstica está mais a
favor do tratamento em si, e não para a produção e elaboração de algo para um
terceiro (estado/família/escola/empresa/etc).
11. Em relação à Avaliação Psicológica, quais são as principais dificuldades
encontradas?
Assim como apontado antes, acho que a grande dificuldade atual é a
necessidade da população em geral se conscientizar sobre o impacto e o papel
da avaliação psicológica na sociedade. As pessoas precisam entender que o
psicotécnico por exemplo, não é uma prova ou empecilho, mas sim uma etapa
séria e importantíssima para se tirar a habilitação, e não simplesmente um teste
em que o sujeito repete várias vezes até conseguir a qualificação mínima. Se ele
não for capaz em passar neste teste, deve ser ético e compreender o que isso
significa para ele mesmo. Isso talvez parece se esquecer, justamente reforçando
que o atual presidente do Brasil autorizou a necessidade de renovação do porte
de arma de 5 para 10 anos. Quando ele faz isso, ele ignora todo o aparato
científico da avaliação psicológica e o impacto disso na sociedade. A doença
mental é referida muitas vezes como uma escolha, e não uma condição. O
parecer de um psicólogo deve ser levado a sério, e não visto como uma
“frescura” problemática.
12. Quais os principais cuidados na realização de uma Avaliação Psicológica?
Penso que é necessário reconhecer as possibilidades e impossibilidades da
própria avaliação psicológica. Sempre é reforçado isto, mas os testes
psicológicos devem ser uma ferramenta, nunca o parecer final. Além disso, os
testes sempre vão apresentar um nicho de características e traços da
personalidade da pessoa, nunca para sempre definidos, e também não se
reduzem a questões atemporais. Até mesmo informações e sentimentos que a
pessoa teve no dia/mês/ano podem afetar a avaliação psicológica. Então é
necessário reconhecer qual é a finalidade dos testes e reforçar também a teoria
e formulação prática do psicólogo. O teste como ferramenta deve reforçar as
entrevistas individuais e outros mecanismos avaliativos que o psicólogo está
realizando, nunca o contrário.
13. Quais são os testes/instrumentos/ferramentas psicológicas que conhece?
Infelizmente, conheço poucos. Os que eu conheço (e consequentemente, uso)
são a Escala de Inteligência Wechsler para Crianças (WISC-IV), Teste Casa –
Árvore – Pessoa (HTP), Teste de Apercepção Temática (TAT), Inventário
Fatorial de Personalidade (IFP-II), Teste Palográfico e IHS (Del Prette) e os
Testes Não-Verbais de Inteligência (R-1 e R-2).
14. Quais são os métodos que utiliza na sua prática?
Depende da situação, mas quando é uma avaliação psicológica individual, gosto
de realizar uma entrevista individual com o paciente para elaborarmos e vermos
o foco, objetivos e os propósitos do teste em um caráter total. Geralmente nesta
entrevista já vou adquirindo algumas informações da vida prévia do entrevistado.
Após isto, faço um pequeno “projeto” de como irei coletar os dados necessários.
Geralmente, busco referencial teórico para os testes mais adequados para a
devida situação, e realizo novamente uma entrevista, desta vez mais focada,
relacionada ao entrevistado e suas questões. Após isso, utilizo os testes
psicológicos mais indicados, realizando a coleta dos dados postumamente e
conferindo com as anotações prévias da entrevista. Se eu precisar, tento realizar
uma entrevista com outras pessoas ligadas ao paciente para fortalecer o
diagnóstico e o choque de percepções, por exemplo, como o avaliado se vê, vê
o mundo e suas relações e como outros vem ele, suas relações e percepções.
Por exemplo, com uma criança eu converso novamente com os pais. Já ocorreu
uma situação em que eu tive que conversar com o cônjuge do entrevistado.
Quanto mais bem definido for a busca, mas fidedigno podem ser os resultados.
Após isto, tento realizar um choque com todos os dados já coletados para
conferir uma confiabilidade deles para somente após produzir o documento
necessário.
15. Como faz a devolutiva do processo avaliativo?
A entrevista devolutiva deve ser pensada a partir de toda a retrospectiva
avaliativa ocorrida. Deve-se questionar se aquilo que previamente era esperado
é o que o avaliado está imaginando e pensar nos pressupostos disto. A
devolução deve ser realizada com cuidado, citando e mencionando apenas os
itens necessários que o avaliado precisa saber sobre o procedimento e a coleta
de dados. Também é importante mencionar a fidedignidade da avaliação e os
seus processos jurídicos de validação, a manutenção do documento, entre
outras questões. É um momento delicado, porém que geralmente produz muito
feedback e novas aprendizagens.
16. Além das questões já mencionadas, há algo mais que queira comentar a
respeito da Avaliação Psicológica?
Não, pois acabei realizando provocações em outros questionamentos também.

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