Programa de Pós-Graduação Curso de Especialização em Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa Disciplina: Língua falada e escrita. Docente: Lilian Melo Discentes: Débora Morais, Elizabeth Andrade, Etiene Oliveira, Nereida Neri, Thaís Soledade.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), documento criado pelo Ministério da
Educação (MEC), estabelece os conhecimentos fundamentais que devem ser aprendidos pelo o estudante em cada ano do ensino básico. Desta forma, orienta a construção política-pedagógica, na medida que estabelece as competências e habilidades que serão desenvolvidas no ensino/aprendizagem das disciplinas curriculares. A BNCC, em suas competências específicas, frisa que a linguagem deve ser compreendida como construção humana, histórica e social. Nesse sentido, o ensino de Língua Portuguesa (no documento, dividido em: oralidade, leitura, escrita, conhecimentos linguísticos e gramaticais e educação literária) deve desenvolver nos jovens visão crítica, para que eles possam reconhecer na língua, nosso instrumento de comunicação, uma fonte de expressão dos sentidos, das emoções, das experiências em sociedade, do reconhecimento dos mais diversos pontos de vista, expressos nas mais diversas formas de linguagem, respeitando a variação linguística e a individualidade de cada falante da língua portuguesa, bem como o seu próprio lugar como cidadão. Assim, a BNCC, no que diz respeito ao ensino das práticas orais e da ortografia, busca contribuir para a participação do aluno na vida pública, levando, naturalmente, a uma formação para a cidadania. As competências e habilidades envolvidas no ensino da oralidade/ortografía buscam que o aluno compreenda, através do estudos de textos orais e escritos, a variação linguística; os alunos organizem e adequem a sua língua falada e escrita de acordo com o contexto em que se encontra; apresentem a língua falada como algo que se relaciona com a escrita e linguagens não verbais, como a expressão corporal, como contribuintes para a organização do discurso oral. Neste caso, o ensino da oralidade e ortografia caminha junto com a escrita e a leitura, sendo assim o centro das atividades de linguagem. Assim, o aluno poderá ter contato com os gêneros textuais utilizados no cotidiano que envolvem as práticas sociais da linguagem, em situações formais ou informais. Portanto, o aluno poderá compreender o quanto a língua falada e escrita podem se relacionar, além dos demais recursos linguísticos de caráter não-verbal (gestos, expressão facial, etc) Nos anos finais do Ensino Fundamental, o texto, tanto oral como escrito, torna-se o centro das atividades em sala de aula. Ele não deve, entretanto, ser tomado com um fim em si mesmo, ou seja, como um mero código a ser decifrado ou um mero sistema de regras gramaticais. Deve, sim, estar envolvido em práticas que permitam o desenvolvimento crítico e reflexivo dos estudantes. A perspectiva de ensino seria, portanto, dialógica. O ensino da língua portuguesa não pode ser reduzido a um mero ato de depositar ideias, conceitos, regras, de um sujeito no outro, ou mesmo de um para o outro. É necessário que haja uma construção conjunta, entre professor mediador e aluno, onde ambos reflitam e ajam como sujeitos fazedores dos seus conhecimentos. Um ato, sobretudo, de criação. Um sujeito não pode ser anular em detrimento ao outro, para a conquista do outro, mas sim que construam em harmonia o conhecimento. Logo, os conteúdos são explorados por meio dos gêneros textuais orais e escritos, os quais buscam um estudo sobre o uso da nossa língua. Isto é, os conhecimentos aprendidos são atrelados ao contexto sociocultural do estudante. A BNCC propõe a escuta e a produção de textos, considerando as diferenças entre fala e escrita e as formas específicas de cada composição, bem como a situação de enunciação (nível de formalidade). Recomenda também que a variação linguística deve ser explorada dentro da diversidade dos textos orais e escritos. Em relação a ortografia, os conteúdos devem explorar uma reflexão sobre o léxico, conteúdo temático, à compreensão das relações de intertextualidade, à identificação da forma composicional, dos aspectos ligados à organização textual, à construção da coesão e da coerência. Da mesma forma, o exercício da fala não é o foco do ensino na oralidade, mas sim, a identificação das características de diferentes gêneros textuais orais que organizam determinadas atividades, considerando também a relação entre fala e escrita. O texto é a base, mas não como pretexto. Reflete-se, discute-se criticamente esse material e, claro, o produz, nas mais diversas situações. Consequentemente, o documento visa um ensino da oralidade e da ortografia sob uma prática realista, visto que propõe um estudo da língua oral e escrita como uma das manifestações da linguagem. Com efeito, os pressupostos pedagógicos do documento descarta o conceito de língua como código a ser decifrado, um sistema de regras gramaticais descontextualizadas. Além disso, a BNCC, em suas competências e habilidades, procura desenvolver uma autonomia do docente, coloca-o como agente de sua linguagem capaz de usá-la em quaisquer atividades socioculturais.