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“A SOBERBA PRECEDE À RUÍNA”

Texto Bíblico: Ob 1-4.

INTRODUÇÃO

Comecemos a análise do livro de Obadias pelo preâmbulo.

1) O PORTA VOZ DA MENSAGEM: OBADIAS.

Nada sabemos a seu respeito.

2) A NATUREZA DA MENSAGEM DE OBADIAS: UMA VISÃO.

Os ouvintes originais das profecias esperariam que “visão” em tal título


significasse uma mensagem de Deus através de seu profeta nomeado. Esta
expectativa é confirmada aqui quando Yahweh afirma quatro vezes que ele é
Aquele que fala (vv. 1, 4, 8, 18). A expectativa de uma fonte divina é de
primeira importância. Portanto, a falta de algum material comumente
encontrado em outros livros proféticos sobre datas específicas (cf. Am 1:1) ou
antecedentes familiares do profeta (cf. Is 1:1) não é uma preocupação.
3) A FONTE E AUTORIDADE DA MENSAGEM DE OBADIAS: “ASSIM
DIZ O SOBERANO, O SENHOR”.
A sentença “Assim diz o” é uma “fórmula mensageira” (v. 1b), já que o
orador está agindo em nome de outro - uma prática comum em Israel (por
exemplo, Gn 32:5; Êx 5:10). A alfabetização era rara no antigo mundo do
Oriente Próximo, devido aos complexos sistemas de escrita das principais
sociedades, como o Egito e a Mesopotâmia. As mensagens, se escritas, eram
gravadas por escribas e entregues oralmente ao destinatário, que também
provavelmente era analfabeto. É, portanto, de vital importância indicar
claramente tanto a fonte quanto o destinatário. A primeira é necessária, pois
está sob a autoridade do remetente, e não da do mensageiro, que a mensagem
deve ser entendida. As palavras não eram as do mensageiro, mas do seu
patrocinador. Isso fica claro também no contexto da profecia do Antigo
Testamento, onde a autoridade da mensagem não está no mensageiro
profético, mas no remetente divino, o próprio Yahweh. É devido à posição de
Obadias como mensageiro de Deus que sua advertência a Edom precisa ser
ouvida.
A fonte da mensagem é identificado pelo substantivo próprio modificado
“Soberano SENHOR”, ou mais literalmente “meu Senhor [, don m ay ; título],
Yahweh [nome próprio].” Essa combinação se tornou fossilizada, de modo que
a designação pessoal se perdeu. O título divino indica a posição subserviente
do falante em relação ao destinatário, reconhecendo a autoridade do último.
Isso pode ser metafórico, já que é usado em um endereço educado, como
fazemos com o "senhor" em inglês (por exemplo, Rute 2:13), mas às vezes a
distância social é literal. O uso é, portanto, apropriado quando se fala do
Criador do universo.
4) O DESTINÁTÁRIO DA MESANGEM DIVINA: EDOM.
I. “LEVANTEM-SE! VAMOS ATACAR EDOM!”

A quem a convocação para a guerra é dirigida?

A primeira mensagem que Obadias escuta é endereçada não a Edom,


mas às nações. A profecia de Obadias começou com a visão de uma guerra
futura, à qual o Senhor chama todas as nações.
Qual o modo como a convocação para a guerra é executada?
Conforme descrição de Warren Wiersbe, Deus disse a seu servo que um
embaixador de uma nação aliada de Edom estava visitando outras nações para
convencer seus líderes a unir forças e atacar Edom. Na verdade, o Senhor é
que havia ordenado essa mudança política, e aquilo que parecia ser apenas
mais uma visita diplomática era na verdade a execução do juízo de Deus
contra Edom. O profeta alude a uma liga de nações que se levantaria contra
Edom.

Quem está convocando as nações para a guerra?

Deus é o agente da História. Ele governa sobre os reinos e nações (2 Cr


20.6; Dn 5.21). Além disso, Não são apenas as nações que lutam, mas o
próprio Yahweh se junta a elas. Ao longo de sua história, Israel enfrentou
conflitos armados, de modo que a metáfora do Senhor como um Deus
guerreiro é mais apropriada (Êxodo 15:3; Sl 24:8). O próprio Yahweh toma seu
lado numerosas vezes em batalha, guiando-os com “um braço estendido” (por
exemplo, Dt 4:34; 7:19; cf. Êx 17:16; 1 Sm 17:47; 1 Cr 5:22; 2 Cr 20:15, 17).

II. “EU TORNAREI VOCÊ PEQUENO ENTRE AS NAÇÕES”

Aqui, vamos considerar como a nação de Edom se via no espelho da


geopolítica internacional.

1) A AUTOIMAGEM DE EDOM

Como Edom se via?

Edom se via como uma nação invencível – as montanhas. De acordo


com o versículo 3, Edom se vangloria por causa da vantagem estratégica que
ela tem sobre seus vizinhos como resultado de sua localização geográfica.
Isaltino Filho diz que, embora Edom tivesse elevado conceito de si mesmo, o
fato é que Deus nunca o constituíra uma grande nação. A questão é que Edom
não era o que presumia ser. E nunca seria.

Edom se via como uma nação intocável – a águia e as estrelas. Ela


se compara a uma águia que pode planar e aninhar-se acima do terreno elevado e
olhava para outros animais com grande desdém, como se eles fossem as
formigas da terra (Obad. 4; cf. Jó 39:27; Pv 23:5), ou mesmo acima da própria Terra,
até as próprias estrelas, os alcances externos de sua existência (Jó 22:12).

Qual a fonte da soberba de Edom?

A soberba de Edom nasceu no seu coração (Gn 3; Is 14; Jr 17.9; Mt 15;


Rm 1; 2 Tm 3)

Qual a causa da soberba de Edom?

“você que vive nas cavidades das rochas e constrói sua morada no alto
dos montes; você que diz a si mesmo: ‘Quem pode me derrubar?’”. Veja Jr
9.23.
O que a soberba de Edom fez com essa nação?

Obadias declara: “A soberba do teu coração te enganou...”. O mesmo


aconteceu com Satanás, Adão e Eva, a Torre de Babel, etc.

O que a soberba levou Edom a declarar perante as outras nações e


perante Deus?

Obadias ainda diz: “... e dizes no teu coração: Quem me deitará por terra?”.

Qual o resultado da soberba de Edom?

“Se te remontares como águia e puseres o teu ninho entre as estrelas,


de lá te derribarei, diz o Senhor”.

2) COMO DEUS VÊ EDOM

O que a partícula “veja!” significa?

“Veja, olhe, algo de importância imediata está vindo a seguir”.

O que de importante estava para vir sobre Edom?

O juízo de Deus.

O que Deus diz que fará a Edom?

“Eis que te farei pequeno entre as nações; tu és mui desprezado” (Ob 2).
Esta partícula e a ordem da palavra hebraica enfatizam que a palavra hebraica
“pequena, insignificante” não considera número, mas sim significância. O
tamanho não costumava ser um problema, já que a maioria dos outros estados
regionais da região, como Moabe, Amom, Israel, Judá e os filisteus, não eram
geograficamente grandes (cf. Ec 9:14). Significância, honra ou status era uma
questão diferente, especialmente para aqueles de Edom, que tinham uma
autoimagem orgulhosa. Ser pequeno em importância era ser “desprezado”,
como a segunda metade do versículo 2 indica. Em uma área que disputava a
proeminência nacional, a diminuição da estima era tão degradante quanto
perigosa, porque era vista como um sinal de fraqueza e uma oportunidade de
atacar.

O que isso nos ensina sobre Deus?

- É Deus quem exalta e quem humilha.

- É Deus quem preza e quem despreza.

APLICAÇÃO

1) O orgulho nacionalista não é apenas o domínio de Edom,


mas caracteriza a raça humana, tanto em termos de associações étnicas
como eclesiológicas.
2) Há uma linha tênue entre autoconfiança e orgulho.
Um exemplo disso é a vocação de Deus para fazermos alguma coisa.
Nesse caso, o foco principal é estar na tarefa e na preparação para ela, não
nos obstáculos que a desafiam ou na pessoa a quem é delegada. Um desvio
em qualquer direção pode facilmente atrapalhar a missão.
Quando Israel foi direcionado para tomar a terra, ela enviou espiões para
inspecioná-la. Quando se concentraram nos obstáculos, ficaram
sobrecarregados e recusaram-se a cumprir seu chamado (Nm 13:26-29, 31-
33). Somente aqueles que entendiam a capacidade que acompanhava o
comissionamento confiavam em si mesmos porque estavam confiantes em
Deus (v. 30). Ele era o guerreiro em favor deles; eles não precisavam tomar a
terra eles mesmos. A igreja hoje precisa levar isso a sério também: Deus não
nos deixa derrotar o pecado e o inimigo por conta própria.
Outras vezes, a atenção para si mesmo e para as próprias capacidades
ou vocações atrapalham. Saul foi comissionado para derrotar e aniquilar os
amalequitas (1 Sm 15:1-3). Anteriormente incapaz de acreditar que ele tinha
algo a oferecer a Deus ou ao seu povo (9:21; 10:22), agora ele sentia que nem
mesmo precisava da instrução de Deus; ele era capaz de tomar suas próprias
decisões, mesmo que elas contrariassem as instruções específicas de Deus
(15:9, 15, 20-21). Ele se tornou tão autoconfiante que nem sequer entendeu o
que fizera de errado.
O orgulho, definido no dicionário como "uma opinião alta ou
desordenada da própria dignidade, importância, mérito ou superioridade",
caracteriza nossa época, pelo menos na cultura ocidental. “Eu fiz do meu jeito”,
diz uma canção popular de não muito tempo atrás, e infelizmente a mesma
atitude invade a igreja. Um dos problemas de autoconfiança e orgulho é que
não se está aberto à correção; afinal, se estou certo, por que deveria ouvir o
que os outros pensam? Uma das vantagens da comunidade de fé não é
apenas encontrar apoio quando alguém está sofrendo, mas também encontrar
orientação quando alguém está perdido.

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