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A IMPORTÂNCIA DA ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL COMO DIFERENCIAL NO

PROCESSO DE GESTÃO NAS EMPRESAS

Édison Rheim Júnior


Graduando no Curso de Ciências Contábeis da Universidade Presidente Antônio Carlos –
UNIPAC Juiz de Fora – MG.
erheim@gmail.com
RESUMO

A Contabilidade está cada vez mais presente no cotidiano das pessoas jurídicas,
deixando de ser uma mera profissão mecânica para ser uma ferramenta que fundamenta todo
o arcabouço decisório, contribuindo para a alavancagem do seu processo de gestão. Dentro
desse processo, a escrituração contábil se destaca por ser uma ferramenta poderosa capaz de
proporcionar uma maior confiabilidade e segurança para a tomada de decisões. Este estudo
apresenta a importância da escrituração contábil bem como a sua obrigatoriedade perante as
variadas legislações, pois com o registro fiel das transações contábeis, as entidades obtêm
uma maior visualização de sua riqueza bem como do comportamento dos atos e fatos
administrativos, além de inúmeras vantagens oferecidas visando sempre à otimização dos
resultados.

INTRODUÇÃO

Com as mudanças econômicas e sociais a que o Brasil assistiu e assiste a cada dia
fruto da Globalização, as entidades estão passando por um constante processo de mudança em
todos os sentidos, a postura do empresário está totalmente voltada à tomada de decisões,
muito mais a nível gerencial, isto é, subsídios de como gerir a organização e com o foco
voltado para obtenção de lucro e de como continuar mantendo-o.
Neste sentido, a Contabilidade se destaca por ser uma ferramenta capaz de
proporcionar condições que auxiliarão todo o processo decisório para otimização de
resultados.
A NBC T 1 – Das Características da Informação Contábil em seu Item 1.3.1 – Dos
Atributos da Informação Contábil diz com muita propriedade que
A informação contábil deve ser, em geral e antes de tudo, veraz e eqüitativa, de forma a
satisfazer as necessidades comuns a um grande número de diferentes usuários, não
podendo privilegiar deliberadamente a nenhum deles, considerado o fato de que os
interesses destes nem sempre são coincidentes.

Desta forma, pretende-se demonstrar que a escrituração contábil feita de forma correta
e em tempo hábil, juntamente com a adoção de algumas práticas em observância a legislação
atual, trará todo o suporte necessário para gerir o processo de gestão das entidades, além de
proporcionar inúmeras vantagens, se transformando num agente que atua como o diferencial
na tomada de decisões.
Este estudo, num primeiro momento, apresenta a evolução da Contabilidade na
história, identificando os procedimentos de registro existentes, tais como manual, mecânico e
informatizado, assim como identifica os conceitos básicos de Contabilidade e a escrituração
contábil propriamente dita. Em seguida, identifica os conceitos básicos do processo de gestão
das entidades tais como o conceito de capital de giro e sua administração juntamente com o
processo de gestão financeira em consonância com a escrituração contábil que auxilia para o
bom andamento destes trazendo benefícios.

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONTABILIDADE

A História da Contabilidade está ligada às primeiras manifestações humanas da


necessidade de proteção à posse e de controlar aquilo que possuíam, gastavam e deviam,
sempre procurando encontrar formas mais simples de aumentar suas posses, portanto,
equipara-se a história da civilização humana. O homem primitivo, embora de maneira
rudimentar, praticava a Contabilidade quando se fazia a contagem de objetos, caças ou
rebanhos, deixando vestígios de documentos.
A Contabilidade aparece pela necessidade do homem em ter informações de suas
propriedades, sendo que sua origem está ligada à necessidade de registros de comércio, sendo
que sua prática era exercida nas principais cidades da Antiguidade. As atividades de troca e
venda dos comerciantes requeriam constante acompanhamento das mudanças em seu
patrimônio no momento em que cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços
eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre os fatos.
Com o desenvolvimento e aprimoramento das operações econômicas, cada vez mais
complexas, havia necessidade de maior controle das operações.
Oliveira (2003) nos informa que a escrituração era feita manualmente nos livros
diário, razão, caixa e etc...Este procedimento deixou de ser praticado com o aparecimento das
máquinas mecânicas oriundas dos EUA, tendo em vista que se identificava grande dificuldade
em manter as escritas atualizadas devido ao volume de informações e registros necessários
para a execução dos trabalhos.
Com o aparecimento das formas mecânicas em geral utilizavam-se as máquinas de
datilografia para a escrituração e os preenchimentos das fichas soltas, eram por processadoras
automáticas, sendo que os profissionais que trabalhavam com máquinas mecânicas eram os
mecanógrafos. Estas máquinas são poucas ou nada utilizadas e de difícil manutenção nos dias
atuais.
Atualmente, há uma infinidade de aplicativos contábeis para diversas áreas
administrativas e a cada dia surgem novos softwares de escrituração, como um meio de
facilitar os trabalhos e substituir os procedimentos mecanizados e obsoletos nos dias de hoje.
A informática propicia à contabilidade muitas facilidades que vão desde os
lançamentos e processamento das informações até a geração dos relatórios que podem ser
produzidos pelo software implantado. Ao se implantar a informática na entidade, verifica-se
grandes resultados na gestão, tais como o aumento da produtividade, melhoria da qualidade
dos serviços, estímulo para os profissionais da área, facilidade de leitura e tradução dos
relatórios, atendendo às exigências dos órgãos quanto ao cumprimento dos prazos; facilidade
de acesso às informações da empresa com maior segurança das informações.

A CONTABILIDADE E A ESCRITURAÇÃO CONTABIL

A aplicação da Contabilidade a uma entidade busca promover os usuários com


informações sobre aspectos de natureza econômica, financeira e física do patrimônio da
entidade e suas mutações, o que compreende registros, demonstrações, análises, diagnósticos
e prognósticos, expressos sob a forma de relatos, pareceres, tabelas, planilhas e outros, ou
seja, é o fornecimento de informações econômicas para os vários usuários, de forma que
propiciem decisões racionais.
Assim como as outras ciências possuem seu objeto, a Contabilidade possui o seu
objeto sendo o patrimônio da entidade, ou seja, tudo o que está relacionado no Balanço
Patrimonial constitui o objeto da Contabilidade.
Uma característica fundamental da informação contábil é poder retratar a atual
condição/realidade da entidade, a fim de poder propiciar aos seus usuários uma maior eficácia
de suas análises e ou tomada de decisões.
A precisão das informações geradas pela Contabilidade dependerá sempre da
observância dos Princípios Fundamentais da Contabilidade que nortearão as questões
econômicas e financeiras da entidade, uma vez que deve possibilitar ao usuário uma análise
da sua atual situação clareza e menor grau de dificuldade, observando, comparando,
projetando e avaliando as tendências, comportamentos e resultados.
A Resolução 750/93 que dispõe sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade,
trouxe uma série de proposições básicas que sujeitam todas as normas contábeis às suas
observâncias sendo que são obrigatórias no exercício da profissão, constituindo uma condição
de legitimidade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).
O artigo 2º da referida Resolução situa os Princípios Fundamentais de Contabilidade
como a essência de todas as doutrinas e teorias relativas à Ciência da Contabilidade,
padronizando assim todos os procedimentos contábeis.
O termo escrituração contábil foi dado pela Legislação para classificar os lançamentos
contábeis feitos por seus usuários. Também são encontrados os termos "escrituração mercantil
ou comercial" e "escrituração tributária ou fiscal".
De acordo com Santos (2001), o processo de escrituração nas entidades envolve além
das transações dos componentes do patrimônio, os recursos financeiros, econômicos e sociais
que formarão as demonstrações contábeis que, em última instância, servirão de consulta e
análise também, pelos outros setores e ramos de atividade.
O Código Civil de 2.002 na Lei 10.406/2002 em seu artigo 1179 informa que.

O empresário e a sociedade empresária são obrigados a seguir um sistema de


contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em
correspondência com a documentação respectiva, e a levantar anualmente o balanço
patrimonial e o de resultado econômico.
Os artigos posteriores trazem todo o regramento de como a empresa deve proceder
para que apresente a escrituração de forma organizada, assim como todos os trâmites legais
para se manter a todos os registros em ordem e de acordo com as necessidades de cada
empresa.

Segundo Crepaldi (2008), o método de escrituração o qual é executado é o chamado


"método das partidas dobradas", que informa que para cada lançamento "a débito", deve
corresponder um "a crédito", e vice-versa, sendo que este método é considerado como a "arte
da escrituração”, ou seja, a escrituração, quando usada pelo método das partidas dobradas
assume uma condição de registro contábil, uma vez que, sem este método, o controle será
meramente administrativo e não contábil.

O PROCESSO DE GESTÃO DAS EMPRESAS

Dolabella (1995, p. 102) define que “são os recursos financeiros aplicados pela
entidade na execução do ciclo operacional de seus produtos, recursos estes que serão
recuperados financeiramente ao final deste ciclo”.
Gitman (1987, p. 510) conceitua como “os ativos circulantes que sustentam as
operações do dia-a-dia das empresas”.
O Capital de Giro é o conjunto de valores necessários para fazer uma entidade
promover seus negócios com tranqüilidade financeira e representa os recursos investidos no
ativo circulante da empresa, os quais são necessários para financiar suas necessidades
operacionais, que vão desde a aquisição das matérias-primas ou mercadorias até o
recebimento pela venda do produto acabado.
Silva (2002), informa que o capital de giro necessita de acompanhamento permanente,
pois está continuamente sofrendo o impacto das diversas mudanças enfrentadas pela empresa.
De maneira geral, quando se fala em capital de giro, estamos falando sobre os itens
circulantes do ativo, ou seja, dos recursos de curto prazo. Às vezes, as empresas encontram-se
em dificuldades para captar recursos próprios para a aplicação monetária em determinados
elementos patrimoniais.
Para Gitman (1987, p.279) “a administração de capital de giro abrange a
administração das contas circulantes da empresa, incluindo ativos e passivos circulantes”. A
administração de capital de giro é um dos aspectos mais importantes da administração
financeira considerada globalmente, já que os ativos circulantes representam cerca de 50% do
ativo total, e perto de 30% dos financiamentos totais é representado pelo passivo circulante
nas empresas industriais.
Em uma empresa a gestão financeira caracteriza-se como um conjunto de ações e
procedimentos administrativos, que envolve o planejamento, análise e controle das atividades
financeiras da empresa, no sentido de maximizar os resultados econômicos - financeiros
decorrentes de suas atividades operacionais.
O Gestor Financeiro possui sempre o objetivo de aumentar o valor do patrimônio
líquido da entidade, por meio da geração de lucro líquido, decorrente das atividades
operacionais da empresa, sendo que para isso necessita de um sistema de informações
gerenciais eficaz que lhe permita conhecer a situação financeira da empresa, tomando as
decisões mais adequadas, maximizando seus resultados.
Segundo Schrickel (1999), o ciclo econômico consiste no período em que a
mercadoria permanece em poder da empresa, ou seja, este ciclo inicia-se no momento em que
há a compra da mercadoria pela empresa e encerra-se quando da venda da mesma.
Este ciclo corresponde ao giro de estoques da empresa, pois informa o tempo em que a
empresa está necessitando para girar os seus estoques, sendo que quanto maior for o estoque,
mais lento será o giro do estoque e conseqüentemente comprometerá a situação financeira da
empresa.
Schrickel (1999), informa que este ciclo compreende o espaço de tempo entre o
pagamento ao fornecedor e o recebimento dos créditos gerados pela venda da mercadoria, ou
seja, constitui-se o período em que a empresa utiliza-se de recursos próprios ou de terceiros
para execução de suas atividades de produção, até o recebimento de seus créditos oriundos de
suas vendas.
Este ciclo, segundo o autor, é o ciclo de caixa, pois se encontra grande reflexo do ciclo
econômico neste ciclo, pois sendo lento o ciclo econômico, com certeza provocará grandes
reflexos durante o ciclo financeiro.
O autor informa que este ciclo representa a união dos ciclos econômico e financeiro e

compreende o período em que são investidos recursos nas operações, sem que ocorram as

entradas de caixa correspondentes.

Para o bom gerenciamento do capital de giro faz-se necessário uma boa adequação dos

ciclos financeiro e operacional, pois este, sendo mais amplo, corresponde ao intervalo de

tempo gasto pela empresa para executar todas as suas atividades operacionais, ou seja,

compreende desde a data das compras até o seu recebimento de clientes.

A fim de poder reduzir a dependência financeira, é importante que toda empresa deva
efetuar um estudo analítico dos seus ciclos operacional e financeiro, que servirá de base para
todas as decisões financeiras, aumentando assim o retorno financeiro de suas atividades.
O Equilíbrio Financeiro, seguindo a linha de Assaf Neto e Silva (1995, p.24)
O conceito de equilíbrio financeiro de uma empresa é verificado quando suas obrigações
financeiras se encontram lastreadas em ativos com prazos de conversão em caixa similares
aos dos passivos. Em outras palavras, o equilíbrio financeiro exige vinculação entre a
liquidez dos ativos e os desembolsos demandados pelos passivos.

O equilíbrio financeiro se dá com a aquisição de um nível satisfatório de capital de


giro e condizente com as obrigações decorrentes da atividade operacional da empresa, isto
significa que para ocorrer o equilíbrio financeiro a liquidez dos ativos deve estar nivelada com
as obrigações do passivo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Contabilidade, que passou por uma considerável evolução, transformou-se numa


ferramenta poderosa capaz de proporcionar aos empresários um maior controle de seu
patrimônio e conseqüentemente trouxe grandes benefícios na gestão das entidades, além de
fornecer informações confiáveis e tempestivas aos seus usuários, auxilia na tomada de
decisões mais racionais para preservação, ampliação do patrimônio e posterior continuidade
da entidade.
Neste sentido, a escrituração contábil desempenha um papel extremamente importante
nas empresas, pois além de ser uma ferramenta obrigatória, traz uma série de benefícios tanto
para as empresas quanto aos empresários, daí a necessidade de se manter a Contabilidade bem
organizada e completa no sentido de proporcionar uma maior confiabilidade. Para tanto,
torna-se necessário e indispensável que as informações geradas pela Contabilidade
transmitam total segurança aos seus interessados.
Observa-se, atualmente, grande resistência de alguns profissionais em manter as
escritas contábeis em dia, o que dificulta todo o funcionamento do processo de gestão das
entidades, por isso, há necessidade de uma mudança de postura por parte desses profissionais.
Adotar a execução de uma contabilidade atualizada auxilia todo este processo.
A importância da informação bem trabalhada nas empresas se torna extremamente
necessária, já que é a base para toda a tomada de decisão e é neste sentido que a contabilidade
deve trabalhar em conjunto com uma escrituração feita no momento em que ocorrem as
transações, pois, só assim, o empresário terá condições de desfrutar das inúmeras vantagens
que a escrituração contábil bem feita pode oferecer.
Dentre as vantagens oferecidas pela escrituração contábil, destacamos algumas que
são de grande importância para as empresas, tais como: proporcionar um maior controle
financeiro e econômico; facilidade no acesso às linhas de crédito; distribuição de lucros
antecipadamente; demonstrar aos sócios que se retiram da sociedade a verdadeira situação
patrimonial, para fins de apuração de haveres ou venda de participação; prova, em juízo, a
situação patrimonial na hipótese de questões que possam existir entre herdeiros e sucessores
de sócio falecido; comprova em juízo fatos cujas provas dependam de perícia contábil;
proporciona maior capacidade na administração do capital de giro e sua devida utilização;
oferece maior solidez nos planejamentos de curto, médio e longo prazo; aciona com
segurança os ciclos financeiro, econômico e operacional nas empresas; posiciona o
administrador, suprindo a exigência do Novo Código Civil quanto às prestações de contas;
imprime uma grande confiabilidade na confecção das demonstrações contábeis e tomada de
decisões mais sólidas, entre outras.
Diante da obviedade das vantagens acima elencadas, conclui-se que a escrituração é
uma ferramenta imprescindível à gestão de qualquer entidade, cabendo ao administrador,
sócios ou representantes implementarem a escrituração através de contador(a) devidamente
habilitado, para que assim tenham condições de gerir o processo de gestão nas empresas de
forma eficiente, otimizando os lucros.

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA

ASSAF NETO, Alexandre. Finanças Corporativas e Valor. São Paulo: Atlas, 2003.
BRASIL. Código Civil.46.ed. São Paulo: Saraiva, 2002
CREPALDI, Silvio Aparecido. Curso Básico de Contabilidade. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
DOLABELLA, Maurício Melo. Mensuração e Simulação das Necessidades de Capital de
Giro e dos fluxos Financeiros Operacionais: Um Modelo de Informação Contábil para a
Gestão Financeira. Dissertação de Mestrado em Contabilidade. Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade. São Paulo: FEA-USP, 1995.

GITMAN, Laurence J. Princípios de Administração Financeira. 5. ed. São Paulo: Harbra,


1987.

OLIVEIRA,Edson. Contabilidade Informatizada, 3.ed.São Paulo:Atlas, 2003.


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE.
Resolução CFC N.º 750/93 Princípios Fundamentais de Contabilidade
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS E NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE.
NBC T 1 Das Características da Informação Contábil, 2006.
— NBC T 1 3 Dos Atributos da Informação Contábil
SANTOS, Elisângela Fernandes dos. A Importância da Contabilidade como Instrumento de
Apoio a Gestão de Micro e Pequenas Empresas. <www. site contábeis.ufba.br/artigos/
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SCHRICKEL, Wolfgang Kurt. Demonstrações Financeiras. 2 ed. São Paulo: Atlas, 1999
SILVA, César A. T. Administração do Capital de Giro. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

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