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Teresina – PI
2013
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Teresina-PI
2013
SUMÁRIO
3
1. Tema______________________________________________________________04
2. Delimitação do Tema_________________________________________________05
3. Antecedentes da Pesquisa_____________________________________________06
4. Questões norteadoras_________________________________________________11
5. Objetivos___________________________________________________________12
5.1 Geral______________________________________________________________12
5.2 Específicos__________________________________________________________12
6. Justificativa_________________________________________________________13
7. Fundamentação Teórica______________________________________________15
8. Metodologia________________________________________________________24
8.2 Corpus_____________________________________________________________24
8.3 Instrumentos________________________________________________________25
8.4 Etapas_____________________________________________________________26
9. Cronograma________________________________________________________28
10. Referências_________________________________________________________29
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1. Tema
2. Delimitação do Tema
3. Antecedentes da Pesquisa
1
De acordo com Tiago Cabral Carvalho, os principais parâmetros sonoros são quatro: 1) altura (frequência dos
sons – agudos, médios, graves); 2) duração (tempo de permanência dos sons – longos ou curtos); 3) intensidade
(força dos sons – fortes ou fracos); 4) timbre ( qualidade dos sons ou consistência sonora – característica que nos
permite distinguir uma fonte sonora) (CARVALHO, 2008).
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Dos pesquisadores que desenvolveram trabalhos com a temática voltada para a relação
existente entre a literatura e a música podemos destacar: Solange Ribeiro de Oliveira, Luiz Piva,
Sylvia Helena Cyntrão, Marly Gondim Cavalcanti Souza, Carlos Rennó, Paulo Freire, Maria
Alice Amorim, Janaína Rocha, Silviano Santiago, Fernando Cerqueira, Affonso Romano de
Sant’anna, John Alpers, José Américo de M. Barros, Calvin S. Brown, Marshall Brown,
Raphael Célis, Lígia V. Cesar, Nancy Anne Cluck, André Coeuroy, Jean-Louis Cupers, Roger
Dragonetti, Umberto Eco, Jon D. Green, Thomas Grey, Steven Paul Scher, Charles Hamm,
Wendy Steiner, Lawrence Kramer, Ana Maria Gottardi Leal, Jean Molino, Antônio Manoel,
Jean-Jacques Nattiez, Santuza Cambraia Naves, Henry Orlov, Charles Perrone, Peter J.
Rabinowitz, Nicolas Ruwet, Don Noel Smith, Robert Spaethling, Claudia Stanger, Patricia
Haas Stanley, José Miguel Wisnik, Carlos Daghlian, Joaquim Aguiar, Renato Forin Junior,
Monica Isabel Lucas, Alexandra Cristina da Silva Lahm, Robson Coelho Tinoco, Marília de
Alexandria, Cláudia Neiva de Matos, Fernanda Teixeira de Medeiros, Elizabeth Travassos,
Antônio Cândido, Silvio Romero, Luís Augusto Fischer, Feliciano José Bezerra Filho, dentre
outros.
Falando mais especificamente da análise semiótica da canção, que se configura como
o foco de nosso trabalho, entendemos que há certa dificuldade em estabelecer um único método
que dê conta de analisar consistente e de maneira integrada a canção, ou seja, uma metodologia
que leve em conta, tanto o componente literário, quanto o musical, simultaneamente (LEITE,
2011, 11-12). Neste sentido, muitos estudos foram desenvolvidos com o foco em apenas um
dos dois elementos (letra ou música), menosprezando ou descartando o outro, sendo que, estes
modelos metodológicos, se estabelecem como sendo eficientes para a análise do elemento
musical e literário individualmente, mas que, no entanto, não dão conta do todo semiótico
estabelecido pelo universo cancional.
Partimos da premissa de que quando analisamos a letra de uma canção separada da
melodia, ou quando analisamos somente o elemento musical da canção, temos um efeito de
sentido incompleto, mas quando estabelecemos a interação entre o texto linguístico e o texto
musical é que podemos perceber a completude do sentido gerado pela canção, ela se torna um
todo de sentido, uma semiose, e seus elementos (musical e literário) passam a ser um único
texto. Em outras palavras, a letra de uma canção não é a canção, assim como a melodia da
mesma não corresponde à canção. Só existe canção na junção ou compatibilização entre a letra
e a melodia (TATIT, 2007, p. 45).
Na definição de Diana L. P. Barros (1999), um texto é ao mesmo tempo um objeto de
significação e também um objeto de comunicação, ou mais precisamente:
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A partir deste trecho do livro Teoria semiótica do texto entendemos que canção é um
tipo de texto e ela se estabelece a partir da união, do “sincretismo” (intercâmbio, hibrido, inter- Commented [A1]:
relação) entre a linguagem musical e literária. Para analisar a canção, recorremos à semiótica,
que de acordo com Tatit (2001), em termos gerais, “continua distante da prática descritiva dos
estudantes interessados em análises de textos, sejam estes verbais ou não verbais” (TATIT,
2001, p. 11). Ele acrescenta que a semiótica abriga no seu bojo uma alta complexidade teórica
e metodológica, o que, de certa forma, dificulta a sua aplicabilidade nos vários níveis da
educação formal.
Entendemos que a análise semiótica dos textos se configura como uma área de
investigação instigante e em expansão, pois, as noções estruturais lançadas a partir do século
XX possibilitaram uma ampla e valiosa consolidação desta área do conhecimento. Cabe aqui
dizer que são de fundamental importância as teorias propostas por Ferdinand de Saussure,
Algirdas Julien Greimas, Louis Hjelmslev, Claude Zilberberg, Diana Luz Pessoa de Barros, Luiz
Tatit. Eles, além de outros pesquisadores, traçaram os principais conceitos “tensivos” mais
adequados às descrições dos fenômenos graduais, contínuos e dinâmicos.
Os avanços terminológicos e teóricos da semiótica no desenrolar do século passado
foram tão importantes que, nos anos posteriores à década de 1960, foram incorporados os
conteúdos emocionais e passionais (mais subjetivos) aos conteúdos pragmáticos e cognitivos
(mais objetivos) sempre analisados pela semiótica. Assim, percebemos que a introdução destes
conteúdos possibilitou uma sensível ampliação dos horizontes dos domínios semióticos, numa
relação interdisciplinar que incorporou até mesmo o campo da estética no estudo dos textos
verbais, não verbais e sincréticos (TATIT, 2001).
Um dos melhores métodos de análise semiótica da canção que dispomos na atualidade
é o modelo proposto por Luiz Tatit. Ele desenvolveu este método principalmente a partir das
teorias de Greimas, Hjelmslev e Zilberberg, instituindo algumas ferramentas de análise que
examinam a conjunção e a compatibilização da letra em relação à melodia, além dos efeitos de
sentidos gerados a partir da união intersemiótica entre a música e a letra da canção. Dentre as
produções de Tatit podemos destacar o livro Semiótica da canção (2007 – onde seu método de
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análise está descrito), Por uma semiótica da canção popular (1982 – sua dissertação de
mestrado), Elementos semióticos para uma tipologia da canção popular brasileira (1986b –
sua tese de doutorado), Musicando a Semiótica (1997), Análise semiótica através das letras
(2001), A canção e as oscilações tensivas (2010), O cancionista (2002), O século da canção
(2004).
Além dos pesquisadores anteriormente citados, destacamos que, na atualidade, existem
muitos outros trabalhos sendo produzidos por estudiosos que concentraram seus esforços no
desenvolvimento de variados estudos sobre a canção, como por exemplo: José Roberto do
Carmo Júnior, Sérgio F. C. Oliveira, Peter Dietrich, Diana Luz Pessoa de Barros, Alfredo
Werney, Daniel Carmona Leite, Joêzer de Souza Mendonça, Heloísa Valente, Paulo Strogenski,
José Américo Bezerra Saraiva, Nelson Barros da Costa, Fabiana Castro Carvalho, Carlos
Rogério Duarte Barreiros, Márcio Luiz Gusmão Coelho, Kristoff Silva, Ivã Carlos Lopes,
Andréia Franciele Pereira, Carlos Rennó, Lauro Meller, Acácio T. de C. Piedade, Virgínia
Candido da Silva, Martha Tupinambá de Ulhôa, Carlos Augusto Bonifácio Leite.
Em especial, destacamos o trabalho de Carlos Augusto Bonifácio Leite (2011) que, em
sua dissertação de mestrado intitulada: Catulo, Donga, Sinhô e Noel: a formação da canção
popular urbana no Brasil; traçou um perfil de Catulo da Paixão Cearense e desenvolveu uma
análise da canção Luar do Sertão, que é uma das canções mais importantes e conhecidas no
Brasil, desde a época de sua concepção. Este trabalho é o único que conhecemos que promoveu
a análise de uma canção de Catulo, e, nesse sentido, objetivamos promover estudos sobre quatro
outras canções deste importante cancionista da virada do século XX.
Várias análises que encontramos de inúmeros compositores deixam de lado o arranjo e
a interpretação que, a nosso ver, também são carregados de sentidos que também devem ser
compatibilizados junto com a letra e a melodia da canção. É nesta ótica que, com este trabalho,
nos propomos a traçar parâmetros para uma análise semiótica da canção que leve em
consideração a letra, a melodia, o arranjo, a interpretação e a recepção (a presença do corpo, de
um intérprete), como elementos produtores de efeitos de sentidos que também conferem uma
coerência compatibilizada no todo de sentido que configura o texto “canção”.
Para a produção de nossa dissertação, recorreremos a textos complementares como:
Palavra cantada: ensaios sobre poesia, música e voz, que é uma coletânea de textos
organizados por Cláudia Neiva de Matos; Poesia sonora: poéticas experimentais da voz no
século XX, organizado por Philadelpho Menezes; Corpo e performance na poesia cantada de
Keila Michelle Silva Monteiro; Performance, recepção, leitura de Paul Zumthor; Poesia e
música: lastros de oralidade na performance de maria bethânia de Renato Forin Junior.
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4. Questões norteadoras
O modelo de análise semiótica da canção proposto por Luiz Tatit é suficiente para
abarcar todas as possibilidades de análise cancional? Como se configura este modelo de
análise?
No modelo proposto por Tatit para a análise semiótica da canção há uma relação
dialética entre música e literatura, onde não haja superioridade entre nenhum dos dois sistemas
semióticos? Seria possível a formulação de um novo modelo de análise da canção, observando
dialeticamente os aspectos literários e musicais?
A análise semiótica da canção, ao ter como meta estudar a compatibilização entre a
literatura e a música, percebe efeitos de sentidos diferentes da análise dos seus componentes
separadamente (letra, melodia, arranjo, interpretação, recepção)?
Como acontece a relação entre letra e melodia quando temos certo distanciamento
temporal entre a composição da música e a composição da letra? Existiria uma junção entre
melodia e letra nesta canção? É possível fazer a análise desta canção?
Existem elementos pertinentes às obras de Catulo que remetem a influências do
bucolismo romântico e ao parnasianismo?
12
5. Objetivos
5.1 Geral
5.2 Específicos
6. Justificativa
7. Fundamentação Teórica
2
Daí também se pode extrair as semelhanças tanto de constituição e as correspondências técnicas e terminológicas
entre a voz humana e os instrumentos musicais (CARMO JÚNIOR, 2007, p. 30-34).
16
p. 107). No mesmo sentido, D’Onófrio (1995) complementa que a palavra portuguesa canção
corresponde à francesa chanson e à italiana canzone, sendo que as três derivam do termo latino
cantionem, e indicam toda poesia relacionada com a música e, mais especificamente, com o
canto. (D’ONOFRIO, 1995, p. 74).
Em sua tese de mestrado intitulada Por uma semiótica da canção popular, Tatit
estabelece o pressuposto de que: quando a integração do texto linguístico com o texto melódico
se materializa através da voz humana no ato de cantar, juntos, os dois textos asseguram a
existência da canção. Tatit explica que o discurso linguístico e o discurso melódico (ambos
orais) podem ser percebidos e analisados como um todo homogêneo, tanto em nível sistêmico,
quanto em nível semiótico. Para tanto, ele esquematizou neste trabalho o plano textual da
canção com a interação entre quatro subsistemas, dois musicais (melódico e entoativo) e dois
literários (linguístico e poético). E, tentando revelar elementos que trazem a tona um sentimento
de coerência e integração músico-literário da canção, ele buscou traçar um método de análise
eficiente para o estudo da canção (TATIT, 1982).
Já na sua tese de doutorado Elementos semióticos para uma tipologia da canção popular
brasileira, Tatit propõe que a canção funciona como um tipo de relação comunicativa e que,
esta relação define a atuação do cancionista (compatibilizador entre letra e melodia) sobre o
ouvinte. Em concordância com a teoria da análise semiótica greimasiana, Tatit afirma que o
compositor de canções exerce uma função actancial de destinador que persuade um ouvinte, o
cancionista é uma espécie de destinador manipulador de um sujeito ouvinte virtualizado. No
sentido narrativo, a partir de uma ótica greimasiana, existe uma relação que se estabelece entre
o autor de uma canção e o seu ouvinte. O cancionista, que acumula a função actancial de
destinador, modaliza sua competência através dos esquemas modais do Saber Fazer e do Poder
Fazer (compor uma canção) numa busca por manipular um destinatário no sentido de
desenvolver um interesse em Querer Fazer (gostar de uma determinada canção, por exemplo).
Em resumo, o cancionista (destinador manipulador) prepara um objeto de comunicação (a
canção) como uma estratégia de persuadir um sujeito ouvinte, compatibilizando a letra e a
melodia no ato de compor uma canção (TATIT, 1986b).
Na perspectiva compatibilização entre literatura e música é que ressaltamos o modelo de
análise semiótica da canção, desenvolvido por Luiz Tatit. Este método de exame trabalha em
cima do argumento de que o sentido de uma canção se estabelece a partir da premissa da
compatibilização entre elementos literários e musicais nela contidos, ou seja, o sentido da
canção é gerado pela fusão da letra e da música (que formam um texto, um todo de sentido).
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Carmo Júnior assinala que “a semiótica da canção é uma teoria das conotações (plano
do conteúdo) criadas pelo cancionista ao manipular os elementos do plano da expressão oral-
melódica” (CARMO JÚNIOR, 2007, p. 16). Sendo que, estabelecendo uma relação entre
pensamento de Saussure e o de Hjelmslev, o signo é a união de um conceito com sua imagem
acústica, ou seja, de um significado (no plano do conteúdo) com seu significante (no plano da
expressão) (Idem, p. 28-32).
Em Musicando a Semiótica, Luiz Tatit (1997) busca traçar parâmetros que forneçam
critérios homogêneos para uma análise integrada da letra e da melodia, ou seja, onde haja
equivalência entre a palavra e o canto, que comprovem a compatibilidade entre o elemento
literário e o musical (TATIT, 1997, p. 87).
Na sua teoria da melodia, o modelo tatitniano apresenta duas categorias que interagem
entre si no plano da expressão: 1- tessitura (campo das alturas de uma melodia – relacionado
com a região onde o discurso melódico acontece), podendo ser concentrada, apresentando
durações curtas, ou expandida apresentando durações longas; 2- andamento (campo das
durações de uma melodia - relacionada à velocidade de execução): que pode ser acelerado,
caracterizado pela rapidez na fluxão, ou desacelerado, assinalando a lentidão da fluxão.
(TATIT, 1997, p. 87-96).
Dentro da categoria do andamento, ainda podemos ressaltar que o andamento representa
o parâmetro temporal de análise que responde pelos valores contínuos e pelos valores
descontínuos. Os valores contínuos se identificam com a perenidade, com a opção estética que
está relacionada com a conservação da matéria sonora, ou seja, com a estabilização dos
processos fônicos. Já os valores descontínuos dizem respeito ao caráter efêmero das expressões
que conduzem à celeridade e a instabilidade dos mesmos processos (TATIT, 1997, p. 90).
No seu modelo de análise semiótica, Tatit traça uma categorização da canção em: 1-
Canções tematizadas – ou seja, canções que apresentam andamento acelerado e tessitura
concentrada; 2- Canções passionalizadas – são o inverso das tematizadas: pois se configuram
como canções que possuem andamento desacelerado e tessitura expandida; 3- Canções
figurativizadas – tratam-se de canções em que há a predominância dos elementos emergentes
da fala ou discurso poético (TATIT, 2002, p. 20-24).
Nas canções tematizadas o pesquisador observou que o conteúdo das letras está
relacionado, na maioria dos casos, a estados de conjunção entre “sujeito” e “objeto”. Na maioria
dos casos o sentido das letras está ligado a momentos de alegria plena e de satisfação com a
vida (TATIT, 2007, p. 46-47). Nesta tipologia existe um predomínio de canções em que há a
19
Como exemplo de canção passionalizada, podemos citar como exemplo a canção Ontem
ao Luar de letra de Catulo da Paixão Cearense e música de Pedro de Alcântara, onde a
valorização do percurso está atrelada diretamente à maior permanência da voz em cada grau da
sequência melódica.
Sobre estas duas classificações anteriores, Carmo Júnior acrescenta que, “se nas canções
temáticas temos melodias ‘horizontalizadas’, nas canções passionais temos,
predominantemente, melodias ‘verticalizadas’”. E, além disso, “no plano do conteúdo, a
passionalização melódica produz um efeito de sentido inverso ao da tematização” (CARMO
JÚNIOR, 2005, p. 86).
3A música possui uma narrativa que pode ser equiparada estruturalmente com a linguagem verbal. Para Swanwick
“música é uma forma de discurso tão antiga quanto a raça humana” e está diretamente ligada à relação de
continuidade e fluência dos sons (Swanwick, 2003, p.18).
20
Mesmo porque cremos que não haverá uma só resposta e talvez não chegássemos a um
denominador comumente aceito por todos.
Tearri Eagleton (2003) já apontou a dificuldade em estabelecer um único conceito de
literatura. No entanto, de acordo com Antonio Candido (2004), podemos conceituar literatura
como sendo um conjunto de:
composição e dos elementos e regras aceitas pela crítica literária que a caracterizam como
produção de um lugar e uma época; 3- a interferência do papel do leitor, que reage à leitura no
ato da recepção da obra, garantindo a vida da mesma. (ZAPPONE e WIELEWICKI, 2005).
Candido reflete que a literatura pode ser entendida como uma manifestação universal
de todos os homens, em todos os lugares e épocas. Sendo assim, não há indivíduo ou sociedade
que possam viver sem ela, ou seja, sem a possibilidade de entrar em contato com alguma criação
ficcional ou poética, considerando que a literatura pode se apresentar no nosso meio em diversas
formas narrativas como a anedota, o causo, a história em quadrinho, o noticiário policial, a
canção, a moda de viola, o samba carnavalesco. E pode ser fixada e difundida por diversos
meios como: Internet, TV, rádio, revistas, jornais, livros, panfletos. (CANDIDO, 2004, p. 174-
175).
Neste sentido, a literatura pode assumir diversas funções. Ela confirma e nega, propõe
e denuncia, apoia e combate, possibilita a vivência dialética entre os diversos tipos de discursos.
Além disso, a literatura é “fator indispensável de humanização4”, influenciando no consciente,
subconsciente e inconsciente do indivíduo leitor (Idem, p. 175).
Complementarmente a este raciocínio, consideramos a música como um discurso sonoro
compatível com o verbal, que não é um amontoado de notas aleatórias, sem sentido e/ou razão
de ser. É neste sentido que destacamos que um dos seus principais elementos constituintes, a
melodia, tem um conceito que vai além do que se compreende ordinariamente. Este elemento
musical, que na concepção de Bohumil Med (1996, p. 11), caracteriza-se como uma sequência
de sons ordenados e dispostos de maneira sucessiva, tem conceito incompleto se tomarmos a
música como um discurso musical que abarca significados diversos.
Abraham Moles argumenta que a música é “uma reunião de sons que deve ser percebida
como não sendo resultado do acaso”, ou seja, uma música (consecutivamente a melodia) não é
o resultado do acaso, mas sim de uma organização consciente de um compositor, que usa as
notas musicais seguindo uma ideia e uma sonoridade, uma relação entre o conteúdo e sua
expressão (Apud CANDÉ, 2001, p. 10).
Podemos concluir que a melodia é uma sucessão de sons, organizadas com intenção de
transmitir sentidos e sentimentos por meio de um fraseado musical (pelo menos no que se refere
à música tonal). Como exemplo podemos citar que uma sequência de notas musicais executadas
4De acordo com Cândido (2004, p. 180), A humanização é o processo que confirma no homem em traços que
consideramos como essenciais como: o exercício da reflexão, a aquisição do saber, a boa disposição para com o
próximo, o afinamento das emoções, o senso de beleza, a percepção da complexidade, nos tornando mais sensíveis,
compreensivos e abertos para a natureza, para a sociedade e para o semelhante.
23
ao piano por um animal (como um macaco, por exemplo), não produz um efeito de melodia
porque é “arrítmica, desordenada, desconexa, incoerente, não direcional e, consequentemente,
não pode apresentar transformações” (CARMO, 2007, p. 16). Ainda neste raciocínio, Candé
diz: “[...] não há música “natural”, nem puramente aleatória”. (CANDÉ, 2001, p. 13).
A capacidade de compor letras para melodias de outros compositores é uma arte
interessante e intrigante, a nosso ver. E, Catulo da Paixão Cearense, foi um dos compositores
que soube muito bem empregar uma poesia que valorizou ainda mais as melodias pré-existentes
de tal maneira que entendemos que houve uma fusão quase que indissociável em suas
composições do domínio semiótico verbal (logos) com o musical (melos). E é neste sentido que
buscaremos, através desta proposta de pesquisa, analisar as relações existentes entre a poesia e
a música popular nas canções Ontem ao Luar, Talento e formosura, A flor amorosa e Cabôca
de Caxangá, de letra de Catulo da Paixão Cearense, operacionalizando as ideias de Luiz Tatit
contidas nos estudos da semiótica da canção.
8. Metodologia
24
Este estudo se configura como uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa, por
ser desenvolvido com base em material já elaborado por outros pesquisadores.
8.2 Corpus
8.3 Instrumentos
8.4 Etapas
PROPOSTA DE SUMÁRIO
26
1 PRELÚDIO .........................................................................................................................
6 POSLÚDIO ........................................................................................................................
REFERÊNCIAS .....................................................................................................................
ANEXOS
9. Cronograma
27
Mar
Mar
Abr
Abr
Ago
Nov
Mai
Ago
Nov
Mai
Out
Out
Dez
Dez
Jun
Jun
Fev
Fev
Jan
Jan
Jul
Jul
Set
Set
Delimitação do objeto X X X X X
Levantamento bibliográfico X X X X X X X X X X X X X X X X X
Formulação do problema X X X X X
Seleção do material X X X X X X X X X
Qualificações X X
Versão final X X X X X X
Defesa X
10. Referências
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