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UNIVERSIDADE FEDERAL DE

SERGIPE

José Adelson Santana Neto


Prof. voluntário do Departamento de Zootecnia/UFS

adelson@zootecnista.com.br
INTRODUÇÃO

 A pastagem é a fonte de alimentação mais econômica


para os ruminantes e quando bem manejada torna-se a
opção mais eficiente para aumentar os ganhos
econômicos e de produtividade da criação.
INTRODUÇÃO
 A introdução de pastagens que tenham boa disponibilidade de forragem,
na qual os animais realizem de forma eficiente a seleção de seus
alimentos e favorecendo o consumo de uma dieta com grande qualidade
nutritiva, possibilita que se consiga melhores e maiores produções.
Manejo: alguns conceitos

Frequência de pastejo:

 As plantas forrageiras em pastejo precisam de um


tempo mínimo para se recuperar antes de serem
novamente pastejadas.

 A frequência de pastejo é o período de ocupação e o


período de descanso das pastagens.
Manejo: alguns conceitos

Período de ocupação: é o período de tempo que uma área


específica é ocupada por um ou mais grupos de animais;

 Bovinos: até 7 dias


 Ovinos e caprinos: até 5 dias
 Bovinos ou caprinos em lactação: 1 dia

Período de descanso: é o período de tempo em que não se


permite a utilização de uma área de pastagem.
Manejo: alguns conceitos
Tabela 1 – Períodos de descanso ou intervalo entre pastejos e altura de resíduo
pós-pastejo das principais espécies de plantas forrageiras utilizadas no Brasil

Fonte: CAVALCANTE, 2005


Manejo: alguns conceitos
Fotossensibilização
Manejo: alguns conceitos

Intensidade de pastejo

 É o número de animais por unidade de forragem


disponível;

 Quanto maior a intensidade de pastejo, menor será o


resíduo pós-pastejo, afetando de forma direta o vigor
da rebrotação. (CÂNDIDO, 2003).
Manejo: alguns conceitos

Figura 1. Relação entre lotação, ganho em peso por cabeça e ganho em peso por área.

Fonte: Carvalho et al. (2005).


Manejo: alguns conceitos

Horários de pastejo

 Para um melhor aproveitamento das pastagens é essencial

saber os horários de concentração do pastejo pelos


animais;

 Ruminantes em pastejo alimentam-se no período diurno e

em climas temperados, o tempo de pastejo é distribuído


entre seis e oito períodos, sendo dois deles no alvorecer e
no entardecer.
Manejo: alguns conceitos

Horários de pastejo

 Zanine et al. (2006) apontam que ovinos e caprinos

apresentam, de forma geral, tempo de pastejo entre 6:00 e


11:00 horas diárias, com picos de pastejo e ruminação em
horários de temperaturas mais amenas, permanecendo em
descanso nos horários mais quentes do dia como
estratégia de melhor aproveitamento energético do
alimento.
Manejo: alguns conceitos

Precipitação pluviométrica

 Para se adotar o sistema de pastejo rotacionado a região


deve apresentar precipitação pluvial bem distribuída e em
quantidade que permita o uso das pastagens em pelo
menos cinco meses do ano.

 Caso não haja tais condições climáticas deve se avaliar a

possibilidade do uso da irrigação.


Manejo: alguns conceitos

Fertilidade dos solos


 A análise do solo pré-implantação é obrigatória para que se
inicie o sistema em pastagens com altas produções.

 Após a implantação do sistema o acompanhamento da


fertilidade do solo deve ser constante, sendo aconselhado
pelo menos uma análise de solo por ano em sistemas
Manejo: alguns conceitos

Escolha e formação das pastagens

Os requisitos básicos de uma boa forrageira para pastejo


são: hábito de crescimento, preferencialmente cespitoso,
perenidade, boa adaptação ao local onde será cultivada
boa aceitação pelo animal, bom valor nutritivo, tolerância a
pragas e doenças, produção de forragem, palatabilidade e
resistência ao pisoteio.
Manejo: alguns conceitos
Gramíneas:

Critérios para a escolha de gramíneas usadas em sistemas de


pastejos rotacionados:
1. Na medida do possível utilizar gramíneas cespitosas (touceiras), pois
permitem uma maior insolação e favorecem a inativação de larvas seja
pela dessecação das larvas e ovos dos helmintos,
ou diminuindo a umidade por meio da radiação
ultravioleta

Capim tanzânia
Manejo: alguns conceitos

Gramíneas:

2. Apresentar porte de médio a baixo, permitindo maior acesso


dos ovinos à forragem;

3. Responder eficientemente à adubação, já que nesse


sistema se preconiza uso de altas doses de adubo químico.
Manejo: alguns conceitos

Gramíneas:

4. Ter facilidade de propagação, pois gramíneas que se


propagam vegetativamente têm custo de implantação mais
elevado que aquelas que se propagam por sementes.

O ressemeio natural que ocorre com estas espécies


garantem uma maior persistência no caso de ocorrer
acidentes.
Manejo: alguns conceitos

Gramíneas:

5. Mostrar bom perfilhamento e tolerância à desfolha intensa, já que


os ovinos são muito eficientes em colher forragem e exercem intensa
remoção da forragem disponível.

6. Apresentar alto valor nutritivo e boa aceitabilidade pelos animais,


assim como alto rendimento por área;
Manejo: alguns conceitos

Gramíneas:
 Nas condições do Nordeste brasileiro existem poucas espécies testadas
efetivamente, basicamente o capim gramão (Cynodon dactylon) e o capim
Tanzânia (Panicum maximum) foram estudados pela EMBRAPA-Caprinos.

 Em outras regiões, espécies como os TIFTON (Cynodon spp), o capim


aruana (Panicum maximum), coastcross (Cynodon dactylon), Tobiatã,
Massai e Estrela Africana já foram testados com relativo sucesso.
Manejo: alguns conceitos

Gramíneas:

Tabela 2 - Características de adaptação de diversos capins utilizados para ovinos e


caprinos.

Valor 1 = menos resistente


Valor 5 = mais resistente
Fonte: QUADROS (2006)
Manejo: alguns conceitos

Leguminosas forrageiras:

 Podem ser utilizadas consorciadas com gramíneas ou


como banco de proteína;

 Fixação de nitrogênio para a gramínea em sistemas


consorciados e reciclagem de nutrientes.
Manejo: alguns conceitos
Leguminosas forrageiras:

As leguminosas mais indicadas são: Estilosantes


(Stylosanthes guianensis), Gliricídia (Gliricidia sepium)
Leucena (Leucaena leucocephala), guandu (Cajanus
cajan) e amendoim forrageiro (Arachis pintoi), devendo
ser escolhidas de acordo com a adaptação às condições
de solo, clima e adequação à gramínea em consórcio.
Manejo: alguns conceitos
Leguminosas forrageiras:
Manejo: alguns conceitos

Manejo e utilização das pastagens


Antes de entrarem no pasto os animais devem ser
pesados e vermifugados;

 Água e sal devem estar sempre à

disposição dos animais.


Manejo: alguns conceitos

Manejo e utilização das pastagens

 A ocupação não deve ser superior a cinco dias para não prejudicar a
rebrota;

 É aconselhável fazer a subdivisão tomando cuidado para que a


pastagem esteja sendo pastejada de maneira uniforme, acerca 15 -
40 cm de altura.
Manejo: alguns conceitos

Manejo e utilização das pastagens

 O tamanho dos lotes será estabelecido de acordo com o

manejo na propriedade;

 Quanto maior for a taxa de crescimento da planta forrageira,

menor será o período de ocupação vice-versa.


Manejo: alguns conceitos

Manejo e utilização das pastagens

Tabela 3. Ganho de peso de carneiros da raça Santa Inês em pastejo rotacionado


no capim Tifton irrigado, Petrolina-PE.

Fonte: SALVIANO e SALVIANO (2005)


Manejo: alguns conceitos

Manejo e utilização das pastagens


 Para se calcular o número de piquetes é usada a seguinte fórmula:
N= (PD/PO) + X, onde:

N= Número de piquetes necessários PO= Período de ocupação,

PD= Período de descanso X= Número de grupos de animais

 Quanto menor o período de ocupação para um mesmo período de descanso


maior será a necessidade de número de piquetes.
Manejo: alguns conceitos

Manejo e utilização das pastagens

EXEMPLO:

PD = 35 dias

PO ou PP = 5 dias

X=1

N = (35/5) + 1 = 8 piquetes
SISTEMAS DE PASTEJO:
Contínuo: quando os animais ficam por tempo
indeterminado na pastagem, não há período de
descanso e, por isso, não requer subdivisão da
pastagem.
SISTEMAS DE PASTEJO:

 Rotacionado: o período de pastejo é subdivido em


dois, um período de ocupação da pastagem e outro
de descanso, logo, é necessário subdividir a
pastagem em piquetes.
SISTEMAS DE PASTEJO:

Sistemas rotacionado X Sistema contínuo

Relação entre ganho por animal e a taxa de lotação nos métodos de pastejo sob lotação contínua e
rotativa (CÂNDIDO, 2011)
SISTEMAS DE PASTEJO:

Vantagens do sistema rotacionado:

 Maior uniformidade de pastejo;

 Maior taxa de crescimento do pasto (kg MS/ha x dia);

 Maior capacidade de suporte do pasto;

 Maior rendimento (produtividade) de produto animal por área com alta taxa de
lotação;
SISTEMAS DE PASTEJO:

Vantagens do sistema rotacionado:


 Permite uma colheita do excesso de forragem com melhor qualidade
para conservação;

 Distribuição mais uniforme dos excrementos;

 Permite pastejo com mais de um grupo de animais;

 Melhor acompanhamento da condição da pastagem e do animal (mais


fácil de enxergar possíveis erros);
TIPOS DE
PASTEJOS ROTACIONADO:

O sistema de pastejo rotacionado apresenta inúmeras


variações em função do número de subdivisões e dos
períodos de ocupação e descanso utilizados.
Pastejo Rotacionado Convencional

 Os animais ficam em um piquete por um determinado tempo


(período de ocupação) e são mudados para outro piquete e
assim por diante até que voltem ao primeiro piquete;

 O tempo em que os animais ficam nos demais piquetes é o


período de descanso do primeiro (PEDREIRA et al., 2002) que,
com um planejamento correto estará pronto para recomeçar o
ciclo.
Pastejo Rotacionado
Convencional
 Esse sistema proporciona um pastejo mais homogêneo
da área devido à utilização de vários animais numa área
reduzida;

 A alta pressão de pastejo potencializa o uso da


gramínea, pois a submete ao pastejo no seu ápice
produtivo e, como consequência há uma maior
produção animal;
Pastejo Rotacionado
Primeiro-último

 Realizado com dois grupos de animais (método de


pastejo líderes-seguidores);

 A maior dificuldade é manter os dois grupos na mesma


área e locais de uso comum, aguadas e cochos têm que
ser alocados de forma que todos os piquetes tenham
acesso sem que os lotes se misturem durante o pastejo.
Pastejo Rotacionado
Primeiro-último

Fonte: PEDREIRA et al., 2002


Pastejo Rotacionado
“Creep Grazing”

 permite que cabritos ou cordeiros passem através de uma abertura na


cerca para uma pequena área que contenha forragem de qualidade
superior àquela em que suas mães serão mantidas;
 Melhora o desempenho das crias, reduz a dependência do leite da mãe,
melhorando a condição corporal da matriz e seu retorno mais rápido ao
estro.

Fonte: ARAÚJO, 2007


Pastejo Rotacionado
Diferido
 É realizado com a vedação de uma parte da área da pastagem, durante período
da estação de crescimento, com a finalidade de revigorar a pastagem e permitir
acúmulo de forragem no campo, para ser utilizado durante a seca.
 É chamado erroneamente de feno-em-pé.

Fonte: SANTOS et al., 2010


Pastejo Rotacionado
Diferido
 Deve ser aplicada de maneira alternada em cada piquete
com intervalos de alguns anos;

 Tem como vantagem não precisar de investimentos com


máquinas utilizadas para a conservação de forragem;

 Um pasto diferido, mesmo de uma estolonífera, não terá a


mesma qualidade de um pasto verde ou de uma forragem
bem conservada.
Pastejo Rotacionado
Alternado
 Envolve diferentes espécies de herbívoros,
especialmente ovinos e bovinos tem sido usado para
a profilaxia da verminose ovina e caprina, com o
objetivo de descontaminação das pastagens;

 Deve-se avaliar a possibilidade de infecções cruzadas


envolvendo as diferentes espécies de helmintos,
Pastejo Rotacionado
Alternado
 Coloca-se os ovinos/caprinos e bovinos em duas áreas ou
módulos distintos, pastejando separadamente por seis
meses, trocando de módulos ao término de cada período.

 Os animais estariam ingerindo as larvas contaminantes dos


helmintos (vermes) da outra espécie, não havendo
infestação pelos animais e diminuindo a carga de helmintos.

 Não é em qualquer forrageira que o animal desempenhará


em totalidade seus potenciais produtivos, outro fator
importante é o uso de cercas, bebedouros e cochos comuns
às duas espécies.
RESULTADOS:

O sistema de pastejo rotacionado é apontado como


o mais eficiente em relação ao contínuo, por promover
uma maior e mais vantajosa produção animal,
aumentar a eficiência de utilização da pastagem e
melhorar o controle de parasitas. (PEDREIRA et al.,
2002)
RESULTADOS:

A grande vantagem deste método de pastejo é


proporcionar um maior controle sobre o pasto. Ele
permite definir quando e por quanto tempo as plantas
estarão sujeitas à desfolha, os pastejos tendem a ser
mais uniformes e a eficiência de pastejo mais elevada.
RESULTADOS:

Ferragine (2003) observou que a eliminação de hastes e


folhas através de cortes ou pastejos em momentos
inadequados afeta não somente a produção como também a
persistência do alfafal:

*Médias na coluna seguidas de mesma letra não diferem entre si (p>0,05).


Fonte: Adaptado de FERRAGINE (2003); SANTOS et al., 2010
RESULTADOS:

Pedreira et al.(2002) concluíram que os sistemas de


pastejo rotacionado convencional e em faixa melhoram a
produção por área, enquanto que o sistema de pastejo
contínuo favorece a produção individual.
RESULTADOS:

 Segundo Quadros (2004), o pastejo misto ou alternado


com bovinos e ovinos proporciona uma remoção mútua
das larvas infectantes pela falta de especificidade entre
parasitas e hospedeiros sobre a pastagem, diminuindo,
desta forma, a contaminação em ambos hospedeiros e
das pastagens.
RESULTADOS:

Em experimento no Projeto Bebedouro, em Petrolina-PE, no qual


foram utilizados animais da raça Santa Inês, Salviano e Salviano (2005)
notaram que se o produtor trabalhar com animais mais jovens, entre 2-3
meses, terá um melhor aproveitamento do potencial de ganho de peso
dos animais e a média final pode ser bem superior à encontrada.
RESULTADOS:
Curva de ganho de peso de ovinos em pastejo rotacionado em capim
Tifton irrigado, Petrolina-PE.

Fonte: Salviano e Salviano (2005)

 Nos primeiros 42 dias, os ganhos de peso por dia foram em torno de


160 gramas por animal, resultando em ganhos de mais de 11kg/ha, e
com isso, os animais ganhariam em torno de 5 kg por mês.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O sistema ideal de pastejo é aquele que permite


maximizar a produção animal sem afetar a persistência
das plantas forrageiras;

A difusão e consorciação dos sistemas de pastejos


rotacionados com a criação de caprinos, proporcionam
resultados bastante satisfatórios;
CONSIDERAÇÕES FINAIS:

O sucesso da produção dependerá de conhecimentos e práticas das


técnicas de manejo adequadas para cada situação em cada região.

A opção por um determinado sistema de pastejo deve sempre se


fundamentar na simplicidade e conveniência das operações e na
manutenção da produtividade da pastagem. Ao decidir sobre qual sistema a
ser utilizado, o produtor deve analisar criticamente suas condições locais.(
ARAÚJO, 2007

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