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Estatuto da Advocacia e da OAB - EAOAB


Lei 8.906/94 (D.J. 05.07.94)

Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia e da OAB (D.J.16.11.94)

Código de Ética e Disciplina da OAB – CEDOAB


(Publicado no Diário da Justiça, Seção I, do dia 01.03.95, págs. 4.000 a 4.004)

“O Conselho Federal da Ordem dos Advogados da Brasil, ao instituir o Código de Ética e


Disciplina, norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e
representam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo primado da
Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que
esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e
as exigências do bem comum; ser fiel à verdade para poder servir à Justiça como um de
seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e
em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu
patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização
prática de seus legítimos interesses; comportar-se, nesse mister, com independência e
altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; exercer a advocacia com
o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo
que o anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se
no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se
merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos
intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a dignidade das pessoas de bem e
a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe.
Inspirado nesses postulados é que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil,
no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 33 e 54, V, da Lei nº 8.906, de 04
de julho de 1994, aprova e edita este Código, exortando os advogados brasileiros à sua fiel
observância.”

"Como todas as artes, a advocacia somente se aprende com sacrifício; e como elas, também
se vive em perpétua aprendizagem. O artista, mínimo corpúsculo fechado no imenso
cárcere de ar, vive esquadrinhando sem cessar suas próprias grades e seu estudo somente
termina com sua própria vida".
(Eduardo J. Couture)

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1. DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS
....................................................................03

2. DA ATIVIDADE DA ADVOCACIA
..............................................................................................06

3. DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE


...............................................................................................07

4. DO SIGILO PROFISSIONAL
.........................................................................................................09

5. DA PUBLICIDADE
........................................................................................................................10

6. DOS HONORÁRIOS
ADVOCATÍCIOS/PROFISSIONAIS..............................................................11
6.1 Dos Honorários Advocatícios - Capítulo VI –
EAOAB............................................................12
6.2 Dos Honorários Profissionais - Capítulo V –
CEOAB...............................................................13

7. DO DEVER DE URBANIDADE
.......................................................................................................15

8. DOS DIREITOS DO ADVOGADO


................................................................................................16

9. DOS DEVERES DO ADVOGADO


................................................................................................19

10. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO


ADVOGADO........................................................................21

11. RESPONSABILIDADE CRIMINAL DO


ADVOGADO...................................................................26

12. O ADVOGADO E O CÓDIGO DE DEFESA DO


CONSUMIDOR................................................35

13. DA INSCRIÇÃO
........................................................................................................................36

14. DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS


..........................................................................................38

3
15. DO ADVOGADO EMPREGADO
...............................................................................................42

16. DAS INCOMPATIBILIDADES E


IMPEDIMENTOS.........................................................................43

17. DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES


DISCIPLINARES..........................................................................44

18. DA
OAB....................................................................................................................................
..47
18.1 ORIGEM DA ORDEM DOS ADVOGADOS – ORIGEM DA
ADVOCACIA.............................47
18.2 DOS FINS E DA ORGANIZAÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL
..................49
18.3 DO CONSELHO
FEDERAL.......................................................................................................51
18.4 DO CONSELHO
SECCIONAL..................................................................................................53
18.5 DA
SUBSEÇÃO..........................................................................................................................54
18.6 DA CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS
ADVOGADOS...................................................................55
18.7 DAS ELEIÇÕES E DOS
MANDATOS..........................................................................................55
19. DO PROCESSO NA
OAB...........................................................................................................57
19.1 DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE ÉTICA E
DISCIPLINA..................................................64
20. DA ÉTICA DA
MAGISTRATURA..................................................................................................74

ANEXO 1: MANUAL DE PROCEDIMENTOS DO PROCESSO DISCIPLINAR DA


OAB-SC...............67
ANEXO 2: OS MANDAMENTOS DO ADVOGADO
........................................................................73
ANEXO 3: CODIGO DE ETICA E DISCIPLINA DA OAB
..................................................................79
ANEXO 4: ESTATUTO DA ADVOCACIA – Lei
8904/94...................................................................88

1. DAS REGRAS DEONTOLÓGICAS FUNDAMENTAIS – CED/OAB


(Código de Ética e Disciplina da OAB)

* Deontologia: palavra empregada pela primeira vez pelo filósofo e economista inglês
Jeremy Bentham, em 1834. Conjunto de regras e princípios que ordenam a conduta de um

4
profissional. Ciência que trata dos deveres a que estão submetidos os componentes de uma
profissão. (p.32)

* Ética: relaciona-se com a ciência do direito e a doutrina moral. Em sentido restrito,


refere-se aos atos humanos e às normas que constituem determinado sistema de conduta
moral. Parte da filosofia que cuida da moral e dos valores do ser humano. Conduta
profissional, feita a partir da afirmação de valores.

“Não se estuda para saber o que é a virtude, mas para aprender a ser virtuoso e bom”
(Aristóteles).

Preocupar-se com ética equivale a interrogar a própria consciência.

* Volnei Ivo Carlin, em sua obra “Deontologia Jurídica: Ética e Justiça”1, prevê a
necessidade de serem interrogadas as regras de comportamento dentro da hierarquia das
normas jurídicas, sob três perspectivas básicas:

- A ordem deontológica é superior à ordem jurídica;


- A ordem deontológica independe da jurídica preexistente: as normas inscrevem-se de
maneira autônoma no direito positivo;
- A ordem deontológica compele mais que a ordem jurídica: há dados sensíveis que
precedem a ordem jurídica, as quais orientam o comportamento profissional. Ex.: salários,
desemprego, desestabilização, etc.

Segundo o referido Autor, os valores éticos têm reclamado manifestações de


conteúdo prático e decisivas, no interior dos sistemas profissionais. Soerguer as qualidades
da vida quotidiana de cada profissional é a esperança de uma melhor justiça. (p.171 – 173)

A ética profissional é derivada da ética filosófica, e tem como finalidade estudar os


atos humanos profissionais em sua conformidade com o fim último do homem (harmonia,
interação com a natureza, apreciar e respeitar as diversidades, realização, evolução). A
profissão constitui um meio importante para a consecução teleológica do homem. O
trabalho não é a finalidade do homem, porém, é instrumento, meio de alcançar esta
finalidade. Uma das tentações da vida contemporânea está posta exatamente na sobre-
exaltação do trabalho em detrimento da contemplação.

O relacionamento com os colegas de profissão, com respeito e ética, são


fundamentais para a própria dignidade da profissão. São injustificáveis as intrigas, as
acusações infundadas e veladas, as ironias com os colegas. As diferenças de ponto de vista
não significam melhor qualidade de um sobre o outro. Condutas diferentes não significam
estar uma certa e outra errada. É preciso que se saiba ouvir, ver e compreender cada
situação. Muitas vezes uma conduta aparentemente errada, se tomada no momento e nas
circunstâncias em que ela procedeu, lhe garante total validade.

1
Florianópolis: Obra Jurídica Ltda., 1997. 180 p.

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Quando escolhemos uma profissão, estamos atendendo a uma vocação (consciente


ou inconsciente), que nada mais é do que responder a uma vontade íntima e pessoal do
indivíduo. Atender à vocação significa processar a materialização das idéias contidas em
sua alma. As motivações interiores são instrumentos de realização pessoal do que
esperamos da vida. Daí decorre uma grande responsabilidade pessoal quando escolhemos
uma profissão, uma atividade ou um ofício.

Estudar ética, portanto, é formar um embasamento moral imprescindível no


exercício da profissão. Se escolhemos uma profissão jurídica, devemos defendê-la e
trabalhar nela com amor e energia. Devemos nos indignar com a diminuição das
prerrogativas do advogado. Não há justiça sem dialética. (Tese – Antítese - Síntese). Ex.:
Juizado Especial. É muita pretensão querer fazer justiça sozinho. “A cada honra a devida
responsabilidade”.

Devemos ser eficientes, competentes, eficazes, efetivos e éticos. Assumir com


prazer a profissão. Leitura é fundamental; quem não gosta de ler não pode ser advogado,
nem juiz, nem promotor, etc. A obrigação do advogado é com os meios, porém, também
tem compromisso com o resultado, por questão moral e ética.
O advogado deve não só zelar, mas velar as regras deontológicas. Ser
independente – esta independência se conquista primeiro com o estudo, com a conduta e
após, com a economia. Algumas regras básicas inseridas no Código de Ética dos
Advogados e Estatuto da Advocacia:
- Decoro: devemos ser verdadeiros na nossa tese;
- Veracidade: questão epistemológica2 da teoria geral da advocacia. Advogado
competente não precisa mentir.
- Lealdade e Boa-Fé: com os colegas, magistrados, ministério público, clientes. A quem
interessa achatar, diminuir o advogado ? Interessa a quem não tem interesse em realizar
a justiça.
- Reputação pessaoal : fama, renome.
- Aperfeiçoamento pessoal e profissional (Ex.: Escola Superior da Advocacia =
oportunidade)
- Bom senso
- Dever de urbanidade: civilidade, cortesia.
- Múnus Publico: prerrogativas, encargo, ônus, dever.
O princípio fundamental da deontologia forense é o de agir segundo ciência e
consciência, ou seja, o profissional deve ter o conhecimento técnico adequado, dominar as
regras para um desempenho eficiente na atividade que exerce, buscando uma constante
atualização quanto aos avanços e novas descobertas que influem decisivamente em seu
trabalho, como por exemplo, conhecer os posicionamentos jurisprudenciais.

1. Princípios gerais da deontologia forense:


- Conduta Ilibada: é o comportamento sem mácula, aquele sobre o qual nada se possa
moralmente levantar e merecedor de confiança; responsável (arts. 31, 32 e 33 do EAOAB)

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EPISTEMOLOGIA: estudo crítico dos princípios, hipóteses e resultados das ciências já constituídas e que
visa a determinar os fundamentos lógicos, o valor e o alcance objetivo delas.

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- Dignidade e decoro Profissional: o profissional deve ser sincero, não utilizar malícia e
jamais pleitear remuneração excessiva. Pode referir-se à vida pessoal, familiar e social do
profissional em questão.
- INCOMPATIBILIDADE: evitar a incompatibilidade de funções. O servidor público que
exerce a atividade de procurador geral, por exemplo, não pode advogar outros interesses
diferentes aos da procuradoria.
- CORREÇÃO PROFISSIONAL: ritos de conduta, transparência, seriedade, atua com
dignidade, não se aproveita do cargo.
- COLEGUISMO: visa a realização da justiça, consciência de grupo e respeito aos colegas.
- DILIGÊNCIA: atuação preventiva, presteza, zelo, escrúpulos, assiduidade, sensível, se
preocupa com o aprimoramento.
- DESINTERESSE: altruísmo, relega interesses pessoais em favor do cliente e da justiça.
- CONFIANÇA: caráter individual, atributos pessoais.
- FIDELIDADE: à causa da justiça, valores constitucionais, lealdade ao constituinte.
- INDEPENDÊNCIA PROFISSIONAL: ausência de vínculos, respeito ético. (art. 4º
CEOAB e art. 31, parágrafos 1º e 2º do EAOAB)
- RESERVA: discreto, preserva segredos profissionais e éticos, preserva as partes, respeita
as informações, os documentos e a intimidade pessoal.
- LEALDADE E DA VERDADE: se traduz no princípio da boa-fé e da verdade. (art. 6º
CEOAB)
- DISCRICIONARIDADE: liberdade de escolhas, responsabilidade profissional, busca da
qualidade de vida; pode convencer o cliente a interpor uma ação ou não e é seu direito e de
sua responsabilidade a escolha da alternativa jurídica mais eficaz para a resolução de
determinado problema concreto. A discrição e a reserva são fundamentais, devendo o
advogado, por exemplo, evitar publicidade exagerada, utilizada no mundo do comércio.
(art. 5º CEOAB)

2. O Código de Ética elenca os deveres do advogado, no seu art. 2º, parágrafo único.
I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo
seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade,
dignidade e boa-fé;
III - velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV - empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional;
V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
VI - estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios;
VII - aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;
VIII - abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também
atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade
da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o
assentimento deste.

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IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos
individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.

2. DA ATIVIDADE DA ADVOCACIA – EAOAB


Estatuto da Advocacia – Lei 8906/94)

Art. 1º São atividades privativas de advocacia:


I - a postulação3 a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;
(Estão excluídos desta regra os hábeas corpus, os Juizados Especiais Federal e de Pequenas
Causas e a Justiça do Trabalho – STF/ADIN 1127-8/DJU em 14.10.94).

II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas. (advocacia preventiva –


emissão de pareceres, orientações ou aconselhamento técnico; direção equivale ao
desempenho de chefia, coordenação ou similar em sociedades simples ou empresariais -
empresas, sindicatos ou outros), que possuam órgãos próprios de prestação de serviços
jurídicos.

§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em


qualquer instância ou tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem
ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.
(advocacia e: imobiliária ou contabilidade ou consultoria econômica, etc.)

Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.


§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu
constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos
limites desta lei.
(Resguarda sua liberdade de expressão, garante o sigilo profissional e protege seus meios
de trabalho. Esta inviolabilidade não é absoluta. Deve respeitar a reputação, a dignidade e o
decoro das pessoas. Quanto ao seu escritório, arquivos, comunicações, etc., somente
poderão ser violados mediante autorização judicial ou através de CPI).

Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de


advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime


próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria
da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas
3
A ação de postular significa suplicar, pedir, requerer, solicitação feita perante a
justiça, para que se atenda a certa pretensão, ou para que se determine certa medida
em favor do postulante. Exposição, série de alegações feitas, devidamente
documentada, por meio da qual se requer ou se pede alguma medida, ou se contraria a
pretensão do adversário. Requerimento ou petição, fundamentada, seja em face dos
documentos apresentados ou dos documentos expendidos.

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dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de
administração indireta e fundacional.

§ 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art.


1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste.

Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito
do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com
a advocacia.

Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.

§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a


apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.

§ 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos


judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.

§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à


notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término
desse prazo.

3. DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE - Código de Ética da OAB

As disposições constantes do CEDOAB tem força obrigatória, não compondo-se


apenas de uma extensa lista de recomendações, eis que o art. 36, II do Estatuto da
Advocacia (EAOAB Lei 8.906 de 4 de julho de 1994), estabelece a pena de censura para
qualquer violação das regras do CEDOAB, portanto, constitui-se de diversos preceitos
éticos e são deveres a serem observados pelo advogado no exercício de sua profissão.

Art. 8 - TRANSPARÊNCIA NA RELAÇÃO COM O CLIENTE – Informações quanto a


riscos e conseqüências.
Art. 9 - DEVOLUÇÃO DE BENS, VALORES E DOCUMENTOS, na conclusão ou
desistência da causa, com ou sem a extinção do mandato. Também obriga-se a prestar
informações a qualquer momento.
Art. 10. Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o cumprimento e a
cessação do mandato.

Art. 11. O advogado NÃO DEVE ACEITAR PROCURAÇÃO DE QUEM JÁ TENHA


PATRONO CONSTITUÍDO, sem prévio conhecimento deste, salvo por motivo justo ou
para adoção de medidas judiciais urgentes e inadiáveis.

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Art. 12. O advogado NÃO DEVE DEIXAR AO ABANDONO OU AO DESAMPARO os
feitos, sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.

Art. 13. A RENÚNCIA ao patrocínio implica omissão do motivo e a continuidade da


responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o prazo
estabelecido em lei; NÃO EXCLUI, todavia, a RESPONSABILIDADE PELOS DANOS
CAUSADOS DOLOSA OU CULPOSAMENTE AOS CLIENTES OU A TERCEIROS.

Art. 14. A REVOGAÇÃO DO MANDATO JUDICIAL POR VONTADE DO CLIENTE


não o desobriga do pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o
direito do advogado de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de
sucumbência, calculada proporcionalmente, em face do serviço efetivamente prestado.

Art. 15. O MANDATO JUDICIAL ou EXTRAJUDICIAL deve ser outorgado


individualmente aos advogados que integrem sociedade de que façam parte, e será exercido
no interesse do cliente, respeitada a liberdade de defesa.

Art. 16. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, desde
que permaneça a confiança recíproca entre o outorgante e o seu patrono no interesse da
causa.
Art. 17. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter
permanente para cooperação recíproca, NÃO PODEM REPRESENTAR EM JUÍZO
CLIENTES COM INTERESSES OPOSTOS.
Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando acordes os
interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o advogado por um dos
mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional.
Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-
empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional e as
informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.
(Orientação do Conselho Federal da OAB = Prazo de 2 anos)
Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à
validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta; da
mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra
parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.
Art. 21. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua
própria opinião sobre a culpa do acusado.
Art. 22. O advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente que pretenda ver
com ele atuando outros advogados, nem aceitar a indicação de outro profissional para com
ele trabalhar no processo.
Art. 23. É DEFESO ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como
patrono e preposto do empregador ou cliente.
Art. 24. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do
advogado da causa.
§1º. O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e inequívoco
conhecimento do cliente.

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§2º O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus honorários
com o substabelecente.

4. DO SIGILO PROFISSIONAL –
Capítulo III do Código de Ética e Disciplina da OAB

Art. 25. O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu respeito, salvo grave
ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio
cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse
da causa.

Art. 26. O ADVOGADO DEVE GUARDAR SIGILO, mesmo em depoimento judicial,


sobre o que saiba em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como testemunha
em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de
quem seja ou tenha sido advogado, mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte.

Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utilizadas nos limites da
necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo constituinte.
Parágrafo único. Presumem-se CONFIDENCIAIS as comunicações epistolares4 entre
advogado e cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.

5. DA PUBLICIDADE
Capítulo IV do Código de Ética e Disciplina da OAB

Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou


coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa,
vedada a divulgação em conjunto com outra atividade.
Art. 29. O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o número da inscrição
na OAB, podendo fazer referência a títulos ou qualificações profissionais, especialização
técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços, horário do expediente e
meios de comunicação, vedadas a sua veiculação pelo rádio e televisão e a denominação de
fantasia.
§1º Títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de advogado,
conferidos por universidades ou instituições de ensino superior, reconhecidas.
§2º Especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos doutrinadores ou
legalmente reconhecidos.
§3º Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre constituição,
colaboração, composição e qualificação de componentes de escritório e especificação de
especialidades profissionais, bem como boletins informativos e comentários sobre
legislação, somente podem ser fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem
ou os autorizem previamente.

4
Relativas a determinados fatos, narradas.

11
§4º O anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente, qualquer cargo,
função pública ou relação de emprego e patrocínio que tenha exercido, passível de captar
clientela.
§5º O uso das expressões "escritório de advocacia" ou "sociedade de advogados" deve estar
acompanhado da indicação de número de registro na OAB ou do nome e do número de
inscrição dos advogados que o integrem.
§6º O anúncio, no Brasil, deve adotar o idioma português, e, quando em idioma estrangeiro,
deve estar acompanhado da respectiva tradução.
Art. 30. O anúncio sob a forma de placas, na sede profissional ou na residência do
advogado, deve observar discrição quanto ao conteúdo, forma e dimensões, sem qualquer
aspecto mercantilista, vedada a utilização de "outdoor" ou equivalente.
Art. 31. O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos,
logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da advocacia, sendo
proibido o uso dos símbolos oficiais e dos que sejam utilizados pela Ordem dos Advogados
do Brasil.
§1º São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou forma de
pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir o público, informações de
serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta ou indiretamente, captação de causa ou
clientes, bem como menção ao tamanho, qualidade e estrutura da sede profissional.
§2º Considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado mediante remessa de
correspondência a uma coletividade, salvo para comunicar a clientes e colegas a instalação
ou mudança de endereço, a indicação expressa do seu nome e escritório em partes externas
de veículo, ou a inserção de seu nome em anúncio relativo a outras atividades não
advocatícias, faça delas parte ou não.
Art. 32. O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou de rádio, de
entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou de qualquer outro meio, para
manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais
e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos
sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão.
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo e forma,
visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o advogado evitar
insinuações a promoção pessoal ou profissional, bem como o debate de caráter
sensacionalista.
Art. 33. O advogado deve abster-se de:
I - responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comunicação
social, com intuito de promover-se profissionalmente;
II - debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu patrocínio ou patrocínio de
colega;
III - abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o
congrega;
IV - divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e demandas;
V - insinuar-se para reportagens e declarações públicas.
Art. 34. A divulgação pública, pelo advogado, de assuntos técnicos ou jurídicos de que
tenha ciência em razão do exercício profissional como advogado constituído, assessor
jurídico ou parecerista, deve limitar-se a aspectos que não quebrem ou violem o segredo ou
o sigilo profissional.

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• Não pode: consultas “on-line”, mala direta, participação em chat’s, informar nomes
e publicar “listas negras”.
• O advogado não pode exercer atividade mercantil. Do ponto de vista do Estado, a
sociedade de advogados é tida como uma empresa. “Mercantilismo é ir para a
imprensa e dizer inverdades e outros” (Prof. César Luiz Pasold)

6. DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS/PROFISSIONAIS

Fase Pré-contratual:
- Transparência total
- Esgotamento de informações
- Tratamento justo

 Estabelecer o contrato em URH’s


 Título Executivo
 Crédito privilegiado

 Categoria Nuclear Subjetiva : Relevância? Qualquer causa é relevante.

 Complexidade: tem como condição a dificuldade, condição física, que implica verificar
se domina o tema ou não.

 Quanto vale o seu tempo? Há necessidade de descobrir. Pegar processo no Fórum eleva
o custo do escritório. Há necessidade de moderação na fixação.
 Custo da hora: geralmente, a hora do advogado vale mais do que custa.
 Fundamentos para estabelecer os critérios/elaboração da tabela de honorários:
prestígio – alguns advogados têm mais, outros menos. A função matemática não
pode ser por prestígio, mas sim pelo trabalho, pela competência.
 Cobrar pela qualidade e pelo tempo do trabalho.

 Outro critério é o local da prestação do serviço, no entanto, na tabela consta o preço


das diárias.

 Advogado precisa se visualizar como micro-empresa.

 Função Social? É possível adotar instituições pobres. Há 70 milhões de miseráveis


no Brasil.

Há 4 tipos de honorários:
- Convencionados: pode haver contrato verbal e oral, tácito não. Professor Dalmo de
Abreu Dallari entende assim.
- Fixados por arbitramento judicial
- Sucumbência
- Fixado pelo juiz por defensoria dativa

13
6.1 Dos Honorários Advocatícios - Capítulo VI - EAOAB

Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos
honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.
§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no
caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito
aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da
OAB, e pagos pelo Estado.
§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento
judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não
podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da
OAB.
§ 3º SALVO ESTIPULAÇÃO EM CONTRÁRIO, um terço dos honorários é devido no
início do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante no final.
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o
mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos
diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar
que já os pagou.
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato outorgado por
advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da
profissão.
Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência,
PERTENCEM AO ADVOGADO, tendo este direito autônomo para executar a sentença
nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu
favor.
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os
estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata,
concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que
tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de
sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou
representantes legais.
§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva
que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência.5
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do
profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos
por sentença.

5
ADIN 1.194-4 STF suspendeu efeitos deste artigo.

14
Art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado, contado o
prazo:
I - do vencimento do contrato, se houver;
II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;
III - da ultimação do serviço extrajudicial;
IV - da desistência ou transação;
V - da renúncia ou revogação do mandato.
Art. 26. O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários
sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento.

6.2 Dos Honorários Profissionais - Capítulo V - CEOAB

Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como sua majoração
decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como necessários, devem ser
previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço
profissional, contendo todas as especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de
acordo.
§1º Os honorários da sucumbência não excluem os contratados, porém devem ser levados
em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre presente o que foi
ajustado na aceitação da causa.
§2º A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores que devam ser
entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se houver prévia autorização ou
previsão contratual.
§3º A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e extrajudiciais,
inclusive eventual remuneração de outro profissional, advogado ou não, para desempenho
de serviço auxiliar ou complementar técnico e especializado, ou com incumbência
pertinente fora da Comarca, devem integrar as condições gerais do contrato.
Art. 36 - Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os
elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;
II - o trabalho e o tempo necessários;
III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se
desavir com outros clientes ou terceiros;
IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele resultante do
serviço profissional;
V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual ou
permanente;
VI - o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;
VII - a competência e o renome do profissional;
VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
Art. 37. Em face da imprevisibilidade do prazo de tramitação da demanda, devem ser
delimitados os serviços profissionais a se prestarem nos procedimentos preliminares,
judiciais ou conciliatórios, a fim de que outras medidas, solicitadas ou necessárias,

15
incidentais ou não, diretas ou indiretas, decorrentes da causa, possam ter novos honorários
estimados, e da mesma forma receber do constituinte ou cliente a concordância hábil.
Art. 38. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser
necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos de honorários da
sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do constituinte ou
do cliente.
Parágrafo único. A participação do advogado em bens particulares de cliente,
comprovadamente sem condições pecuniárias, só é tolerada em caráter excepcional, e desde
que contratada por escrito.
Art. 39. A celebração de convênios para prestação de serviços jurídicos com redução dos
valores estabelecidos na Tabela de Honorários implica captação de clientes ou causa, salvo
se as condições peculiares da necessidade e dos carentes puderem ser demonstradas com a
devida antecedência ao respectivo Tribunal de Ética e Disciplina, que deve analisar a sua
oportunidade.
Art. 40. Os honorários advocatícios devidos ou fixados em tabelas no regime da assistência
judiciária não podem ser alterados no quantum estabelecido; mas a verba honorária
decorrente da sucumbência pertence ao advogado.
Art. 41. O advogado deve evitar o aviltamento de valores dos serviços profissionais, não os
fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo fixado pela Tabela de Honorários, SALVO
MOTIVO PLENAMENTE JUSTIFICÁVEL.
Art. 42. O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de
sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de
crédito de natureza mercantil, exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do
constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto.
Art. 43. Havendo necessidade de arbitramento e cobrança judicial dos honorários
advocatícios, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa, fazendo-se representar por
um colega.

7. DO DEVER DE URBANIDADE - Capítulo VI - CEOAB

Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do


Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas
prerrogativas a que tem direito.
Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza6, emprego de linguagem escorreita e polida, esmero
e disciplina na execução dos serviços.
Art. 46. O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado ou dativo, deve
comportar-se com zelo, empenhando-se para que o cliente se sinta amparado e tenha a
expectativa de regular desenvolvimento da demanda.

QUESTÕES:

1. Sendo o contrato firmado entre advogado e cliente ato jurídico (art. 171 Código Civil), a
existência de defeito no contrato pode invalidá-lo? Explique e dê um exemplo.

6
Franqueza, sinceridade, lizura.

16
2. A parte que lesa a outra na formação do contrato deve responder pelas conseqüências de
seu ato (ou omissão). Pergunta-se: é possível a anulação do ato jurídico com a reparação de
danos?

3. Ao advogado empregado pode ser feita exigência para além do objeto específico da
relação de emprego ? É possível o advogado exigir honorários pelos serviços extras?

4. O cargo de advogado numa empresa, sindicato, etc., constitui cargo de confiança previsto
no art. 62 da CLT? É devido o pagamento de horas extras ao advogado empregado?

5. É possível cobrar honorários em valores inferiores ou superiores aos da Tabela de


Honorários instituída pelo Conselho Seccional?

6. É possível majorar os honorários previstos no contrato, em função do aumento dos atos


judiciais previstos no contrato firmado com o cliente?

7. Qual a diferença entre “cláusula de sucesso” = “quota litis” e honorários de


sucumbência?

8. Há distinção entre Assistência Judiciária e Justiça Gratuita ? O advogado pode contratar


honorários no processo em que requerer justiça gratuita?

9. O advogado pode recorrer da decisão que arbitrou honorários em valores injustos (do
ponto de vista do advogado), mesmo que seu cliente tenha ganho a ação?

10. O advogado pode dispor dos honorários de sucumbência?

11. Os honorários assistenciais previstos na Lei 5584/70 e Lei 8906/94, são do advogado ou
do sindicato?

12. Em causa sem julgamento do mérito, cabe arbitramento de honorários de sucumbência?


E quando há desistência da parte após citação ou reconhecimento do pedido?

13. Honorários convencionados se confundem com honorários de sucumbência ?

14. O advogado pode protestar contrato de honorários? É necessária a assinatura de


testemunhas neste contrato?

15. Em procedimento cautelar, quando começa o prazo para cobrança de honorários de


sucumbência?

16. Procurador público pode receber honorários de sucumbência?

8. DOS DIREITOS DO ADVOGADO – Capítulo II - EAOAB

17
Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do
Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem
dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade
da advocacia e condições adequadas a seu desempenho.
Art. 7º São direitos do advogado:
I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a
inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua
correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de
busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração,
quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou
militares, ainda que considerados incomunicáveis;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado
ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos
demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de
Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e,
na sua falta, em prisão domiciliar;
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte
reservada aos magistrados;
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços
notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente
e independentemente da presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço
público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício
da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se
ache presente qualquer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou
perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso
anterior, independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a
ordem de chegada;
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de
julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de
quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido;

18
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou
afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que
lhe forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade,
contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da
Administração Pública ou do Poder Legislativo;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem
procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo
tomar apontamentos;
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante
e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar
peças e tomar apontamentos;
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório
ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em
razão dela;
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo
quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo
profissional;
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta
minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva
presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou
repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício,
mediante representação ou a requerimento da parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os
respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos
que cometer.

19
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da
profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns,
tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados,
com uso e controle assegurados à OAB.
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função
de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido,
sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.

9. DOS DEVERES DO ADVOGADO – CEDOAB e EAOAB

Código de Ética e Disciplina/OAB


Art. 1º
O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste código,
do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral
individual. Social e profissional.
Art. 2º
O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do estado
democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social,
subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce.
Parágrafo Único. São deveres do advogado:
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando
pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II – atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade,
dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
(...)
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios;
VII - aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial.
VIII- abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
c) vincular seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a
dignidade da pessoa humana.
Art. 8º
O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto a eventuais
riscos da sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da demanda.
Art. 9º
A conclusão ou desistência da causa, com ou sem extinção do mandato, obriga o
advogado à devolução de bens, valores e documentos recebidos no exercício do mandato, e
à pormenorizada prestação de contas, não excluindo outras prestações solicitadas, pelo
cliente, a qualquer momento.

20
Art. 10
Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o
cumprimento e a cessação do mandato.
Art. 12
O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os feitos,
sem motivo justo e comprovada ciência do constituinte.
Art. 20
O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à
validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta; da
mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra
parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.
Art. 21
É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua própria
opinião sobre a culpa do acusado.
Art. 46
O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado ou dativo, deve
comportar-se com zelo, empenhando-se para que o cliente se sinta amparado e tenha a
expectativa de regular desenvolvimento da demanda.

ESTATUTO DA ADVOCACIA DA OAB


Art. 31
O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que
contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º. O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qualquer
circunstância.
§ 2º. Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer
em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.
Art. 33
O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código de
Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do
advogado para com a comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a
publicidade, a recusa do patrocínio, o dever de assistência jurídica, o dever
geral de urbanidade e os respectivos procedimentos disciplinares.
Art. 34
Constitui infração disciplinar:
(...)
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou
ciência do advogado contrário;

10. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ADVOGADO

21
A responsabilidade do advogado configura-se com os arts. 186 e 927 do Código
Civil (responsabilidade subjetiva); art. 13 do Código de Ética; e art. 32 do Estatuto da
OAB.
A convenção entre advogado e cliente apresenta-se como obrigação de meio e não
de resultado, pois o patrono compromete-se a se dedicar à causa, não se vinculando
efetivamente ao resultado.
Maria Helena Diniz7 elenca os casos de responsabilização civil do advogado:
a) Pelo erro de direito; (Ex.: Desconhecimento de norma jurídica. Neste
caso cabe indenização ao credor)

b) Pelo erro de fato; (que cometer no desempenho da função)

c) Pelas omissões de providências necessárias para ressalvar direitos


do seu contribuinte; (Ex.: deixou de arrematar bem em hasta púbica que
detinha procuração, com poderes para tal fim; deixou de protestar título;
não se habilitou na falência.

d) Pela perda de prazo para cumprir determinado ato; (A perda de prazo


constitui erro grave. Por constar expressamente da lei, não se tolera que o
advogado o ignore. Na dúvida entre prazo maior ou menor, deve a medida
judicial ser tomada dentro do menor, para não deixar nenhuma possibilidade
de prejuízo ao cliente).

e) pela desobediência às instruções do cliente, não utilização do direito ao bel


prazer, caso discorde das orientações do cliente, que renuncie ao mandato;
“Não há dúvida em afirmar que o advogado que, incumbido de causa difícil, de
duvidoso êxito, em face da jurisprudência dominante, contra opinião do próprio cliente,
recusar um acordo proposto pela parte contrária, ficando responsável - se vem, como tudo
indicava, a perder a demanda - pela quantia que o constituinte teria recebido, se não fosse a
obstinação de seu procurador.” (Aguiar Dias)

f) pelos conselhos dados ao cliente, desde que contrarie a lei, a jurisprudência e a


doutrina;

g) pela omissão de conselhos fazendo com que o constituinte perca o seu direito;
( Ex.: prescrição do título de propriedade industrial).

h) pela violação do segredo profissional;

i) pelo dano causado a terceiro, quando houver desvio, excesso ou abuso de


poderes;

7
.
DINIZ, Maria Helena Curso de direito civil brasileiro. 11. ed. 7º v., São Paulo:
Saraiva.

22
j) por não representar o constituinte nos 10 dias seguintes à renúncia do mandato -
art. 5º, § 3º e 34, IX, da Lei 8.906/94;

l) por reter ou extraviar autos - art. 34, XXII da lei 8.906/94.

m) por imputar crime a terceiro em nome do constituinte, sem a autorização deste -


art. 34, XV da lei 8.906/94;

n) pelo locupletamento à custa do cliente - art. 34, XX da lei 8.906/94;

o) pela recusa injustificada de prestar contas ao cliente - art. 34, XXI da lei
8.906/94.

Pode o advogado substabelecer no todo ou em parte o mandato, com ou sem reserva


de poderes. Diante disso, vislumbra-se três situações:

a) no silêncio da procuração o advogado que substabelece responde pelos atos do


substituto, como se praticados por ele próprio, e, conseguintemente, pelos prejuízos
causados;

b) se o instrumento contiver cláusula proibitiva, o advogado responde por qualquer dano,


porque a transferência de poderes já constitui em si mesma uma infração, somente se
eximindo se demonstrar que o dano ocorreria, ainda que não houvesse substabelecimento;

c) se a procuração contiver cláusula permissiva de substabelecimento, o advogado não


incorre em responsabilidade, salvo se proceder com culpa in eligendo.

O art. 17 do Estatuto da OAB afirma que:

“Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos danos


causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possa incorrer”.

Alerta-se que, à sociedade não pode se imputar a responsabilização quando o


advogado foi contratado para agir individualmente e comete danos e atos prejudiciais aos
interesses de seu cliente. O contexto modifica se a sociedade, como um todo, foi contratada
pelo cliente para agir em seu nome, pleiteando seus direitos, e comete ato ou dano que lhe
prejudique. No primeiro caso, somente ao advogado imputa-se a responsabilização; no
segundo, a sociedade é compelida a ressarcir.

"Responsabilidade civil é a obrigação que pode incumbir uma pessoa a reparar o prejuízo
causado a outra, por fato próprio, ou por fato de pessoas e/ou coisas que dela dependam".
(Savatier)

Teoria subjetiva - (culpa/dolo) - existência do nexo de causalidade, o prejuízo ou o dano, e


a culpa (art. 927 do Código Civil).

23
Responsabilidade civil contratual ou extracontratual?

Contratual - Via de regra, na responsabilidade proveniente do contrato, ao cliente que foi


lesado pelo descumprimento, basta provar a existência deste e seu inadimplemento,
devendo o réu demonstrar que o dano ocorreu devido a uma causa estranha ao contrato.

Extracontratual - o cliente deve provar também a culpa, isentando-se o réu de responder


pela indenização se o autor não conseguir provar que este agiu com culpa.

Relativamente à responsabilidade civil do advogado já não pairam dúvidas sobre seu


caráter contratual, sendo um autêntico exemplo de mandato, previsto a partir do art. 653 do
Código Civil.

Além disso, suas obrigações são oriundas de uma convenção preexistente entre este e seu
cliente, e não de normas de cunho público.

Obrigação de meio
Se o advogado executar o seu trabalho com eficiência, não lhe poderá ser imputada a
responsabilidade pelo insucesso (previsão legal, art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor e art. 32 do Estatuto da Advocacia). Assim torna-se necessária a demonstração
da conduta culposa.

Conceito e características do Mandato Judicial

Art. 653 CC – Opera-se o mandato, quando alguém recebe de outrem poderes, para, em seu
nome, praticar atos ou administrar interesses. A procuração é o instrumento do mandato.
 Esta definição traz claramente a idéia de representação, distinguindo o mandato das
outras modalidades de contrato, principalmente quando o mandato tem como objetivo a
realização de um ato jurídico.

 Em condições normais, por se tratar de um contrato, a responsabilidade civil do


mandatário é contratual, cabendo ao mesmo o ônus de provar que não teve culpa no
descumprimento de cláusula contratual.

 As demais obrigações do mandatário estão elencadas no Código Civil, em seus artigos


667 a 674.

 Alguns autores defendem que os advogados, em relação a seus clientes, têm implícita,
no contrato, uma cláusula de irresponsabilidade, não cobrindo, apenas erros grosseiros,
principalmente os de fato, como a perda culposa do prazo. Assim, para afastar a
responsabilidade deles decorrente, seria preciso cláusula expressa. Para estes, apenas o dolo
do profissional não poderia ser objeto de qualquer cláusula, tácita ou expressa.

 Entretanto, hoje em dia, tal opinião a respeito da cláusula de não indenizar não faz mais
sentido, em face do Código de Defesa do Consumidor, que trata em seu art. 51 da nulidade

24
das cláusulas de isenção de responsabilidade, certamente, aí também incluídos os contratos
celebrados entre o Advogado e seu cliente.

 São devidos honorários quando verificada a responsabilidade civil do profissional?

Responsabilidade Civil do Advogado e a Constituição

“Art. 33. O advogado é indispensável à administração da Justiça, sendo inviolável por seus
atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei”.

“Art. 5º.CRFB [...]


V – são invioláveis o direito de resposta, proporcional ao agravo, além de indenização por
dano material, moral ou à imagem;
[...]
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
assegurado o direito à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua
violação;”

Responsabilidade Civil do Advogado e o Código Civil

 A responsabilidade é subjetiva; sendo imprescindível a demonstração da conduta


culposa.

 Sob rótulo “Responsabilidade dos Mandatários”, preleciona Maria Helena Diniz -


( Das obrigações do mandatário - arts. 667 a 673 CC):

• Se não der execução ao mandato de acordo com as instruções recebidas e a


natureza do negócio que deve efetivar;

• Se não aplicar toda a sua diligência habitual;

• Se não manter o mandante informado de tudo que se passa com os negócios;

• Se substabeleceu o mandato, sem autorização do mandante;

• Se substabeleceu o mandato com autorização do mandante responderá apenas


por culpa “in eligendo”;

• Se não apresentar o instrumento do mandato às pessoas com quem tratar em


nome do mandante;

• Se não enviar ao mandante as somas recebidas em função do mandato ou não


depositá-las em nome do mandante;

25
• Se não prestar contas de sua gerência ao mandante, transferindo-lhe as
vantagens provenientes do mandato por qualquer título que seja;

• Se não concluir por lealdade o negócio já começado quando houver perigo na


demora.

Responsabilidade Civil do Advogado e o Estatuto da Advocacia:

Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.


§ 1º. No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce
função social.
§ 2º. No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão
favorável ao seu constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos
constituem múnus público.
§ 3º. No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e
manifestações, nos limites desta Lei.

Art. 32 O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional,


praticar com dolo ou culpa. Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o
advogado será solidariamente responsável com seu cliente, desde que
coligado com este para lesar a parte contrária, o que será apurado em ação
própria.

Art. 34, VI da Lei 8.906/94, estabelece que constitui infração


disciplinar(...)
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa fé quando
fundamentado na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em
pronunciamento judicial anterior.

Enfim, o advogado deverá, obviamente, indenizar prontamente o


prejuízo que vier a causar por negligência, erro inescusável ou dolo. Há
também a possibilidade de responsabilidade do advogado perante a parte contrária. Neste
caso, responderá o advogado quando agindo de modo temerário mediante ardis e meios
fraudulentos, vier a causar danos à parte contrária.

11. RESPONSABILIDADE CRIMINAL DO ADVOGADO

 No exercício de suas funções, o advogado pode ser responsabilizado criminalmente por


seus atos, e eventualmente, a condenação acarretará a obrigação de indenizar,
complementada por uma sanção penal.

 Nossa legislação prevê vários tipos penais em que o advogado pode ser o sujeito ativo,
sendo que analisaremos individualmente aqueles que julgamos mais importantes, tais
como:

26
Responsabilidade Criminal do Advogado

Artigos 32 da lei 8.906/94


Artigo 133 da CF/88
Artigo. 34, VI da Lei 8.906/94

Apropriação Indébita – art. 168 do CP


Patrocínio Simultâneo – art. 355, p. único CP
Patrocínio Infiel – art. 355, CP
Coação no Curso do Processo – art. 344 CP
Exploração de Prestígio – art. 357 do CP
Violação de Segredo Profissional – art. 154 do CP
Exercício Ilegal da Profissão – art. 205 CP
Desacato – art. 331 do CP
Denunciação Caluniosa – art. 339 CP
Injúria e Difamação – art. 139 e 140 do CP
Fraude Processual art. 347 do CP
Falsificação de Documento Público – art. 297 do CP
Falsificação de Documento Particular – art. 298 do CP
Tráfico de Influência – art. 332 do CP
Violência ou fraude em Arrematação Judicial – art. 358 do CP

Apropriação Indébita
Apropriação indébita
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a
detenção:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante,
testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
Objetividade Jurídica
Inviolabilidade patrimonial (propriedade e posse)
Sujeito Ativo
Quem está na posse ou detenção de coisa móvel alheia
Sujeito Passivo
Aquele que sofre o prejuízo
Tipo Objetivo
Fazer sua a coisa, apropriar-se de coisa móvel alheia
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade de apropriar-se
Consumação
Quando o agente transforma a posse ou a detenção em propriedade, ou seja,
quando se inverter a posse em domínio

27
Sujeito Ativo – Advogado
ADVOGADO CONDENADO POR SE APROPRIAR DE R$ 40 REAIS DE
UM CLIENTE - advogado havia firmado um acordo em uma reclamação
trabalhista em favor de um de seus clientes e, quando recebeu da empresa
reclamada a quantia devida ao trabalhador, que era vigia de estacionamento
em um shopping de Angra dos Reis, subtraiu para si parte do valor.

Patrocínio Infiel e Simultâneo


Patrocínio infiel
Art. 355 - Trair, na qualidade de advogado ou procurador, o dever
profissional, prejudicando interesse, cujo patrocínio, em juízo, lhe é
confiado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, e multa.
Objetividade Jurídica
A administração da justiça
Sujeito Ativo
Somente o advogado ou procurador judicial (estagiário), inscrito na OAB
Sujeito Passivo
O Estado e, secundariamente, a parte prejudicada
Tipo Objetivo
Trair o dever profissional, ser infiel aos deveres da profissão
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre de trairo dever profissional com consciência de
prejudicar o interesse confiado.
Consumação
Com o efetivo prejuízo causado pela traição
Sujeito Ativo – Advogado
O patrocínio infiel pressupõe a existência de causa em juízo, não se
caracterizando se o advogado recebeu o mandato mas não chegou a propor a
ação. (Tacr SP 77/294)
Patrocínio simultâneo ou tergiversação
Parágrafo único - Incorre na pena deste artigo o advogado ou procurador
judicial que defende na mesma causa, simultânea ou sucessivamente, partes
contrárias.
Objetividade Jurídica
A administração da justiça
Sujeito Ativo
Somente o advogado ou procurador judicial (estagiário), inscrito na OAB
Sujeito Passivo
O Estado e, secundariamente, a parte prejudicada
Tipo Objetivo
O núcleo é defender. Incrimina-se o agente que defende, na mesma causa,
partes contrárias simultânea ou sucessivamente.
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre de trairo dever profissional com consciência de
prejudicar o interesse confiado.
Consumação

28
Com o efetivo prejuízo causado pela traição
Sujeito Ativo – Advogado
Advogados passando a tratar do interesse da parte contrária , depois de
abandonar ou ser dispensado pela parte primitiva.
PATROCÍNIO SIMULTÂNEO - SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS E
MUNICIPALIDADE - INTERESSES OPOSTOS - Advogado que patrocina
ações de servidores municipais em face da Municipalidade está impedido de
representar a mesma Municipalidade em ações contrárias, sob pena de
cometer infração ética estabelecida no art. 17 do CED. Proc. E-1.808/98 -
V.U. em 18/03/99 do parecer e voto do Rel. Dr. RICARDO GARRIDO
JÚNIOR - Rev. Dr. BENEDITO ÉDISON TRAMA - Presidente Dr.
ROBISON BARONI.

Coação no curso do processo


Art. 344 - Usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer
interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra
pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial
ou administrativo, ou em juízo arbitral:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena
correspondente à violência.
Objetividade Jurídica
A administração da justiça
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado e, secundariamente, a pessoa que sofre a coação
Tipo Objetivo
Pune-se quem usar de violência ou grave ameaça
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre de usar de violência ou grave ameaça, com o fim de
favorecer interesse prórpio ou alheio
Consumação
Com o uso da violência ou grave ameaça, sem dependência do resultado
alcançado
Sujeito Ativo – Advogado
A advertência feita por advogado a testemunha no sentido de retratar-se
para não ser processada por falso testemunho. A gravidade da ameaça
dependeria de ser o tetsemunho realm,ente falso, hipótese em que o
advogado estaria agindo nos limites do exercício regular da profissão.

Exploração de prestígio
Art. 357 - Solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a
pretexto de influir em juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário
de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.

29
Parágrafo único - As penas aumentam-se de um terço, se o agente alega ou
insinua que o dinheiro ou utilidade também se destina a qualquer das
pessoas referidas neste artigo.
Objetividade Jurídica : a administração da justiça
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado
Tipo Objetivo
Solicitar e aceitar dinheiro ou qualquer outra utilidade.
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre de solicitar ou receber, a pretexto de influir em ato
daquelas pessoas
Consumação
Com a efetiva solicitação (ainda que rejeitada) ou recebimento.
Sujeito Ativo – Advogado
Basta para tipificar o § único a insinuação de que o dinheiro se destinava ao
promotor e escrivão.
Incrimina-se a simples solicitação ou recebimento a pretexto de influir em
juiz, jurado, órgão do MP, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete
ou testemunha.

Violação de Segredo Profissional – art. 154 do CP


Objetividade Jurídica
Manter segredos
Sujeito Ativo
Aquele que revela o segredo
Sujeito Passivo
Quem interessa preservar o segredo
Tipo Objetivo
Revelar o segredo
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre e consciente de revelar o segredo – não há culpa
Consumação
Basta que o segredo seja revelado
Sujeito Ativo – Advogado
Pode e deve o advogado recusar-se a comparecer a depor como testemunha,
em investigação relacionada com alegada falsidade de documentos
provenientes de seu constituinte que juntou aos autos judiciais

Exercício Ilegal da Profissão – art. 205 CP


Objetividade Jurídica
Proteger o interesse do Estado
Sujeito Ativo
Quem viola decisão administrativa, exercendo atividade que lhe é proibida
Sujeito Passivo
Estado

30
Tipo Objetivo
Exercer a atividade
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade de praticar, ciente de que tal prática é vedada
Consumação
Exercício efetivo da atividade vedada
Sujeito Ativo – Advogado

Desacato
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em
razão dela:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Objetividade Jurídica
A administração da justiça, em respeito a função pública
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado e funcionário público
Tipo Objetivo
Ofender, menosprezar, humilhar funcionário público
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre de cometer ato injurioso, com a finalidade de
desprestigiar a função pública do ofendido.
Consumação
Com o ato ou palavra de que o ofendido tome conhecimento
Sujeito Ativo - Advogado
Advogado indiciado em crimes de resistência, desobediência e desacato. Se
realizava uma blitz policial, "resisti" a ordem legal para identificar-se e
entregar a chave do veículo, tendo ainda "desacatado" funcionário público
no exercício de suas funções, com palavras de baixo calão.
Art. 2º e 7º do EA – o advogado tem imunidade profissional, não
constituindo injuria, difamação ou desacato puníveis quaisquer
manifestações de sua parte, no exercício de sua atividade, sem prejuízo das
sanções perante a OAB pelos excessos que cometer.

Denunciação caluniosa
Art. 339. Dar causa à instauração de investigação policial, de processo
judicial, instauração de investigação administrativa, inquérito civil ou ação
de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime de que o
sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 10.028, de 19.10.2000)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato
ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de
contravenção.
Objetividade Jurídica
O interesse da justiça e a honra da pessoa acusada

31
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado e, a pessoa acusada caluniosamente
Tipo Objetivo
Dar causa, motivar, originar
Tipo Subjetivo
Dolo – O agente precisa saber que o imputado é inocente
Consumação
Com a efetiva instauração da investigação policial ou do processo judicial
Sujeito Ativo – Advogado
Pode o advogado ser responsabilizado se agiu sabendo da falsidade da
imputação feita por seu cliente contra a vítima.

Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é
funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Objetividade Jurídica
Honra objetiva (externa). Reputação, o conceito do sujeito passivo no
contexto social
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
Qualquer pessoa e também os que não tem consciência da dignidade ou
decoro (menores e doentes mentais)
Tipo Objetivo
Atribuição de um fato desonroso a alguém
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade de atribuir fato desonroso a alguém
Consumação
Quando o sujeito passivo toma conhecimento, por terceiro, da imputação
Sujeito Ativo – Advogado

Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua
natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa, além da pena
correspondente à violência.

32
§ 3º - Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor,
etnia, religião ou origem: (Parágrafo acrescentado pela Lei nº 9.459, de
13.5.1997)
Pena - reclusão de um a três anos e multa.
Objetividade Jurídica
Proteger a integridade moral do ofendido (a honra está protegida por este
dispositivo)
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
Qualquer pessoa com exceção aos que não tem consciência da dignidade ou
decoro (menores e doentes mentais)
Tipo Objetivo
Ofender a honra, atingindo seus atributos morais ou físicos, intelectuais e
sociais
Tipo Subjetivo
Dolo – deve vir informado do animus infamandi
Consumação
Quando o sujeito passivo toma conhecimento do insulto
Sujeito Ativo – Advogado
Advogado que em habeas corpus rotula a juíza a quo de ignorante, por
faltar-lhe raciocínio lógico, não pratica o delito de injúria; a expressão
ignorância eqüivale a desconhecimento técnico-jurídico.

Fraude processual
Art. 347 - Inovar artificiosamente, na pendência de processo civil ou
administrativo, o estado de lugar, de coisa ou de pessoa, com o fim de
induzir a erro o juiz ou o perito:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único - Se a inovação se destina a produzir efeito em processo
penal, ainda que não iniciado, as p
Objetividade Jurídica
A administração da justiça
Sujeito Ativo
Qualquer pessoas
Sujeito Passivo
Estado
Tipo Objetivo
Cometido na pendência de processo civil ou administrativo. Incrimina-se a
ação de inovar.
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre de inovar- com o fim de induzir a erro perito ou juiz
Consumação
Para uns, consuma-se com a idônea e efetiva inovação artificiosa, para
outros, quando a inovação chega ao conhecimento do juiz ou perito.
Sujeito Ativo – Advogado

33
Falsificação de documento público
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar
documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se
do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado
de entidade paraestatal, o título ao portador ou transmissível por endosso,
as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento
particular.
§ 3 o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Parágrafo
acrescentado pela Lei nº 9.983, de 14.7.2000
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja
destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não possua
a qualidade de segurado obrigatório; (Alínea acrescentada pela Lei nº 9.983,
de 14.7.2000
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em
documento que deva produzir efeito perante a previdência social, declaração
falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Alínea acrescentada pela
Lei nº 9.983, de 14.7.2000
III – em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado
com as obrigações da empresa perante a previdência social, declaração falsa
ou diversa da que deveria ter constado. (Alínea acrescentada pela Lei nº
9.983, de 14.7.2000
§ 4 o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados
no § 3 o , nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneração, a vigência
do contrato de trabalho ou de prestação de serviços. (Parágrafo acrescentado
pela Lei nº 9.983, de 14.7.2000
Sujeito Ativo – Advogado

Falsificação de documento particular


Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar
documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.
Objetividade Jurídica
A fé pública
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado
Tipo Objetivo
Público e Particular – Alterar documento verdadeiro
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade de falsificar ou alterar documentos com a consciência de
que pode prejudicar alguém
Consumação
Com a efetiva alteração ou falsificação

34
Sujeito Ativo – Advogado
Papel assinado em branco – é falso o material e não ideológica a conduta de
quem se vale de papel assinado em branco para forjar documento que não
lhe fora confiado para posterior preenchimento.

Tráfico de Influência
Art. 332 - Solicitar, exigir, cobrar ou obter, para si ou para outrem,
vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir em ato praticado
por funcionário público no exercício da função: (Redação dada pela Lei nº
9.127, de 16.11.1995)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela
Lei nº 9.127, de 16.11.1995)
Parágrafo único - A pena é aumentada da metade, se o agente alega ou
insinua que a vantagem é também destinada ao funcionário. (Redação dada
pela Lei nº 9.127, de 16.11.1995)
Objetividade Jurídica
A administração da justiça
Sujeito Ativo
Qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado
Tipo Objetivo
Solicitar, exigir, cobrar ou obter vantagem ou promessa de vantagem para si
ou para outrem
Tipo Subjetivo
Dolo – vontade livre e consciente de influir e o fim de agir conseguindo
vantagem ilícita ou promessa desta.
Consumação
Com a efetiva solicitação, exigência, cobrança ou obtenção.
Sujeito Ativo – Advogado
Configura o delito a conduta de advogado que , no exercício profissional , a
pretexto de influir na autuação do delegado de polícia, obtém para si, de seu
cliente, vantagem

Violência ou fraude em arrematação judicial


Art. 358 - Impedir, perturbar ou fraudar arrematação judicial; afastar ou
procurar afastar concorrente ou licitante, por meio de violência, grave
ameaça, fraude ou oferecimento de vantagem:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa, além da pena
correspondente à violência.
Objetividade Jurídica : a administração da justiça
Sujeito Ativo : qualquer pessoa
Sujeito Passivo
O Estado e, secundariamente, o concorrente, licitante ou 3º prejudicado
Tipo Objetivo
Afastar ou procurar afastar impedir
Sujeito Ativo – Advogado

35
Das Sanções
Para cada um dos casos que aponta, o Estatuto da Advocacia e da OAB
prevê as sanções específicas, a saber: censura, suspensão, exclusão e multa
(art. 35), e estão disciplinadas separadamente (arts. 36 a 39).

12. O ADVOGADO E O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

“Art. 3º CDC- Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou
estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividades de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação,
distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.

§ 2º - Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante


remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as
decorrentes das relações de caráter trabalhista”.

 CDC, artigo 14, parágrafo 4º: Responsabilidade Objetiva.

 Correntes contrárias: Responsabilidade Subjetiva e Responsabilidade Contratual.


O quantum da indenização
O que seria ganho na demanda, somado dos prejuízos que, comprovadamente, a parte
perdedora sofrer em decorrência da má atuação do profissional, e eventualmente, danos
morais.

Inversão do ônus da prova


Artigo 6º, VIII, do CDC.
Alguns autores discordam, mas pensamos que o melhor entendimento é aquele que inverte
o ônus da prova quando está latente a hipossuficiência do lesado em produzir tal prova.

Gisele Gondim entende que não se aplica à advocacia o Código de Defesa do Consumidor.

13. DA INSCRIÇÃO - Capítulo III - EAOAB

Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:


I - capacidade civil;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino
oficialmente autorizada e credenciada;
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV - aprovação em Exame de Ordem8;
8
No Estado onde cursou Direito ou no seu domicílio civil – Provimento 81/96 Conselho Federal OAB.

36
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI - idoneidade moral;
VII - prestar compromisso perante o conselho.
§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.
§ 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer
prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado,
além de atender aos demais requisitos previstos neste artigo. (com tradução dos
documentos)
§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante
decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do conselho
competente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar.
§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por
crime infamante, salvo reabilitação judicial9.
Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário:
I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;
II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
§ 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últimos
anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior
pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia
credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e
Disciplina.
§ 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize
seu curso jurídico.
§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode
freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de
aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.
§ 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se
inscrever na Ordem.
Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo
território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral.
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia,
prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.
§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos
Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão considerando-se
habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano.
§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa,
deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional
correspondente.

9
Arts. 64 e 94 do Código Penal.

37
§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição
suplementar, ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra
ela representando ao Conselho Federal.
Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:
I - assim o requerer;
II - sofrer penalidade de exclusão;
III - falecer;
IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia;
V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.
§ 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser
promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por
qualquer pessoa.
§ 2º Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de inscrição
anterior - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º.
§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve ser
acompanhado de provas de reabilitação.
Art. 12. Licencia-se o profissional que:
I - assim o requerer, por motivo justificado;
II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da
advocacia;
III - sofrer doença mental considerada curável.
Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento geral, é
de uso obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova
de identidade civil para todos os fins legais.
Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os
documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade.
Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com o
exercício da advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação
expressa do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem ou o número de
registro da sociedade de advogados na OAB.

14. DA SOCIEDADE DE ADVOGADOS10 - Capítulo IV do EAOAB

Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de


advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral.

10
Provimento 92/00 Conselho Federal OAB. “Sociedade Híbrida”.

38
§ 1º A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com o registro aprovado dos
seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.11
§ 2º Aplica-se à sociedade de advogados o Código de Ética e Disciplina, no que couber.
§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a
sociedade de que façam parte.
§ 4º Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, com sede ou
filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional.
§ 5º O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado
junto ao Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios obrigados à inscrição
suplementar.
§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em
juízo clientes de interesses opostos12.
Art. 16. Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados
que apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação de fantasia,
que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito como
advogado ou totalmente proibido de advogar.
§ 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado
responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal
possibilidade no ato constitutivo.
§ 2º O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advocacia em
caráter temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua
constituição.
§ 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas
comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.
Art. 17. Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos danos
causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possa incorrer.

INSTRUMENTO PARTICULAR DE CONTRATO DE


CONSTITUIÇÃO DE SOCIEDADE DE ADVOGADOS

Pelo presente instrumento particular, _____________________, advogado(a), _________,


residente e domiciliada na rua _____________, bairro ______________,
______________________, advogado(a), ____________, e _________________,
advogado(a), ______________, residentes e domiciliados na rua
______________________________, em Blumenau, têm entre si, justa e contratada, a
constituição de sociedade civil de prestação de serviços advocatícios, que se regerá pelas
cláusulas e condições seguintes e legislação que disciplina a matéria, em especial a lei n°
8.906, de 04/07/1994.

11
Art. 39, parágrafo único do Regulamento Geral da OAB.
12
Advogar interesses opostos é crime= tergiversação. Art. 355 do Código Penal.

39
Cláusula 1ª : A sociedade girará sob a razão social de ________ &
_________ S/C Advogados Associados.

Cláusula 2ª : A sociedade terá sua sede na cidade de Blumenau, no estado de


Santa Catarina, na rua ________________________, podendo estabelecer filiais, agências
ou sucursais em qualquer parte do território nacional, obedecendo as disposições legais
vigentes.

Cláusula 3ª : A sociedade terá por objeto a prestação de serviços de


advocacia.

Cláusula 4ª : O capital social é de R$......(......) totalmente integralizados


neste ato, divididos em ...... quotas de R$......... cada uma, distribuídas entre os sócios da
seguinte forma:
1) Sócio A nº de quotas, equivalente a x%
2) Sócio B nº de quotas, equivalente a x%
3) Sócio C nº de quotas, equivalente a x%

Cláusula 5ª : O prazo de duração da sociedade é indeterminado, iniciando-se


em .....(data)

Cláusula 6ª : A sociedade será dirigida por todos os sócios, aos quais caberá,
conjunta ou separadamente, com as atribuições e poderes conferidos em lei, garantir o
normal funcionamento da sociedade, cabendo a qualquer deles o uso da denominação social
em negócios de interesse da sociedade, observando o disposto nos parágrafos desta
cláusula.

Parágrafo 1º: A sociedade será representada judicialmente e extrajudicialmente, ativa e


passivamente, por qualquer dos sócios.
Parágrafo 2º: É lícito, nos limites das atribuições e poderes dos sócios gerentes, constituir
em nome da sociedade, e por prazo certo, mandatários ou procuradores.
Parágrafo 3º: É expressamente proibido a qualquer dos sócios o uso da denominação social
em negócios ou documentos de qualquer natureza, alheio aos fins fiscais, bem como
avalizar ou afiançar obrigações de terceiros, só podendo prestar aval ou fiança em proveito
da própria sociedade.
Parágrafo 4º : À exceção de material de expediente, toda compra e venda de bens móveis e
imóveis efetuada pela sociedade deverá ser autorizada pela maioria dos sócios (ou do
capital social).

Cláusula 7ª: Os sócios, no exercício da gerência da sociedade, terão direito a


uma retirada mensal, a título de pró-labore, em valor a ser fixado de comum acordo entre os
sócios.

40
Cláusula 8ª : Todo dia 31 do mês de dezembro de cada ano será procedido o
levantamento do balanço do exercício, sendo os lucros ou prejuízos verificados,
distribuídos ou suportados pelos sócios na proporção de suas quotas-partes do capital.
Parágrafo único : A critério dos sócios e no atendimento dos interesses da própria
sociedade, o total ou parte dos lucros poderá ser destinado à formação de Reserva de
Lucros, no critério estabelecido pela lei ou, então, permanecer em lucros acumulados para
futura destinação.

Cláusula 9ª: Cada sócio poderá prestar sua militância advocatícia sem se
importar na obrigação de que os honorários advocatícios percebidos de sua prestação de
serviços revertam em benefício da sociedade.

Cláusula 10ª : As quotas-parte do capital social não poderão ser cedidas ou


transferidas a terceiros, no todo ou em parte, sem o expresso consentimento dos sócios,
cabendo em igualdade de preços e condições, o direito de preferência aos sócios
remanescentes, no caso de algum pretender ceder ou transferir as que possui.

Cláusula 11ª : No caso de um dos sócios desejar retirar-se da sociedade,


deverá notificar os outros sócios, por escrito, com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
e seus haveres lhe serão reembolsados na modalidade que se estabelece na cláusula 12ª,
deste instrumento.

Cláusula 12ª : A sociedade não será dissolvida nem conseqüentemente


entrará em liquidação, por saída ou falecimento de qualquer um dos sócios.
Parágrafo1º: Em caso de falecimento de um dos sócios, caberá aos remanescentes
decidirem sobre a continuação da sociedade com os herdeiros do sócio falecido desde que
tenham condições legais e impostas pela lei nº 8.906, de 04/07/1994. Se a sociedade não
continuar com os herdeiros do de cujus, os haveres do sócio falecido serão apurados da
mesma forma estatuída no parágrafo seguinte para o sócio retirante.
Parágrafo 2º: A sociedade não se dissolverá, nem conseqüentemente entrará em liquidação,
por saída ou falecimento de qualquer um dos sócios. Ocorrendo um destes eventos, os
haveres do sócio que desejar retirar-se, serão apurados pelo último balanço, se o
acontecimento ocorrer no primeiro semestre do exercício social, ou por via de balanço
especial, realizado com a assistência dos interessados, se o acontecimento se verificar no
segundo semestre do mesmo. O montante dos haveres será pago em moeda corrente
nacional, em 12 parcelas iguais, corrigidos monetariamente pelos índices oficiais.
Parágrafo 3º: Na hipótese de falecimento de qualquer um dos sócios, os herdeiros e
sucessores terão direito, desde já lhes é assegurado, de designar entre si (herdeiros e
sucessores) um que os represente no exercício dos direitos do sócio falecido, desde que tal
decisão seja aprovada pelos sócios remanescentes, pelo tempo necessário ao levantamento e
quitação de haveres, não lhes sendo permitido interferir nas decisões que digam respeito ao
balanço patrimonial.
Parágrafo 4º: Os bens móveis e imóveis adquiridos pela sociedade, bem como os
honorários advocatícios recebidos após o falecimento ou efetivo afastamento do sócio, não

41
serão considerados para efeito de lavantamento de haveres, a ser efetuado para fins de
acerto final.

Cláusula 13ª : As questões suscitadas na vigência da sociedade, não


decididas pela maioria dos sócios, cinqüenta por cento mais um, serão resolvidas por um
árbitro escolhido de comum acordo entre os sócios, ou por meio de juízo arbitral,
constituído de acordo com lei civil e cujas decisões todos declaram submeter-se.

Cláusula 14ª : Fica eleito o foro da comarca de Blumenau para qualquer ação
fundada neste contrato, renunciando-se a qualquer outro por mais especial que seja.

E, por se acharem em perfeito acordo em tudo quanto neste instrumento


particular foi lavrado, obrigam-se a cumprir o presente contrato, assinando-o na presença de
duas testemunhas, abaixo firmada em 4 (quatro) vias de igual teor e forma, com a primeira
via a ser enviada para a Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional de Blumenau.
Blumenau, __ de ____ de 20____.

15. DO ADVOGADO EMPREGADO - Capítulo V - EAOAB

Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem
reduz a independência profissional inerentes à advocacia.
Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços
profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego.
Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa,
salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não
poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais,
salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.
§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o
advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu
escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com
transporte, hospedagem e alimentação.
§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um
adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo
contrato escrito.
§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia
seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por
cento.
Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os
honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados.

42
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de
sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida
em acordo.

 Tabela: referência de 51 URH para 4 horas diárias com vínculo empregatício;

 Exigências além do objeto específico da relação de emprego constitui prestação extra de


trabalho;

 Art. 25 EAOAB – prazo prescricional para arbitramento judicial dos honorários dos
serviços extras;

 A função do advogado não caracteriza cargo de confiança (art. 62 CLT). Tem direito às
horas extras;

 Os honorários de sucumbência e assistenciais lhe são devidos (art. 21 EAOAB). Estes


não podem ser considerados para efeitos trabalhistas, nem mesmo para previdenciários,
como estipulado no art. 14 do Regulamento Geral da Advocacia.

16. DAS INCOMPATIBILIDADES E IMPEDIMENTOS- Capítulo VII – EAOAB

Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a proibição


parcial do exercício da advocacia.
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:
I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos
legais;
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e
conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como
de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da
administração pública direta e indireta;
III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta
ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de
serviço público;
IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão
do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;
V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial
de qualquer natureza;
VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação
ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;

43
VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive
privadas.
§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de
exercê-lo temporariamente.
§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão
relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como
a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.
Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de
órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente
legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o
período da investidura.
Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:
I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública
que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das
pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias
de serviço público.
Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.

17. DAS INFRAÇÕES E SANÇÕES DISCIPLINARES - Capítulo IX EAOAB

Art. 34. Constitui infração disciplinar:


(Dos incisos I a XVI e XXIX, cabe censura)
I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu
exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;
III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;
IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não
tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado
na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência
do advogado contrário;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em
que funcione;

44
XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação
da renúncia;
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em
virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou
relativas a causas pendentes;
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como
de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou
iludir o juiz da causa;
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de
fato definido como crime;
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de
autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;
(Dos incisos XVII a XXV cabe suspensão)
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou
destinado a fraudá-la;
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou
desonesta;
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do
mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou
interposta pessoa;
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele
ou de terceiros por conta dele;
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB,
depois de regularmente notificado a fazê-lo;
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;
(Dos incisos XXVI a XXVIII cabe exclusão)
XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII - praticar crime infamante13;
XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
13
Desonrado, indigno.

45
c) embriaguez ou toxicomania habituais.
Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:
I - censura;
II - suspensão;
III - exclusão;
IV - multa.
Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito, após o trânsito
em julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura.
Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:
I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;
II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção
mais grave.
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem
registro nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante. (art. 40)
Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:
I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
II - reincidência em infração disciplinar.
§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o
território nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com os critérios de
individualização previstos neste capítulo.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que
satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária.
§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste novas
provas de habilitação.
Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:
I - aplicação, por três vezes, de suspensão;
II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.
Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a
manifestação favorável de dois terços dos membros do Conselho Seccional competente.
Art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o
máximo de seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em
havendo circunstâncias agravantes.
Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação,
as seguintes circunstâncias, entre outras:
I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
II - ausência de punição disciplinar anterior;

46
III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;
IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.
Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa
por ele revelada, as circunstâncias e as conseqüências da infração são considerados para o
fim de decidir:
a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar;
b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.
Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano
após seu cumprimento, a reabilitação14, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de
reabilitação depende também da correspondente reabilitação criminal.
Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem aplicadas as
sanções disciplinares de suspensão ou exclusão.
Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos,
contados da data da constatação oficial do fato.
§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos,
pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento
da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
§ 2º A prescrição interrompe-se:
I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao
representado;
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

18. DA OAB: ORIGEM, DOS FINS E DA ORGANIZAÇÃO, DO CONSELHO


FEDERAL, DO CONSELHO SECCIONAL, DA SUBSEÇÃO, DA CAIXA DE
ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS, DAS ELEIÇÕES E DOS MANDATOS

18.1 ORIGEM DA ORDEM DOS ADVOGADOS – ORIGEM DA ADVOCACIA15


Breve histórico
Rui Barbosa afirmou: “... o primeiro advogado foi o primeiro homem que, com a influência
da razão e da palavra, defendeu os seus semelhantes contra a injustiça, a violência e a
fraude”. (pág. 79)

• Séc. XV a C.: Moisés se insurgiu frente ao Faraó do Egito, na defesa da sua raça,
contra as discriminações.

14
A reabilitação criminal está prevista nos arts. 93 a 95 do Código Penal, após 2 anos
do cumprimento da pena.
15
Deontologia Jurídica- ética das profissões jurídicas. Elcias Ferreira da Costa, Rio de
Janeiro:Forense, 1996.

47
• Séc. IV a C. – IV d. C.: Atenas e Roma. Como atividade profissional, legitimada
para agir em defesa de alguém que sofre violação ou ameaça de violação de seus
direitos, seja por ação de pessoa privada, seja por abuso de poder de autoridade,
aparece nas duas cidades que foram berço da civilização ocidental. Advogados
famosos como Péricles, Sócrates, Cícero, Paulo, Gaio e muitos outros.

• 1215 – 1270: São Luis, Rei da França, se esforçou em tentar regular o exercício da
profissão de advogado. Seu filho, Felipe III, concluiu o objetivo do pai, passando a
exigir a matrícula de todos os advogados, os quais tinham que prestar juramento
especial perante o Parlamento.

• 1253 – 1330: O advogado Yves Helori = Santo Ivo. Advogado caridoso que
defendia os pobres, os órfãos e as viúvas. Considerado o padroeiro dos advogados,
foi canonizado em 1347 pelo Papa Clemente VI. Diz-se que no túmulo dele está
escrito: “Santo Ivo era bretão, advogado, mas não era ladrão; coisa de que a
população pasmava”. (Quer dizer que naquele tempo o advogado já tinha fama de
ladrão). Dele foi conservado o mais antigo decálogo – os dez mandamentos do
advogado.

• 1342: Em Paris, fundou-se a Confraria dos Advogados.

• 1790: Revolução Francesa - Decreto de 02.09.1790, aboliu a Ordem dos


Advogados da França. Napoleão Bonaparte considerava os advogados “facciosos
artesões do crime e da traição”.

• 1822: Restauração da Monarquia - assegurando a independência plena da Ordem


dos Advogados.

• Portugal – Ordenanças Afonsinas – Ordenanças Manoelinas – Ordenanças


Filipinas. Dos advogados exigia-se:
o Probidade – caso contrário era riscado da Lista;
o Falar a verdade e emitir com franqueza a sua opinião;
o Guardar o sigilo profissional;
o Responsabilidade pelos danos causados aos constituintes por: culpa,
desleixo ou ignorância, ou se abandonassem as causas sem justo motivo ou
sem licença do Juiz;
Em contrapartida, eram-lhes reconhecidas certas prerrogativas, tais como: foros de
nobreza, privilégios militares, isenção de impostos, da obrigação de aboletar
soldados em sua casa e da obrigação de serem testemunhas.

• 1843: Criação do Instituto dos Advogados Brasileiros – com missão de organizar a


Ordem. O estatuto deste Instituto, em seu art. 2°, previa a criação da Ordem dos
Advogados.

48
• 1891 - Constituição Republicana – Entidade OAB prejudicada em face do Art 72,
§24 da CF de 1891, que dizia: “É garantida plena liberdade para qualquer profissão
moral, intelectual e industrial”.

• 1930 – Oficialmente a OAB – incerto no art.17 do Decreto n° 19.408, de 18.11.30,


que cuidava da estruturação da Corte de Apelação do Distrito Federal (Art.17 -
“Fica criada a Ordem do Advogados Brasileiros que se regerá pelos estatutos que
forem votados pelo Instituto dos Advogados Brasileiros e aprovados pelo
Governo”).

• 1931 - 1° Regulamento = Estatuto dos Advogados, através do Decreto 20.784/31.

• 1933 – Decreto 22.478, de 20.02.33 – consolidou os dispositivos legais do estatuto


das Advogados relativos ao exercício da advocacia, num só regulamento; vigorou
até a promulgação da Lei n° 4215, de 27.04.63.

• 1994 – Lei 8.906, de 04.07.94 – o novo estatuto se fez necessário em virtude da


evolução econômica, a massificação da advocacia (multiplicação de Faculdades de
Direito) e a partir destas mudanças, a advocacia liberal tornou-se privilégio de
escassa minoria; a maioria, assalariada de poderosas sociedades de advogados ou
empresas.

Observação:
1 – O primeiro código de ética foi instituído em 1934; o 2º em 1995.
2 – Há países que não tem organização profissional de advogados.
Ex.: Alemanha /Suíça /Dinamarca /Holanda. O advogado é livre, basta
o título acadêmico registrado no Tribunal.
3 – Nos países como Rússia /Hungria /Polônia, o advogado, até 1989,
quando se dissolveu o Tratado Internacional, era funcionário público,
assim como juízes e promotores.

18.2 DOS FINS E DA ORGANIZAÇÃO DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO


BRASIL
Título II - Capítulo I - EAOAB
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de
personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos
humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração
da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos
advogados em toda a República Federativa do Brasil.
§ 1º A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional
ou hierárquico.

49
§ 2º O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 45. São órgãos da OAB:
I - o Conselho Federal;
II - os Conselhos Seccionais;
III - as Subseções;
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados.
§ 1º O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da
República, é o órgão supremo da OAB.
§ 2º Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição
sobre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 3º As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma desta lei e de seu
ato constitutivo.
§ 4º As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica própria,
são criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de mil e
quinhentos inscritos.
§ 5º A OAB, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em relação a
seus bens, rendas e serviços16.
relação a seus bens, rendas e serviços.
§ 6º Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando reservados ou de administração
interna, devem ser publicados na imprensa oficial ou afixados no fórum, na íntegra ou em
resumo.
Art. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribuições, preços de serviços
e multas.
Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do
Conselho competente, relativa a crédito previsto neste artigo.
Art. 47. O pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos nos seus quadros do
pagamento obrigatório da contribuição sindical.
Art. 48. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão da OAB é de exercício
gratuito e obrigatório, considerado serviço público relevante, inclusive para fins de
disponibilidade e aposentadoria.
Art. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm legitimidade para agir,
judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os fins
desta lei.
Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput deste artigo têm, ainda, legitimidade
para intervir, inclusive como assistentes, nos inquéritos e processos em que sejam
indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB.

16
Os atos de seus dirigentes são passíveis de mandado de segurança.

50
Art. 50. Para os fins desta lei, os Presidentes dos Conselhos da OAB e das Subseções
podem requisitar cópias de peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado,
cartório e órgão da Administração Pública direta, indireta e fundacional.

18.3 DO CONSELHO FEDERAL17 - Título II - Capítulo II EAOAB


Art. 51. O Conselho Federal compõe-se:
I - dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa;
II - dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.
§ 1º Cada delegação é formada por três conselheiros federais.
§ 2º Os ex-presidentes têm direito apenas a voz nas sessões. (são membros honorários
vitalícios)
Art. 52. Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Federal, têm
lugar reservado junto à delegação respectiva e direito somente a voz.
Art. 53. O Conselho Federal tem sua estrutura e funcionamento definidos no Regulamento
Geral da OAB.
§ 1º O Presidente, nas deliberações18 do Conselho, tem apenas o voto de qualidade.
§ 2º O voto19 é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas matérias de interesse da
unidade que represente.
Art. 54. Compete ao Conselho Federal:
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados;
III - velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia;
IV - representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos
internacionais da advocacia;
V - editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos
que julgar necessários;
VI - adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais;
VII - intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei
ou do regulamento geral;

17
A composição básica do Conselho Federal corresponde a três vezes o número de
unidades federativas e mais o Presidente Nacional, ou seja, conta com 81 conselheiros.
Cada unidade federativa é integrada por três Conselheiros Federais eleitos em conjunto
com o Conselho Seccional com mandato de três anos.
18
As deliberações se dão com a presença da maioria absoluta das delegações (metade
mais um). Ex-presidentes não servem para o cômputo dos votos.
19
O voto é por delegação. Em caso de divergência, prevalece o voto da maioria;
havendo apenas dois membros e havendo divergência entre estes, o voto é invalidado.
O Presidente exerce o voto unipessoal de qualidade, pois não integra qualquer
delegação. Além disto tem poder especial, o de embargar a decisão quando não for
unânime, fazendo com que o Conselho aprecie a matéria em outra sessão.

51
VIII - cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou
autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e
Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa;
IX - julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos
casos previstos neste estatuto e no regulamento geral;
X - dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos
privativos;
XI - apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria;
XII - homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos
Seccionais;
XIII - elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos
tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em
pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho
ou de outro órgão da OAB;
XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação
civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja
legitimação lhe seja outorgada por lei;
XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos
pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou
credenciamento desses cursos;
XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens
imóveis;
XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em
todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual;
XVIII - resolver os casos omissos neste estatuto.
Parágrafo único. A intervenção referida no inciso VII deste artigo depende de prévia
aprovação por dois terços das delegações, garantido o amplo direito de defesa do Conselho
Seccional respectivo, nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se fixar.
Art. 55. A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presidente, de um Vice-
Presidente, de um Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro.
§ 1º O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe
convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou
fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões.
§ 2º O regulamento geral define as atribuições dos membros da diretoria e a ordem de
substituição em caso de vacância, licença, falta ou impedimento.
§ 3º Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros
de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de
embargar a decisão, se esta não for unânime.

18.4 DO CONSELHO SECCIONAL – Título II - Capítulo III - EAOAB

52
Art. 56. O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em número proporcional ao de
seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no regulamento geral.
§ 1º São membros honorários vitalícios os seus ex-presidentes, somente com direito a voz
em suas sessões.
§ 2º O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário, somente com
direito a voz nas sessões do Conselho.
§ 3º Quando presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente do Conselho
Federal, os Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, o Presidente da
Caixa de Assistência dos Advogados e os Presidentes das Subseções, têm direito a voz.
Art. 57. O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as competências,
vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua
competência material e territorial, e as normas gerais estabelecidas nesta lei, no
regulamento geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos Provimentos.
Art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional:
I - editar seu regimento interno e resoluções;
II - criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria,
pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de
Assistência dos Advogados;
IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e
as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos
Advogados;
V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
VI - realizar o Exame de Ordem;
VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;
VIII - manter cadastro de seus inscritos;
IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas;
X - participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos
previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;
XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício
profissional;
XII - aprovar e modificar seu orçamento anual;
XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina, e escolher
seus membros;
XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos
tribunais judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do Conselho
Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;
XV - intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;
XVI - desempenhar outras atribuições previstas no regulamento geral.

53
Art. 59. A diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições
equivalentes às do Conselho Federal, na forma do regimento interno daquele.

18.5 DA SUBSEÇÃO - Capítulo IV

Art. 60. A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que fixa sua área territorial e
seus limites de competência e autonomia.
§ 1º A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte de
município, inclusive da capital do Estado, contando com um mínimo de quinze advogados,
nela profissionalmente domiciliados.
§ 2º A Subseção é administrada por uma diretoria, com atribuições e composição
equivalentes às da diretoria do Conselho Seccional.
§ 3º Havendo mais de cem advogados, a Subseção pode ser integrada, também, por um
conselho em número de membros fixado pelo Conselho Seccional.
§ 4º Os quantitativos referidos nos §§ 1º e 3º deste artigo podem ser ampliados, na forma
do regimento interno do Conselho Seccional.
§ 5º Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações específicas destinadas
à manutenção das Subseções.
§ 6º O Conselho Seccional, mediante o voto de dois terços de seus membros, pode intervir
nas Subseções, onde constatar grave violação desta lei ou do regimento interno daquele.
Art. 61. Compete à Subseção, no âmbito de seu território:
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
II - velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e fazer valer as
prerrogativas do advogado;
III - representar a OAB perante os poderes constituídos;
IV - desempenhar as atribuições previstas no regulamento geral ou por delegação de
competência do Conselho Seccional.
Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e
atribuições do Conselho Seccional, na forma do regimento interno deste, e ainda:
a) editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Conselho Seccional;
b) editar resoluções, no âmbito de sua competência;
c) instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo Tribunal de Ética e
Disciplina;
d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, instruindo e emitindo
parecer prévio, para decisão do Conselho Seccional.

18.6 DA CAIXA DE ASSISTÊNCIA DOS ADVOGADOS20 - Capítulo V


Quando houverem 1500 inscritos advogados na Seccional, conforme art.45,
20

parágrafo 4º do Estatuto.

54
Art. 62. A Caixa de Assistência dos Advogados, com personalidade jurídica própria,
destina-se a prestar assistência aos inscritos no Conselho Seccional a que se vincule.
§ 1º A Caixa é criada e adquire personalidade jurídica com a aprovação e registro de seu
estatuto pelo respectivo Conselho Seccional da OAB, na forma do regulamento geral.
§ 2º A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade complementar.
§ 3º Compete ao Conselho Seccional fixar contribuição obrigatória devida por seus
inscritos, destinada à manutenção do disposto no parágrafo anterior, incidente sobre atos
decorrentes do efetivo exercício da advocacia.
§ 4º A diretoria da Caixa é composta de cinco membros, com atribuições definidas no seu
regimento interno.
§ 5º Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades recebidas pelo Conselho Seccional,
considerado o valor resultante após as deduções regulamentares obrigatórias.
§ 6º Em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se incorpora ao do
Conselho Seccional respectivo.
§ 7º O Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de seus membros, pode intervir na
Caixa de Assistência dos Advogados, no caso de descumprimento de suas finalidades,
designando diretoria provisória, enquanto durar a intervenção.

18.7 DAS ELEIÇÕES E DOS MANDATOS - Capítulo VI


Art. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB será realizada na segunda
quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula única e votação
direta dos advogados regularmente inscritos.
§ 1º A eleição, na forma e segundo os critérios e procedimentos estabelecidos no
regulamento geral, é de comparecimento obrigatório para todos os advogados inscritos na
OAB.
§ 2º O candidato deve comprovar situação regular junto à OAB, não ocupar cargo
exonerável ad nutum21, não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação, e
exercer efetivamente a profissão há mais de cinco anos.
Art. 64. Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos
votos válidos.
§ 1º A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta dos candidatos ao conselho e à
sua diretoria e, ainda, à delegação ao Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de
Assistência dos Advogados para eleição conjunta.
§ 2º A chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à diretoria, e de seu
conselho quando houver.
Art. 65. O mandato em qualquer órgão da OAB é de três anos, iniciando-se em primeiro de
janeiro do ano seguinte ao da eleição, salvo o Conselho Federal.

21
“De confiança da Administração Pública Direta e Indireta”.

55
Parágrafo único. Os conselheiros federais eleitos iniciam seus mandatos em primeiro de
fevereiro do ano seguinte ao da eleição.
Art. 66. Extingue-se o mandato automaticamente, antes do seu término, quando:
I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do
profissional;
II - o titular sofrer condenação disciplinar;
III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada
órgão deliberativo do conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos
Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período de mandato.
Parágrafo único. Extinto qualquer mandato, nas hipóteses deste artigo, cabe ao Conselho
Seccional escolher o substituto, caso não haja suplente.
Art. 67. A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará posse no dia 1º de
fevereiro, obedecerá às seguintes regras:
I - será admitido registro, junto ao Conselho Federal, de candidatura à presidência, desde
seis meses até um mês antes da eleição;
II - o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoiamento de, no mínimo, seis
Conselhos Seccionais;
III - até um mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa completa, sob
pena de cancelamento da candidatura respectiva;
IV - no dia 25 de janeiro, proceder-se-á, em todos os Conselhos Seccionais, à eleição da
Diretoria do Conselho Federal, devendo o Presidente do Conselho Seccional comunicar,
em três dias, à Diretoria do Conselho Federal, o resultado do pleito;
V - de posse dos resultados das Seccionais, a Diretoria do Conselho Federal procederá à
contagem dos votos, correspondendo a cada Conselho Seccional um voto, e proclamará o
resultado.
Parágrafo único. Com exceção do candidato a Presidente, os demais integrantes da chapa
deverão ser conselheiros federais eleitos.

19. DO PROCESSO NA OAB - TÍTULO III do Estatuto da Advocacia da OAB

O processo que se desenvolve perante a OAB é de cunho disciplinar. O mesmo


tramita em sigilo. Somente podem ter acesso ao processo disciplinar as partes, seus
defensores e a autoridade judiciária competente. O processo segue o rito sumário e se
desenvolve em três fases: postulatória, probatória e decisória.
Sujeito ativo: pode ser a OAB, ao instaurar processo ex-officio; qualquer
autoridade, quando o processo se instaura por meio de representação; qualquer pessoa
interessada, também quando representa perante a OAB.
Sujeito passivo: chamado de representado pelo Código de Ética e Disciplina –
OAB; é o inscrito na OAB.

56
Inexistindo regras no EA-OAB e no CED-OAB, nem disposição em contrário,
aplicam-se subsidiariamente ao processo disciplinar as regras da legislação processual
penal comum e, aos demais processos, as regras gerais do procedimento administrativo
comum e da legislação processual civil, nessa ordem.
Prazos: são de 15 dias, até para a interposição de recursos, contados a partir do
primeiro dia útil seguinte ao da notificação do recebimento do ofício reservado ou de
notificação pessoal, ao da publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão.
O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente
ao Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for
cometida perante o Conselho Federal.
Julgamento – cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho Seccional
competente.
Instrução do Processo disciplinar: cabe às Subseções (onde tenha sido instalado o
Conselho da Subseção ou aos relatores do próprio Conselho Seccional.
Se a infração constituir crime ou contravenção, o Tribunal deverá comunicar à
autoridade competente.
A representação não pode ser anônima. Quando o representado for revel, será dado
defensor dativo.
Na defesa prévia o representado deverá apresentar todos os documentos e rol de
testemunhas (máximo cinco por fato apurado).
Revisão do processo disciplinar: pode ocorrer se tiver ocorrido erro de julgamento
ou se tiver havido condenação baseada em falsa prova. Deve ser dirigida ao Conselho
Federal da OAB.
Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender
temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o
infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a freqüentar e conclua,
comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre Ética
Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade.
Entrega da Carteira da OAB – ocorre quando houver condenação irrecorrível de
suspensão ou exclusão. Se o infrator não quiser devolver a carteira, a OAB pode pedir sua
busca e apreensão.
Recurso: cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definitivas
proferidas pelo Conselho Seccional: quando não tenham sido unânimes; quando unânimes,
contrariem esta Lei, decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda,
o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina e os Provimentos.
Legitimados a interpor Recurso: o representado, o representante, os interessados
na decisão, o presidente do Conselho Seccional que proferiu a decisão.
Tribunal de Ética e Disciplina: o primeiro Tribunal foi criado em São Paulo, em
1939, sob vigência do Regulamento de 1931. As atribuições são de:
- orientar e aconselhar sobre ética profissional;

57
- julgar os processos disciplinares, organizar, promover e desenvolver cursos,
palestras, seminários e discussões a respeito de Ética Profissional, inclusive perante
as Faculdades de Direito e Curso de Estágio;
- buscar a mediação e conciliação em questões relativas a dúvidas e pendências entre
advogados, envolvendo honorários;
- questões éticas entre advogados;
- representações entre advogados, que versarem sobre hipóteses previstas no Código
de Ética Profissional.
Local do Tribunal e número de membros: o 1º Tribunal de Ética e Disciplina tem
sede em Florianópolis e é composto por 30 membros titulares e 10 suplentes. Os
demais - 2º, 3º, 4º, 5º e 6º Tribunais de Ética e Disciplina, tem sede nas Subseções
de Blumenau, Joinville, Criciúma, Joaçaba e Chapecó, respectivamente, são
compostos por 15 membros titulares e 5 suplentes em cada.

58
59
CAPÍTULO I - Disposições Gerais
Art. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao processo disciplinar
as regras da legislação processual penal comum e, aos demais processos (inscrição, por
exemplo), as regras gerais do procedimento administrativo comum e da legislação
processual civil, nessa ordem.
Art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de advogados, estagiários e terceiros,
nos processos em geral da OAB, são de quinze dias, inclusive para interposição de
recursos.
§ 1º Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de notificação pessoal, o prazo se
conta a partir do dia útil imediato ao da notificação do recebimento.
§ 2º Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão, o prazo inicia-se no
primeiro dia útil seguinte.
CAPÍTULO II
Do Processo Disciplinar
Art. 70. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao
Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for
cometida perante o Conselho Federal.
§ 1º Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional competente, julgar os
processos disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio conselho.
§ 2º A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente comunicada ao Conselho
Seccional onde o representado tenha inscrição principal, para constar dos respectivos
assentamentos22.
§ 3º O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal
pode suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão prejudicial à dignidade da
advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a
comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser
concluído no prazo máximo de noventa dias.
Art. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato constituir crime ou
contravenção, deve ser comunicado às autoridades competentes.
Art. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação de qualquer
autoridade ou pessoa interessada.
§ 1º O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de admissibilidade da
representação e os procedimentos disciplinares.
§ 2º O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo acesso às suas
informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente.
Art. 73. Recebida a representação, o Presidente deve designar relator, a quem compete a
instrução do processo e o oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal
de Ética e Disciplina.
22
Esta providência visa fazer constar do assentamento do infrator a infração cometida
e a punição aplicada; proceder à verificação dos antecedentes do infrator; proceder à
verificação das condições de elegibilidade do advogado.

60
§ 1º Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendo acompanhar o
processo em todos os termos, pessoalmente ou por intermédio de procurador, oferecendo
defesa prévia após ser notificado, razões finais após a instrução e defesa oral perante o
Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento.
§ 2º Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento liminar da
representação, este deve ser decidido pelo Presidente do Conselho Seccional, para
determinar seu arquivamento.
§ 3º O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo do
relator.
§ 4º Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente do Conselho ou da
Subseção deve designar-lhe defensor dativo;
§ 5º É também permitida a revisão do processo disciplinar, por erro de julgamento ou por
condenação baseada em falsa prova.
Art. 74. O Conselho Seccional pode adotar as medidas administrativas e judiciais
pertinentes, objetivando a que o profissional suspenso ou excluído devolva os documentos
de identificação.

CAPÍTULO III - Dos Recursos


Art. 75. Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definitivas proferidas pelo
Conselho Seccional, quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes, contrariem
esta lei, decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o
regulamento geral, o Código de Ética e Disciplina e os Provimentos.
Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do Conselho Seccional é legitimado a
interpor o recurso referido neste artigo.
Art. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas por seu
Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção ou da Caixa
de Assistência dos Advogados.
Art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tratarem de eleições (arts.
63 e seguintes), de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de
cancelamento da inscrição obtida com falsa prova.
Parágrafo único. O regulamento geral disciplina o cabimento de recursos específicos, no
âmbito de cada órgão julgador.

TÍTULO IV – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS


(Estatuto da Advocacia da OAB)
Art. 78. Cabe ao Conselho Federal da OAB, por deliberação de dois terços, pelo menos,
das delegações, editar o regulamento geral deste estatuto, no prazo de seis meses, contados
da publicação desta lei.
Art. 79. Aos servidores da OAB, aplica-se o regime trabalhista.

61
§ 1º Aos servidores da OAB, sujeitos ao regime da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
1990, é concedido o direito de opção pelo regime trabalhista, no prazo de noventa dias a
partir da vigência desta lei, sendo assegurado aos optantes o pagamento de indenização,
quando da aposentadoria, correspondente a cinco vezes o valor da última remuneração.
§ 2º Os servidores que não optarem pelo regime trabalhista serão posicionados no quadro
em extinção, assegurado o direito adquirido ao regime legal anterior.
Art. 80. Os Conselhos Federal e Seccionais devem promover trienalmente as respectivas
Conferências, em data não coincidente com o ano eleitoral, e, periodicamente, reunião do
colégio de presidentes a eles vinculados, com finalidade consultiva.
Art. 81. Não se aplicam aos que tenham assumido originariamente o cargo de Presidente do
Conselho Federal ou dos Conselhos Seccionais, até a data da publicação desta lei, as
normas contidas no Título II, acerca da composição desses Conselhos, ficando assegurado
o pleno direito de voz e voto em suas sessões.
Art. 82. Aplicam-se as alterações previstas nesta lei, quanto a mandatos, eleições,
composição e atribuições dos órgãos da OAB, a partir do término do mandato dos atuais
membros, devendo os Conselhos Federal e Seccionais disciplinarem os respectivos
procedimentos de adaptação.
Parágrafo único. Os mandatos dos membros dos órgãos da OAB, eleitos na primeira
eleição sob a vigência desta lei, e na forma do Capítulo VI do Título II, terão início no dia
seguinte ao término dos atuais mandatos, encerrando-se em 31 de dezembro do terceiro ano
do mandato e em 31 de janeiro do terceiro ano do mandato, neste caso com relação ao
Conselho Federal.
Art. 83. Não se aplica o disposto no art. 28, inciso II, desta lei, aos membros do Ministério
Público que, na data de promulgação da Constituição, se incluam na previsão do art. 29, §
3º, do seu Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 84. O estagiário, inscrito no respectivo quadro, fica dispensado do Exame de Ordem,
desde que comprove, em até dois anos da promulgação desta lei, o exercício e resultado do
estágio profissional ou a conclusão, com aproveitamento, do estágio de Prática Forense e
Organização Judiciária, realizado junto à respectiva faculdade, na forma da legislação em
vigor.
Art. 85. O Instituto dos Advogados Brasileiros e as instituições a ele filiadas têm qualidade
para promover perante a OAB o que julgarem do interesse dos advogados em geral ou de
qualquer dos seus membros.
Art. 86. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 87. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 4.215, de 27 de
abril de 1963, a Lei nº 5.390, de 23 de fevereiro de 1968, o Decreto-Lei nº 505, de 18 de
março de 1969, a Lei nº 5.681, de 20 de julho de 1971, a Lei nº 5.842, de 6 de dezembro de
1972, a Lei nº 5.960, de 10 de dezembro de 1973, a Lei nº 6.743, de 5 de dezembro de
1979, a Lei nº 6.884, de 9 de dezembro de 1980, a Lei nº 6.994, de 26 de maio de 1982,
mantidos os efeitos da Lei nº 7.346, de 22 de julho de 1985.
Brasília, 4 de julho de 1994; 173º da Independência e 106º da República.
ITAMAR FRANCO

62
CAPÍTULO VII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
(Código de Ética e Disciplina da OAB)

Art. 47. A falta ou inexistência, neste Código, de definição ou orientação sobre questão de
ética profissional, que seja relevante para o exercício da advocacia ou dele advenha, enseja
consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal.
Art. 48. Sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas deste Código, do
Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o Presidente do Conselho Seccional, da
Subseção, ou do Tribunal de Ética e Disciplina deve chamar a atenção do responsável para
o dispositivo violado, sem prejuízo da instauração do competente procedimento para
apuração das infrações e aplicação das penalidades cominadas.

TÍTULO II - DO PROCESSO DISCIPLINAR (CEOAB)

19.1 CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA

Art. 49. O Tribunal de Ética e Disciplina é competente para orientar e aconselhar sobre
ética profissional, respondendo às consultas em tese, e julgar os processos disciplinares.
Parágrafo único. O Tribunal reunir-se-á mensalmente ou em menor período, se necessário,
e todas as sessões serão plenárias.
Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina:
I - instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria que considere passível de
configurar, em tese, infração a princípio ou norma de ética profissional;
II - organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões a respeito
de ética profissional, inclusive junto aos Cursos Jurídicos, visando à formação da
consciência dos futuros profissionais para os problemas fundamentais da Ética;
III - expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos previstos nos
regulamentos e costumes do foro;
IV - mediar e conciliar nas questões que envolvam:
a) dúvidas e pendências entre advogados;
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante substabelecimento, ou
decorrente de sucumbência;
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados.

CAPÍTULO II - DOS PROCEDIMENTOS

Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação dos


interessados, que não pode ser anônima.
§1º Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção, quando
esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus integrantes, para presidir a instrução
processual.
§2º O relator pode propor ao Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção o
arquivamento da representação, quando estiver desconstituída dos pressupostos de
admissibilidade.
§3º A representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes dos Conselhos
Seccionais é processada e julgada pelo Conselho Federal.

63
Art. 52. Compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos
interessados para esclarecimentos, ou do representado para a defesa prévia, em qualquer
caso no prazo de 15 (quinze) dias.
§1º Se o representado não for encontrado ou for revel, o Presidente do Conselho ou da
Subseção deve designar-lhe defensor dativo.
§2º Oferecida a defesa prévia, que deve estar acompanhada de todos os documentos e o rol
de testemunhas, até o máximo de cinco, é proferido o despacho saneador e, ressalvada a
hipótese do § 2o do artigo 73 do Estatuto, designada, se reputada necessária, a audiência
para oitiva do interessado, do representado e das testemunhas. O interessado e o
representado deverão incumbir-se do comparecimento de suas testemunhas, a não ser que
prefiram suas intimações pessoais, o que deverá ser requerido na representação e na defesa
prévia. As intimações pessoais não serão renovadas em caso de não-comparecimento,
facultada a substituição de testemunhas, se presente a substituta na audiência.
(Modificação aprovada nos termos da Proposição 0042/2002/COP, julgada pelo Conselho
Pleno do Conselho Federal da OAB, na Sessão Ordinária do dia 09 de dezembro de 2002,
publicada no Diário da Justiça do dia 03.02.2003, página 574, Seção 1).

§3º O relator pode determinar a realização de diligências que julgar convenientes.


§4º Concluída a instrução, será aberto o prazo sucessivo de 15 (quinze) dias para a
apresentação de razões finais pelo interessado e pelo representado, após a juntada da última
intimação.
§5º Extinto o prazo das razões finais, o relator profere parecer preliminar, a ser submetido
ao Tribunal.
Art. 53. O Presidente do Tribunal, após o recebimento do processo devidamente instruído,
designa relator para proferir o voto.
§1º O processo é inserido automaticamente na pauta da primeira sessão de julgamento, após
o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebimento pelo Tribunal, salvo se o relator determinar
diligências.
§2º O representado é intimado pela Secretaria do Tribunal para a defesa oral na sessão, com
15 (quinze) dias de antecedência.
§3º A defesa oral é produzida na sessão de julgamento perante o Tribunal, após o voto do
relator, no prazo de 15 (quinze) minutos, pelo representado ou por seu advogado.
Art. 54. Ocorrendo a hipótese do art. 70, 3, do Estatuto, na sessão especial designada pelo
Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado ou ao seu defensor a apresentação de
defesa, a produção de prova e a sustentação oral, restritas, entretanto, à questão do
cabimento, ou não, da suspensão preventiva.
Art. 55. O expediente submetido à apreciação do Tribunal é autuado pela Secretaria,
registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou Turmas julgadoras, quando houver.
Art. 56. As consultas formuladas recebem autuação em apartado, e a esse processo são
designados relator e revisor, pelo Presidente.
§1º O relator e o revisor têm prazo de dez (10) dias, cada um, para elaboração de seus
pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para julgamento.
§2º Qualquer dos membros pode pedir vista do processo pelo prazo de uma sessão e desde
que a matéria não seja urgente, caso em que o exame deve ser procedido durante a mesma
sessão. Sendo vários os pedidos, a Secretaria providencia a distribuição do prazo,
proporcionalmente, entre os interessados.

64
§3º Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor, nessa ordem, têm
preferência na manifestação.
§4º O relator permitirá aos interessados produzir provas, alegações e arrazoados, respeitado
o rito sumário atribuído por este Código.
§5º Após o julgamento, os autos vão ao relator designado ou ao membro que tiver parecer
vencedor para lavratura de acórdão, contendo ementa a ser publicada no órgão oficial do
Conselho Seccional.
Art. 57. Aplica-se ao funcionamento das sessões do Tribunal o procedimento adotado no
Regimento Interno do Conselho Seccional.
Art. 58. Comprovado que os interessados no processo nele tenham intervindo de modo
temerário, com sentido de emulação ou procrastinação, tal fato caracteriza falta de ética
passível de punição.
Art. 59. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender
temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o
infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a freqüentar e conclua,
comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre Ética
Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade.
Art. 60. Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina, ao Conselho
Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto, do Regulamento Geral e do Regimento
Interno do Conselho Seccional.
Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao Conselho
Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus julgados.
Art. 61. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prescrita no art. 73, inciso 5º, do
Estatuto.

CAPÍTULO III - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 62. O Conselho Seccional deve oferecer os meios e suporte imprescindíveis para o
desenvolvimento das atividades do Tribunal.
Art. 63. O Tribunal de Ética e Disciplina deve organizar seu Regimento Interno, a ser
submetido ao Conselho Seccional e, após, ao Conselho Federal.
Art. 64. A pauta de julgamentos do Tribunal é publicada em órgão oficial e no quadro de
avisos gerais, na sede do Conselho Seccional, com antecedência de 07 (sete) dias, devendo
ser dada prioridade nos julgamentos para os interessados que estiverem presentes.
Art. 65. As regras deste Código obrigam igualmente as sociedades de advogados e os
estagiários, no que lhes forem aplicáveis.
Art. 66. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data de sua
publicação, cabendo aos Conselhos Federal e Seccionais e às Subseções da OAB promover
a sua ampla divulgação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília - DF, 13 de fevereiro de 1995.


José Roberto Batochio
PresidenteModesto Carvalhosa Relator
(Comissão Revisora: Licínio Leal Barbosa, Presidente; Robison Baroni, Secretário e Sub-
relator;
Nilzardo Carneiro Leão, José Cid Campelo e Sérgio Ferraz, Membros)

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ANEXO: Manual de Procedimentos do Processo Disciplinar da OAB-SC

1. DO PROTOCOLO
1.1. Todo e qualquer cidadão que tiver conhecimento de fato que, a seu juízo pessoal,
tipifique infração ao Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, em especial ao tocante
aos seus preceitos éticos e disciplinares, poderá oficiar ou oferecer Representação visando
apurar e penalizar o pretenso ilícito.
1.2. A Representação poderá ser apresentada por autoridade competente, parte lesada ou
terceiro interessado na apuração do pretenso ilícito ético disciplinar e deverá ser protocolada
na Secretaria da Secional ou Subseção da OAB/SC, em duas vias, servindo uma delas como
recibo de entrega.
1.3. A Representação deverá ser apresentada por escrito, de forma legível, com nome,
qualificação civil, endereço completo e telefones de localização da parte interessado e seu
representante constituído, se o tiver, e a descrição dos fatos que deram ensejo à
Representação, acompanhada dos documentos que comprovam o alegado e a identificação
do advogado infrator (art. 72, EAOAB e art. 51, CED)
1.4. A Representação, em casos excepcionais, poderá ser reduzida a termo (diretriz 1 - MP
PED/CF/OAB) por Conselheiro, Diretor ou Servidor da OAB, para tanto expressa e
devidamente autorizado, caso em que essa condição deverá ser certificada nos autos.
1.5. Tratando-se de Representação sobre processo judicial em tramitação, deverão ser
exibidas as cópias dos autos ou de suas principais peças.
1.6. Em caso excepcional, de difícil reparação e necessidade de adoção de medidas
cautelares urgentes e atendidas as exigências do item 1.3, serão admitidas Representações
enviadas através de endereço eletrônico (e-mail) ou fax, cabendo ao interessado apresentar,
no prazo de 5 (cinco) dias, o respectivo expediente ou Representação na Secional ou
Subseção da OAB/SC para registro e protocolo, sob pena de arquivamento de plano.
1.7. Os expedientes e Representações protocoladas nas Subseções da OAB/SC serão
enviadas à Secretaria Administrativa dos TEDs para registro e processamento, no prazo
improrrogável de 10 (dez) dias.
1.8. Em cada Subseção funcionará protocolo próprio de expedientes e Representações de
infrações ético disciplinares, interligado a sistema central de controle de registro e
processamento dos Processos Ético Disciplinares, à cargo da Secretaria Administrativa dos
TEDs.
1.9. Recebido o expediente ou Representação na Secretaria Administrativa dos TEDs, a
mesma será previamente cadastrada, no prazo de 10 (dez) dias, no sistema informatizado
dos processos ético disciplinares, cabendo-lhe esclarecer junto à Subseção ou interessados,
nesse mesmo prazo, quaisquer omissões ou distorções que possam comprometer o regular
exame das denúncias.
2. DA ADMISSIBILIDADE DO PROCESSO ÉTICO DISCIPLINAR
2.1. Devidamente cadastrada, a Representação é imediatamente distribuída à Comissão de
Admissibilidade da Secional (Portaria n° 54/2005-OAB/SC).

66
2.2. Após a análise da presença dos pressupostos de admissibilidade, no prazo de 10 (dez)
dias, prorrogável por igual período, pena de redistribuição, o Presidente da Comissão de
Admissibilidade, por si ou pelo Relator designado, deverá:
(a) recomendar pelo indeferimento liminar da representação, sem exame de mérito ou
ouvida do Representado, se ausentes os pressupostos de sua admissibilidade (art. 51, § 2º,
CED);
(b) a imediata autuação da Representação como processo ético ou disciplinar e a sua
remessa à Comissão de Instrução, para efetivação da notificação do representado para
apresentar Defesa Prévia, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 52, CED).
2.3. Se a Comissão de Admissibilidade, ante o disposto na letra "a", recomendar pelo
indeferimento da Representação, esta será encaminhada ao Presidente da Secional, para que
homologue o ato ou decida pela sua remessa, para autuação e regular processamento pela
respectiva Subseção ou uma das Comissões de Instrução.
2.4. Se, ante o disposto na letra "b", a Comissão de Admissibilidade entender pelo
recebimento da Representação, fará a remessa dos autos à Secretaria Administrativa dos
TEDs, para autuação e processamento, junto a uma das Comissões de Instrução ou
Conselho de Subseção.
3. DA DEFESA PRÉVIA E DO JULGAMENTO ANTECIPADO
3.1. Admitido, registrado, autuado e atendido o principio da territorialidade, o processo
ético disciplinar é imediatamente remetido à Subseção onde ocorreram os fatos para a
instrução processual.
3.2. As Subseções que possuem Conselho tem competência para, no prazo de 72 (setenta e
duas) horas (diretriz 9 - MP TED/CF/OAB), nomear Relator com o encargo de instruir o
processo ético disciplinar até a fase do parecer preliminar, que deve ser homologado pelo
Conselho Subsecional.
3.3. As Subseções que não possuem Conselho dispõem de competência para, no prazo de 72
(setenta e duas) horas (diretriz 9 - MP TED/CF/OAB), nomear Relator com o encargo de
instruir a Representação até a fase das razões finais, sendo designado relator da Comissão
de Instrução da Secional para proferir o parecer preliminar (Resolução n° 04/96-OAB/SC)
3.4. Compete ao Relator designado no âmbito da Comissão de Instrução ou do Conselho da
Subseção determinar a notificação do Representado para que ofereça Defesa Prévia, no
prazo de 15 (quinze) dias.

3.5. Recebida a Defesa Prévia e convencendo-se que o conjunto probatório não tipifica
infração ético disciplinar, o Relator poderá recomendar pela arquivamento da
Representação.
3.6. Nesse caso, após a manifestação do Conselho da Subseção ou do Presidente da
Comissão de Instrução poderá ser mantida a recomendação de arquivamento da denúncia
ou, caso contrário, remetido o processo para instrução, com a designação de novo Relator.
3.7. No caso de ser mantida a recomendação de arquivamento ante a ausência de infração
ético disciplinar, o processo será remetido ao TED da respectiva base territorial para
julgamento.

67
3.8. O Relator designado no âmbito do TED, caso convencido da recomendação, o
submeterá em relatório e voto sucinto, ao referendo do plenário.
3.9. Se não estiver convencido da recomendação, o Relator, por despacho fundamentado,
baixará os autos à origem, para instrução ou diligências que entender necessários, restando
prevento quando do reexame.
3.10. A juízo do Presidente do Conselho da Subseção, do Presidente da Comissão de
Instrução ou do Relator designado, poderá ser realizada audiência preliminar, com a
presença de representante e representado, antes ou depois do oferecimento de Defesa
Prévia. (diretriz 5 - MP TED/CF/OAB).
3.11. A representação será instruída se frustrada a conciliação, ou se, mesmo sendo ela
alcançada, assim o exigirem o interesse público ou a dignidade da advocacia (diretriz 5 -
MP TED/CF/OAB).
4. DA INSTRUÇÃO DO PROCESSO ÉTICO DISCIPLINAR
4.1. O Relator designado pelo Presidente da Subseção ou da Comissão de Instrução, no
prazo de 5 (cinco) dias, determinará a notificação do Representado (diretriz 12 - MP
TED/CF/OAB) postal, em mãos, ou pessoal, para que apresente Defesa Prévia, no prazo de
15 (quinze) dias, com a exibição de documentos e apresentação de rol de testemunhas (art.
52, CED).
4.2. No caso de restar infrutífera a notificação postal em mãos ou pessoal, a mesma será
renovada por edital.
4.3. No caso de não ser encontrado o Representado ou se, notificado, for revel, lhe será
nomeado Defensor Dativo, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, (art. 73, § 4º, EOAB e art.
52, § 1º, CED).
4.4. Em caso de pluralidade de Representados, poderá o Relator, com vistas à melhor
instrução e ao exercício do pleno direito de defesa, determinar o desdobramento do processo
(diretriz 8 - MP TED/CF/OAB).
4.5. Após o recebimento da Defesa Prévia, no prazo de 5 (cinco) dias o Relator designado
profere despacho saneador (art. 52, § 2º, CED) dando pela improcedência ou não da
Representação.
4.6. Se entender presentes os indícios de cometimento de infração ética disciplinar, designa
audiência para oitiva das testemunhas e, se necessário, o depoimento pessoal dos
Representante e Representado, a ser realizada no prazo de 15 (quinze) dias, da intimação do
saneador (diretriz 17 - MP PED/CF/OAB).
4.7. A intimação para a audiência far-se-á na pessoa das partes envolvidas e seus
representantes legais, cabendo-lhes a responsabilidade pelo comparecimento das
testemunhas (art. 52, § 2º, CED).
4.8. Aberta a audiência, apregoadas as partes e fixados os pontos controvertidos, o Relator
designado tomará primeiro, pela ordem, os depoimentos pessoais do representante e
representado e, após, as testemunhas arroladas por um e outro, limitadas a 5 (cinco) (art. 52,
§ 2º, CED).
4.9. As testemunhas podem ser substituídas no próprio dia designado para o depoimento.

68
4.10. A audiência não poderá ser prorrogada, mesmo que por convenção das partes, salvo
ausência justificada de uma delas, o que deverá ser comunicado até a abertura da mesma,
pena de se proceder a sua regular instrução, inclusive com a oitiva das testemunhas
presentes.
4.11. As assentadas de tomada de depoimento e de julgamento consignarão os nomes dos
presentes e dos patronos, devendo, ainda, registrar, se ocorrerem, o uso da palavra e as
argüições de questões prejudiciais e preliminares (diretriz 23 - MP TED/CF/OAB).
4.12. Após a realização da audiência, o Relator designado poderá determinar diligências, se
julgar necessárias (art. 52, § 3º, CED) e, estando presentes representante e representado,
assinalar prazo de 15 (quinze) dias para a apresentação de Razões Finais (art. 52, § 4º,
CED).
4.13. É obrigatória a abertura do prazo para apresentação de razões finais, ao representante e
ao representado.
4.14. Concluída a instrução, no prazo de 15 (quinze) dias será proferido parecer preliminar
pelo Relator designado, contendo a descrição sumária dos fatos passíveis de punição e
respectivo enquadramento legal ou da improcedência da representação, remetendo-se o
processo, nas 72 (setenta e duas) horas subseqüentes, à consideração do Conselho
Subsecional ou Comissão de Instrução.
4.15. O Conselho Subsecional ou o Presidente da Comissão de Instrução, no prazo de 15
(quinze) dias, poderão homologar ou não o parecer do Relator, remetendo os autos à
Secretaria Administrativa dos TEDs, para revisão e posterior remessa ao respectivo Tribunal
de Ética e Disciplina (art. 120, § 3º, RG), ou devolvendo-o ao Relator, com manifestação
das razões de assim o proceder e providências reclamadas para o reexame do seu
processamento.
4.16. Em não sendo atendido o prazo assinalado no item 4.14 pelo Relator designado, o
processo, no estado em que se encontra, será encaminhado pelo Conselho Subsecional ou o
Presidente da Comissão de Instrução à Secretaria Administrativa dos TEDs, para revisão e
posterior remessa ao Tribunal de Ética e Disciplina da respectiva base territorial, para
julgamento.
4.17. Nas Representações formuladas por advogado contra advogado, deverá ser observado
o Provimento nº 83/96, do Conselho Federal da OAB/SC e Resolução nº 001/97-TED, desta
Secional.
4.18. Não é obrigatória a notificação da autoridade comunicante para manifestação nos
processos disciplinares deflagrados pelo Conselho Secional "ex officio".
5. DO JULGAMENTO DO PROCESSO PELO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA
5.1. Recebido o processo ético disciplinar na Secretaria Administrativa dos TEDs, o mesmo
será encaminhado ao I Tribunal de Ética e Disciplina (art. 9º, § 2º, RI-TED), para
designação de Revisor (Resolução nº 004/98-TED) a quem, no prazo de 15 (quinze) dias,
caberá a análise das condições de julgamento do processo, o preenchimento da planilha de
revisão e, também, a juntada de certidão de antecedentes do Representado e a verificação do
atendimento aos princípios do devido processo legal, contraditório e ampla defesa.
5.2. Inexistindo condições de julgamento, o processo será devolvido à Secretaria

69
Administrativa dos TEDs, Subseção, Conselho ou Comissão, para as providências
necessárias, a serem cometidas no prazo improrrogável de 15 (quinze) dias.
5.3. Estando em condições, a Secretaria Administrativa do TED remeterá o processo para o
Presidente do Tribunal de Ética e Disciplina da base territorial da infração, para nomeação
do respectivo Relator, exame e julgamento.
5.4. O Relator incluirá o processo em pauta na primeira sessão após o prazo de 20 (vinte)
dias do seu recebimento (art. 53, § 1º, CED), salvo entender necessário o cometimento de
diligências (art. 53, § 1º, in fine, CED)
5.5. Os Representante e Representado serão intimados para a sessão de julgamento, com 15
(quinze) dias de antecedência, por ato postal em mãos ou pessoal simultâneos ao edital,
suprindo a eficácia de um a eventual intempestividade de outro.
5.6. No dia e hora designados, abertos os trabalhos da Sessão do Tribunal de Ética e
Disciplina, o Relator proferirá Relatório e Voto, após o que será facultado ao Representante,
por procurador habilitado, se o tiver, e o Representado, fazerem sustentação oral, pelo prazo
de 15 (quinze) minutos (art. 53, § 2º e 3º, CED).
5.7. Os processos ético disciplinares tramitam em sigilo (art. 72, § 2º, EOAB e art. 21 RI-
TED), com o acesso às informações e instruções limitadas às partes, todavia, são públicas as
sessões de julgamento, salvo a relevância do tema em discussão e as Especiais de Suspensão
Preventiva (art. 70, § 3º, EOAB), se assim o entenderem a maioria dos membros presentes,
caso em que o acesso é dado somente ao Representado e seu defensor e aos admitidos pela
Presidência do Tribunal.
5.8. Ocorrendo a hipótese do artigo 70, § 3º, do Estatuto da OAB, na Sessão Especial
designada pelo Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado ou ao seu defensor a
apresentação de defesa, a produção de prova e a sustentação oral, restritas, entretanto, à
questão do cabimento, ou não, da suspensão preventiva.
5.9. Após proferido, o Voto do Relator será submetido à discussão e votação, cabendo
pedido de vistas (art. 30, RI-TED) a qualquer dos membros do Tribunal, em mesa ou pelo
prazo de uma sessão, desde que a matéria não seja urgente ou que a retirada de pauta não
traga prejuízo, caso em que o exame dos autos deverá ser procedido na mesma sessão.
5.10. Em sendo vários os pedidos, a Secretaria do Tribunal providenciará a distribuição dos
prazos entre os interessados ou, cópias suficientes para distribuição aos membros
interessados no pedido de vistas.
5.11. O Presidente do TED poderá avocar os autos no curso do julgamento, devendo
reapresenta-los para discussão e votação na sessão seguinte.
5.12. De toda decisão colegiada lavrar-se-á acórdão, sob pena de nulidade, com expressa
transcrição do voto vencedor, sempre fundamentado, contendo ementa, a ser publicada no
órgão oficial do Conselho Secional.
5.13. O voto vencedor apreciará todas as argüições da defesa e será acompanhado da
súmula, na parte referente ao julgamento, facultando-se ao vencido a anexação do seu voto.
5.14. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender
temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o
infrator, se primário, dentro do prazo de 120 (cento e vinte) dias, passe a freqüentar e

70
conclua, comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre
Ética Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade.
5.15. Das decisões dos Tribunais de Ética e Disciplina cabe Recurso ao Conselho Secional,
no prazo de 15 (quinze) dias, da intimação postal em mãos, pessoal ou edital da decisão (art.
76, EOAB), salvo interposição, tempestiva, no prazo de 5 (cinco) dias, a contar da
publicação do acórdão, de Embargos de Declaração (art. 138, § 3º, RG).
5.16. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prescrita no artigo 73, § 5º, EOAB.
5.17. A revisão do processo ético disciplinar tem natureza de ação de exclusiva iniciativa do
advogado punido, não se sujeitando à disciplina dos recursos (Diretriz 27 - MP
PED/CF/OAB).
5.18. A prescrição deve ser declarada de ofício pelo órgão julgador (diretriz 26 - MP
PED/CF/OAB).
5.19. Interrompem a prescrição, que retoma seu curso logo em seguida, o oferecimento de
Defesa Prévia, a instauração do processo ético disciplinar e as decisões do Tribunal de Ética
e Disciplina e do Conselho Secional (diretriz 26 - MP PED/CF/OAB).
5.20. O Presidente da Secional da OAB/SC poderá avocar os processos ético disciplinares,
para julgamento por Tribunal de Ética Disciplinar diverso do da base territorial,
especialmente os referentes ao artigo 70, § 3º, EOAB (art. 9º, § 1º, RI-TED).
5.21. Os processos ético disciplinares que tratam de inadimplência com a Secional, os
processos de consulta, pela natureza de matéria e a revisão processual dos demais processos
ético disciplinares, são de competência do I Tribunal de Ética e Disciplina (art. 9º, § 2º RI-
TED).
6. DAS CONSULTAS
6.1. As consultas, elaboradas em tese, que versarem sobe matéria ética profissional,
publicidade e os deveres do advogados, contidos no Código de Ética e Disciplina, devem
ser formuladas por escrito (diretriz 28 - MP PED/CF/OAB).
6.2. As consultas recebem autuação em separado, no mesmo sistema informatizado do
processo ético disciplinar e a esse processo são designados Relator e Revisor, pelo
Presidente do I TED, a quem compete o exame exclusivo da matéria.
6.3. O Relator e o Revisor tem prazo de 10 (dez) dias, cada um, para elaboração de seus
pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para julgamento (art. 56, § 1º,
CED).
6.4. Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor, nessa ordem, tem
preferência na manifestação (art. 56, § 3º, CED).
6.5. O Relator permitirá aos interessados produzir provas, alegações e arrazoados,
respeitado o rito sumário atribuído pelo CED (art. 56, § 4º, CED).
6.6. Após o julgamento, os autos vão ao Relator designado ou ao membro que tiver parecer
vencedor, para a lavratura de acórdão, contendo ementa a ser publicada no órgão oficial do
Conselho Secional (art. 56, § 5º, CED).

71
OS MANDAMENTOS DO ADVOGADO
Eduardo Couture

1º – ESTUDA – O direito está em constante transformação. Se não o


acompanhas, serás cada dia menos advogado.
2º – PENSA – O direito se aprende estudando; porém, se pratica
pensando.
3º – TRABALHA – A advocacia é uma fatigante e árdua atividade posta
a serviço da justiça.
4º – LUTA – Teu dever é lutar pelo direito; porém, quando encontrares
o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça.
5º – SÊ LEAL – Leal para com teu cliente, a quem não deves abandonar
a não ser que percebas que é indigno de teu patrocínio. Leal para com o adversário,
ainda quando ele seja desleal contigo. Leal para com o juiz, que ignora os fatos e
deve confiar no que tu lhe dizes; e que, mesmo quanto ao direito, às vezes tem de
confiar no que tu lhe invocas.
6º – TOLERA – Tolera a verdade alheia, como gostarias que a tua fosse
tolerada.
7º – TEM PACIÊNCIA - O tempo vinga-se das coisas que se fazem sem
sua colaboração.
8º – TEM FÉ – Tem fé no direito como o melhor instrumento para a
convivência humana; na justiça, como destino normal do direito; na paz, como

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substitutivo benevolente da justiça; e, sobretudo, tem fé na liberdade, sem a qual
não há direito, nem justiça, nem paz.
9º – ESQUECE – A advocacia é uma luta de paixões. Se a cada batalha
fores carregando tua alma de rancor, chegará o dia em que a vida será impossível
para ti. Terminado o combate, esquece logo tanto a vitória quanto a derrota.
10º – AMA A TUA PROFISSÃO – Procura considerar a advocacia de tal
maneira que, no dia em que teu filho te peça conselho sobre seu futuro, consideres
uma honra para ti aconselhá-lo que se torne advogado.

20. Da Ética da Magistratura

CARLIN, Volnei Ivo. Deontologia Jurídica: Ética e Justiça. Florianópolis: Obra Jurídica
Ltda., 1997. 180 p.

* Objetivo do Livro: inspirar uma nova deontologia, que venha a beneficiar o cidadão suas
relações com a esfera pública, observando-se os seguintes pontos:

1. Os administradores da Justiça devem submeter-se deliberadamente a propósitos e


realidades emergentes;

2. A legitimidade de uma instituição, decorrente da evolução intelectual, deve ater-se às


inovações tecnológicas e à sua capacidade de adaptação ao papel concentrador da
mídia;

3. Cabe à Administração difundir a deontologia como um movimento político de


modernização dos serviços públicos;

4. Despertar o temor do profissional atual a fim de evitar o enfraquecimento das suas


qualidades de ser humano (dignidade, espírito de decisão, coragem, sensibilidade e
senso do dever).

73
5. A ética ocupa-se do conjunto de valores que se vinculam à identidade da pessoa e que
se destinam a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais do profissional;

6. Nesta nova visão, devem ser interrogadas as regras de comportamento dentro da


hierarquia das normas jurídicas. Três perspectivas básicas:

- A ordem deontológica é superior à ordem jurídica;


- A ordem deontológica independe da jurídica preexistente: as normas
inscrevem-se de maneira autônoma no direito positivo;
- A ordem deontológica compele mais que a ordem jurídica: há dados
sensíveis que precedem a ordem jurídica, as quais orientam o
comportamento profissional. Ex.: salários, desemprego, desestabilização,
etc.

7. Os valores éticos têm reclamado manifestações de conteúdo prático e decisivas, no


interior dos sistemas profissionais; soerguer as qualidades da vida quotidiana de cada
profissional. Esperança de uma melhor justiça. (p.171 – 173)
Pólo ético: possui a função de construir uma identidade profissional.
Pólo legal: constitutivo de um Estado de Direito.

Deontologia Judiciária

* Deontologia: palavra empregada pela primeira vez pelo filósofo e economista inglês
Jeremy Bentham, em 1834. Conjunto de regras e princípios que ordenam a conduta de um
profissional. Ciência que trata dos deveres a que estão submetidos os componentes de uma
profissão. (p.32)

* Ética: relaciona-se com a ciência do direito e a doutrina moral. Em sentido restrito,


refere-se aos atos humanos a às normas que constituem determinado sistema de conduta
moral. Parte da filosofia que cuida da moral e dos valores do ser humano.
- Conduta profissional, feita a partir da afirmação de valores.
- “Não se estuda para saber o que é a virtude, mas para aprender a ser virtuoso e bom”
(Aristóteles).
- Preocupar-se com ética equivale a interrogar a própria consciência.

Crise Profissional do Juiz

- Reforma de mentalidade e alteração de moralidade.

- Pontos que enfraquecem o judiciário: lentidão, alto custo da justiça, extrema falta de
confiança da opinião pública, crescente risco da perda de sua independência.

- O Juiz pode exteriorizar sua força, seguindo seu sistema de valores ético e deontológico.
Pode preencher as lacunas da lei, resolver suas antinomias (conflitos entre leis), pôr termo a
insufuciências e ambigüidades da lei.

74
- A sua legitimidade está na qualidade do serviço que presta, e na sua competência. Para
alguns, a legitimidade provém da lei. Para outros, é adquirida junto `a opinião pública e o
apoio da mídia. Deve procurar sua própria legitimidade.

- Diante da ruptura da concepção dogmática e legislativa do direito, impõe-se um


paradigma ligado a uma nova mentalidade. Há necessidade de examinar o papel do juiz na
interpretação da lei e a do legislador na revelação do direito.

- Perda da confiança da opinião pública: abandono de consciência e debilidade de caráter;


prevalência de decisões decorrentes de estado de espírito previamente condicionados – os
sistemas refletem o risco permanente da perda da independência emocional dos
magistrados.

- A crise se revela na parcialidade do juiz, no distanciamento e exagerada clemência


(alimentada pela consciência que possui da imperfeição de seus julgamentos).

Remédios invocados para melhoria da Justiça:

- mediação, conciliação, juízes de paz, delegados, cooperação, equiparação das funções


(juízes e funcionários); ações coletivas;
- reorganização profunda dos tribunais e jurisdições;
- integração de cidadãos idôneos para contribuírem como auxiliares da justiça;
- juízes não profissionais;
- instalação de postos da Justiça nos subúrbios;

Falta de talento e pré-requisitos para recrutamento do Juiz:

- vocações precárias; jovens se candidatam sem saber quais os deveres e responsabilidades


da carreira;
- deve haver qualidades do recrutado, análise da sua personalidade, formação especializada
e contínua, integração homogênea ao espírito de justiça; valorização de seus títulos,
conhecimentos técnicos e práticos, sensibilidade para conhecer a alma humana e seus
problemas.

Ignorância do Direito

* Os estudos servem para cultivar a personalidade, aperfeiçoar a convivência social,


disciplinar a inteligência, despertar o espírito crítico, a objetividade e a metodologia,
fomentar a prudência e a humildade, suficientes para ensinar o caminho da verdade,
exaltando o sentido moral, e incendiar a ânsia da liberdade, do respeito às pessoas e da
solidariedade humana.Melhor instrumento da convivência do império do direito, da ordem,
da paz e da Justiça.

Culto ao precedente: revela insegurança do juiz. Aniquilamento de si próprio. Completa


renúncia à inovação e originalidade, em privilégio ao passado e à ordem, por vezes
imperfeita, mas estável.

75
* Melhor conselho: prudência e sabedoria.

Ética judiciária constitui a essência da ação do juiz (princípios de conduta que ele dá a si
mesmo no exercício de suas funções. O Juiz deve voltar-se ao emprego de regras que não
subordinam seu comportamento individual, mas que lhe dão uma racionalidade de
equilíbrio entre os imperativos do imaginário e do real, na busca de identidade e melhor
desempenho de sua missão, com nova ética, feita a partir de práticas e de afirmação de
valores divididos.

* Três pontos, razões que levam a nossa tradição jurídica a recusar a ética do juiz: a
tradição positivista ( a cultura profissional do juiz vem em segundo plano, detrás de sua
célebre imagem de “boca da lei”); a denegação de autonomia; a predominância da doutrina.

* Julgamento deve ter natureza deontológica: razão (lógica) + ética.

* O juiz tem deveres com o Estado e com os cidadãos. Sua preocupação ética oscila entre o
cuidado com sua independência em relação ao Estado e o respeito às liberdades e à
dignidade humana noutro.

Conflitos relativos à função de julgar:

* Deve haver coerência entre a teoria e a prática. Pensar e atuar da mesma forma. Deve
haver prestígio moral. A vida privada deve ser exemplo.

* O juiz vive o conflito entre o direito e a equidade, entre o justo e o legal. A lei, de um
lado, contraria sua consciência; de outro, a equidade lhe impõe aplicar a lei que sua ética
rechaça.

* Deve ter conhecimentos teóricos e práticos, em múltiplos domínios. A carência de ética é


sentida nos seguintes ítens:
- falta de respeito às partes;
- tratamento não igualitário aos advogados e aos processos;
- técnicas de depoimento induzindo a determinadas respostas;
- infidelidade da transcrição das declarações nas atas;
- detenções como meio de obter confissões;
- falta de transparência de certos métodos.

* O juiz está ao serviço da sociedade em que vive, fundamento suficiente de seu equilíbrio
e estabilidade.

* Sócrates disse sobre as qualidades de um juiz: deve escutar com cortesia, responder com
sapiência, estudar com afinco e dividir com imparcialidade.

* Refletem, estas, as virtudes humanas: paciência, coragem, integridade, tato, humildade,


espírito de decisão e bom senso. Isto tudo se resume em sabedoria. Busca reconquistar

76
superiores ideais de vida coletiva; ética vinculada à responsabilidade, ante o convício
social. (p.89-90)

* O protótipo de juiz é aquele que guia sua ação segundo bases éticas sólidas.(p.91)

* Três figuras extremas de jurisdicidade, representativas da presente disseminação e teorias


de valores e de discursos (p.92):

• Modelo da Pirâmide ou Código Jupiteriano: tal qual está organizado hoje, cujo
direito toma a forma da lei, das codificações e constituições contemporâneas. Olhar
para o alto, ponto focal de onde se irradia a Justiça. Traduz as exigências do Estado
Liberal ou Estado de Direito do Século XIX;
• Modelo Herculeano: nos conduz sobre a terra, tomando figura de revolução,
fazendo do juiz toda fonte do direito. É posto na prática, diante das correntes
realistas – “realismo americano” e “sociologia jurisprudencial”, um modelo
chamado de funil (pirâmide inversa) ou de processo, onde o concreto do caso
substitui a generalidade e a abstração da lei. Traduz as performances do Estado
Social ou Estado-Providência do Século XX.
• A configuração de um terceiro e novo modelo mostra-se vinculado, tal qual os dois
anteriores, sempre em movimento, ao mesmo tempo no céu, sobre a terra e o
inferno, o mediador universal, o grande comunicador, que desconhece outra lei que
não a circulação do discurso, do “direito flexível”, pois ele arbitra os jogos sempre
recomeçados; daí tomar a forma de rede, que exprime um verdadeiro banco de
dados, cujo pensamento engloba vários domínios...(p.93)

* A total independência da função do Judiciário, em relação a todos, é inerente a um


princípio essencial, traduz-se no fato de o juiz decidir em consciência e em respeito ao
direito, sem nenhuma pressão, direta ou indireta (influências externas e internas), vertical
(dos superiores hierárquicos) ou horizontal (outros julgadores).

* A independência é, antes de tudo, uma questão de caráter, de liberdade íntima do juiz, de


sua força moral. Postulados chave do Judiciário que garante os seus direitos profissionais e
extraprofissionais, assegurando-lhe independência e imparcialidade: princípio da
inamovibilidade.

* Independência do magistrado é garantida por sua consciência e firmeza de caráter, pelo


seu estado de espírito e sua vontade. Os juízes devem ter a sensação de que sua carreira,
quando brilhante, está protegida e incentivada, o que nos conduz a refletir acerca da ética
contemporânea do magistrado.(p.109)

BITTAR, Eduardo C.B. Curso de Ética Jurídica: Ética Geral e Profissional. São Paulo:
Saraiva, 2002. 547 p.

77
O juiz é o responsável pela aplicação da justiça corretiva. A lógica da atividade
julgadora é uma lógica humanista e do razoável, com apelo para a prudência e para a
capacidade de adequação de plúrimos fatores.(p. 503)

Na lógica do razoável não se pode pleitear juízos de certeza e evidência absolutas.


Essa lógica do razoável está condicionada ao social e ao histórico; está impregnada de
valores; estes valores se dão em situações específicas, ou seja, em meio a conflitos sociais
interindividuais, coletivos, difusos; estes valores se hierarquizam para a realização de fins
comunitários, sociais e grupais; deve estar consciente de que a sociedade e suas limitações
concretamente estabelecem os valores, suas limitações, hierarquias, demanda adequação
dos fins e dos meios, dos valores demandados à demais carências sociais, dos valores aos
fins; lastreia-se na experiência da vida humana, e requer apelo profundo à prudência
decisória. (p.504, citando Recaséns Siches, Nueva filosofia de la interpretacion del
Derecho, 2.ed. 1973, p.281-291).

O juiz possui o papel de dizer o direito, podendo com isso, por sentenças, ou
acórdãos, criar, modificar, extinguir, preservar, alterar, declarar, executar, além de fazer
cumprir direitos.(P. 505)

O juiz deve ter encarnado o ideal necessário da virtude e da prudência;


engajamento e consciência social, porque responde por função social de alta notoriedade
pública. (p.511)

O juiz é um aplicador da lei; deve conhecer os seus conteúdos, saber manejá-los


adequadamente como sistema jurídico, maduro para exercer a interpretação jurídica (literal,
gramatical, lógica, histórica, axiológica e sistemática) e dirimir antinomias jurídicas
aparentes e reais. Na ausência da lei - nas lacunas, haverá de aplicar analogia, equidade,
costumes, princípios gerais de direito e equidade (art. 4º LICC).(p.515)

O juiz que, sem exceder suas funções, compromissado com sua atividade, dedicado
às partes envolvidas, atualizado com relação às necessidades e carências da sociedade,
estudioso das inovações e tendências do direito... dessa forma está apto para ser qualificado
de juiz ético. (p.515)

A noção de que o processo é o instrumento e não o fim de toda a atividade


jurisdicional torna o juiz menos afeito a tendências burocráticas e mais aberto para
reclamos sociais. (p.515).

• Constituição da República Federativa do Brasil: arts. 44 a 135; 92 a 126; 92 a 100,


em especial o art. 95.
• Lei Orgânica da Magistratura Nacional - Lei Complementar n.35, de 14.03.79:
arts. 35 a 39 – Dos Deveres do Magistrado.
• Artigos 125, 134 e 135 do CPC;

78
Código de Ética e Disciplina da OAB – CEDOAB
(Publicado no Diário da Justiça, Seção I, do dia 01.03.95, págs. 4.000 a 4.004)

TÍTULO I - DA ÉTICA DO ADVOGADO


CAPÍTULO I - Das Regras Deontológicas Fundamentais

Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código,
do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral
individual, social e profissional.
Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do estado
democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social,
subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce.

Parágrafo único. São deveres do advogado:


I - preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo
seu caráter de essencialidade e indispensabilidade;
II - atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade,
dignidade e boa-fé;
III - velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV - empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional;
V - contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis;
VI - estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a
instauração de litígios;
VII - aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial;
VIII - abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também
atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade
da pessoa humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o
assentimento deste.
IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos
individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.

79
Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as
desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir
a igualdade de todos.
Art. 4º O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou
por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de departamento jurídico, ou
órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e
independência.
Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão
concernente a lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie expressa orientação
sua, manifestada anteriormente.
Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de
mercantilização.
Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando deliberadamente a verdade
ou estribando-se na má-fé.
Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta ou
indiretamente, inculcação (apontar, citar, apregoar) ou captação de clientela.

CAPÍTULO II - DAS RELAÇÕES COM O CLIENTE

Art. 8º O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto a


eventuais riscos da sua pretensão, e das conseqüências que poderão advir da demanda.
Art. 9º A conclusão ou desistência da causa, com ou sem a extinção do mandato, obriga o
advogado à devolução de bens, valores e documentos recebidos no exercício do mandato, e
à pormenorizada prestação de contas, não excluindo outras prestações solicitadas, pelo
cliente, a qualquer momento.
Art. 10. Concluída a causa ou arquivado o processo, presumem-se o cumprimento e a
cessação do mandato.
Art. 11. O advogado não deve aceitar procuração de quem já tenha patrono constituído, sem
prévio conhecimento deste, salvo por motivo justo ou para adoção de medidas judiciais
urgentes e inadiáveis.
Art. 12. O advogado não deve deixar ao abandono ou ao desamparo os feitos, sem motivo
justo e comprovada ciência do constituinte.
Art. 13. A renúncia ao patrocínio implica omissão do motivo e a continuidade da
responsabilidade profissional do advogado ou escritório de advocacia, durante o prazo
estabelecido em lei; não exclui, todavia, a responsabilidade pelos danos causados dolosa ou
culposamente aos clientes ou a terceiros.
Art. 14. A revogação do mandato judicial por vontade do cliente não o desobriga do
pagamento das verbas honorárias contratadas, bem como não retira o direito do advogado
de receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência, calculada
proporcionalmente, em face do serviço efetivamente prestado.
Art. 15. O mandato judicial ou extrajudicial deve ser outorgado individualmente aos
advogados que integrem sociedade de que façam parte, e será exercido no interesse do
cliente, respeitada a liberdade de defesa.
Art. 16. O mandato judicial ou extrajudicial não se extingue pelo decurso de tempo, desde
que permaneça a confiança recíproca entre o outorgante e o seu patrono no interesse da
causa.

80
Art. 17. Os advogados integrantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter
permanente para cooperação recíproca, não podem representar em juízo clientes com
interesses opostos.
Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando acordes os
interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o advogado por um dos
mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional.
Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-
empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional e as
informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas.
Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à
validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhecido em consulta; da
mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra
parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.
Art. 21. É direito e dever do advogado assumir a defesa criminal, sem considerar sua
própria opinião sobre a culpa do acusado.
Art. 22. O advogado não é obrigado a aceitar a imposição de seu cliente que pretenda ver
com ele atuando outros advogados, nem aceitar a indicação de outro profissional para com
ele trabalhar no processo.
Art. 23. É defeso ao advogado funcionar no mesmo processo, simultaneamente, como
patrono e preposto do empregador ou cliente.
Art. 24. O substabelecimento do mandato, com reserva de poderes, é ato pessoal do
advogado da causa.
§1º. O substabelecimento do mandato sem reservas de poderes exige o prévio e inequívoco
conhecimento do cliente.
§2º O substabelecido com reserva de poderes deve ajustar antecipadamente seus honorários
com o substabelecente.

CAPÍTULO III - DO SIGILO PROFISSIONAL

Art. 25. O sigilo profissional é inerente à profissão, impondo-se o seu respeito, salvo grave
ameaça ao direito à vida, à honra, ou quando o advogado se veja afrontado pelo próprio
cliente e, em defesa própria, tenha que revelar segredo, porém sempre restrito ao interesse
da causa.
Art. 26. O advogado deve guardar sigilo, mesmo em depoimento judicial, sobre o que saiba
em razão de seu ofício, cabendo-lhe recusar-se a depor como testemunha em processo no
qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou
tenha sido advogado, mesmo que autorizado ou solicitado pelo constituinte.
Art. 27. As confidências feitas ao advogado pelo cliente podem ser utilizadas nos limites da
necessidade da defesa, desde que autorizado aquele pelo constituinte.
Parágrafo único. Presumem-se confidenciais as comunicações epistolares entre advogado e
cliente, as quais não podem ser reveladas a terceiros.

CAPÍTULO IV – DA PUBLICIDADE

Art. 28. O advogado pode anunciar os seus serviços profissionais, individual ou


coletivamente, com discrição e moderação, para finalidade exclusivamente informativa,
vedada a divulgação em conjunto com outra atividade.

81
Art. 29. O anúncio deve mencionar o nome completo do advogado e o número da inscrição
na OAB, podendo fazer referência a títulos ou qualificações profissionais, especialização
técnico-científica e associações culturais e científicas, endereços, horário do expediente e
meios de comunicação, vedadas a sua veiculação pelo rádio e televisão e a denominação de
fantasia.
§1º Títulos ou qualificações profissionais são os relativos à profissão de advogado,
conferidos por universidades ou instituições de ensino superior, reconhecidas.
§2º Especialidades são os ramos do Direito, assim entendidos pelos doutrinadores ou
legalmente reconhecidos.
§3º Correspondências, comunicados e publicações, versando sobre constituição,
colaboração, composição e qualificação de componentes de escritório e especificação de
especialidades profissionais, bem como boletins informativos e comentários sobre
legislação, somente podem ser fornecidos a colegas, clientes, ou pessoas que os solicitem
ou os autorizem previamente.
§4º O anúncio de advogado não deve mencionar, direta ou indiretamente, qualquer cargo,
função pública ou relação de emprego e patrocínio que tenha exercido, passível de captar
clientela.
§5º O uso das expressões "escritório de advocacia" ou "sociedade de advogados" deve estar
acompanhado da indicação de número de registro na OAB ou do nome e do número de
inscrição dos advogados que o integrem.
§6º O anúncio, no Brasil, deve adotar o idioma português, e, quando em idioma estrangeiro,
deve estar acompanhado da respectiva tradução.
Art. 30. O anúncio sob a forma de placas, na sede profissional ou na residência do
advogado, deve observar discrição quanto ao conteúdo, forma e dimensões, sem qualquer
aspecto mercantilista, vedada a utilização de "outdoor" ou equivalente.
Art. 31. O anúncio não deve conter fotografias, ilustrações, cores, figuras, desenhos,
logotipos, marcas ou símbolos incompatíveis com a sobriedade da advocacia, sendo
proibido o uso dos símbolos oficiais e dos que sejam utilizados pela Ordem dos Advogados
do Brasil.
§1º São vedadas referências a valores dos serviços, tabelas, gratuidade ou forma de
pagamento, termos ou expressões que possam iludir ou confundir o público, informações de
serviços jurídicos suscetíveis de implicar, direta ou indiretamente, captação de causa ou
clientes, bem como menção ao tamanho, qualidade e estrutura da sede profissional.
§2º Considera-se imoderado o anúncio profissional do advogado mediante remessa de
correspondência a uma coletividade, salvo para comunicar a clientes e colegas a instalação
ou mudança de endereço, a indicação expressa do seu nome e escritório em partes externas
de veículo, ou a inserção de seu nome em anúncio relativo a outras atividades não
advocatícias, faça delas parte ou não.
Art. 32. O advogado que eventualmente participar de programa de televisão ou de rádio, de
entrevista na imprensa, de reportagem televisionada ou de qualquer outro meio, para
manifestação profissional, deve visar a objetivos exclusivamente ilustrativos, educacionais
e instrutivos, sem propósito de promoção pessoal ou profissional, vedados pronunciamentos
sobre métodos de trabalho usados por seus colegas de profissão.
Parágrafo único. Quando convidado para manifestação pública, por qualquer modo e forma,
visando ao esclarecimento de tema jurídico de interesse geral, deve o advogado evitar
insinuações a promoção pessoal ou profissional, bem como o debate de caráter
sensacionalista.

82
Art. 33. O advogado deve abster-se de:
I - responder com habitualidade consulta sobre matéria jurídica, nos meios de comunicação
social, com intuito de promover-se profissionalmente;
II - debater, em qualquer veículo de divulgação, causa sob seu patrocínio ou patrocínio de
colega;
III - abordar tema de modo a comprometer a dignidade da profissão e da instituição que o
congrega;
IV - divulgar ou deixar que seja divulgada a lista de clientes e demandas;
V - insinuar-se para reportagens e declarações públicas.
Art. 34. A divulgação pública, pelo advogado, de assuntos técnicos ou jurídicos de que
tenha ciência em razão do exercício profissional como advogado constituído, assessor
jurídico ou parecerista, deve limitar-se a aspectos que não quebrem ou violem o segredo ou
o sigilo profissional.

CAPÍTULO V - DOS HONORÁRIOS PROFISSIONAIS

Art. 35. Os honorários advocatícios e sua eventual correção, bem como sua majoração
decorrente do aumento dos atos judiciais que advierem como necessários, devem ser
previstos em contrato escrito, qualquer que seja o objeto e o meio da prestação do serviço
profissional, contendo todas as especificações e forma de pagamento, inclusive no caso de
acordo.
§1º Os honorários da sucumbência não excluem os contratados, porém devem ser levados
em conta no acerto final com o cliente ou constituinte, tendo sempre presente o que foi
ajustado na aceitação da causa.
§2º A compensação ou o desconto dos honorários contratados e de valores que devam ser
entregues ao constituinte ou cliente só podem ocorrer se houver prévia autorização ou
previsão contratual.
§3º A forma e as condições de resgate dos encargos gerais, judiciais e extrajudiciais,
inclusive eventual remuneração de outro profissional, advogado ou não, para desempenho
de serviço auxiliar ou complementar técnico e especializado, ou com incumbência
pertinente fora da Comarca, devem integrar as condições gerais do contrato.
Art. 36 - Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação, atendidos os
elementos seguintes:
I - a relevância, o vulto, a complexidade e a dificuldade das questões versadas;
II - o trabalho e o tempo necessários;
III - a possibilidade de ficar o advogado impedido de intervir em outros casos, ou de se
desavir com outros clientes ou terceiros;
IV - o valor da causa, a condição econômica do cliente e o proveito para ele resultante do
serviço profissional;
V - o caráter da intervenção, conforme se trate de serviço a cliente avulso, habitual ou
permanente;
VI - o lugar da prestação dos serviços, fora ou não do domicílio do advogado;
VII - a competência e o renome do profissional;
VIII - a praxe do foro sobre trabalhos análogos.
Art. 37. Em face da imprevisibilidade do prazo de tramitação da demanda, devem ser
delimitados os serviços profissionais a se prestarem nos procedimentos preliminares,
judiciais ou conciliatórios, a fim de que outras medidas, solicitadas ou necessárias,

83
incidentais ou não, diretas ou indiretas, decorrentes da causa, possam ter novos honorários
estimados, e da mesma forma receber do constituinte ou cliente a concordância hábil.
Art. 38. Na hipótese da adoção de cláusula quota litis, os honorários devem ser
necessariamente representados por pecúnia e, quando acrescidos dos de honorários da
sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do constituinte ou
do cliente.
Parágrafo único. A participação do advogado em bens particulares de cliente,
comprovadamente sem condições pecuniárias, só é tolerada em caráter excepcional, e desde
que contratada por escrito.
Art. 39. A celebração de convênios para prestação de serviços jurídicos com redução dos
valores estabelecidos na Tabela de Honorários implica captação de clientes ou causa, salvo
se as condições peculiares da necessidade e dos carentes puderem ser demonstradas com a
devida antecedência ao respectivo Tribunal de Ética e Disciplina, que deve analisar a sua
oportunidade.
Art. 40. Os honorários advocatícios devidos ou fixados em tabelas no regime da assistência
judiciária não podem ser alterados no quantum estabelecido; mas a verba honorária
decorrente da sucumbência pertence ao advogado.
Art. 41. O advogado deve evitar o aviltamento de valores dos serviços profissionais, não os
fixando de forma irrisória ou inferior ao mínimo fixado pela Tabela de Honorários, SALVO
MOTIVO PLENAMENTE JUSTIFICÁVEL.
Art. 42. O crédito por honorários advocatícios, seja do advogado autônomo, seja de
sociedade de advogados, não autoriza o saque de duplicatas ou qualquer outro título de
crédito de natureza mercantil, exceto a emissão de fatura, desde que constitua exigência do
constituinte ou assistido, decorrente de contrato escrito, vedada a tiragem de protesto.
Art. 43. Havendo necessidade de arbitramento e cobrança judicial dos honorários
advocatícios, deve o advogado renunciar ao patrocínio da causa, fazendo-se representar por
um colega.

CAPÍTULO VI - DO DEVER DE URBANIDADE

Art. 44. Deve o advogado tratar o público, os colegas, as autoridades e os funcionários do


Juízo com respeito, discrição e independência, exigindo igual tratamento e zelando pelas
prerrogativas a que tem direito.
Art. 45. Impõe-se ao advogado lhaneza23, emprego de linguagem escorreita e polida,
esmero e disciplina na execução dos serviços.
Art. 46. O advogado, na condição de defensor nomeado, conveniado ou dativo, deve
comportar-se com zelo, empenhando-se para que o cliente se sinta amparado e tenha a
expectativa de regular desenvolvimento da demanda.

CAPÍTULO VII - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 47. A falta ou inexistência, neste Código, de definição ou orientação sobre questão de
ética profissional, que seja relevante para o exercício da advocacia ou dele advenha, enseja
consulta e manifestação do Tribunal de Ética e Disciplina ou do Conselho Federal.

23
Franqueza, sinceridade, lizura.

84
Art. 48. Sempre que tenha conhecimento de transgressão das normas deste Código, do
Estatuto, do Regulamento Geral e dos Provimentos, o Presidente do Conselho Seccional, da
Subseção, ou do Tribunal de Ética e Disciplina deve chamar a atenção do responsável para
o dispositivo violado, sem prejuízo da instauração do competente procedimento para
apuração das infrações e aplicação das penalidades cominadas.

TÍTULO II - DO PROCESSO DISCIPLINAR

CAPÍTULO I - DA COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL DE ÉTICA E DISCIPLINA

Art. 49. O Tribunal de Ética e Disciplina é competente para orientar e aconselhar sobre
ética profissional, respondendo às consultas em tese, e julgar os processos disciplinares.
Parágrafo único. O Tribunal reunir-se-á mensalmente ou em menor período, se necessário,
e todas as sessões serão plenárias.
Art. 50. Compete também ao Tribunal de Ética e Disciplina:
I - instaurar, de ofício, processo competente sobre ato ou matéria que considere passível de
configurar, em tese, infração a princípio ou norma de ética profissional;
II - organizar, promover e desenvolver cursos, palestras, seminários e discussões a respeito
de ética profissional, inclusive junto aos Cursos Jurídicos, visando à formação da
consciência dos futuros profissionais para os problemas fundamentais da Ética;
III - expedir provisões ou resoluções sobre o modo de proceder em casos previstos nos
regulamentos e costumes do foro;
IV - mediar e conciliar nas questões que envolvam:
a) dúvidas e pendências entre advogados;
b) partilha de honorários contratados em conjunto ou mediante substabelecimento, ou
decorrente de sucumbência;
c) controvérsias surgidas quando da dissolução de sociedade de advogados.

CAPÍTULO II - DOS PROCEDIMENTOS

Art. 51. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação dos


interessados, que não pode ser anônima.
§1º Recebida a representação, o Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção, quando
esta dispuser de Conselho, designa relator um de seus integrantes, para presidir a instrução
processual.
§2º O relator pode propor ao Presidente do Conselho Seccional ou da Subseção o
arquivamento da representação, quando estiver desconstituída dos pressupostos de
admissibilidade.
§3º A representação contra membros do Conselho Federal e Presidentes dos Conselhos
Seccionais é processada e julgada pelo Conselho Federal.
Art. 52. Compete ao relator do processo disciplinar determinar a notificação dos
interessados para esclarecimentos, ou do representado para a defesa prévia, em qualquer
caso no prazo de 15 (quinze) dias.
§1º Se o representado não for encontrado ou for revel, o Presidente do Conselho ou da
Subseção deve designar-lhe defensor dativo.
§2º Oferecida a defesa prévia, que deve estar acompanhada de todos os documentos e o rol
de testemunhas, até o máximo de cinco, é proferido o despacho saneador e, ressalvada a

85
hipótese do § 2o do artigo 73 do Estatuto, designada, se reputada necessária, a audiência
para oitiva do interessado, do representado e das testemunhas. O interessado e o
representado deverão incumbir-se do comparecimento de suas testemunhas, a não ser que
prefiram suas intimações pessoais, o que deverá ser requerido na representação e na defesa
prévia. As intimações pessoais não serão renovadas em caso de não-comparecimento,
facultada a substituição de testemunhas, se presente a substituta na audiência.
(Modificação aprovada nos termos da Proposição 0042/2002/COP, julgada pelo Conselho
Pleno do Conselho Federal da OAB, na Sessão Ordinária do dia 09 de dezembro de 2002,
publicada no Diário da Justiça do dia 03.02.2003, página 574, Seção 1).
§3º O relator pode determinar a realização de diligências que julgar convenientes.
§4º Concluída a instrução, será aberto o prazo sucessivo de 15 (quinze) dias para a
apresentação de razões finais pelo interessado e pelo representado, após a juntada da última
intimação.
§5º Extinto o prazo das razões finais, o relator profere parecer preliminar, a ser submetido
ao Tribunal.
Art. 53. O Presidente do Tribunal, após o recebimento do processo devidamente instruído,
designa relator para proferir o voto.
§1º O processo é inserido automaticamente na pauta da primeira sessão de julgamento, após
o prazo de 20 (vinte) dias de seu recebimento pelo Tribunal, salvo se o relator determinar
diligências.
§2º O representado é intimado pela Secretaria do Tribunal para a defesa oral na sessão, com
15 (quinze) dias de antecedência.
§3º A defesa oral é produzida na sessão de julgamento perante o Tribunal, após o voto do
relator, no prazo de 15 (quinze) minutos, pelo representado ou por seu advogado.
Art. 54. Ocorrendo a hipótese do art. 70, 3, do Estatuto, na sessão especial designada pelo
Presidente do Tribunal, são facultadas ao representado ou ao seu defensor a apresentação de
defesa, a produção de prova e a sustentação oral, restritas, entretanto, à questão do
cabimento, ou não, da suspensão preventiva.
Art. 55. O expediente submetido à apreciação do Tribunal é autuado pela Secretaria,
registrado em livro próprio e distribuído às Seções ou Turmas julgadoras, quando houver.
Art. 56. As consultas formuladas recebem autuação em apartado, e a esse processo são
designados relator e revisor, pelo Presidente.
§1º O relator e o revisor têm prazo de dez (10) dias, cada um, para elaboração de seus
pareceres, apresentando-os na primeira sessão seguinte, para julgamento.
§2º Qualquer dos membros pode pedir vista do processo pelo prazo de uma sessão e desde
que a matéria não seja urgente, caso em que o exame deve ser procedido durante a mesma
sessão. Sendo vários os pedidos, a Secretaria providencia a distribuição do prazo,
proporcionalmente, entre os interessados.
§3º Durante o julgamento e para dirimir dúvidas, o relator e o revisor, nessa ordem, têm
preferência na manifestação.
§4º O relator permitirá aos interessados produzir provas, alegações e arrazoados, respeitado
o rito sumário atribuído por este Código.
§5º Após o julgamento, os autos vão ao relator designado ou ao membro que tiver parecer
vencedor para lavratura de acórdão, contendo ementa a ser publicada no órgão oficial do
Conselho Seccional.
Art. 57. Aplica-se ao funcionamento das sessões do Tribunal o procedimento adotado no
Regimento Interno do Conselho Seccional.

86
Art. 58. Comprovado que os interessados no processo nele tenham intervindo de modo
temerário, com sentido de emulação ou procrastinação, tal fato caracteriza falta de ética
passível de punição.
Art. 59. Considerada a natureza da infração ética cometida, o Tribunal pode suspender
temporariamente a aplicação das penas de advertência e censura impostas, desde que o
infrator primário, dentro do prazo de 120 dias, passe a freqüentar e conclua,
comprovadamente, curso, simpósio, seminário ou atividade equivalente, sobre Ética
Profissional do Advogado, realizado por entidade de notória idoneidade.
Art. 60. Os recursos contra decisões do Tribunal de Ética e Disciplina, ao Conselho
Seccional, regem-se pelas disposições do Estatuto, do Regulamento Geral e do Regimento
Interno do Conselho Seccional.
Parágrafo único. O Tribunal dará conhecimento de todas as suas decisões ao Conselho
Seccional, para que determine periodicamente a publicação de seus julgados.
Art. 61. Cabe revisão do processo disciplinar, na forma prescrita no art. 73, inciso 5º, do
Estatuto.

CAPÍTULO III - DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS

Art. 62. O Conselho Seccional deve oferecer os meios e suporte imprescindíveis para o
desenvolvimento das atividades do Tribunal.
Art. 63. O Tribunal de Ética e Disciplina deve organizar seu Regimento Interno, a ser
submetido ao Conselho Seccional e, após, ao Conselho Federal.
Art. 64. A pauta de julgamentos do Tribunal é publicada em órgão oficial e no quadro de
avisos gerais, na sede do Conselho Seccional, com antecedência de 07 (sete) dias, devendo
ser dada prioridade nos julgamentos para os interessados que estiverem presentes.
Art. 65. As regras deste Código obrigam igualmente as sociedades de advogados e os
estagiários, no que lhes forem aplicáveis.
Art. 66. Este Código entra em vigor, em todo o território nacional, na data de sua
publicação, cabendo aos Conselhos Federal e Seccionais e às Subseções da OAB promover
a sua ampla divulgação, revogadas as disposições em contrário.

Brasília - DF, 13 de fevereiro de 1995.


José Roberto Batochio
Presidente
Modesto Carvalhosa
Relator
(Comissão Revisora: Licínio Leal Barbosa, Presidente; Robison Baroni, Secretário e Sub-
relator;
Nilzardo Carneiro Leão, José Cid Campelo e Sérgio Ferraz, Membros)

Estatuto da Advocacia e da OAB – EAOAB


Lei 8.906/94 (D.J. 05.07.94)
CAPÍTULO I – Da Atividade de Advocacia
Art. 1º São atividades privativas de advocacia:

87
I - a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário e aos juizados especiais;
II - as atividades de consultoria, assessoria e direção jurídicas.
§ 1º Não se inclui na atividade privativa de advocacia a impetração de habeas corpus em
qualquer instância ou tribunal.
§ 2º Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena de nulidade, só podem
ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por advogados.
§ 3º É vedada a divulgação de advocacia em conjunto com outra atividade.
Art. 2º O advogado é indispensável à administração da justiça.
§ 1º No seu ministério privado, o advogado presta serviço público e exerce função social.
§ 2º No processo judicial, o advogado contribui, na postulação de decisão favorável ao seu
constituinte, ao convencimento do julgador, e seus atos constituem múnus público.
§ 3º No exercício da profissão, o advogado é inviolável por seus atos e manifestações, nos
limites desta lei.
Art. 3º O exercício da atividade de advocacia no território brasileiro e a denominação de
advogado são privativos dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB),
§ 1º Exercem atividade de advocacia, sujeitando-se ao regime desta lei, além do regime
próprio a que se subordinem, os integrantes da Advocacia-Geral da União, da Procuradoria
da Fazenda Nacional, da Defensoria Pública e das Procuradorias e Consultorias Jurídicas
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das respectivas entidades de
administração indireta e fundacional.
§ 2º O estagiário de advocacia, regularmente inscrito, pode praticar os atos previstos no art.
1º, na forma do regimento geral, em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste.
Art. 4º São nulos os atos privativos de advogado praticados por pessoa não inscrita na
OAB, sem prejuízo das sanções civis, penais e administrativas.
Parágrafo único. São também nulos os atos praticados por advogado impedido - no âmbito
do impedimento - suspenso, licenciado ou que passar a exercer atividade incompatível com
a advocacia.
Art. 5º O advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato.
§ 1º O advogado, afirmando urgência, pode atuar sem procuração, obrigando-se a
apresentá-la no prazo de quinze dias, prorrogável por igual período.
§ 2º A procuração para o foro em geral habilita o advogado a praticar todos os atos
judiciais, em qualquer juízo ou instância, salvo os que exijam poderes especiais.
§ 3º O advogado que renunciar ao mandato continuará, durante os dez dias seguintes à
notificação da renúncia, a representar o mandante, salvo se for substituído antes do término
desse prazo.

CAPÍTULO II - Dos Direitos do Advogado

88
Art. 6º Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do
Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos.
Parágrafo único. As autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem
dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade
da advocacia e condições adequadas a seu desempenho.
Art. 7º São direitos do advogado:
I - exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional;
II - ter respeitada, em nome da liberdade de defesa e do sigilo profissional, a
inviolabilidade de seu escritório ou local de trabalho, de seus arquivos e dados, de sua
correspondência e de suas comunicações, inclusive telefônicas ou afins, salvo caso de
busca ou apreensão determinada por magistrado e acompanhada de representante da OAB;
III - comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração,
quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou
militares, ainda que considerados incomunicáveis;
IV - ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado
ao exercício da advocacia, para lavratura do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos
demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB;
V - não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de
Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, assim reconhecidas pela OAB, e,
na sua falta, em prisão domiciliar;
VI - ingressar livremente:
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos cancelos que separam a parte
reservada aos magistrados;
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços
notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente
e independentemente da presença de seus titulares;
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço
público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício
da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se
ache presente qualquer servidor ou empregado;
d) em qualquer assembléia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou
perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais;
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso
anterior, independentemente de licença;
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho,
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a
ordem de chegada;
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de
julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de
quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido;

89
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção
sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou
afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que
lhe forem feitas;
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade,
contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento;
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da
Administração Pública ou do Poder Legislativo;
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem
procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo
tomar apontamentos;
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante
e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar
peças e tomar apontamentos;
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório
ou na repartição competente, ou retirá-los pelos prazos legais;
XVI - retirar autos de processos findos, mesmo sem procuração, pelo prazo de dez dias;
XVII - ser publicamente desagravado, quando ofendido no exercício da profissão ou em
razão dela;
XVIII - usar os símbolos privativos da profissão de advogado;
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva
funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo
quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo
profissional;
XX - retirar-se do recinto onde se encontre aguardando pregão para ato judicial, após trinta
minutos do horário designado e ao qual ainda não tenha comparecido a autoridade que deva
presidir a ele, mediante comunicação protocolizada em juízo.
§ 1º Não se aplica o disposto nos incisos XV e XVI:
1) aos processos sob regime de segredo de justiça;
2) quando existirem nos autos documentos originais de difícil restauração ou ocorrer
circunstância relevante que justifique a permanência dos autos no cartório, secretaria ou
repartição, reconhecida pela autoridade em despacho motivado, proferido de ofício,
mediante representação ou a requerimento da parte interessada;
3) até o encerramento do processo, ao advogado que houver deixado de devolver os
respectivos autos no prazo legal, e só o fizer depois de intimado.
§ 2º O advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou
desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em
juízo ou fora dele, sem prejuízo das sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos
que cometer.

90
§ 3º O advogado somente poderá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da
profissão, em caso de crime inafiançável, observado o disposto no inciso IV deste artigo.
§ 4º O Poder Judiciário e o Poder Executivo devem instalar, em todos os juizados, fóruns,
tribunais, delegacias de polícia e presídios, salas especiais permanentes para os advogados,
com uso e controle assegurados à OAB.
§ 5º No caso de ofensa a inscrito na OAB, no exercício da profissão ou de cargo ou função
de órgão da OAB, o conselho competente deve promover o desagravo público do ofendido,
sem prejuízo da responsabilidade criminal em que incorrer o infrator.
CAPÍTULO III - Da Inscrição
Art. 8º Para inscrição como advogado é necessário:
I - capacidade civil;
II - diploma ou certidão de graduação em direito, obtido em instituição de ensino
oficialmente autorizada e credenciada;
III - título de eleitor e quitação do serviço militar, se brasileiro;
IV - aprovação em Exame de Ordem24;
V - não exercer atividade incompatível com a advocacia;
VI - idoneidade moral;
VII - prestar compromisso perante o conselho.
§ 1º O Exame da Ordem é regulamentado em provimento do Conselho Federal da OAB.
§ 2º O estrangeiro ou brasileiro, quando não graduado em direito no Brasil, deve fazer
prova do título de graduação, obtido em instituição estrangeira, devidamente revalidado,
além de atender aos demais requisitos previstos neste artigo. (com tradução dos
documentos)
§ 3º A inidoneidade moral, suscitada por qualquer pessoa, deve ser declarada mediante
decisão que obtenha no mínimo dois terços dos votos de todos os membros do conselho
competente, em procedimento que observe os termos do processo disciplinar.
§ 4º Não atende ao requisito de idoneidade moral aquele que tiver sido condenado por
crime infamante, salvo reabilitação judicial25.
Art. 9º Para inscrição como estagiário é necessário:
I - preencher os requisitos mencionados nos incisos I, III, V, VI e VII do art. 8º;
II - ter sido admitido em estágio profissional de advocacia.
§ 1º O estágio profissional de advocacia, com duração de dois anos, realizado nos últimos
anos do curso jurídico, pode ser mantido pelas respectivas instituições de ensino superior
pelos Conselhos da OAB, ou por setores, órgãos jurídicos e escritórios de advocacia
credenciados pela OAB, sendo obrigatório o estudo deste Estatuto e do Código de Ética e
Disciplina.

24
No Estado onde cursou Direito ou no seu domicílio civil – Provimento 81/96 Conselho Federal OAB.
25
Arts. 64 e 94 do Código Penal.

91
§ 2º A inscrição do estagiário é feita no Conselho Seccional em cujo território se localize
seu curso jurídico.
§ 3º O aluno de curso jurídico que exerça atividade incompatível com a advocacia pode
freqüentar o estágio ministrado pela respectiva instituição de ensino superior, para fins de
aprendizagem, vedada a inscrição na OAB.
§ 4º O estágio profissional poderá ser cumprido por bacharel em Direito que queira se
inscrever na Ordem.
Art. 10. A inscrição principal do advogado deve ser feita no Conselho Seccional em cujo
território pretende estabelecer o seu domicílio profissional, na forma do regulamento geral.
§ 1º Considera-se domicílio profissional a sede principal da atividade de advocacia,
prevalecendo, na dúvida, o domicílio da pessoa física do advogado.
§ 2º Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos
Seccionais em cujos territórios passar a exercer habitualmente a profissão considerando-se
habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano.
§ 3º No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa,
deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional
correspondente.
§ 4º O Conselho Seccional deve suspender o pedido de transferência ou de inscrição
suplementar, ao verificar a existência de vício ou ilegalidade na inscrição principal, contra
ela representando ao Conselho Federal.
Art. 11. Cancela-se a inscrição do profissional que:
I - assim o requerer;
II - sofrer penalidade de exclusão;
III - falecer;
IV - passar a exercer, em caráter definitivo, atividade incompatível com a advocacia;
V - perder qualquer um dos requisitos necessários para inscrição.
§ 1º Ocorrendo uma das hipóteses dos incisos II, III e IV, o cancelamento deve ser
promovido, de ofício, pelo conselho competente ou em virtude de comunicação por
qualquer pessoa.
§ 2º Na hipótese de novo pedido de inscrição - que não restaura o número de inscrição
anterior - deve o interessado fazer prova dos requisitos dos incisos I, V, VI e VII do art. 8º.
§ 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o novo pedido de inscrição também deve ser
acompanhado de provas de reabilitação.
Art. 12. Licencia-se o profissional que:
I - assim o requerer, por motivo justificado;
II - passar a exercer, em caráter temporário, atividade incompatível com o exercício da
advocacia;
III - sofrer doença mental considerada curável.

92
Art. 13. O documento de identidade profissional, na forma prevista no regulamento geral, é
de uso obrigatório no exercício da atividade de advogado ou de estagiário e constitui prova
de identidade civil para todos os fins legais.
Art. 14. É obrigatória a indicação do nome e do número de inscrição em todos os
documentos assinados pelo advogado, no exercício de sua atividade.
Parágrafo único. É vedado anunciar ou divulgar qualquer atividade relacionada com o
exercício da advocacia ou o uso da expressão escritório de advocacia, sem indicação
expressa do nome e do número de inscrição dos advogados que o integrem ou o número de
registro da sociedade de advogados na OAB.

CAPÍTULO IV - Da Sociedade de Advogados26


Art. 15. Os advogados podem reunir-se em sociedade civil de prestação de serviço de
advocacia, na forma disciplinada nesta lei e no regulamento geral.
§ 1º A sociedade de advogados adquire personalidade jurídica com o registro aprovado dos
seus atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB em cuja base territorial tiver sede.27
§ 2º Aplica-se à sociedade de advogados o Código de Ética e Disciplina, no que couber.
§ 3º As procurações devem ser outorgadas individualmente aos advogados e indicar a
sociedade de que façam parte.
§ 4º Nenhum advogado pode integrar mais de uma sociedade de advogados, com sede ou
filial na mesma área territorial do respectivo Conselho Seccional.
§ 5º O ato de constituição de filial deve ser averbado no registro da sociedade e arquivado
junto ao Conselho Seccional onde se instalar, ficando os sócios obrigados à inscrição
suplementar.
§ 6º Os advogados sócios de uma mesma sociedade profissional não podem representar em
juízo clientes de interesses opostos28.
Art. 16. Não são admitidas a registro, nem podem funcionar, as sociedades de advogados
que apresentem forma ou características mercantis, que adotem denominação de fantasia,
que realizem atividades estranhas à advocacia, que incluam sócio não inscrito como
advogado ou totalmente proibido de advogar.
§ 1º A razão social deve ter, obrigatoriamente, o nome de, pelo menos, um advogado
responsável pela sociedade, podendo permanecer o de sócio falecido, desde que prevista tal
possibilidade no ato constitutivo.
§ 2º O licenciamento do sócio para exercer atividade incompatível com a advocacia em
caráter temporário deve ser averbado no registro da sociedade, não alterando sua
constituição.
§ 3º É proibido o registro, nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas
comerciais, de sociedade que inclua, entre outras finalidades, a atividade de advocacia.

26
Provimento 92/00 Conselho Federal OAB. “Sociedade Híbrida”.
27
Art. 39, parágrafo único do Regulamento Geral da OAB.
28
Advogar interesses opostos é crime= tergiversação. Art. 355 do Código Penal.

93
Art. 17. Além da sociedade, o sócio responde subsidiária e ilimitadamente pelos danos
causados aos clientes por ação ou omissão no exercício da advocacia, sem prejuízo da
responsabilidade disciplinar em que possa incorrer.

CAPÍTULO V - Do Advogado Empregado


Art. 18. A relação de emprego, na qualidade de advogado, não retira a isenção técnica nem
reduz a independência profissional inerentes à advocacia.
Parágrafo único. O advogado empregado não está obrigado à prestação de serviços
profissionais de interesse pessoal dos empregadores, fora da relação de emprego.
Art. 19. O salário mínimo profissional do advogado será fixado em sentença normativa,
salvo se ajustado em acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Art. 20. A jornada de trabalho do advogado empregado, no exercício da profissão, não
poderá exceder a duração diária de quatro horas contínuas e a de vinte horas semanais,
salvo acordo ou convenção coletiva ou em caso de dedicação exclusiva.
§ 1º Para efeitos deste artigo, considera-se como período de trabalho o tempo em que o
advogado estiver à disposição do empregador, aguardando ou executando ordens, no seu
escritório ou em atividades externas, sendo-lhe reembolsadas as despesas feitas com
transporte, hospedagem e alimentação.
§ 2º As horas trabalhadas que excederem a jornada normal são remuneradas por um
adicional não inferior a cem por cento sobre o valor da hora normal, mesmo havendo
contrato escrito.
§ 3º As horas trabalhadas no período das vinte horas de um dia até as cinco horas do dia
seguinte são remuneradas como noturnas, acrescidas do adicional de vinte e cinco por
cento.
Art. 21. Nas causas em que for parte o empregador, ou pessoa por este representada, os
honorários de sucumbência são devidos aos advogados empregados.
Parágrafo único. Os honorários de sucumbência, percebidos por advogado empregado de
sociedade de advogados são partilhados entre ele e a empregadora, na forma estabelecida
em acordo.

CAPÍTULO VI - Dos Honorários Advocatícios


Art. 22. A prestação de serviço profissional assegura aos inscritos na OAB o direito aos
honorários convencionados, aos fixados por arbitramento judicial e aos de sucumbência.
§ 1º O advogado, quando indicado para patrocinar causa de juridicamente necessitado, no
caso de impossibilidade da Defensoria Pública no local da prestação de serviço, tem direito
aos honorários fixados pelo juiz, segundo tabela organizada pelo Conselho Seccional da
OAB, e pagos pelo Estado.
§ 2º Na falta de estipulação ou de acordo, os honorários são fixados por arbitramento
judicial, em remuneração compatível com o trabalho e o valor econômico da questão, não
podendo ser inferiores aos estabelecidos na tabela organizada pelo Conselho Seccional da
OAB.

94
§ 3º SALVO ESTIPULAÇÃO EM CONTRÁRIO, um terço dos honorários é devido no
início do serviço, outro terço até a decisão de primeira instância e o restante no final.
§ 4º Se o advogado fizer juntar aos autos o seu contrato de honorários antes de expedir-se o
mandado de levantamento ou precatório, o juiz deve determinar que lhe sejam pagos
diretamente, por dedução da quantia a ser recebida pelo constituinte, salvo se este provar
que já os pagou.
§ 5º O disposto neste artigo não se aplica quando se tratar de mandato outorgado por
advogado para defesa em processo oriundo de ato ou omissão praticada no exercício da
profissão.
Art. 23. Os honorários incluídos na condenação, por arbitramento ou sucumbência,
PERTENCEM AO ADVOGADO, tendo este direito autônomo para executar a sentença
nesta parte, podendo requerer que o precatório, quando necessário, seja expedido em seu
favor.
Art. 24. A decisão judicial que fixar ou arbitrar honorários e o contrato escrito que os
estipular são títulos executivos e constituem crédito privilegiado na falência, concordata,
concurso de credores, insolvência civil e liquidação extrajudicial.
§ 1º A execução dos honorários pode ser promovida nos mesmos autos da ação em que
tenha atuado o advogado, se assim lhe convier.
§ 2º Na hipótese de falecimento ou incapacidade civil do advogado, os honorários de
sucumbência, proporcionais ao trabalho realizado, são recebidos por seus sucessores ou
representantes legais.
§ 3º É nula qualquer disposição, cláusula, regulamento ou convenção individual ou coletiva
que retire do advogado o direito ao recebimento dos honorários de sucumbência.29
§ 4º O acordo feito pelo cliente do advogado e a parte contrária, salvo aquiescência do
profissional, não lhe prejudica os honorários, quer os convencionados, quer os concedidos
por sentença.
Art. 25. Prescreve em cinco anos a ação de cobrança de honorários de advogado, contado o
prazo:
I - do vencimento do contrato, se houver;
II - do trânsito em julgado da decisão que os fixar;
III - da ultimação do serviço extrajudicial;
IV - da desistência ou transação;
V - da renúncia ou revogação do mandato.
Art. 26. O advogado substabelecido, com reserva de poderes, não pode cobrar honorários
sem a intervenção daquele que lhe conferiu o substabelecimento.

CAPÍTULO VII – Das Incompatibilidades e Impedimentos

29
ADIN 1.194-4 STF suspendeu efeitos deste artigo.

95
Art. 27. A incompatibilidade determina a proibição total, e o impedimento, a proibição
parcial do exercício da advocacia.
Art. 28. A advocacia é incompatível, mesmo em causa própria, com as seguintes atividades:
I - chefe do Poder Executivo e membros da Mesa do Poder Legislativo e seus substitutos
legais;
II - membros de órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos tribunais e
conselhos de contas, dos juizados especiais, da justiça de paz, juízes classistas, bem como
de todos os que exerçam função de julgamento em órgãos de deliberação coletiva da
administração pública direta e indireta;
III - ocupantes de cargos ou funções de direção em Órgãos da Administração Pública direta
ou indireta, em suas fundações e em suas empresas controladas ou concessionárias de
serviço público;
IV - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a qualquer órgão
do Poder Judiciário e os que exercem serviços notariais e de registro;
V - ocupantes de cargos ou funções vinculados direta ou indiretamente a atividade policial
de qualquer natureza;
VI - militares de qualquer natureza, na ativa;
VII - ocupantes de cargos ou funções que tenham competência de lançamento, arrecadação
ou fiscalização de tributos e contribuições parafiscais;
VIII - ocupantes de funções de direção e gerência em instituições financeiras, inclusive
privadas.
§ 1º A incompatibilidade permanece mesmo que o ocupante do cargo ou função deixe de
exercê-lo temporariamente.
§ 2º Não se incluem nas hipóteses do inciso III os que não detenham poder de decisão
relevante sobre interesses de terceiro, a juízo do conselho competente da OAB, bem como
a administração acadêmica diretamente relacionada ao magistério jurídico.
Art. 29. Os Procuradores Gerais, Advogados Gerais, Defensores Gerais e dirigentes de
órgãos jurídicos da Administração Pública direta, indireta e fundacional são exclusivamente
legitimados para o exercício da advocacia vinculada à função que exerçam, durante o
período da investidura.
Art. 30. São impedidos de exercer a advocacia:
I - os servidores da administração direta, indireta e fundacional, contra a Fazenda Pública
que os remunere ou à qual seja vinculada a entidade empregadora;
II - os membros do Poder Legislativo, em seus diferentes níveis, contra ou a favor das
pessoas jurídicas de direito público, empresas públicas, sociedades de economia mista,
fundações públicas, entidades paraestatais ou empresas concessionárias ou permissionárias
de serviço público.
Parágrafo único. Não se incluem nas hipóteses do inciso I os docentes dos cursos jurídicos.
CAPÍTULO VIII – Da Ética do Advogado

96
Art. 31. O advogado deve proceder de forma que o torne merecedor de respeito e que
contribua para o prestígio da classe e da advocacia.
§ 1º O advogado, no exercício da profissão, deve manter independência em qualquer
circunstância.
§ 2º Nenhum receio de desagradar a magistrado ou a qualquer autoridade, nem de incorrer
em impopularidade, deve deter o advogado no exercício da profissão.
Art. 32. O advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com
dolo ou culpa.
Parágrafo único. Em caso de lide temerária, o advogado será solidariamente responsável
com seu cliente, desde que coligado com este para lesar a parte contrária, o que será
apurado em ação própria.
Art. 33. O advogado obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no Código
de Ética e Disciplina.
Parágrafo único. O Código de Ética e Disciplina regula os deveres do advogado para com a
comunidade, o cliente, o outro profissional e, ainda, a publicidade, a recusa do patrocínio, o
dever de assistência jurídica, o dever geral de urbanidade e os respectivos procedimentos
disciplinares.

CAPÍTULO IX - Das Infrações e Sanções Disciplinares


Art. 34. Constitui infração disciplinar:
(Dos incisos I a XVI e XXIX, cabe censura)
I - exercer a profissão, quando impedido de fazê-lo, ou facilitar, por qualquer meio, o seu
exercício aos não inscritos, proibidos ou impedidos;
II - manter sociedade profissional fora das normas e preceitos estabelecidos nesta lei;
III - valer-se de agenciador de causas, mediante participação nos honorários a receber;
IV - angariar ou captar causas, com ou sem a intervenção de terceiros;
V - assinar qualquer escrito destinado a processo judicial ou para fim extrajudicial que não
tenha feito, ou em que não tenha colaborado;
VI - advogar contra literal disposição de lei, presumindo-se a boa-fé quando fundamentado
na inconstitucionalidade, na injustiça da lei ou em pronunciamento judicial anterior;
VII - violar, sem justa causa, sigilo profissional;
VIII - estabelecer entendimento com a parte adversa sem autorização do cliente ou ciência
do advogado contrário;
IX - prejudicar, por culpa grave, interesse confiado ao seu patrocínio;
X - acarretar, conscientemente, por ato próprio, a anulação ou a nulidade do processo em
que funcione;
XI - abandonar a causa sem justo motivo ou antes de decorridos dez dias da comunicação
da renúncia;

97
XII - recusar-se a prestar, sem justo motivo, assistência jurídica, quando nomeado em
virtude de impossibilidade da Defensoria Pública;
XIII - fazer publicar na imprensa, desnecessária e habitualmente, alegações forenses ou
relativas a causas pendentes;
XIV - deturpar o teor de dispositivo de lei, de citação doutrinária ou de julgado, bem como
de depoimentos, documentos e alegações da parte contrária, para confundir o adversário ou
iludir o juiz da causa;
XV - fazer, em nome do constituinte, sem autorização escrita deste, imputação a terceiro de
fato definido como crime;
XVI - deixar de cumprir, no prazo estabelecido, determinação emanada do órgão ou de
autoridade da Ordem, em matéria da competência desta, depois de regularmente notificado;
(Dos incisos XVII a XXV cabe suspensão)
XVII - prestar concurso a clientes ou a terceiros para realização de ato contrário à lei ou
destinado a fraudá-la;
XVIII - solicitar ou receber de constituinte qualquer importância para aplicação ilícita ou
desonesta;
XIX - receber valores, da parte contrária ou de terceiro, relacionados com o objeto do
mandato, sem expressa autorização do constituinte;
XX - locupletar-se, por qualquer forma, à custa do cliente ou da parte adversa, por si ou
interposta pessoa;
XXI - recusar-se, injustificadamente, a prestar contas ao cliente de quantias recebidas dele
ou de terceiros por conta dele;
XXII - reter, abusivamente, ou extraviar autos recebidos com vista ou em confiança;
XXIII - deixar de pagar as contribuições, multas e preços de serviços devidos à OAB,
depois de regularmente notificado a fazê-lo;
XXIV - incidir em erros reiterados que evidenciem inépcia profissional;
XXV - manter conduta incompatível com a advocacia;
(Dos incisos XXVI a XXVIII cabe exclusão)
XXVI - fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para inscrição na OAB;
XXVII - tornar-se moralmente inidôneo para o exercício da advocacia;
XXVIII - praticar crime infamante30;
XXIX - praticar, o estagiário, ato excedente de sua habilitação.
Parágrafo único. Inclui-se na conduta incompatível:
a) prática reiterada de jogo de azar, não autorizado por lei;
b) incontinência pública e escandalosa;
c) embriaguez ou toxicomania habituais.
Art. 35. As sanções disciplinares consistem em:
30
Desonrado, indigno.

98
I - censura;
II - suspensão;
III - exclusão;
IV - multa.
Parágrafo único. As sanções devem constar dos assentamentos do inscrito, após o trânsito
em julgado da decisão, não podendo ser objeto de publicidade a de censura.
Art. 36. A censura é aplicável nos casos de:
I - infrações definidas nos incisos I a XVI e XXIX do art. 34;
II - violação a preceito do Código de Ética e Disciplina;
III - violação a preceito desta lei, quando para a infração não se tenha estabelecido sanção
mais grave.
Parágrafo único. A censura pode ser convertida em advertência, em ofício reservado, sem
registro nos assentamentos do inscrito, quando presente circunstância atenuante. (art. 40)
Art. 37. A suspensão é aplicável nos casos de:
I - infrações definidas nos incisos XVII a XXV do art. 34;
II - reincidência em infração disciplinar.
§ 1º A suspensão acarreta ao infrator a interdição do exercício profissional, em todo o
território nacional, pelo prazo de trinta dias a doze meses, de acordo com os critérios de
individualização previstos neste capítulo.
§ 2º Nas hipóteses dos incisos XXI e XXIII do art. 34, a suspensão perdura até que
satisfaça integralmente a dívida, inclusive com correção monetária.
§ 3º Na hipótese do inciso XXIV do art. 34, a suspensão perdura até que preste novas
provas de habilitação.
Art. 38. A exclusão é aplicável nos casos de:
I - aplicação, por três vezes, de suspensão;
II - infrações definidas nos incisos XXVI a XXVIII do art. 34.
Parágrafo único. Para a aplicação da sanção disciplinar de exclusão, é necessária a
manifestação favorável de dois terços dos membros do Conselho Seccional competente.
Art. 39. A multa, variável entre o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o
máximo de seu décuplo, é aplicável cumulativamente com a censura ou suspensão, em
havendo circunstâncias agravantes.
Art. 40. Na aplicação das sanções disciplinares, são consideradas, para fins de atenuação,
as seguintes circunstâncias, entre outras:
I - falta cometida na defesa de prerrogativa profissional;
II - ausência de punição disciplinar anterior;
III - exercício assíduo e proficiente de mandato ou cargo em qualquer órgão da OAB;
IV - prestação de relevantes serviços à advocacia ou à causa pública.

99
Parágrafo único. Os antecedentes profissionais do inscrito, as atenuantes, o grau de culpa
por ele revelada, as circunstâncias e as conseqüências da infração são considerados para o
fim de decidir:
a) sobre a conveniência da aplicação cumulativa da multa e de outra sanção disciplinar;
b) sobre o tempo de suspensão e o valor da multa aplicáveis.
Art. 41. É permitido ao que tenha sofrido qualquer sanção disciplinar requerer, um ano
após seu cumprimento, a reabilitação31, em face de provas efetivas de bom comportamento.
Parágrafo único. Quando a sanção disciplinar resultar da prática de crime, o pedido de
reabilitação depende também da correspondente reabilitação criminal.
Art. 42. Fica impedido de exercer o mandato o profissional a quem forem aplicadas as
sanções disciplinares de suspensão ou exclusão.
Art. 43. A pretensão à punibilidade das infrações disciplinares prescreve em cinco anos,
contados da data da constatação oficial do fato.
§ 1º Aplica-se a prescrição a todo processo disciplinar paralisado por mais de três anos,
pendente de despacho ou julgamento, devendo ser arquivado de ofício, ou a requerimento
da parte interessada, sem prejuízo de serem apuradas as responsabilidades pela paralisação.
§ 2º A prescrição interrompe-se:
I - pela instauração de processo disciplinar ou pela notificação válida feita diretamente ao
representado;
II - pela decisão condenatória recorrível de qualquer órgão julgador da OAB.

TÍTULO II - Da Ordem dos Advogados do Brasil


CAPÍTULO I - Dos Fins e da Organização
Art. 44. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serviço público, dotada de
personalidade jurídica e forma federativa, tem por finalidade:
I - defender a Constituição, a ordem jurídica do Estado democrático de direito, os direitos
humanos, a justiça social, e pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida administração
da justiça e pelo aperfeiçoamento da cultura e das instituições jurídicas;
II - promover, com exclusividade, a representação, a defesa, a seleção e a disciplina dos
advogados em toda a República Federativa do Brasil.
§ 1º A OAB não mantém com órgãos da Administração Pública qualquer vínculo funcional
ou hierárquico.
§ 2º O uso da sigla OAB é privativo da Ordem dos Advogados do Brasil.
Art. 45. São órgãos da OAB:
I - o Conselho Federal;
II - os Conselhos Seccionais;
III - as Subseções;
A reabilitação criminal está prevista nos arts. 93 a 95 do Código Penal, após 2 anos
31

do cumprimento da pena.

100
IV - as Caixas de Assistência dos Advogados.
§ 1º O Conselho Federal, dotado de personalidade jurídica própria, com sede na capital da
República, é o órgão supremo da OAB.
§ 2º Os Conselhos Seccionais, dotados de personalidade jurídica própria, têm jurisdição
sobre os respectivos territórios dos Estados-membros, do Distrito Federal e dos Territórios.
§ 3º As Subseções são partes autônomas do Conselho Seccional, na forma desta lei e de seu
ato constitutivo.
§ 4º As Caixas de Assistência dos Advogados, dotadas de personalidade jurídica própria,
são criadas pelos Conselhos Seccionais, quando estes contarem com mais de mil e
quinhentos inscritos.
§ 5º A OAB, por constituir serviço público, goza de imunidade tributária total em relação a
seus bens, rendas e serviços32.
relação a seus bens, rendas e serviços.
§ 6º Os atos conclusivos dos órgãos da OAB, salvo quando reservados ou de administração
interna, devem ser publicados na imprensa oficial ou afixados no fórum, na íntegra ou em
resumo.
Art. 46. Compete à OAB fixar e cobrar, de seus inscritos, contribuições, preços de serviços
e multas.
Parágrafo único. Constitui título executivo extrajudicial a certidão passada pela diretoria do
Conselho competente, relativa a crédito previsto neste artigo.
Art. 47. O pagamento da contribuição anual à OAB isenta os inscritos nos seus quadros do
pagamento obrigatório da contribuição sindical.
Art. 48. O cargo de conselheiro ou de membro de diretoria de órgão da OAB é de exercício
gratuito e obrigatório, considerado serviço público relevante, inclusive para fins de
disponibilidade e aposentadoria.
Art. 49. Os Presidentes dos Conselhos e das Subseções da OAB têm legitimidade para agir,
judicial e extrajudicialmente, contra qualquer pessoa que infringir as disposições ou os fins
desta lei.
Parágrafo único. As autoridades mencionadas no caput deste artigo têm, ainda, legitimidade
para intervir, inclusive como assistentes, nos inquéritos e processos em que sejam
indiciados, acusados ou ofendidos os inscritos na OAB.
Art. 50. Para os fins desta lei, os Presidentes dos Conselhos da OAB e das Subseções
podem requisitar cópias de peças de autos e documentos a qualquer tribunal, magistrado,
cartório e órgão da Administração Pública direta, indireta e fundacional.
CAPÍTULO II - Do Conselho Federal33
Art. 51. O Conselho Federal compõe-se:
32
Os atos de seus dirigentes são passíveis de mandado de segurança.
33
A composição básica do Conselho Federal corresponde a três vezes o número de
unidades federativas e mais o Presidente Nacional, ou seja, conta com 81 conselheiros.
Cada unidade federativa é integrada por três Conselheiros Federais eleitos em conjunto
com o Conselho Seccional com mandato de três anos.

101
I - dos conselheiros federais, integrantes das delegações de cada unidade federativa;
II - dos seus ex-presidentes, na qualidade de membros honorários vitalícios.
§ 1º Cada delegação é formada por três conselheiros federais.
§ 2º Os ex-presidentes têm direito apenas a voz nas sessões. (são membros honorários
vitalícios)
Art. 52. Os presidentes dos Conselhos Seccionais, nas sessões do Conselho Federal, têm
lugar reservado junto à delegação respectiva e direito somente a voz.
Art. 53. O Conselho Federal tem sua estrutura e funcionamento definidos no Regulamento
Geral da OAB.
§ 1º O Presidente, nas deliberações34 do Conselho, tem apenas o voto de qualidade.
§ 2º O voto35 é tomado por delegação, e não pode ser exercido nas matérias de interesse da
unidade que represente.
Art. 54. Compete ao Conselho Federal:
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
II - representar, em juízo ou fora dele, os interesses coletivos ou individuais dos advogados;
III - velar pela dignidade, independência, prerrogativas e valorização da advocacia;
IV - representar, com exclusividade, os advogados brasileiros nos órgãos e eventos
internacionais da advocacia;
V - editar e alterar o Regulamento Geral, o Código de Ética e Disciplina, e os Provimentos
que julgar necessários;
VI - adotar medidas para assegurar o regular funcionamento dos Conselhos Seccionais;
VII - intervir nos Conselhos Seccionais, onde e quando constatar grave violação desta lei
ou do regulamento geral;
VIII - cassar ou modificar, de ofício ou mediante representação, qualquer ato, de órgão ou
autoridade da OAB, contrário a esta lei, ao regulamento geral, ao Código de Ética e
Disciplina, e aos Provimentos, ouvida a autoridade ou o órgão em causa;
IX - julgar, em grau de recurso, as questões decididas pelos Conselhos Seccionais, nos
casos previstos neste estatuto e no regulamento geral;
X - dispor sobre a identificação dos inscritos na OAB e sobre os respectivos símbolos
privativos;
XI - apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e as contas de sua diretoria;
XII - homologar ou mandar suprir relatório anual, o balanço e as contas dos Conselhos
Seccionais;
34
As deliberações se dão com a presença da maioria absoluta das delegações (metade
mais um). Ex-presidentes não servem para o cômputo dos votos.
35
O voto é por delegação. Em caso de divergência, prevalece o voto da maioria;
havendo apenas dois membros e havendo divergência entre estes, o voto é invalidado.
O Presidente exerce o voto unipessoal de qualidade, pois não integra qualquer
delegação. Além disto tem poder especial, o de embargar a decisão quando não for
unânime, fazendo com que o Conselho aprecie a matéria em outra sessão.

102
XIII - elaborar as listas constitucionalmente previstas, para o preenchimento dos cargos nos
tribunais judiciários de âmbito nacional ou interestadual, com advogados que estejam em
pleno exercício da profissão, vedada a inclusão de nome de membro do próprio Conselho
ou de outro órgão da OAB;
XIV - ajuizar ação direta de inconstitucionalidade de normas legais e atos normativos, ação
civil pública, mandado de segurança coletivo, mandado de injunção e demais ações cuja
legitimação lhe seja outorgada por lei;
XV - colaborar com o aperfeiçoamento dos cursos jurídicos, e opinar, previamente, nos
pedidos apresentados aos órgãos competentes para criação, reconhecimento ou
credenciamento desses cursos;
XVI - autorizar, pela maioria absoluta das delegações, a oneração ou alienação de seus bens
imóveis;
XVII - participar de concursos públicos, nos casos previstos na Constituição e na lei, em
todas as suas fases, quando tiverem abrangência nacional ou interestadual;
XVIII - resolver os casos omissos neste estatuto.
Parágrafo único. A intervenção referida no inciso VII deste artigo depende de prévia
aprovação por dois terços das delegações, garantido o amplo direito de defesa do Conselho
Seccional respectivo, nomeando-se diretoria provisória para o prazo que se fixar.
Art. 55. A diretoria do Conselho Federal é composta de um Presidente, de um Vice-
Presidente, de um Secretário-Geral, de um Secretário-Geral Adjunto e de um Tesoureiro.
§ 1º O Presidente exerce a representação nacional e internacional da OAB, competindo-lhe
convocar o Conselho Federal, presidi-lo, representá-lo ativa e passivamente, em juízo ou
fora dele, promover-lhe a administração patrimonial e dar execução às suas decisões.
§ 2º O regulamento geral define as atribuições dos membros da diretoria e a ordem de
substituição em caso de vacância, licença, falta ou impedimento.
§ 3º Nas deliberações do Conselho Federal, os membros da diretoria votam como membros
de suas delegações, cabendo ao Presidente, apenas, o voto de qualidade e o direito de
embargar a decisão, se esta não for unânime.

CAPÍTULO III - Do Conselho Seccional


Art. 56. O Conselho Seccional compõe-se de conselheiros em número proporcional ao de
seus inscritos, segundo critérios estabelecidos no regulamento geral.
§ 1º São membros honorários vitalícios os seus ex-presidentes, somente com direito a voz
em suas sessões.
§ 2º O Presidente do Instituto dos Advogados local é membro honorário, somente com
direito a voz nas sessões do Conselho.
§ 3º Quando presentes às sessões do Conselho Seccional, o Presidente do Conselho
Federal, os Conselheiros Federais integrantes da respectiva delegação, o Presidente da
Caixa de Assistência dos Advogados e os Presidentes das Subseções, têm direito a voz.

103
Art. 57. O Conselho Seccional exerce e observa, no respectivo território, as competências,
vedações e funções atribuídas ao Conselho Federal, no que couber e no âmbito de sua
competência material e territorial, e as normas gerais estabelecidas nesta lei, no
regulamento geral, no Código de Ética e Disciplina, e nos Provimentos.
Art. 58. Compete privativamente ao Conselho Seccional:
I - editar seu regimento interno e resoluções;
II - criar as Subseções e a Caixa de Assistência dos Advogados;
III - julgar, em grau de recurso, as questões decididas por seu Presidente, por sua diretoria,
pelo Tribunal de Ética e Disciplina, pelas diretorias das Subseções e da Caixa de
Assistência dos Advogados;
IV - fiscalizar a aplicação da receita, apreciar o relatório anual e deliberar sobre o balanço e
as contas de sua diretoria, das diretorias das Subseções e da Caixa de Assistência dos
Advogados;
V - fixar a tabela de honorários, válida para todo o território estadual;
VI - realizar o Exame de Ordem;
VII - decidir os pedidos de inscrição nos quadros de advogados e estagiários;
VIII - manter cadastro de seus inscritos;
IX - fixar, alterar e receber contribuições obrigatórias, preços de serviços e multas;
X - participar da elaboração dos concursos públicos, em todas as suas fases, nos casos
previstos na Constituição e nas leis, no âmbito do seu território;
XI - determinar, com exclusividade, critérios para o traje dos advogados, no exercício
profissional;
XII - aprovar e modificar seu orçamento anual;
XIII - definir a composição e o funcionamento do Tribunal de Ética e Disciplina, e escolher
seus membros;
XIV - eleger as listas, constitucionalmente previstas, para preenchimento dos cargos nos
tribunais judiciários, no âmbito de sua competência e na forma do Provimento do Conselho
Federal, vedada a inclusão de membros do próprio Conselho e de qualquer órgão da OAB;
XV - intervir nas Subseções e na Caixa de Assistência dos Advogados;
XVI - desempenhar outras atribuições previstas no regulamento geral.
Art. 59. A diretoria do Conselho Seccional tem composição idêntica e atribuições
equivalentes às do Conselho Federal, na forma do regimento interno daquele.

CAPÍTULO IV - Da Subseção
Art. 60. A Subseção pode ser criada pelo Conselho Seccional, que fixa sua área territorial e
seus limites de competência e autonomia.
§ 1º A área territorial da Subseção pode abranger um ou mais municípios, ou parte de
município, inclusive da capital do Estado, contando com um mínimo de quinze advogados,
nela profissionalmente domiciliados.

104
§ 2º A Subseção é administrada por uma diretoria, com atribuições e composição
equivalentes às da diretoria do Conselho Seccional.
§ 3º Havendo mais de cem advogados, a Subseção pode ser integrada, também, por um
conselho em número de membros fixado pelo Conselho Seccional.
§ 4º Os quantitativos referidos nos §§ 1º e 3º deste artigo podem ser ampliados, na forma
do regimento interno do Conselho Seccional.
§ 5º Cabe ao Conselho Seccional fixar, em seu orçamento, dotações específicas destinadas
à manutenção das Subseções.
§ 6º O Conselho Seccional, mediante o voto de dois terços de seus membros, pode intervir
nas Subseções, onde constatar grave violação desta lei ou do regimento interno daquele.
Art. 61. Compete à Subseção, no âmbito de seu território:
I - dar cumprimento efetivo às finalidades da OAB;
II - velar pela dignidade, independência e valorização da advocacia, e fazer valer as
prerrogativas do advogado;
III - representar a OAB perante os poderes constituídos;
IV - desempenhar as atribuições previstas no regulamento geral ou por delegação de
competência do Conselho Seccional.
Parágrafo único. Ao Conselho da Subseção, quando houver, compete exercer as funções e
atribuições do Conselho Seccional, na forma do regimento interno deste, e ainda:
a) editar seu regimento interno, a ser referendado pelo Conselho Seccional;
b) editar resoluções, no âmbito de sua competência;
c) instaurar e instruir processos disciplinares, para julgamento pelo Tribunal de Ética e
Disciplina;
d) receber pedido de inscrição nos quadros de advogado e estagiário, instruindo e emitindo
parecer prévio, para decisão do Conselho Seccional.

CAPÍTULO V - Da Caixa de Assistência dos Advogados36


Art. 62. A Caixa de Assistência dos Advogados, com personalidade jurídica própria,
destina-se a prestar assistência aos inscritos no Conselho Seccional a que se vincule.
§ 1º A Caixa é criada e adquire personalidade jurídica com a aprovação e registro de seu
estatuto pelo respectivo Conselho Seccional da OAB, na forma do regulamento geral.
§ 2º A Caixa pode, em benefício dos advogados, promover a seguridade complementar.
§ 3º Compete ao Conselho Seccional fixar contribuição obrigatória devida por seus
inscritos, destinada à manutenção do disposto no parágrafo anterior, incidente sobre atos
decorrentes do efetivo exercício da advocacia.
§ 4º A diretoria da Caixa é composta de cinco membros, com atribuições definidas no seu
regimento interno.
Quando houverem 1500 inscritos advogados na Seccional, conforme art.45,
36

parágrafo 4º do Estatuto.

105
§ 5º Cabe à Caixa a metade da receita das anuidades recebidas pelo Conselho Seccional,
considerado o valor resultante após as deduções regulamentares obrigatórias.
§ 6º Em caso de extinção ou desativação da Caixa, seu patrimônio se incorpora ao do
Conselho Seccional respectivo.
§ 7º O Conselho Seccional, mediante voto de dois terços de seus membros, pode intervir na
Caixa de Assistência dos Advogados, no caso de descumprimento de suas finalidades,
designando diretoria provisória, enquanto durar a intervenção.

CAPÍTULO VI - Das Eleições e dos Mandatos


Art. 63. A eleição dos membros de todos os órgãos da OAB será realizada na segunda
quinzena do mês de novembro, do último ano do mandato, mediante cédula única e votação
direta dos advogados regularmente inscritos.
§ 1º A eleição, na forma e segundo os critérios e procedimentos estabelecidos no
regulamento geral, é de comparecimento obrigatório para todos os advogados inscritos na
OAB.
§ 2º O candidato deve comprovar situação regular junto à OAB, não ocupar cargo
exonerável ad nutum37, não ter sido condenado por infração disciplinar, salvo reabilitação, e
exercer efetivamente a profissão há mais de cinco anos.
Art. 64. Consideram-se eleitos os candidatos integrantes da chapa que obtiver a maioria dos
votos válidos.
§ 1º A chapa para o Conselho Seccional deve ser composta dos candidatos ao conselho e à
sua diretoria e, ainda, à delegação ao Conselho Federal e à Diretoria da Caixa de
Assistência dos Advogados para eleição conjunta.
§ 2º A chapa para a Subseção deve ser composta com os candidatos à diretoria, e de seu
conselho quando houver.
Art. 65. O mandato em qualquer órgão da OAB é de três anos, iniciando-se em primeiro de
janeiro do ano seguinte ao da eleição, salvo o Conselho Federal.
Parágrafo único. Os conselheiros federais eleitos iniciam seus mandatos em primeiro de
fevereiro do ano seguinte ao da eleição.
Art. 66. Extingue-se o mandato automaticamente, antes do seu término, quando:
I - ocorrer qualquer hipótese de cancelamento de inscrição ou de licenciamento do
profissional;
II - o titular sofrer condenação disciplinar;
III - o titular faltar, sem motivo justificado, a três reuniões ordinárias consecutivas de cada
órgão deliberativo do conselho ou da diretoria da Subseção ou da Caixa de Assistência dos
Advogados, não podendo ser reconduzido no mesmo período de mandato.
Parágrafo único. Extinto qualquer mandato, nas hipóteses deste artigo, cabe ao Conselho
Seccional escolher o substituto, caso não haja suplente.

37
“De confiança da Administração Pública Direta e Indireta”.

106
Art. 67. A eleição da Diretoria do Conselho Federal, que tomará posse no dia 1º de
fevereiro, obedecerá às seguintes regras:
I - será admitido registro, junto ao Conselho Federal, de candidatura à presidência, desde
seis meses até um mês antes da eleição;
II - o requerimento de registro deverá vir acompanhado do apoiamento de, no mínimo, seis
Conselhos Seccionais;
III - até um mês antes das eleições, deverá ser requerido o registro da chapa completa, sob
pena de cancelamento da candidatura respectiva;
IV - no dia 25 de janeiro, proceder-se-á, em todos os Conselhos Seccionais, à eleição da
Diretoria do Conselho Federal, devendo o Presidente do Conselho Seccional comunicar,
em três dias, à Diretoria do Conselho Federal, o resultado do pleito;
V - de posse dos resultados das Seccionais, a Diretoria do Conselho Federal procederá à
contagem dos votos, correspondendo a cada Conselho Seccional um voto, e proclamará o
resultado.
Parágrafo único. Com exceção do candidato a Presidente, os demais integrantes da chapa
deverão ser conselheiros federais eleitos.

TÍTULO III – DO PROCESSO NA OAB


CAPÍTULO I - Disposições Gerais
Art. 68. Salvo disposição em contrário, aplicam-se subsidiariamente ao processo disciplinar
as regras da legislação processual penal comum e, aos demais processos (inscrição, por
exemplo), as regras gerais do procedimento administrativo comum e da legislação
processual civil, nessa ordem.
Art. 69. Todos os prazos necessários à manifestação de advogados, estagiários e terceiros,
nos processos em geral da OAB, são de quinze dias, inclusive para interposição de
recursos.
§ 1º Nos casos de comunicação por ofício reservado, ou de notificação pessoal, o prazo se
conta a partir do dia útil imediato ao da notificação do recebimento.
§ 2º Nos casos de publicação na imprensa oficial do ato ou da decisão, o prazo inicia-se no
primeiro dia útil seguinte.

CAPÍTULO II - Do Processo Disciplinar


Art. 70. O poder de punir disciplinarmente os inscritos na OAB compete exclusivamente ao
Conselho Seccional em cuja base territorial tenha ocorrido a infração, salvo se a falta for
cometida perante o Conselho Federal.
§ 1º Cabe ao Tribunal de Ética e Disciplina, do Conselho Seccional competente, julgar os
processos disciplinares, instruídos pelas Subseções ou por relatores do próprio conselho.

107
§ 2º A decisão condenatória irrecorrível deve ser imediatamente comunicada ao Conselho
Seccional onde o representado tenha inscrição principal, para constar dos respectivos
assentamentos38.
§ 3º O Tribunal de Ética e Disciplina do Conselho onde o acusado tenha inscrição principal
pode suspendê-lo preventivamente, em caso de repercussão prejudicial à dignidade da
advocacia, depois de ouvi-lo em sessão especial para a qual deve ser notificado a
comparecer, salvo se não atender à notificação. Neste caso, o processo disciplinar deve ser
concluído no prazo máximo de noventa dias.
Art. 71. A jurisdição disciplinar não exclui a comum e, quando o fato constituir crime ou
contravenção, deve ser comunicado às autoridades competentes.
Art. 72. O processo disciplinar instaura-se de ofício ou mediante representação de qualquer
autoridade ou pessoa interessada.
§ 1º O Código de Ética e Disciplina estabelece os critérios de admissibilidade da
representação e os procedimentos disciplinares.
§ 2º O processo disciplinar tramita em sigilo, até o seu término, só tendo acesso às suas
informações as partes, seus defensores e a autoridade judiciária competente.
Art. 73. Recebida a representação, o Presidente deve designar relator, a quem compete a
instrução do processo e o oferecimento de parecer preliminar a ser submetido ao Tribunal
de Ética e Disciplina.
§ 1º Ao representado deve ser assegurado amplo direito de defesa, podendo acompanhar o
processo em todos os termos, pessoalmente ou por intermédio de procurador, oferecendo
defesa prévia após ser notificado, razões finais após a instrução e defesa oral perante o
Tribunal de Ética e Disciplina, por ocasião do julgamento.
§ 2º Se, após a defesa prévia, o relator se manifestar pelo indeferimento liminar da
representação, este deve ser decidido pelo Presidente do Conselho Seccional, para
determinar seu arquivamento.
§ 3º O prazo para defesa prévia pode ser prorrogado por motivo relevante, a juízo do
relator.
§ 4º Se o representado não for encontrado, ou for revel, o Presidente do Conselho ou da
Subseção deve designar-lhe defensor dativo;
§ 5º É também permitida a revisão do processo disciplinar, por erro de julgamento ou por
condenação baseada em falsa prova.
Art. 74. O Conselho Seccional pode adotar as medidas administrativas e judiciais
pertinentes, objetivando a que o profissional suspenso ou excluído devolva os documentos
de identificação.

CAPÍTULO III - Dos Recursos

38
Esta providência visa fazer constar do assentamento do infrator a infração cometida
e a punição aplicada; proceder à verificação dos antecedentes do infrator; proceder à
verificação das condições de elegibilidade do advogado.

108
Art. 75. Cabe recurso ao Conselho Federal de todas as decisões definitivas proferidas pelo
Conselho Seccional, quando não tenham sido unânimes ou, sendo unânimes, contrariem
esta lei, decisão do Conselho Federal ou de outro Conselho Seccional e, ainda, o
regulamento geral, o Código de Ética e Disciplina e os Provimentos.
Parágrafo único. Além dos interessados, o Presidente do Conselho Seccional é legitimado a
interpor o recurso referido neste artigo.
Art. 76. Cabe recurso ao Conselho Seccional de todas as decisões proferidas por seu
Presidente, pelo Tribunal de Ética e Disciplina, ou pela diretoria da Subseção ou da Caixa
de Assistência dos Advogados.
Art. 77. Todos os recursos têm efeito suspensivo, exceto quando tratarem de eleições (arts.
63 e seguintes), de suspensão preventiva decidida pelo Tribunal de Ética e Disciplina, e de
cancelamento da inscrição obtida com falsa prova.
Parágrafo único. O regulamento geral disciplina o cabimento de recursos específicos, no
âmbito de cada órgão julgador.

TÍTULO IV – DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS


Art. 78. Cabe ao Conselho Federal da OAB, por deliberação de dois terços, pelo menos,
das delegações, editar o regulamento geral deste estatuto, no prazo de seis meses, contados
da publicação desta lei.
Art. 79. Aos servidores da OAB, aplica-se o regime trabalhista.
§ 1º Aos servidores da OAB, sujeitos ao regime da Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de
1990, é concedido o direito de opção pelo regime trabalhista, no prazo de noventa dias a
partir da vigência desta lei, sendo assegurado aos optantes o pagamento de indenização,
quando da aposentadoria, correspondente a cinco vezes o valor da última remuneração.
§ 2º Os servidores que não optarem pelo regime trabalhista serão posicionados no quadro
em extinção, assegurado o direito adquirido ao regime legal anterior.
Art. 80. Os Conselhos Federal e Seccionais devem promover trienalmente as respectivas
Conferências, em data não coincidente com o ano eleitoral, e, periodicamente, reunião do
colégio de presidentes a eles vinculados, com finalidade consultiva.
Art. 81. Não se aplicam aos que tenham assumido originariamente o cargo de Presidente do
Conselho Federal ou dos Conselhos Seccionais, até a data da publicação desta lei, as
normas contidas no Título II, acerca da composição desses Conselhos, ficando assegurado
o pleno direito de voz e voto em suas sessões.
Art. 82. Aplicam-se as alterações previstas nesta lei, quanto a mandatos, eleições,
composição e atribuições dos órgãos da OAB, a partir do término do mandato dos atuais
membros, devendo os Conselhos Federal e Seccionais disciplinarem os respectivos
procedimentos de adaptação.
Parágrafo único. Os mandatos dos membros dos órgãos da OAB, eleitos na primeira
eleição sob a vigência desta lei, e na forma do Capítulo VI do Título II, terão início no dia
seguinte ao término dos atuais mandatos, encerrando-se em 31 de dezembro do terceiro ano
do mandato e em 31 de janeiro do terceiro ano do mandato, neste caso com relação ao
Conselho Federal.

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Art. 83. Não se aplica o disposto no art. 28, inciso II, desta lei, aos membros do Ministério
Público que, na data de promulgação da Constituição, se incluam na previsão do art. 29, §
3º, do seu Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Art. 84. O estagiário, inscrito no respectivo quadro, fica dispensado do Exame de Ordem,
desde que comprove, em até dois anos da promulgação desta lei, o exercício e resultado do
estágio profissional ou a conclusão, com aproveitamento, do estágio de Prática Forense e
Organização Judiciária, realizado junto à respectiva faculdade, na forma da legislação em
vigor.
Art. 85. O Instituto dos Advogados Brasileiros e as instituições a ele filiadas têm qualidade
para promover perante a OAB o que julgarem do interesse dos advogados em geral ou de
qualquer dos seus membros.
Art. 86. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 87. Revogam-se as disposições em contrário, especialmente a Lei nº 4.215, de 27 de
abril de 1963, a Lei nº 5.390, de 23 de fevereiro de 1968, o Decreto-Lei nº 505, de 18 de
março de 1969, a Lei nº 5.681, de 20 de julho de 1971, a Lei nº 5.842, de 6 de dezembro de
1972, a Lei nº 5.960, de 10 de dezembro de 1973, a Lei nº 6.743, de 5 de dezembro de
1979, a Lei nº 6.884, de 9 de dezembro de 1980, a Lei nº 6.994, de 26 de maio de 1982,
mantidos os efeitos da Lei nº 7.346, de 22 de julho de 1985.
Brasília, 4 de julho de 1994; 173º da Independência e 106º da República.
ITAMAR FRANCO

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