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Nilza Cantoni1
Conta-nos Xavier da Veiga[i] que não havia disputa entre as províncias até
que, em 1833, surgiu um questionamento sobre as divisas entre autoridades de
Aldeia da Pedra e do distrito de Santa Rita do Meia Pataca (atual Cataguases). Em
1836 voltaram a ocorrer disputas, agora entre as câmaras de Campos dos
Goytacazes e do Pomba. Três anos depois, os juízes de paz de Aldeia da Pedra e
Feijão Cru (hoje Leopoldina) enfrentaram-se sobre o mesmo tema, passando o ano
de 1839 a marcar o início de uma série de desordens que se estenderam até 1842.
No alto, à esquerda, destacada em vermelho a linha divisória entre Rio e Minas segundo cartografia
de 1856, e a localização de Leopoldina, antigo Feijão Cru.
Portanto, não restaram dúvidas de que o Curato do Feijão Cru, elevado a Vila
e Cidade da Leopoldina pouco tempo depois, pertencia à província de Minas Gerais.
Diferentemente do que aconteceu em Patrocínio do Muriaé e localidades adjacentes,
com os moradores recusando-se ao alistamento[ii] por acharem-se sujeitos ao Rio
de Janeiro, em Leopoldina não houve nenhum problema desta natureza. Quando
começaram as disputas entre fluminenses e mineiros em 1882, o território reclamado
já estava desmembrado de Leopoldina há mais de uma década. Diga-se, a bem da
verdade, que os litígios do final do século XIX atingiam região que só esteve
subordinado a Leopoldina entre 1854 e 1871.
Entre 1843 e 1897 porém, o território do antigo Curato do Feijão Cru esteve
subordinado civilmente a Minas Gerais e suas igrejas vinculadas ao Bispado do Rio
de Janeiro. Pelo que se pode observar na documentação remanescente[iii], a
mudança para o Bispado de Mariana ocorreu sem conflitos.
Fontes:
[i] VEIGA, João Pedro Xavier da. Notícias Histórica da Questão de Limites entre os
Estados de Minas Geraes e Rio de Janeiro. Revista do Arquivo Público Mineiro,
Ouro Preto, v. 4, p.332-376, 1899.