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PROCURADORIAGERAL FEDERAL
DEPARTAMENTO DE CONSULTORIA
NOTA n. 00036/2015/DEPCONSU/PGF/AGU
NUP: 48400.001366/201423
INTERESSADOS: DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL DNPM
ASSUNTOS: PRORROGAÇÃO DE CESSÃO
EMENTA:
I – REQUISIÇÃO DE SERVIDORA. CARTÓRIO ELEITORAL. TRIBUNAL
REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ – TRE/CE. CONTROVÉRSIA QUANTO AO
PRAZO DE PRORROGAÇÃO.
II –INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA À LEI Nº 6.999/1982; DECRETO Nº
4.050/2001;
III PARECER Nº 15/2012/AACF/DEPCONSU/PGF/AGU e NOTA nº
07/2014/DEPCONSU/PGF/AGU. INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA AO ART. 2º,
INCISO I, DA Lei Nº 6.999, DE 1982.
IV O PRAZO PARA REQUISIÇÃO DE SERVIDORES DO EXECUTIVO À
JUSTIÇA ELEITORAL É DE 1 (UM) ANO, PRORROGÁVEL POR MAIS 1 (UM
ANO), COMPROVADA A MANUTENÇÃO DA NECESSIDADE DE REQUISIÇÃO.
V – PELA DEVOLUÇÃO DA SERVIDORA AO ÓRGÃO DE ORIGEM.
Senhor Diretor do Departamento de Consultoria,
1. Tratase do Ofício nº 3358/2014, encaminhado ao DiretorGeral do Departamento Nacional
de Produção Mineral – DNPM, pela Juíza Auxiliar da Presidência do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará,
reportandose ao Ofício nº 423/2014GMMME, de 21/7/2014, que se refere à prorrogação da requisição da
servidora Elisabete Valverde Araújo Alves daquele Departamento, que se encontra prestando serviço no
Cartório da 3ª Zona Eleitoral de Fortaleza, oportunidade na qual “esclarece” que:
“(...) a requisição de servidores para o serviço eleitoral – ao contrário do instituto da
cessão – constitui ato de império desta Justiça Especializada, revestido de caráter
irrecusável, de acordo com o art. 1º, inciso I, do Decreto Federal nº 4.050/2001
transcrito a seguir, e de competência privativa dos Tribunais Regionais Eleitorais, nos
termos do art. 30, inciso XIV, da Lei nº 4.737/1965 (Código Eleitoral), e do art. 6º § 2º,
da Resolução TSE nº 23.255/2010, sendo prescindível, portanto, a anuência do órgão
de origem.”
2. Referido ofício, afirma ainda, no tocante ao prazo de permanência de servidores requisitados,
que com vistas a regulamentar as recomendações contidas nos Acórdãos do Tribunal de Contas da União, nº
199/2011, 1551/2012 e 2314/2012, o TRE/CE editou a Resolução TRE/CE nº 506, de 2012, estabelecendo, de
acordo com os comandos da Corte de Contas, o prazo máximo de 10 (dez) anos para a permanência de
requisitados nas zonas eleitorais, sendo que com relação à servidora em questão foi verificado que a última
prorrogação de sua requisição ocorreu em 17/9/2013, para o período de 10 de outubro de 2013 à 9 de outubro
de 2014, correspondendo assim ao segundo ano de sua permanência no âmbito da Justiça Eleitoral do Ceará, de
acordo com o art. 16 do citado regulamento.
3. Ocorre que às fls. 04 segue Despacho (Ref. nº 98272014PAD), que cuida do Ofício nº
423/2014GMMME, de 21.7.2014, subscrito pelo Chefe de Gabinete do Ministro de Estado das Minas e
Energia, encaminhando cópia do despacho exarado pelo DiretorGeral do DNPM, comunicando o
indeferimento do pedido de prorrogação da requisição da referida servidora, em razão do significativo
tempo de serviço prestado pela mesma à Justiça Especializada, além do reduzido quadro de pessoal da
Autarquia, posto que a “Seção de Normas e Jurisprudência de Pessoal (SENOP) informou que a
serventuária presta serviços à Justiça Eleitoral desde 10.10.2003, sendo sua requisição fundamentada na
Lei nº 6.999/1982, no Decreto nº 4.050/2001, na Resolução TSE nº 23.255/2010 e na Resolução TRE/CE nº
506/2012.”
4. Na sequência, pelo Ofício nº 3425/2014 (fl. 09), o TRE/CE comunica ao Ministro de Estado
das Minas e Energia que na sessão de 20/8/2014, resolveu, nos termos do art. 30, inciso XIII, combinado com o
art. 365 do Código Eleitoral, e da Lei nº 6.999/82 autorizar a renovação da servidora, datilógrafa do DNPM,
lotada na Superintendência do Ceará, a fim de continuar prestando serviço junto ao Cartório da 3ª Zona
Eleitoral de Fortaleza, no período de 10 de outubro de 2014 a 9 de outubro de 2015. Na oportunidade
ressaltou o disposto no art. 365 do Código Eleitoral e art. 9º da Lei nº 6.999/82, que estabelecem:
"Art. 365 O serviço eleitoral prefere a qualquer outro, é obrigatório e não interrompe
o interstício de promoção dos funcionários para ele requisitados.
Art. 9º O servidor requisitado para o serviço eleitoral conservará os direitos e
vantagens inerentes ao exercício de seu cargo ou emprego."
5. Por fim, referido documento determina “seja expedido ofício ao Departamento Nacional de
Produção Mineral, bem como ao Ministério de Minas e Energia, ratificando a legalidade da renovação de
requisição em comento, com remessa de cópia deste despacho”.
6. Em seguida os autos foram encaminhados ao Sr. Diretor de Gestão Administrativa Substituto
do DPNM, nos termos do Mem. nº 800/2014 – DIRE/APOIO/DNPM/SEDE, para ciência e devidas providências
em vistas a atender a solicitação do Ministério de Minas e Energia/MME. Este por sua vez, encaminha o
processo ao DiretorGeral do DNPM, nos termos do Ofício nº 536/2014GMMME, solicitando o obséquio de
observar o teor do Ofício nº 3359/TRE/CE, bem como os dispositivos legais considerados pelo TRE/CE para a
permanência de servidores requisitados, bem como o estrito cumprimento da norma geral para a prática desses
atos no âmbito da Administração Pública Federal.
7. Às fls. 17, segue o DESPACHO Nº 1862/2014/SGCB/CRH/CGA/DGADM, da Diretoria de
Gestão Administrativa, ao analisar a prorrogação, sugere o encaminhamento dos autos à PROJUR para a
análise da juridicidade da prorrogação, especialmente quanto ao princípio da separação dos poderes, tendo
em vista que o assunto é recorrente no âmbito do DNPM e considerando a manifestação do TRE/CE deixar claro
que a requisição prescindiria de anuência do DNPM, tendo sido o prazo máximo para a prorrogação
estabelecido unilateralmente por aquele Tribunal. Desta feita, os autos foram encaminhados à Procuradoria
Jurídica, pelo DESPACHO 1628/2014DGADM, fls. 18, para conhecimento e manifestação.
8. Em conclusão, o PARECER/PROGE Nº 508/2014dsp (fls. 20 à 30), abordando a solicitação
da renovação da requisição da servidora e embasando a controvérsia das disposições na Lei nº 6.999, de 7 de
junho de 1982, com entendimentos do Tribunal de Contas da União e da ProcuradoriaGeral Federal, cita Nota
deste Departamento de Consultoria DEPCONSU, qual seja, Nota nº 07/2014/DEPCONSU/PGF/AGU,
sugerindo o encaminhamento dos autos a este DEPCONSU, com sugestão de submissão à Câmara de
Conciliação e Arbitragem da Administração Federal – CCAF.
9. É o relatório.
10. Retorna à este Departamento de Consultoria controvérsia jurídica envolvendo o alcance da
limitação temporal imposta pelo art. 2º da Lei nº 6.999, de 1982, em se tratando de afastamento de servidores
públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios para prestar serviços à Justiça Eleitoral,
mais precisamente a Cartório Eleitoral.
11. Conforme muito bem explicitado pela Nota nº 07/2014/DEPCONSU/PGF/AGU a requisição
é medida excepcional, que visa suprir deficiências temporárias de pessoal da Justiça Eleitoral decorrente do
aumento circunstancial do trabalho (“ano de eleição”), exigindo assim aplicação cuidadosa.
12. Por esse motivo, não é aconselhável que ocorram prorrogações ilimitadas, posto que
distorcem o instituto e os propósitos da Lei nº 6.999, de 1982, com ofensa aos princípios constitucionais da
legalidade, da impessoalidade, da eficiência e do acesso a cargos públicos via concurso público (art. 37, caput e
inciso II, da Constituição Federal).
13. Vejamos o disposto na Lei:
“LEI Nº 6.999, DE 7 DE JUNHO DE 1982.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art . 1º O afastamento de servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito
Federal, dos Territórios, dos Municípios e das autarquias, para prestar serviços à
Justiça Eleitoral, darseá na forma estabelecias por esta Lei.
Art . 2º As requisições para os Cartórios Eleitorais deverão recair em servidor lotado
na área de jurisdição do respectivo Juízo Eleitoral, salvo em casos especiais, a critério
do Tribunal Superior Eleitoral.
§ 1º As requisições serão feitas pelo prazo de 1 (um) ano, prorrogável, e não
excederão a 1 (um) servidor por 10.000 (dez mil) ou fração superior a 5.000 (cinco mil)
eleitores inscritos na Zona Eleitoral.
§ 2º Independentemente da proporção prevista no, parágrafo anterior, admitirseá a
requisição de 1 (um) servidor.” (grifamos)
Art . 3º No caso de acúmulo ocasional de serviço na Zona Eleitoral e observado o
disposto no art. 2º e seus parágrafos desta Lei, poderão ser requisitados outros
servidores pelo prazo máximo e improrrogável de 6 (seis) meses.
§ 1º Os limites estabelecidos nos parágrafos do artigo anterior só poderão ser
excedidos em casos excepcionais, a juízo do Tribunal Superior Eleitoral.
§ 2º Esgotado o prazo de 6 (seis) meses, o servidor será desligado automaticamente da
Justiça Eleitoral, retomando a sua repartição de origem.
§ 3º Na hipótese prevista neste artigo, somente após decorrido 1 (um) ano poderá
haver nova requisição do mesmo servidor.
Art . 4º Exceto no caso de nomeação para cargo em comissão, as requisições para as
Secretarias dos Tribunais Eleitorais, serão feitas por prazo certo, não excedente de 1
(um) ano.
Parágrafo único Esgotado o prazo fixado neste artigo, procederseá na forma dos §§
2º e 3º do artigo anterior.
Art . 5º Os servidores atualmente requisitados para as Secretarias dos Tribunais
Eleitorais poderão ter suas requisições renovadas anualmente.
Art . 6º Os servidores atualmente requisitados para os Cartórios Eleitorais, em
número excedente ao fixado nos limites estabelecidos no art. 2º desta Lei, deverão ser
desligados pelos respectivos Tribunais, no prazo de 30 (trinta) dias a contar da data da
publicação desta Lei, retornando as suas repartições de origem.
Art . 7º Ressalvada a hipótese do artigo anterior, os prazos de requisição dos
servidores atualmente a disposição da Justiça Eleitoral consideramse iniciados na
data da entrada em vigor desta Lei.
Art . 8º Salvo na hipótese de nomeação para cargo em comissão, não serão
requisitados ocupantes de cargos isolados, de cargos ou empregos técnicos ou
científicos, e de quaisquer cargos ou empregos do magistério federal, estadual ou
municipal.
Art . 9º O servidor requisitado para o serviço eleitoral conservará os direitos e
vantagens inerentes ao exercício de seu cargo ou emprego.(...)” (grifamos)
14. Verificase que o legislador separou as requisições em dois grupos: 1) referentes aos
Cartórios Eleitorais que, embora tenham prazos delimitados, podem ser prorrogadas; 2) as das Secretarias dos
Tribunais Eleitorais, com tempo de duração fixo que não pode ser ampliado; sendo que para qualquer tipo de
requisição deve ocorrer um interstício de pelo menos um ano para um mesmo servidor retornar ao Tribunal
Regional Eleitoral no qual já prestou serviços.
15. Por Zona Eleitoral entendese a região geograficamente delimitada dentro de um estado,
gerenciada pelo Cartório Eleitoral, que centraliza e coordena os eleitores domiciliados na localidade. Pode ser
composta por mais de um município ou apenas por parte dele, seguindo em regra a divisão de comarcas da
Justiça Estadual – limite territorial de competência de cada juízo.
16. Vale ainda mencionar que o Projeto de Lei nº 5.330, de 1981 (nº 118 no Senado Federal)
atual Lei nº 6.999, de 1982 foi vetado nos termos dos artigos 59, parágrafo 1º e 81, item IV da Constituição
Federal anterior, conforme a mensagem de Veto nº 235, posto que previa a possibilidade do funcionário de outros
órgãos que prestassem serviços aos Tribunais Regionais Eleitorais concorrerem a transposição ou a
transformação de cargo, o que naquela altura já contrariava a previsão constitucional de admissão mediante
concurso público, vejamos:
Mensagem de Veto nº 235:
“Art. 10 – Os funcionários federais, estaduais e municipais, pertencentes a outros
órgãos da Administração Pública e que presentemente estiverem prestando serviços aos
Tribunais Regionais Eleitorais, poderão concorrer à transposição ou à transformação
dos respectivos cargos dos Quadros Permanentes dos Tribunais”.
Com efeito, o art. 108 § 2º da Constituição, prescreve que os Tribunais federais
“somente poderão admitir servidores mediante concurso público de provas, ou provas e
títulos, após a criação dos cargos respectivos, por lei aprovada pela maioria absoluta
dos membros das casas legislativas competentes.
A única forma de se proceder à integração dos funcionários requisitados nas
secretarias dos Tribunais é sua investidura em cargos disponíveis, previstos nos
respectivos quadros permanentes. Esses cargos não prescindem de criação por lei, cuja
tramitação no Congresso nacional deve obediência a rito especial, previsto no art. 108,
§ 2º, retrocitado.
17. O ato ressalta ainda a impropriedade na redação do dispositivo vetado ao tratar de
“transformação ou transposição” de cargos públicos, não se comportando no sistema federativo que prima pela
autonomia dos Estados e Municípios, bem como a afronta ao art. 65 § 1º, da Constituição, uma vez que muitos
funcionários requisitados percebem seus vencimentos dos erários estaduais ou municipais e, ao passar aos
quadros permanentes dos Tribunais Regionais Eleitorais, seriam pagos pela União, o que importaria aumento da
despesa:
Além disso, há impropriedade na redação do dispositivo ora vetado, quando trata de
“transformação ou transposição” de cargos públicos estaduais e municipais em cargos
públicos federais. Tal não se comporta no sistema federativo, que prima pela
autonomia dos Estados e Municípios (Arts. 13 e 15 da Constituição).
Há, ainda, afronta ao art. 65, § 1º, da Carta, uma vez que muitos funcionários
requisitados percebem seus vencimentos dos erários estaduais ou municipais e,
passando aos quadros permanentes dos Tribunais Regionais Eleitorais, seriam pagos
pela União, o que importa aumento da despesa.
São estas as razões que me levaram a vetar, parcialmente, o projeto em causa, as quais
ora submeto a elevada apreciação dos Senhores Membros do Congresso Nacional.
18. O Decreto nº 4.050, de 2001, que regulamenta o art. 93 da Lei nº 8.112, de 1990 (cessão de
servidores de órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta, autárquica e fundacional e outras
providências), dispõe em seu artigo 1º que a requisição é revestida de caráter irrecusável, sendo prescindível a
anuência do órgão de origem, sem prejuízo da remuneração ou salários permanentes, inclusive encargos sociais,
gratificação natalina, férias e adicional de um terço, vejamos:
Art. 1º Para fins deste Decreto considerase:
I requisição: ato irrecusável, que implica a transferência do exercício do servidor
ou empregado, sem alteração da lotação no órgão de origem e sem prejuízo da
remuneração ou salário permanentes, inclusive encargos sociais, abono pecuniário,
gratificação natalina, férias e adicional de um terço; II cessão: ato autorizativo
para o exercício de cargo em comissão ou função de confiança, ou para atender
situações previstas em leis específicas, em outro órgão ou entidade dos Poderes da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, sem alteração da lotação no
órgão de origem; III reembolso: pagamento referente a parcelas da remuneração
ou salário permanentes, já incorporadas à remuneração do cedido, inclusive encargos
sociais, abono pecuniário, gratificação natalina, férias e adicional de um terço de
férias, excluídas as relativas ao exercício de cargos comissionados ou função de
confiança e chefia no órgão ou entidade de origem; IV órgão cessionário: o órgão
onde o servidor irá exercer suas atividades; e
V órgão cedente: o órgão de origem e lotação do servidor cedido.
Art. 2º O servidor da Administração Pública Federal direta, suas autarquias e
fundações poderá ser cedido a outro órgão ou entidade dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, incluindo as empresas públicas e
sociedades de economia mista, para o exercício de cargo em comissão ou função de
confiança e, ainda, para atender a situações previstas em leis específicas.
Parágrafo único. Ressalvadas as cessões no âmbito do Poder Executivo e os casos
previstos em leis específicas, a cessão será concedida pelo prazo de até um ano,
podendo ser prorrogado no interesse dos órgãos ou das entidades cedentes e
cessionários. Art. 3º Ressalvada a hipótese contida no § 4º do art. 93 da Lei nº 8.112,
de 11 de dezembro de 1990, a cessão obedecerá aos seguintes procedimentos:
I quando ocorrer no âmbito do Poder Executivo, será autorizada pelo Ministro de
Estado ou autoridade competente de órgão integrante da Presidência da República a
que pertencer o servidor; e
II quando ocorrer para órgão ou entidade dos Estados, do Distrito Federal, dos
Municípios ou de outro Poder da União, será autorizada pelo Órgão Central do
Sistema de Pessoal Civil SIPEC, ficando condicionada à anuência do Ministro de
Estado ou autoridade competente de órgão integrante da Presidência da República ao
qual o servidor estiver lotado. Art. 4º Na hipótese do inciso II do art. 3º , quando a
cessão ocorrer para os Poderes dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, o
ônus da remuneração do servidor cedido, acrescido dos respectivos encargos sociais,
será do órgão ou da entidade cessionária.
19. Sabemos ainda que as requisições de servidores e suas respectivas prorrogações são
disciplinada pela Lei nº 4.737, de 1965, o Código Eleitoral, que por sua vez estabelece:
Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior:
XVI – requisitar funcionários da União e do Distrito Federal quando o exigir o
acúmulo ocasional do serviço de sua Secretaria;
Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais:
XIV – requisitar funcionários da União e, ainda, no Distrito Federal e em cada Estado
ou Território, funcionários dos respectivos quadros administrativos, no caso de
acúmulo ocasional de serviço de suas Secretarias;
20. Fica claro portanto que o que justifica a requisição de servidores, de qualquer forma, é
situação excepcional envolvendo acúmulo ocasional de trabalho, de caráter restritivo, ou seja, não comportando
a finalidade de eternizar o vínculo, mediante prorrogações consecutivas e ilimitadas.
21. Acrescentese ainda que a Resolução TRE/CE nº 506, citada inicialmente nos autos, sofreu
alterações significativas com o advento das Resoluções nº 517, de 20.3.2013 e nº 585/2015. Vejamos o que
dispõe quanto ao prazo de prorrogação:
“Art. 11. As requisições poderão ser prorrogadas a critério deste Tribunal, mediante
avaliação anual de necessidades, procedendose o exame caso a caso. (Resolução TSE
nº 23.255/2010, art. 6º § 2º).
Art. 12. Os servidores requisitados pelo Tribunal Regional Eleitoral do Ceará poderão
exercer suas atividades nos Cartórios Eleitorais pelos seguintes períodos:
I – 6 (seis) anos, na hipótese de servidor oriundo da Administração Pública Federal,
considerandose, nesse lapso, 1 (um) ano de requisição inicial e até 5 (cinco) anos de
prorrogação) (inciso acrescentado pela Resolução nº 585/2015)
II – 8 (oito) anos, na hipótese de servidor oriundo da Administração Estadual ou
Municipal, considerandose, nesse lapso, 1 (um) ano de requisição inicial e até 7 (sete)
anos de prorrogação. (inciso acrescentado pela Resolução nº 585/2015)
§ 1º Esgotados os prazos estabelecidos neste artigo, os servidores serão devolvidos
automaticamente aos seus respectivos órgãos públicos de origem e somente poderão
ser novamente requisitados pela Justiça Eleitoral após o decurso de 1 (um) ano. (nova
redação dada pela Resolução nº 585/2015)
§ 2º Para fins de contagem do prazo de requisição, considerarseá como data inicial o
dia em que o servidor comparecer ao Cartório Eleitoral em que desempenhará suas
funções. (nova redação dada pela Resolução nº 585/2015)”
22. O Tribunal Superior Eleitoral, regulamentou a matéria através da Resolução TSE nº
23255/10, de 29 de abril de 2010, que dispõe sobre a requisição de servidores públicos pela Justiça Federal, de
que trata a Lei nº 6.999 de 7 de junho de 1982. Tal Resolução deixa claro ainda, em seu artigo 3º, que a
requisição deve ocorrer dentro da mesma unidade da Federação:
“Art. 1° Os servidores públicos da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos
Territórios, dos Municípios e das autarquias podem ser requisitados para prestar
serviços à Justiça Eleitoral, com ônus para o órgão de origem, regendose o
afastamento na forma destas instruções, sempre no interesse da Justiça Eleitoral.
Art. 2° Não podem ser requisitados ocupantes de cargos isolados, de cargos ou
empregos técnicos ou científicos, e de quaisquer cargos ou empregos do magistério
federal, estadual ou municipal, salvo na hipótese de nomeação para cargo em
comissão.
Art. 3° A requisição deve ocorrer dentro da mesma unidade da Federação.” (grifamos)
23. Além disso, a Resolução TSE nº 23255/10 diferencia a requisição para os Cartórios
Eleitorais (Seção II), da requisição para as Secretarias dos Tribunais Eleitorais (Seção III), estabelecendo ainda
uma terceira modalidade, qual seja, a cessão de servidores à Justiça Eleitoral para ocupar cargo em comissão ou
exercer função de confiança com base no art. 93, inciso I, da Lei nº 8.112, de 1990, artigo 10:
Seção II
Da Requisição para os Cartórios Eleitorais
Art. 6° Compete aos tribunais regionais eleitorais requisitar servidores lotados no
âmbito de sua jurisdição para auxiliarem os cartórios das zonas eleitorais, observada a
correlação entre as atividades desenvolvidas pelo servidor no órgão de origem e
aquelas a serem desenvolvidas no serviço eleitoral.
§ 1° Os juízes eleitorais podem, a critério do respectivo tribunal regional, requisitar
servidores para auxiliar os cartórios das zonas eleitorais do interior, no âmbito de sua
jurisdição, devendo encaminhar ao tribunal regional os dados cadastrais do servidor.
§2° As requisições são feitas pelo prazo de um ano, podendo ser prorrogadas a critério
dos tribunais regionais, mediante avaliação anual de necessidades, caso a caso.
§ 3° As requisições não podem exceder a um servidor por dez mil ou fração superior a
cinco mil eleitores inscritos na zona eleitoral.
§ 4° Nas zonas eleitorais com até dez mil eleitores inscritos, admitese a requisição de
apenas um servidor.
§ 5° O limite quantitativo estabelecido no § 3° deste artigo somente pode ser excedido
em casos excepcionais, a juízo do TSE, mediante solicitação dos tribunais regionais,
instruída com as justificativas pertinentes.
Art. 7° No caso de acúmulo ocasional de serviço na zona eleitoral podem ser excedidos
os limites estabelecidos no art. 6° e requisitados outros servidores, pelo prazo máximo e
improrrogável de seis meses, desde que autorizado pelo Tribunal Superior Eleitoral.
§ 1° Esgotado o prazo da requisição, o servidor é desligado automaticamente da
Justiça Eleitoral, retornando ao órgão de origem.
§ 2° Na hipótese prevista neste artigo, somente depois de decorrido um ano pode haver
nova requisição do mesmo servidor.
Seção III
Da Requisição para as Secretarias dos Tribunais Eleitorais
Art. 8° Compete aos tribunais eleitorais, por ato de seu presidente, requisitar
servidores, quando houver acúmulo ocasional do serviço de sua secretaria.
Parágrafo único. O quantitativo de servidores requisitados não pode exceder a cinco
por cento do número de cargos efetivos do quadro de pessoal permanente do tribunal,
com lotação na respectiva secretaria.
Art. 9° As requisições para as secretarias dos tribunais eleitorais são feitas por prazo
certo, não excedente a um ano. Parágrafo único. Esgotado o prazo fixado neste artigo,
o servidor é desligado automaticamente e deve retornar ao órgão de origem, só
podendo ser novamente requisitado após o decurso de um ano.
Seção IV
Disposições Finais
Art. 10. A cessão de servidores à Justiça Eleitoral para ocupar cargo em comissão ou
exercer função de confiança se dá com base no art. 93, inciso I, da Lei nº 8.112, de 11
de dezembro de 1990, e cessa automaticamente em caso de exoneração ou dispensa.
Parágrafo único. À cessão prevista no art. 94A, inciso li, da Lei nº 9.504, de 30 de
setembro de 1997, aplicase o disposto no art. 7°, caput.
Art. 11. Não serão admitidas outras formas de requisição ou cessão de servidores para
a Justiça Eleitoral que não sejam as previstas nesta resolução.
(...)”
24. Assim, vale transcrever parte da Nota nº 07/2014/DEPCONSU/PGF/AGU, exarada no dia
28 de março de 2014, que ao analisar controvérsia idêntica, envolvendo a limitação temporal imposta pelo art. 2º
§ 1º da Lei nº 6.999, de 1982, concluiu pela aplicação de interpretação restritiva ao normativo, devendo a
requisição de servidor para prestar serviço a Cartório Eleitoral obedecer o prazo de 1 (um) ano, prorrogável,
uma única vez, por igual período, vejamos:
“32. Por derradeiro, não se vislumbra, data venia, a pertinência de submeter o caso à
CCAF/AGU (vide fls. 43 e 47), por não se tratar de controvérsia de interesse adstrito ao
IBGE e ao TRE/RN. Na verdade, o presente processo é representativo de uma
controvérsia mais ampla, de interesse de diversos órgãos e
entidades da Administração Federal. Pelo esse motivo, evidenciase interessante
considerar a possibilidade de alteração legislativa, conferindo nova e inequívoca
redação ao §1 do art. 2º. da Lei nº 6.999, de 1982, sem prejuízo de outras medidas que
por ventura venham a ser reputadas cabíveis pela AdvocaciaGeral da União (remessa
de cópia dos autos ao TCU, para conhecimento, inclusive no tocante à eventual
inobservância pelo TRE/RN das determinações contidas no Acórdão nº 199/2011TCU
Plenário, diálogo com o Presidente do TSE, dentre outras.
199/2011TCUPlenário, diálogo com o Presidente do TSE, dentre outras). “ (grifamos)
“ CONCLUSÃO:
33. Diante do exposto, opinase pelo acolhimento do entendimento exposto no Parecer
DCA/COACON/PF/IBGE nº 110/2011, da Procuradoria Federal junto ao IBGE, que se
encontra alinhado ao posicionamento adotado no Parecer nº 1.309
3.17/2011/AGU/CONJUR/MP, da Consultoria Jurídica do Ministério do Planejamento
Orçamento e Gestão, e no Acórdão nº 199/TCU Plenário, do Tribunal de Contas da
União, bem como precedentes do Supremo Tribunal Federal (fls. 23/32 e 34/42), no
sentido de que se deve conferir uma interpretação restritiva ao art. 2º, I, da Lei nº
6.999, de 1982, pela possibilidade de requisição de servidor para prestar serviço a
Cartório Eleitoral por um ano, prorrogável uma única vez por igual período.
34. Ante a divergência verificada quanto ao tema entre a Justiça Eleitoral (TRE/RN e
TSE) e órgãos da Administração Federal, representados e orientados pela PGF/AGU,
sugerese a remessa do feito à ConsultoriaGeral da União para conhecimento da
questão e análise da pertinência das medidas cogitadas no item 32.
25. Desta forma, vêse que a prorrogação sucessiva e ilimitada do servidor requisitado não
possui o necessário amparo no ordenamento jurídico, prorrogações ilimitadas distorcem o instituto e o propósito
da Lei nº 6.999, de 7 de julho de 1982, com ofensa aos princípios constitucionais de legalidade, da
impessoalidade, da eficiência e do acesso a cargos públicos via concurso público.
26. Pelo princípio da Legalidade, toda e qualquer atividade administrativa deve ser autorizada
por lei, motivo pelo qual o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza. Por sua vez, de acordo com o
princípio da Impessoalidade, o administrador público não pode contratar quem quiser, mas somente os aprovados
em concurso público, respeitando ainda a ordem de classificação, mantendo assim posição de neutralidade em
relação aos administrados, sendo vedada discriminações gratuitas. Portanto, só é possível que se faça
discriminações que se justifiquem em razão do interesse coletivo, pois as gratuitas caracterizam abuso de poder
e desvio de finalidade, que são espécies do gênero ilegalidade.
27. Acrescentese que considerando que as vagas de cada órgão são dimensionadas em função
das necessidades de tal órgão, a requisição deve seguir o prazo estritamente necessário para o cumprimento dos
processos eleitorais.
28. Vale citar a existência da Nota Técnica Consolidada nº
02/2014/CGNOR/DENOP/SEGEP/MP no mesmo sentido da manifestação já exarada por esse Departamento:
a) Em interpretação sistemática à Lei nº 6.999, de 1982; ao Decreto nº 4.050, de 2001; ao
Acórdão nº 199/2011 Plenário do Tribunal de Contas da União e ao PARECER Nº
15/2012/AACF/DEPCONSU/PGF/AGU, o prazo para a requisição de servidores do
Poder Executivo à Justiça Eleitoral é de 1 (um) ano, prorrogável por mais 1 (um) ano,
desde que comprovada a manutenção da necessidade da requisição;
29. Por fim, conforme a referida Nota Técnica ao analisar as requisições para a Justiça
Eleitoral, devese observar a regularidade do ato e da sua adequação aos princípios administrativos,
especialmente o da impessoalidade, bem como se a autorização não prejudicará as atividades finalísticas do
órgão requisitado e, ainda, caso tiverem servidores requisitados pela Justiça Federal há mais de 1 (um) ano
poderão solicitar o retorno desses servidores aos seus quadros, devendo observar ainda que:
I. vencido o prazo máximo de permanência do servidor ou empregado público no
âmbito da justiça eleitoral – incluindose aí o prazo de prorrogação de 1 (um) ano o
órgão deverá adotar as providências necessárias ao seu retorno ao órgão de origem e,
caso necessário e em comum acordo, poderá haver a indicação de novo servidor, desde
que atendidos os critérios necessários à efetivação do ato de requisição; e
II. caso o prazo de permanência do servidor no âmbito da justiça federal já esteja
extrapolado, o órgão deverá notificar o respectivo tribunal para que este providencie o
seu retorno imediato, cabendo, em todo caso, negociação quanto ao prazo de retorno
visando não causar prejuízos de descontinuidade às atividades desenvolvidas pelo
Tribunal, sugerindo que este não ultrapasse 6 (seis) meses.
30. Assim, entendemos que a requisição da servidora Elisabete Valverde Araújo Alves do
DNPM, pelo Cartório da 3ª Zona Eleitoral de Fortaleza já extrapolou o prazo razoável de prorrogação, o que
pode gerar risco a efetividade e a imparcialidade imprescindíveis a administração da Justiça Eleitoral.
CONCLUSÃO:
31. Ante o exposto, somos pela ratificação do entendimento adotado no PARECER Nº
15/2012/AACF/DEPCONSU/PGF/AGU e NOTA nº 07/2014/DEPCONSU/PGF/AGU, e assim sendo, pela
impossibilidade de nova prorrogação da requisição da servidora Elisabete Valverde Araújo Alvesantono do
DNPM pelo Cartório da 3ª Zona Eleitoral de Fortaleza, devendo a servidora retornar ao órgão de origem para o
exercício regular de suas funções.
32. Por fim, sugerese que seja diligenciado junto ao MPOGTSE para que avalie a possibilidade
de alteração da resolução com expressa limitação de prorrogação.
33. É o parecer. À superior consideração.
Brasília, 31 de julho de 2015.
ANA CRISTINA VELLOSO CRUZ
Procuradora Federal
Leonardo Vogel
Estagiário de Direito
De acordo. Encaminhese conforme sugerido.
Brasília, de de 2015.
ANTONIO CARLOS SOARES MARTINS
Diretor do Departamento de Consultoria/PGF
Aprovo.
Brasília, de de 2015
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