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Expediente / Índice

4 Matéria de Capa
imprensa@sieeesp.com.br Ensino Superior – Expansão e carências

DIRETORIA

Presidente
Benjamin Ribeiro da Silva
Colégio Albert Einstein 12 Financeiro
32 Bett Brasil Educar
1º Vice-presidente Atenção: Operações Melhor escola,
José Augusto de Mattos Lourenço
Colégio São João Gualberto financeiras são melhor sociedade
2º Vice-presidente
Waldman Biolcati
monitoradas pela
Receita Federal
36
Curso Cidade de Araçatuba
Formação
1º Tesoureiro
José Antônio Figueiredo Antiório
A subjetividade
14
Colégio Padre Anchieta
Informática
2º Tesoureiro
Antônio Batista Grosso
na formação de
Colégio Átomo
Como saber se a educadores: sentidos
1º Secretário
Itamar Heráclio Góes Silva criança tem problema do aprender e
Educ Empreendimentos Educacionais
2º Secretário
fonoaudiológico? do ensinar
Antônio Francisco dos Santos
Colégio Novo Acadêmico

Diretores de regionais 16 Saúde


38 Escola Legal
ABCDMR
Oswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008
Quais são os primeiros Vale a pena ser uma
Araçatuba sinais do autismo “Escola Legal”
Waldman Biolcati - (18) 3623-1168
numa criança?
40
Bauru
Gerson Trevizani - (14) 3227-8503 Cyberbullying
Campinas
Antonio F. dos Santos - (19) 3236-6333
Guarulhos
18 Inclusão
Professores vitimados
Wilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842 Escola não é clínica pelo cyberbullying
Marília
Luiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437
Ribeirão Preto
João A. A. Velloso - (16) 3610-0217 20 Flexibilização Curricular 44 Sociedade
Osasco
José Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327 Educação Inclusiva: Brasileiro não é racista.
Presidente Prudente Os desafios na Verdade?
Antonio Batista Grosso - (18) 3223-2510
Santos
hora de pensar em
Ermenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349
São José dos Campos
Maria Helena Baeza - (12) 3931-0086
flexibilização curricular
46 Jurídico
Balanço e recomeço
São José do Rio Preto
Cenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545 24 Jornada Regional
Momento atípico leva
48
Sorocaba
Edgar Delbem - (15) 3231-8459 Educação Sexual
sindicato a se reunir
novamente com A escola frente as
JANEIRO DE 2016
Editor mantenedores este ano várias configurações
Adhemar Oricchio - MTB 8.171 de família
Repórteres

28
Gisele Carmona
Bullying
50
Ygor Jegorow
Assessoria de Imprensa e
Gestão Educacional
Produção Editorial Combate ao “Bullying”
Editor-chefe: Adhemar Oricchio
Editor gráfico: Balduino Ferreira Leite agora é lei! GEduc 2016 –
Site: Gisele Carmona
Redes Sociais: Ygor Jegorow
Superando desafios
Impressão: Companygraf
Colaboradores
• Ana Paula Saab • Antonio Higa
• Carlos Alberto Nonino
30 Ensino
52
• Clemente de Sousa Lemes
• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira
O medo da Obrigações
• José Maria Tomazela • José Rodrigues
• Ulisses de Souza
reprovação escolar

54
www.sieeesp.org.br
Av. das Carinás, 525 - São Paulo - SP
CEP 04086-011 - (11) 5583-5500

Cursos

2 Escola Particular • Janeiro de 2016


Editorial

Benjamin
Ribeiro da Silva
Presidente do Sieeesp

Brasil, Pátria Educadora?


benjamin@einstein24h.com.br

A o tomar posse, em seu


segundo mandato, a presi-
que se realize um planejamento
estratégico. Discute-se muito
dente Dilma Rousseff criou o slo-
gan “Brasil – Pátria Educadora”,
o quanto gastar, mas sem uma
base efetiva de trabalho.
Muitas promessas,
afirmando que a educação seria O PNE, exaustivamente de- feitas em
a prioridade das prioridades,
reafirmando o compromisso de
batido, demorou muito tempo
para ser aprovado, impondo um
campanha,
buscar, em todas as ações do desafio muito grande para os deixaram de
governo, um sentido formador, próximos dez anos, pois, para
uma prática cidadã, um compro- alcançar as 20 metas estipu-
ser cumpridas,
misso de ética e um sentimento ladas, será necessário investir trazendo incertezas
republicano. Mas, passados mais recursos na infraestrutura
alguns meses, o que se vê é que da rede pública de ensino, além e frustrações na
mais da metade das crianças de ampliar o acesso à escola e imensa maioria dos
permanecem analfabetas ao fim melhorar a formação e qualifi-
do 3º ano do ensino fundamen- cação profissional da educação, jovens brasileiros
tal, segundo o Anuário Brasileiro entre outros desafios. Mas, o
da Educação Básica de 2015, primeiro setor afetado pela crise
apresentado em novembro econômica e política foi o da
para a Comissão de Educação Educação, que sofreu corte no
da Câmara dos Deputados pela orçamento de R$ 9,42 bilhões,
diretora executiva da entidade o terceiro maior do governo. O setor de creches também
da sociedade civil Todos pela Como se vê é uma das sérias foi duramente atingido pelo não
Educação, Priscila Cruz. Esta é contradições do governo atual. cumprimento das promessas.
a quarta edição do anuário e a Muitas promessas, feitas Por lei, o país deveria ofertar
primeira após a promulgação em campanha, deixaram de ser vagas em creches para 50% das
do Plano Nacional de Educação cumpridas, trazendo incertezas crianças até 3 anos de idade. A
(PNE), sancionado em junho de e frustrações na imensa maioria meta constava do último PNE,
2014. dos jovens brasileiros. Inicial- que vigorou até 2010. Atual-
Para se ter ideia de como mente a educação básica foi mente, o país atende a 27,9%
são tratados os assuntos de deixada de lado, em detrimento das crianças nessa faixa de
educação no Brasil, em cinco de duas bandeiras do governo idade. Outra área que merece
anos de governo foram troca- Dilva Rousseff, o Pronatec (Pro- atenção é a alfabetização, pois,
dos seis ministros da pasta, três grama Nacional de Acesso ao En- segundo dados de 2013, últimos
somente neste último ano do sino Técnico) e o financiamento disponíveis, o Brasil possuía 13
segundo mandato. Isso mostra estudantil (Fies). Mesmo essas milhões de analfabetos.
claramente o desinteresse com prioridades foram prejudicadas O “Brasil – Pátria Educadora”
a continuidade das ações do devido a falta de recursos. Sem ainda está no discurso. É ne-
segmento educacional. Há mui- contar as bolsas da Coordena- cessário mais planejamento e
tos anos resolveu-se adotar uma ção de Aperfeiçoamento de Pes- ação para transformar o Brasil
política de Governo e não de soal de Nível Superior (Capes) e no país das oportunidades,
Estado para o setor, impedindo o Ciência sem Fronteiras. principalmente aos mais jovens.

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Chegamos ao fim da série Os Rumos da Educação Brasileira e, para finalizar


o assunto abordando todos os temas que geram dúvidas em nosso país,
o educador Eugênio Cunha fala um pouco sobre o ensino superior e suas
dificuldades no Brasil.

A tualmente, o ensino super ior


tem sido objeto de discussão com
grande frequência. De fato, isso ocorre,
um grande passo para a aquisição de
trabalho digno e para a inclusão social.
No Brasil, como em outros países, o
movida e incentivada com a colaboração
da sociedade, visando ao pleno desen-
volvimento da pessoa, seu preparo para
sem exceção, em toda a educação. A processo do conhecimento está profun- o exercício da cidadania e sua qualificação
universalização do acesso à educação damente vinculado à instrução escolar e, para o trabalho. Diante disso, segundo o
básica, o aumento de oportunidades o seu nível mais eminente, sem dúvidas, mesmo artigo, o ensino será ministrado
para que todos possam estudar na idade é o ensino superior. É natural que seja o com base nos princípios de igualdade de
certa, políticas de inclusão escolar e alvo dos estudantes que querem conti- condições para o acesso e permanência
social, as exigências de trabalhadores nuar seus estudos. Porém, ele continua na escola; liberdade de aprender, ensinar,
mais qualificados e diversas demandas sendo um destino muito difícil para a pesquisar e divulgar o pensamento, a arte
da sociedade contemporânea são fatores maioria dos jovens brasileiros, principal- e o saber; pluralismo de ideais e de con-
que têm obrigado os governos a se ade- mente para os egressos das escolas públi- cepções pedagógicas, e coexistência de
quarem aos novos tempos. cas. Se a educação é direito de todos, instituições públicas e privadas de ensino
O papel das Instituições de Ensino o Estado deveria, na prática, propiciar e, por fim, ressalta a gratuidade do ensino
Superior (IES), cada vez mais ganha ações que permitissem o acesso mais público em estabelecimentos oficiais.
importância diante da globalização que frequente de toda as camadas sociais às Vemos, no entanto, que para alunos
intensificou a demanda pela busca de universidades brasileiras. que estudam em escolas públicas, o en-
conhecimento, diante da evolução cientí- O artigo 205 da Constituição Federal sino superior se torna restritivo, devido,
fica do último século. Assim, o acesso ao diz que a educação, direito de todos e principalmente, às carências das escolas
ensino superior significa para os jovens dever do Estado e da família, será pro- oficiais nos ensinos fundamental e mé-

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No Brasil, como em
outros países, o processo
do conhecimento
está profundamente
vinculado à instrução

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escolar e, o seu nível mais
eminente, sem dúvidas,
é o ensino superior

dio. São muitos os problemas debatidos perde o seu direito ao ensino gratuito. tentar o ingresso; b) o fato de estarem
constantemente entre especialistas e O que se vê, então, são as IES privadas informados sobre os vestibulares de dife-
apontados pelos docentes. Os profes- fazendo a inclusão no ensino superior, rentes universidades; c) o fato da estrutura
sores demostram a vulnerabilidade do ao possibilitar à população mais carente educacional pública básica não incentivar
seu trabalho, bem como reconhecem a o acesso e a permanência. seus alunos a tentar o ingresso nas uni-
precarização das condições de ensino. Para alguns autores, como Ortega versidades; d) as vantagens econômicas
Sentem-se abandonados pelo poder (2001), o acesso ao ensino superior e sociais, consequentes da desigualdade
púbico que elabora as políticas de uni- brasileiro está mais relacionado à pre- social, que estes alunos dispõem.
versalização e democratização, mas não paração dos alunos por parte de suas Por outro lado, muitos são os fatores
fornecem as condições elementares para escolas do que ao processo seletivo em que contribuem para a precarização
que elas se efetivem em sala de aula. si. Assim, as escolas particulares estariam da educação nas escolas públicas, tais
Assim, os estudantes de escolas públi- mais interessadas em preparar seus alu- como: infraestrutura, material de apoio
cas, que representam a maioria dos estu- nos para as boas universidades públicas, didático, segurança nas escolas, motiva-
dantes do ensino médio, passam a repre- enquanto as escolas públicas não dis- ção discente e docente, remuneração
sentar uma minoria no ensino superior. Já ponibilizam condições necessárias para e atualização de profissionais da área.
os egressos das escolas privadas contam o ingresso dos seus estudantes. A autora Essas situações aumentam a distância
com maior preparação da rede de ensino, destaca que os principais benefícios dos para as condições dos alunos da rede
que permite o acesso às universidades alunos de escola particular são: a) o fato privada, diminuindo sensivelmente as
públicas com maior facilidade. Dessa de estarem previamente decididos a se possibilidades de os estudantes das
forma, o alunado da educação pública inscreverem nos vestibulares a fim de escolas públicas ingressarem no ensino

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Matéria de Capa

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É preciso mudar
a concepção de
universidade, bem
como é preciso
mudar o modelo
de acessibilidade
oferecido pelas
universidades
superior público. Tais situações servem relação aos que entram é de apenas 36%. Universidade Federal da Bahia (UFBA). No
ainda como desestímulo para o aluno, A pesquisa mostra que cada vez menos século XX, foram criadas a Universidade
provocando a evasão escolar. Pesquisa alunos se formam em relação aos estu- de Manaus, em 1909, a Universidade de
recente da Fundação Getúlio Vargas dantes que ingressam no ensino superior. São Paulo, em 1911 e a Universidade do
(FGV) mostra que o maior motivador para É facilmente presumível que essa Paraná, em 1912, como instituições livres
o abandono do aluno no ensino médio proporção pode aumentar, em razão (FÁVERO, 2006).
é a falta intrínseca de interesse (40,3%), da crise econômica que atravessamos Em 1920, surge a Universidade do Rio
seguido por trabalho e geração de renda e depois que estudantes enfrentaram de Janeiro, hoje Universidade Federal
(27,1%), dificuldade de acesso (10,9%) e problemas com as novas regras do Fundo do Rio de Janeiro, que reunia os cursos
outros motivos (21,7%). de Financiamento Estudantil (Fies), obri- superiores da cidade. A partir de 1930,
Vê-se, então, que apesar de todas as gando algumas instituições privadas a temos o processo industrialização no
transformações ocorridas nos últimos investirem em alternativas para atender Brasil, que fomentou uma concentração
anos, que possibilitaram mudanças os alunos. cada vez maior da população nos centros
quanto ao acesso a informações, com o urbanos, o que contribuiu para um nível
advento das novas tecnologias digitais e Expansão e exclusão no ensino supe- maior de exigência quanto à formação
da revolução tecnológica promovida por rior do Brasil educacional dos brasileiros. Na região
novas formas de comunicação, poucas O ensino superior no Brasil organi- sudeste, ocorreu uma demanda maior
foram as mudanças estruturais nas uni- zou-se de forma isolada e profissiona- para o ensino superior.
versidades. É preciso mudar a concepção lizante. No século XIX, era elitista e só No governo de Getúlio Vargas, foi
de universidade, bem como é preciso atendia aos filhos de família abastadas, criado o Ministério da Educação e Saúde
mudar o modelo de acessibilidade ofe- que não podiam estudar na Europa. Com Pública, cujo primeiro ministro, Francisco
recido pelas universidades, para suprir a vinda da Família Real para o Brasil, Campos, elaborou uma reforma educa-
as demandas existentes na sociedade foi criado em 18 de fevereiro de 1808, cional, por meio de ações inspiradas na
contemporânea e permitir que o ensino o Curso Médico de Cirurgia na Bahia e, Revolução de 1930. Dentre essas ações,
superior esteja acessível à população em 5 de novembro do mesmo ano, foi o Decreto número 19.851, de 11 de abril
mais carente. instituída, no Hospital Militar do Rio de de 1931 – Estatutos das universidades
As dificuldades para a aquisição de um Janeiro, uma Escola Anatômica, Cirúrgica brasileiras – dispunha acerca da orga-
diploma no ensino superior ficam ainda e Médica. Outros atos foram sancionados nização do ensino superior, instituindo
mais claras diante de alguns dados do e contribuíram para a instalação, no Rio o regime universitário. Em 25 de janeiro
Instituto Nacional de Estudos e Pesqui- de Janeiro e na Bahia, de dois centros de 1934, foi instituída a Universidade de
sas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), médico-cirúrgicos, matrizes das atuais São Paulo, mais como produto de um
mostrando que a proporção de alunos Faculdades de Medicina da Universidade projeto político e ideológico e menos
que conseguem terminar a faculdade em Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da como resultado de iniciativas educa-

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Matéria de Capa

cionais. De fato, nesse período, havia


conflitos relacionados à resistência da
elite paulista ao governo central no Rio O acesso ao ensino superior
de Janeiro. A universidade surge com o
objetivo de formar as elites intelectuais é realizado por meio de
e dirigentes do país.
No período Vargas, a chamada “Lei processos seletivos
Orgânica” do ensino profissional criou
dois tipos de ensino no país: um ligado ao
sistema oficial do governo e outro manti-
do pelas empresas, como o Serviço Nacio-
nal de Aprendizagem Industrial (SENAI).
Já os cursos mantidos pelas empresas de-
veriam atender os alunos de baixa renda
que procuravam se especializar em uma
profissão. Nota-se já nesse período, uma
nítida divisão de classes sociais. Assim,
as escolas oficiais eram mais procuradas
pelas camadas desejosas de ascensão. A
dualidade no sistema de ensino fez com
que o acesso à universidade das camadas
mais pobres da população se tornasse
extremamente difícil, transformando o
sistema educacional em um sistema de
discriminação social.
É preciso salientar o histórico de ex-
clusão, há tempos vigente no ensino su-
perior. É preciso salientar, também, fatos
positivos dessa época, tais como a criação
do Ministério da Educação e Saúde na ten-
tativa de construir um sistema nacional
público de ensino, possibilitando, ainda,
a Reforma Universitária, com a criação
e padronização do sistema universitário uma matriz curricular que visava preparar Mais uma dificuldade de acesso ao ensino
público federal. para o trabalho e não para a universidade, superior enfrentada pelos estudantes das
As décadas de 50 a 70 foram prolíferas pois não continha disciplinas essenciais camadas mais pobres.
na criação de universidades federais em para o vestibular, dificultando, mais uma Para as escolas que não ofereciam
todo o Brasil. Foram criadas, ainda, uni- vez, o acesso das camadas mais pobres educação profissionalizante, o principal
versidades estaduais, municipais e par- ao ensino superior. A reforma do ensino papel era o de preparar jovens da elite
ticulares. Tal situação foi incrementada, foi promulgada em 11 de agosto de 1971 econômica e de classes médias em ascen-
em grande parte, pela descentralização e fixou as diretrizes e bases para a edu- são para às universidades públicas. Eram
do ensino superior, franqueada pela Lei cação nacional. Essa lei foi idealizada, escolas seletivas, com exigentes avalia-
de Diretrizes e Bases da Educação Nacio- aprovada sem emendas e publicada ções de ingresso, que selecionavam com
nal, de 1961. durante o governo militar, revogando rigor seu corpo discente. Mesmo assim,
Durante os anos 70, o número de diversos artigos da Lei n.º 4.024. para o acesso ao antigo ginásio, que hoje
matrículas subiu de 300.000 (1970) para A justificativa era de que havia ne- corresponderia à quinta série do ensino
um milhão e meio (1980). Como no período cessidade de preparar os estudantes fundamental, havia exame de admissão.
Vargas, a concentração urbana e a exi- para o mundo do trabalho, caso não Era comum o aluno se preparar durante
gência de melhor formação para a mão- fossem admitidos no concurso vestibu- um ano inteiro num curso de admissão,
de-obra industrial e de serviços forçaram lar. Após a publicação da lei, todos os para depois vencer as barreiras de acesso
o aumento do número de vagas. Dessa estabelecimentos de ensino de segundo para as séries subsequentes. Era uma
forma, o Governo Federal, impossibilitado grau, públicos ou privados, deveriam seleção de alunos de alto desempenho.
de atender a demanda por formação, per- oferecer o ensino profissionalizante. A década de 80 foi marcada pela
mitiu que o Conselho Federal de Educação De fato, a reforma educacional foi uma instabilidade econômica e a inflação,
aprovasse diversos de IES privadas. maneira de conter o número de alunos impactando negativamente o ensino su-
Porém, a grande demanda por ensino, que ingressariam no ensino superior, por perior. No ano de 1985 ocorreu a abertura
o aumento expressivo de instituições sem razões políticas e, também, porque com democrática, com o fim do regime militar.
adequado planejamento e as carências o aumento de vagas nas escolas, devido A Constituição de 1988 assegurou a par-
para a formação de professores, não às demandas econômicas da época, a ticipação da iniciativa privada no ensino
só para o ensino superior, mas também tendência seria o aumento do número superior e previu a destinação de recur-
para a educação básica, resultaram numa de estudantes que tentariam cursar o sos públicos às instituições comunitárias,
queda da qualidade na educação. Nesse ensino superior, que não oferecia vagas confessionais ou filantrópicas, definindo
período, foi instituída a política de ensino suficientes para todos. Para os alunos as atividades universitárias como de en-
profissionalizante nas séries do segundo das escolas públicas, a obrigatoriedade sino, pesquisa e extensão.
grau, que obrigava os estudantes das do ensino profissionalizante tornou-se a Houve a expansão do segmento
escolas públicas a optarem apenas por opção mais comum oferecida para eles. público e privado sem, contudo, haver

8 Escola Particular • Janeiro de 2016


articulação entre eles, fato comum ainda gozam de autonomia didático-científica,
hoje em dia, principalmente no que tange administrativa e de gestão financeira e
aos conteúdos ensinados nas distintas patrimonial, obedecendo ao princípio de
universidades, faculdades e centros uni- indissociabilidade entre ensino, pesquisa
versitários no país. e extensão.
A criação do Plano Real possibilitou
a estabilização da economia e, conse- Questões atuais
quentemente, permitiu melhoras quanto Segundo dados do Inep, em 2013,
ao nível de escolarização da população. o Brasil alcançou 7.305.977 estudantes
Dessa forma, com o crescimento do matriculados no ensino superior, que
número de matrículas no ensino médio representam 268.289 matrículas a mais
e a estabilização da economia, surgiram que em 2012, obtendo um crescimento
maiores condições para a consolidação de 3,8%. Deste total de graduandos, 5,3
da expansão do ensino superior no Brasil, milhões (73,5%) estão nas instituições
que contou, ainda, com um maior acesso particulares. Os demais (1,9 milhão) se
às universidades das classes de menor dividem entre instituições federais (1,1
poder aquisitivo. milhão), estaduais (604 mil) e municipais
Há no Brasil, hoje em dia, uma educação (190 mil). Um terço desse crescimento
superior com instituições públicas (fede- deveu-se às matrículas nos cursos de
rais, estaduais e municipais) e privadas educação a distância, em sua maioria na
(confessionais, particulares, comunitárias e rede privada.
filantrópicas). O acesso ao ensino superior é Porém, apesar dos números que
realizado por meio de processos seletivos, mostram o crescimento dos cursos de
como o Enem e os vestibulares isolados, graduação no Brasil, um grande desafio
que avaliam conhecimentos comuns do hoje em dia no ensino superior - assim
ensino médio. As IES oferecem cursos de como no passado - continua sendo a
graduação com formação em bachare- universalização e democratização do
lado e licenciatura, além de formação tec- acesso. Historicamente, o ensino superior
nológica. Também faz parte desse nível de sempre foi elitizado. Como vimos, um
ensino a pós-graduação, que compreende dos fatores que mais concorrem atual-
programas de mestrado, doutorado e mente para a elitização do acesso são
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cursos de especialização. As universidades os problemas estruturais da educação

Janeiro de 2016 • Escola Particular 9


Matéria de Capa

básica de rede pública. Além disso, cada

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vez mais a competição se acirra por uma
vaga nas universidades públicas, ainda
mais em tempos de crise na economia e
desemprego. Se olharmos as pesquisas
que mostram as razões para a evasão
escolar, que apontam como principal
causa a falta de interesse discente,
verificaremos que não é oferecida uma
educação atraente e conectada com o
mundo contemporâneo.
Os alunos que não conseguem vagas
nas universidades públicas ingressam nas
particulares que, assim, culminam por
dar-lhes condições de formação acadêmi-
ca e inserção no mercado de trabalho.
Porém, é visível que eles chegam ao
ensino superior despreparados. De certa
forma, é na IES privada que muitos deles
conseguem ter acesso a conhecimentos
comuns ao ensino médio. O que ocorre,
então, é que esses alunos precisam ser
preparados intensamente para poderem
competir no meio acadêmico e no mer-
cado de trabalho com os egressos das
universidades públicas. Não é por acaso,
que grande parte deles ingressa poste-
riormente num curso de especialização.
Os governos têm tentado minimizar
essa situação por meio do sistema de
cotas. Entretanto, vemos que os motivos
para a existência das cotas originam-se
nas dificuldades do ensino oferecido
pelas escolas públicas. O sistema de cotas
não resolve essas carências. Não podem,
portanto, ser a solução para dar maior
qualidade ao ensino.
As instituições privadas têm absor-
As instituições privadas têm
vido a maior parte dos alunos que chegam
ao ensino superior com defasagens na
absorvido a maior parte dos alunos
sua formação. Ao mesmo tempo, elas que chegam ao ensino superior com
têm procurado adequação à avaliação do
MEC que, dentre outras coisas, avalia a defasagens na sua formação
própria formação do aluno. No entanto, a
pouca oferta de alguns cursos, como o de desempenho do aluno é a sua condição turação do ambiente físico das redes
matemática, por exemplo, tem feito com acadêmica, que está estreitamente re- públicas. Muitas dessas ações constam
que o MEC, em alguns casos, se preocupe lacionada ao seu nível socioeconômico. do novo Plano Nacional de Educação, mas
muito mais com a manutenção do curso Vemos, então, que todo e qualquer precisam ser efetivadas no cotidiano das
e bem menos com o descredenciamento. esforço para a solução dos problemas escolas. Talvez seja o primeiro passo para
Muitos cursos estão desaparecendo das de acesso ao ensino superior, bem como a melhoria da nossa educação. •
universidades, públicas e privadas, pois para dar maior qualidade à formação do
há pouco interesse do estudante, como estudante, será de pouco êxito se não
é o caso de algumas licenciaturas. Em houver ações ligadas diretamente à rede
algumas universidades a oferta ocorre pública de educação básica, tais como: Eugênio Cunha
Psicopedagogo, doutorando e
apenas na educação a distância. remuneração e formação do professor, mestre em educação.Autor dos
livros “Afeto e aprendizagem”,
O Exame Nacional do Ensino Médio plano de carreira, investimento em novas “Práticas pedagógicas para
(Enem) é um dos principais instrumen- metodologias de ensino, melhor articula- inclusão e diversidade” e
“Autismo na escola: um jeito
tos para os estudantes ingressarem no ção entre a escola e a universidade no que diferente de aprender, um jeito diferente de ensinar”,
publicados pela Wak Editora.
ensino superior. Entretanto, o exame é tange às pesquisas acadêmicas, reestru-
criticado por diferentes pesquisadores da
área, pois dentre outras incongruências,
Referências:
culmina pela criação de rankings das
FÁVERO, Maria de Lourdes de Albuquerque. A Universidade no Brasil: das origens à Reforma
melhores e piores escolas, no qual, mais Universitária de 1968. Educar, Curitiba, n. 28, p. 17-36, 2006. Editora UFPR.
uma vez, as escolas públicas ficam preju- ORTEGA, Eliane Maria V. O ensino médio público e o acesso ao ensino superior. Estudos em Ava-
dicadas. Mais do que o conteúdo exigido liação Educacional. São Paulo, Fundação Carlos Chagas, n. 23, p. 153-176, jan./jun. 2001.
nas provas do Enem, o que influencia o

10 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 11
Financeiro

ATENÇÃO:
Operações financeiras são monitoradas pela Receita Federal
A Receita Federal do Brasil instituiu mais
uma declaração que lhe possibilitará
conhecer detalhamente toda a movimen-
I - Saldo no último dia útil do ano de
qualquer conta de depósito, inclusive
de poupança, considerando quaisquer Trata-se da
tação financeira de cada contribuinte movimentações, tais como pagamentos
brasileiro, tanto pessoas físicas quanto efetuados em moeda corrente ou em e-Financeira, criada
jurídicas. cheques, emissão de ordens de crédito ou
Trata-se da e-Financeira, criada pela documentos assemelhados ou resgates à pela Instrução
Instrução Normativa 1.571, de 02 de julho
de 2015, que obriga os bancos, planos de
vista e a prazo, discriminando o total do
rendimento mensal bruto pago ou credi- Normativa 1.571, de
saúde, distribuidoras de títulos e valores
mobiliários e demais instituições finan-
tado à conta, acumulados anualmente,
mês a mês; 02 de julho de 2015
ceiras a adimplir com a nova obrigação
acessória em relação aos fatos ocorridos a II - Saldo no último dia útil do ano de
partir de 1º de dezembro de 2015. cada aplicação financeira, bem como os os valores oriundos da venda ou resgate de
As instituições estarão obrigadas à correspondentes somatórios mensais a ativos sob custódia e do resgate de fundos
apresentação das informações, quando o crédito e a débito, considerando quais- de investimento;
montante global movimentado ou o saldo, quer movimentos, tais como os relativos
em cada mês, por tipo de operação finan- a investimentos, resgates, alienações, IV - Saldo, no último dia útil do ano
ceira, for superior a R$ 2.000,00, no caso de cessões ou liquidações das referidas ou no dia de encerramento, de provisões
pessoas físicas e de R$ 6.000,00 no caso de aplicações havidas, mês a mês, no decor- matemáticas de benefícios a conceder
pessoas jurídicas. rer do ano; referente a cada plano de benefício de
As pessoas jurídicas obrigadas a en- previdência complementar ou a cada plano
trega desta obrigação acessória, deverão III - Rendimentos brutos, acumulados de seguros de pessoas, discriminando, mês
prestar as seguintes informações referen- anualmente, mês a mês, por aplicações a mês, o total das respectivas movimen-
tes a operações financeiras dos usuários financeiras no decorrer do ano, individua- tações, a crédito e a débito, ocorridas no
de seus serviços: lizados por tipo de rendimento, incluídos decorrer do ano;

12 Escola Particular • Janeiro de 2016


V - Saldo, no último dia útil do ano ou XII - Valor de créditos disponibilizados
no dia de encerramento, de cada Fapi, e ao cotista, acumulados anualmente, mês
as correspondentes movimentações, dis- a mês, por cota de consórcio, no decorrer
criminadas, mês a mês, a crédito e a débito, do ano.
ocorridas no decorrer do ano;
Ante as informações que serão presta-
VI - Valores de benefícios ou de capitais das, pode-se facilmente concluir que a pre-
segurados, acumulados anualmente, mês tensão do fisco é conhecer toda a movimen-
a mês, pagos sob a forma de pagamento tação financeira, e, a partir da base dados
único, ou sob a forma de renda; de sua plataforma, onde constam outras
declarações, do próprio contribuinte inclu-
VII - Lançamentos de transferência sive, confrontar os montantes declarados
entre contas do mesmo titular realizadas a fim de apurar eventuais inconsistências.
entre contas de depósito à vista, ou entre Nesse contexto, as pessoas físicas e
contas de poupança, ou entre contas de jurídicas devem ficar atentas se as opera-
depósito à vista e de poupança; ções efetivamente realizadas consistem
com aquelas prestadas, por intermédio
VIII - Aquisições de moeda estrangeira; de suas declarações e livros contábeis,
para o fisco, pois poderão ser notificados
IX - Conversões de moeda estrangeira a prestar esclarecimentos na hipótese
em moeda nacional; da Receita Federal do Brasil apurar di-
vergências nos cruzamentos eletrônicos
X - Transferências de moeda e de outros realizados por ela. •
valores para o exterior;

XI - O total dos valores pagos até o último


dia do ano, incluindo os valores dos lances
Vanderlei Ferreira Machado
que resultaram em contemplação, deduzido Advogado, Pós-Graduado em
Direito Educacional, Contador,
dos valores de créditos disponibilizados ao Pós-Graduado em Administração
cotista e as correspondentes movimen- Financeira, Especialista em
Planejamento Tributário e Diretor
tações, ocorridas no decorrer do ano, dis- Executivo da Meira Fernandes.
vanderlei.ferreira@meirafernandes.com.br
criminadas, mês a mês, a crédito e a débito;

Janeiro de 2016 • Escola Particular 13


Informática

Como saber se a criança tem problema


fonoaudiólogico?

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A fonoaudiologia é responsável pela
promoção da saúde, prevenção,
diagnóstico, orientação, terapia (habili-
respiratórios, uso prolongado de chupeta
e/ou mamadeira).
Quanto à fala, espera-se que por volta
as pessoas mais próximas sempre derem
mais importância ao que está sendo dito do
que à forma como a criança está falando,
tação e reabilitação) e aperfeiçoamento dos cinco anos de idade a criança já produza a gagueira fisiológica desaparece com o
dos aspectos fonoaudiológicos da função corretamente todos os sons do português. crescimento e o desenvolvimento.
auditiva periférica e central da função Geralmente, o atraso de linguagem é Algumas dúvidas sobre o desenvolvi-
vestibular, da linguagem oral e escrita, da identificado por um vocabulário aquém do mento normal da comunicação podem
voz, da fluência, da articulação da fala e dos esperado para a idade. ser esclarecidas no acompanhamento
sistemas miofuncional, orofacial, cervical e No desenvolvimento normal, até os pediátrico.
de deglutição. 12 meses o bebê já deve produzir palavras A escola também contribui de forma
Através da triagem auditiva neonatal isoladas, depois começa a juntar duas muito significativa. Mas o ideal é que,
(“teste da orelhinha”), alterações auditivas palavras e formar frases simples. Entre o ao menor sinal de dificuldade, um fono-
congênitas já podem ser descartadas ou 1º e o 2º ano há um aumento significativo audiólogo seja procurado. Pode ser só
precocemente acompanhadas. no vocabulário: de 50 para 300 palavras, uma questão de orientação, em alguns
Mais recente, o “teste na linguinha” tem aproximadamente. E quanto à compreen- casos uma avaliação complementar auxilia
o objetivo de diagnosticar precocemente são, excede em muito a expressão. bastante e, quando o acompanhamento é
alterações do frênulo lingual, que podem Outra manifestação que preocupa indicado (após uma avaliação formal dos
interferir no sugar, mastigar, engoli e falar. muito os pais é a gagueira. Por volta dos aspectos que foram citados inicialmente), a
As alterações fonoaudiológicas podem quatro anos, é comum a criança apresentar intervenção precoce é um fator importante
aparecer isoladas, associadas entre si, ou hesitações, pausas e repetição de sílabas e/ para o bom andamento do tratamento, as-
fazer parte de quadros maiores (deficiên- ou palavras ao falar. Se não houver casos de sim como a participação e o envolvimento
cia intelectual ou transtorno do espectro gagueira na família e, principalmente, se dos pais. •
autista, entre outros).
Crianças que têm em sua história al-
guma intercorrência pré, peri ou pós natal
também têm mais chances de desenvolver
Regiane A. Crippa
um problema fonoaudiológico. Fonoaudióloga da Clia Psicologia, saúde & Educação, graduada pela Universidade Federal de São
Paulo (Unifesp/EPM) no ano de 1999, com Aprimoramento Profissional pelo Hospital do Servidor
As alterações mais encontradas são as Público Estadual e Especialização em Aprendizagem pela Faculdade de Medicina do ABC.
alterações de fala (comumente conhecidas Atuação em ações de promoção da saúde, prevenção, avaliação, diagnóstico, tratamento e
orientação de aspectos envolvidos na função auditiva periférica e central, na linguagem oral e
como trocas), linguagem (criança que de- escrita, na articulação da fala, na voz, na fluência e no sistema miofuncional orofacial.
www.cliapisicologia.com.br - (11)4424-1284 / (11)2598-0732
mora a falar) e miofuncionais (problemas

14 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 15
Saúde

Quais são os primeiros sinais do autismo


numa criança?
S egundo o DSM-V, o transtorno do es-
pectro autista é definido pela presen-
ça de déficits em três domínios: interação
– Com que frequência no Brasil e
no mundo são diagnosticados casos de
autismo?
– Que médico é preciso procurar na
dúvida dos primeiros sinais?
O pediatra é o médico que está na
social recíproca, comunicação e linguagem A incidência de casos de autismo atenção primaria aos bebês e crianças,
e comportamentos repetitivos, limitados vem crescendo ao longo dos anos. Não e deveriam ser estes os primeiros a
ou estereotipados, com inicio antes dos se sabe ao certo o porquê, mas tanto a identificarem os primeiros sinais de
três anos de idade. maior conscientização, possibilidades de autismo e realizar o encaminhamento
Os primeiros sinais do autismo podem diagnostico, como a ampliação do espec- para psicólogos, psiquiatras e neurolo-
ser identificados nos primeiros meses tro autista vem impactando com altos gistas. Porém, pelo grande volume de
de vida, como a dificuldade do bebê em números encontrados. Uma pesquisa trabalho e a necessidade de realizar
sustentar o olhar do outro, por exemplo, e realizada, em 2010, pelos Estados Unidos, consultas mais rápidas para atender a
é importantíssima a identificação precoce aponta uma prevalência de uma para cada demanda, estes sintomas muitas vezes
do autismo, já que estudos científicos já 68 crianças com oito anos de idade, sendo passam despercebidos. O ideal é que as
comprovam o melhor prognostico da in- 4 a 5 meninos para uma menina. Em 2006, crianças consideradas de risco ao nascer
tervenção precoce. eram de uma para cada 110 crianças. Um (prematuras, com internações precoces,
aumento, em média, de 56% se comparado nascidas com baixo peso, nascidos com
– Esse é um problema hereditário? aos números encontrados em 2002. síndromes ou com problemas no parto),
Existem indícios de fatores hereditários No Brasil, os estudos epidemiológicos filhos de mães adolescentes, bebês adoti-
incidirem na ocorrência do autismo, mas são mais recentes e apontam para uma vos ou qualquer outra criança que inspire
há muitas controvérsias com relação às prevalência de 0,3%, dos 12 milhões de preocupação nos pais, passem por uma
causas. Porém, é inquestionável entre os habitantes na cidade de São Paulo e 40 consulta e façam acompanhamento com
especialistas a complexidade do quadro, a mil casos de autismo. uma equipe interdisciplinar (com psicólo-
multiplicidade de fatores que se mostram
concomitantemente presentes na ocor-
rência do autismo, de ordem psíquica, Os primeiros sinais do autismo podem ser
ambiental, biológica e, possivelmente,
genética, além da necessidade de interven- identificados nos primeiros meses de vida
ções múltiplas no tratamento.

16 Escola Particular • Janeiro de 2016


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gos, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, por observação do desenvolvimento infantil e
exemplo) que possa identificar estes sin- indicadores de risco psíquico que oferecem
tomas o mais cedo possível e encaminhar a médicos e psicólogos a possibilidade de
para as intervenções adequadas. Não ha identificar precocemente sinais de risco
remédios para o autismo, mas a interven- desde o primeiro mês de vida, o que é im-
ção precoce permite comprovadamente portantíssimo para uma atuação na linha da
um melhor diagnostico. prevenção primária e secundária.

– Como é o processo de diagnóstico? – A partir que idade é preciso ter mais


Quais exames são feitos e por quê? atenção aos primeiros sinais?
O diagnóstico é essencialmente clinico, Deve-se estar atento ao desenvolvi-
e comumente norteia-se pelos critérios mento do bebê desde o seu nascimento,
estabelecidos por DSM-IV (Manual de Diag- sem fazer disso um peso. Afinal, é natural
nostico da Sociedade Norte-americana que os pais, em especial a mãe, nos primeiros
de Psiquiatria) e pelo CID-10 (classificação meses de vida sintam quando algo não vai
Internacional de Doenças da OMS), não ha- bem com o bebê, ou que ele não responde
vendo exames laboratoriais que detectem como deveria, não a olha ou não interage.
a presença do espectro autista. No entanto, Mais uma vez reforço, quanto mais cedo
existem instrumentos padronizados que fa- forem detectados os sinais de risco de au-
cilitam a identificação de sinais de risco para tismo, mais precocemente inicia-se a inter-
autismo, como questionários, roteiros de venção e melhor o prognostico da criança. •

Ana Paula Magosso Cavaggioni


Psicóloga da Clia Psicologia e Educação, Psicóloga Clínica - Universidade Metodista de São Paulo
(UMESP). Especialização RAMAIN - Cari Psicologia e Educação. Especialização DIA-LOG - Cari
Psicologia e Educação. Pesquisadora convidada do IPUSP - Departamento de Aprendizagem, do
Desenvolvimento e da Personalidade. Diretora da Clia Psicologia e Educação.
www.cliapisicologia.com.br - (11)4424-1284 / (11)2598-0732

Janeiro de 2016 • Escola Particular 17


Inclusão

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A frase, acima, foi dita por eminente
procuradora do Ministério Público O alcance da inclusão escolar não se
Estadual do Estado de São Paulo, mãe de
menino autista, a propósito da inclusão
confunde com atuação assistencial
de alunos com deficiência nas escolas co- da demagogia assistencialista. É preciso incumbe uma função social, mas não de
muns, em recente debate, promovido pelo estar atento. assistência social. Por mais que o indivíduo
SIEEESP, acerca das mudanças trazidas pela Qual o fundamento jurídico para esta mereça tal assistência, não será no con-
Lei nº 13.146/2015 – o chamado ‘Estatuto da delimitação? Reside na distinção entre trato que se encontrará remédio para tal
Pessoa com Deficiência’. A frase não pode- socialidade e solidariedade. E na percepção carência. O instituto é econômico e tem fins
ria ser mais acertada. E oportuna. de que o contrato e as relações contratuais econômicos a realizar, que não podem ser
Há quem veja nesta Lei nº 13.146/2015 dizem respeito, antes do mais, à ordem postos de lado pela lei e muito menos pelo
um passaporte para uma espécie de “aten- econômica e à distribuição dos riscos do seu aplicador. A função social não se apre-
dimento integral”, que desborde para a que à solidariedade social. senta como objetivo do contrato, mas sim
assistência psicológica, ambulatorial e até Com efeito, o tema da solidariedade como limite da liberdade dos contratantes
mesmo médico-psiquiátrica. A escola, a fica a cargo da regulação da ordem social, em promover a circulação de riquezas”
bem dizer, teria de conveniar-se com o SUS. dentro da qual (regulação) se incluem as (STJ, REsp nº 803.481-GO, 3ª Turma, j. em
E como o atendimento do SUS, no mais das políticas públicas de assistência social (lato 28.06.2007).
vezes, não é o desejado, há quem vislumbre sensu). Já a “função social do contrato” É preciso, pois, ter cuidado com as
na opção pela escola privada um verdadeiro mencionada no art. 421 do Código Civil de divagações pedagógicas (muitas delas,
“passe livre” para que esse atendimento 2002 tem outro escopo, qual seja, ajustar pretensamente “progressistas”) em torno
se faça mais amplo e melhor, substitutivo, a dinâmica eminentemente econômica das funções de “cuidado” e “acolhida”
inclusive, dos ônus e responsabilidades fa- dos contratos aos valores constitucionais, hoje carreadas para o universo escolar. A
miliares. E, verdade se diga, os defeitos da sem, contudo, desnaturar essa dinâmica acolhida, no caso, não pode transformar
Lei são tantos e o seu viés populista é tão ao ponto de comprometer a sua funciona- escola em clínica, como muito bem aler-
exacerbado que não faltarão argumentos, lidade. Mesmo nos chamados contratos tou a referida procuradora de Justiça do
pinçados lá e cá, para sugerir isso. Daí a colaborativos, o que neles se apruma é a Ministério Público do Estado de São Paulo.
importância do comentário posto no título, convergência das partes para a implemen- A acolhida pode inserir-se na dimensão da
porque ele revela, de um lado, acurada tação de finalidades comuns, sem que isso socialidade do contrato, mas não serve de
percepção acerca da potencialidade de signifique rejeição ou restrição à exequibili- fundamento para exigências de natureza
abusos, e, de outro, anuncia a disposição dade das contraposições contratuais. assistencialista. •
de zelar para que eventuais abusos não se Há uma decisão verdadeiramente para-
consolidem. digmática, proferida no Superior Tribunal
Tudo isto para reiterar que o alcance de Justiça/STJ, em acórdão relatado pela
da inclusão escolar não se confunde com Ministra Nancy Andrighi, da qual se colhe Jorge Lutz Müller
atuação assistencial. Há todo um discurso o seguinte: Advogado do SINEPE-RS, onde
coordena a equipe jurídica.
pedagógico voltado para a ideia de aco- “A função social inflingida ao contrato Experiências jurídicas que se
estenderam para a área do direito
lhida/acolhimento que, se não for adequa- não pode desconsiderar seu papel primário público, em especial na seara
damente compreendido e delimitado, e natural, que é o econômico. Este não administrativa, com ênfase nos
setores da filantropia e dos transportes públicos,
pode conduzir o trato da matéria para o pode ser ignorado, a pretexto de cumprir- sem prejuízo do foco maior na área educacional.
OAB-RS 7.563
terreno assistencial, quando não, mesmo, se uma atividade beneficente. Ao contrato

18 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 19
Flexibilização Curricular

Educação Inclusiva:
Os desafios na hora de pensar em flexibilização curricular
Sabemos que a ideia da Educação
Inclusiva se fundamenta em uma filosofia A inclusão não humana com ajuda de recursos materiais,
humanos e financeiros. Podemos até dizer
que reconhece e valoriza a diversidade,
partindo do principio dos Direitos Huma-
é apenas inserir que o desafio é conseguir romper barreiras,
quebrar o esquema de homogeneidade.
nos. Que garante o acesso e a participação
de todos, a todas as oportunidades, inde-
o aluno na classe A inclusão não é apenas inserir o aluno
na classe e esperar que ele aprenda ou que
pendentemente das peculiaridades de cada
individuo e de suas dificuldades.
e esperar que professor trabalhe de forma diferente. É
necessário que todos acreditem no poten-
Todos podem se beneficiar dos pro-
gramas educacionais, desde que sejam
ele aprenda cial de cada aluno e cada um no seu poten-
cial de aprender, de aceitar novos desafios,
dadas as oportunidades necessárias para o de criar novas expectativas, para isso todo
desenvolvimento de suas potencialidades. os alunos estarem juntos, aprendendo e o sistema escolar, deve estar disposto e
Portanto, quando falamos em Educa- participando, sem nenhum tipo de discrimi- aberto a aceitar e incluir todos os alunos.
ção inclusiva, primeiro precisamos repen- nação, que conjuga igualdade e diferença Dentro do cotidiano escolar a cria-
sar o sentido que se está atribuindo à edu- como valores indissociáveis, que avança tividade e o bom senso dos professores
cação, além de atualizar nossas concepções em relação à ideia de equidade dentro e são os principais aliados para o ensino-
e ressignificar o processo de construção de fora da escola, ou seja, o adjetivo Inclusiva aprendizagem de todos alunos. Para isso,
que todo o indivíduo aprende, cada um do é usado quando se busca qualidade para algumas ações pedagógicas diferenciadas
seu modo e ao seu tempo. É preciso com- todos e cada aluno, com ou sem deficiência. são necessárias, bem como a flexibilização
preender a complexidade e amplitude que Sendo assim, a inclusão implica em curricular. Afinal, todos os alunos precisam
envolve essa temática. uma transformação considerável no es- da valorização e do incentivo de suas poten-
A educação inclusiva é um movimento paço escolar. Implica em quebrar e vencer cialidades para que possam desenvolver
mundial em defesa do direito de todos paradigmas, buscar atender à diversidade cada vez mais e melhor suas capacidades.

20 Escola Particular • Janeiro de 2016


Todos os alunos precisam da valorização

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e do incentivo de suas potencialidades
Para que os educadores façam a flexibi- palavras, este especial qualifica as escolas
lização curricular, não são os alunos quem que são capazes de incluir os alunos ex-
devem prestar atenção ao professor e sim cluídos, indistintamente, descentrando os
o professor é que deve estar mais atento problemas relativos à inserção total dos
aos seus alunos. alunos com deficiência e focando o que
O aluno não deve ser só ouvinte, o realmente produz essa situação lamentável
aluno deve ter a oportunidade de ques- de nossas escolas”.
tionar e demonstrar suas habilidades e (Mantoan: http://www.lerparaver.
dificuldades, o aluno deve ter o direito de com/bancodeescola.) Na verdade quando
realizar suas atividades de acordo com suas pensamos em aprendizagem, também
possibilidades tendo sempre suas capaci- devemos lembrar que é fundamental
dades e limitações respeitadas. considerar que cada indivíduo aprende no
“O que define o especial da educação seu ritmo e de uma maneira. Sendo assim,
não é a dicotomização e a fragmentação podemos afirmar que a questão da Apren-
dos sistemas escolares em modalidades dizagem é bastante complexa, afinal o ato
diferentes, mas a capacidade de a escola de aprender é extremamente singular, e a
atender às diferenças nas salas de aula, escola deve sempre considerar esse fato,
sem discriminar, sem trabalhar à parte com principalmente quando estamos falando
alguns, sem estabelecer regras específi- e pensando em Flexibilização curricular.
cas para se planejar, para aprender, para Vale ressaltar, que uma das principais
avaliar (currículos, atividades, avaliação funções da Flexibilização curricular é fa-
da aprendizagem especiais) (...) Em outras cilitar e também favorecer a compreensão

Janeiro de 2016 • Escola Particular 21


Inclusão

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A flexibilização
curricular só pode
ser feita quando
o educador
conhece bem seus
alunos e as suas
necessidades

de todos os alunos diante do conteúdo res, com apoio de atendimento educacional laridades de cada um, levando em conta
apresentado. É pensar em pequenas mu- especializado, quando necessário. como se dá esse processo individualmente.
danças nas atividades e nas estratégias pe- A LDB, dispõe que os sistemas de en- Além disso, é importante que o edu-
dagógicas, para promover a aprendizagem sino devem assegurar: adequada organiza- cador aceite e faça mudanças nas práticas
de todos e cada aluno. Pois, muitas vezes, ção do trabalho pedagógico para atender pedagógicas e nos processos de avaliação,
uma simples adequação na atividade e/ou as necessidades específicas. Na verdade, a considerando assim as necessidades de
no material favorece significativamente inclusão depende de professores, os quais acordo com as peculiaridades individuais.
a aprendizagem do aluno, diminuindo tenham sensibilidade para entender e res- A Flexibilização curricular visa promo-
assim as barreiras encontradas por ele peitar que o processo de conhecimento é ver o conhecimento do conteúdo traba-
no dia a dia. Além de deixar para trás a tão ou mais importante quanto o produto lhado em sala de aula para todos os alunos,
sensação desconfortável da impotência final, pois já se sabe que cada aluno tem tendo como referência os parâmetros cur-
em aprender. seu ritmo e a sua aprendizagem vai ocor- riculares e projeto pedagógico da unidade
Sabemos que a diversificação, bem rendo a partir de seus conhecimentos escolar, ou seja, a essência e o objetivo
como a ampliação das possibilidades, por anteriores e de sistemas de significação dos conteúdos devem ser considerados
meio da alternância de trabalho em grupos e ressignificação. Portanto não deve ha- sempre, o que deve ser adequado é o nível
homogêneos e heterogêneos, faz com que ver qualquer forma de discriminação ou de complexidade da atividade...
os conhecimentos sejam construídos de segregação. O grande desafio é reunir alunos
forma mais consistente e ainda circulem pelo A flexibilização curricular só pode ser de diferentes níveis, diante de uma
ambiente educacional de forma mais ampla, feita quando o educador conhece bem seus situação de ensino, em grupos desiguais,
justa e abrangente, onde a aprendizagem alunos e as suas necessidades. O educador afinal em nossas vidas, no dia a dia e é
acontece de maneira legítima, trazendo precisa ficar atento nas potencialidades e assim... Aprendemos com as diferentes
avanços verdadeiros para todos e para cada nas dificuldades de cada aluno, observando vivências, as diferenças de opiniões, de
um. A atual política educacional brasileira in- as características predominantes na rela- culturas, de enfoques, de humores, de
clui, em suas metas, a integração de crianças ção com o processo de aprendizagem, para sentimentos... •
e jovens com deficiências nas escolas regula- com isso compreender melhor as particu-

Simone Costa Pires


Pedagoga, Psicopedagoga,
Referências Bibliográficas: Pós-graduada em Educação
e Deficiência. Atuou há 20
• CARVALHO, Rosita Edler. Removendo Barreiras para a Aprendizagem. Ed. Mediação, Porto anos na Educação. Lecionei
na educação infantil e no
Alegre, 2003. ensino fundamental I. Atuei na
coordenação pedagógica de creches. No setor de
• FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. SP, Paz e Terra, Coleção Leitura, 35ª edição, 1996. educação da APAE de São Paulo como Pedagoga/
Formadora, atendendo crianças e adolescentes com
• FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1978. deficiência e desenvolvendo projetos de assessoria
ás escolas de ensino regular, ministrando palestras,
• Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei 9394/96 de 20 de dezembro de 1996. cursos, participo de simpósios, seminários, eventos
relacionados à Educação Inclusiva.
• MANTOAN, M Tereza.

22 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 23
Jornada Regional

Momento atípico leva Sindicato a se reunir


novamente com mantenedores este ano
A preocupação com as crises econômi-
ca e política por que passa o País neste
momento, aliada à necessidade de esclare-
Foram percorridos quase 3 mil quilô-
metros para falar sobre inclusão (Lei
13.146/15), inadimplência, Convenção
Há uma pesquisa nas escolas, ainda não
oficial, que aponta um aumento no número
de matrículas este ano em comparação
cimentos sobre a lei da inclusão, levou a Coletiva 2016, anuidades escolares, com- com o ano passado, mas a dúvida é: será
diretoria do Sieeesp a realizar a terceira portamento político e econômico e seus que todos vão conseguir pagar em dia no
jornada de encontros com mantenedores reflexos nas escolas, entre outros assuntos ano que vem?
do interior, litoral e grande São Paulo em de interesse da categoria. Por isso, o Sieeesp está trabalhando
novembro deste ano. “De agosto para cá a economia piorou muito a questão na inadimplência. Além
Normalmente, o sindicato promove muito. A melhora que se esperava não de evitar o inadimplente contumaz, é
duas reuniões por ano, em março e agosto, veio; o governo não fez o ajuste fiscal que preciso cultivar o bom pagador. As orien-
mas 2015 está sendo atípico, confirmou o prometeu e nem vai fazer. Há uma ameaça tações são dar crédito somente para
presidente da entidade, Benjamin Ribeiro iminente de uma nova CPMF. Tudo isso dei- quem realmente tem, e não para quem
da Silva, que encontrou os mantenedores xou todo mundo preocupado”, comentou está negativado, e manter uma boa
apreensivos e cheios de dúvidas. Benjamin. política de cobrança. “Normalmente,
Arquivo Sieeesp

24 Escola Particular • Janeiro de 2016


Arquivo Sieeesp
As orientações
são dar crédito
somente para quem
realmente tem, e
não para quem
está negativado

Janeiro de 2016 • Escola Particular 25


Jornada Regional

“Esta lei foi feita

Arquivo Sieeesp
por um jogador de
futebol, que não
entende nada de
educação. Incluir por
incluir não adianta”
o devedor paga primeiro quem o cobra
mais. Então nós orientamos: liga pro
pai, liga pra mãe, liga e continua ligando.
Quanto mais você ligar, mais cedo ele vai
te pagar”, ensina.
Inadimplência – A inadimplência es-
tadual registrou altas e baixas durante
o ano de 2015, com ligeira tendência de
elevação. Em janeiro, ela era de 6,06%, dades que as famílias estão passando e os de ensino “não poderá cobrar qualquer
chegando a 8,84% em julho, a maior do ano professores vão acabar entendendo isso”, valor adicional de qualquer natureza nas
até agora. Caiu um pouco em agosto, para afirma Benjamin. mensalidades, anuidades ou matrículas,
8,21%, e subiu novamente em setembro Inclusão – A polêmica lei da inclusão em razão de qualquer deficiência dos seus
para 8,82%. (13.146/15) foi um dos assuntos mais alunos, constituindo crime punível com
Anuidades – Como a inflação deverá debatidos nos encontros. Ela já está san- reclusão de 2 a 5 anos e multa”, ou seja, se
passar dos 10%, a instituição que não cionada, mas precisa ser regulamentada o aluno precisar de acompanhante a escola
aumentou em torno de 10% ou 12% vai ter até janeiro e, por isso, o Sieeesp está é obrigada a pagar e não poderá repassar
muita dificuldade em 2016, acredita o trabalhando junto com o Conselho Es- esse custo ao pai do aluno.
presidente. Ele lembra que cada escola tem tadual de Educação de São Paulo (CEE-SP), “Nós não somos contra a inclusão, mas
suas próprias características e necessita, órgão consultivo, que estabelece regras queremos discutir isso com a sociedade e
portanto, de uma planilha feita com base para todas as escolas das redes públicas com o Conselho porque acreditamos que
nos custos particulares de cada uma. e privadas, desde a educação infantil até quem entende de educação é que tem
“Há escolas em que o aluguel é o que o ensino médio e o profissional. que regulamentar essa lei”, finalizou o
impacta mais, em outras é a conta de ener- “Esta lei foi feita por um jogador de presidente. •
gia, caso das escolas no interior, onde o futebol, que não entende nada de edu-
clima é muito quente e não se pode ficar cação. Incluir por incluir não adianta”,
sem ar condicionado”, afirmou o presi- criticou o presidente, lembrando que há
dente, lembrando que a energia subiu 80% crianças passíveis de serem incluídas e
durante o ano e ninguém colocou isso na outras não. Ana Paula Saab
Jornalista e professora
planilha do ano passado. Muitas escolas não estão preparadas universitária. Possui graduação
em Comunicação Social -
O reajuste nos salário dos professores, para receber alunos especiais porque o Jornalismo (Unesp/Bauru) e
mestrado em Comunicação Social
concedido em 1º de março, também será professor não tem formação específica (Universidade Paulista - Unip).
acima de 10%, com base na inflação. “Nesse para isso. Tem experiência em jornal diário (reportagem,
edição, chefia de reportagem); webjornalismo; e
momento, é impossível algum aumento Há também a questão financeira. O assessoria de comunicação e imprensa em entidades
públicas e privadas.
real. Nós temos que considerar as dificul- artigo 28 da lei diz que o estabelecimento Arquivo Sieeesp

26 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 27
Bullying

BullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullying

Combate ao ‘Bullying’
agora é Lei!
A tualmente muito se tem falado
sobre a Lei nº 13.185 de 06/11/2015,
a qual institui o Programa de Combate à
No âmbito escolar, o bullying pode se
dar de diversas maneiras. São exemplos
os apelidos pejorativos, a “zoeira”, as
desenvolver atividades específicas,
sejam voltadas para os alunos, sejam
para os pais ou agentes escolares, como
Intimidação Sistemática (‘Bullying’). Mas, agressões físicas, a destruição de obje- palestras, cartilhas, debates, dentre
afinal, quando uma ação pode ser considera tos pessoais, a chantagem, a exclusão, outros. Poderão ainda vincular tal tema
bullying? dentre outros. às disciplinas normalmente ministradas.
Em linhas gerais, podemos conceituar A propagação e a gravidade das É o que chamamos de transversalidade e
o bullying como a conduta ilícita e/ou abu- consequências desse tipo de agressão, interdisciplinaridade.
siva, reiterada e duradoura, que expõe a já muito discutidas e demonstradas pela Os mantenedores e gestores escolares
vítima a situações ultrajantes capazes de mídia, motivou a propositura da referida podem então se perguntar: a instituição
ofender sua dignidade, personalidade e lei. À partir de agora, as instituições de de um Programa de Combate ao Bullying
integridade física e/ou psíquica. Podemos ensino, públicas e privadas, deverão resguardará a escola de futuros problemas?
afirmar assim que os mais fortes utilizam de criar campanhas anti-bullying, com a A resposta infelizmente é não.
seu poder, conquistado por meio da força finalidade de conscientizar a comunidade Apesar do programa anti-bullying
ou do carisma, para maltratar, humilhar e escolar sobre os aspectos legais, soci- representar a partir de agora uma nova
amedrontar os que possuem dificuldades ais, psicológicos e éticos que envolvem obrigação escolar, ele não será suficiente
de reação, as vítimas. tal prática. Assim, as escolas poderão para proteger a instituição de ensino de

BullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullying

28 Escola Particular • Janeiro de 2016


BullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullying

problemas judiciais e/ou administrativos. claras e objetivas, além da aplicação de san-


Isso porque, a Escola é responsável pelos ções, caso as mesmas sejam infringidas. O
atos de violência ocasionados a discente Regimento Escolar apresenta-se aqui como
que esteja sob sua guarda. Em outras pala- o documento capaz de definir tais normas,
vras, a instituição de ensino responde pelos sanções aplicáveis e procedimento de
danos causados a um aluno, sejam eles
físicos ou psíquicos, ainda que praticado
apuração das faltas cometidas pelo aluno
e/ou docente. É sempre bom lembrar que
É de suma
por outro aluno, funcionário ou docente.
Assim, é de suma importância que a
a Escola deve garantir o direito de defesa.
A análise do caso concreto, juntamente
importância que
instituição de ensino pense nos meios de
prevenir, mas também de reagir, aos casos
com profissional especializado na área
educacional, será também de suma im-
a instituição de
de bulliyng. A equipe escolar precisa estar portância, a fim de se definir quais medidas ensino pense
alinhada e segura quanto às possíveis ações pedagógicas ou até mesmo judiciais serão
a serem tomadas. tomadas em relação a um aluno agressor. nos meios de
No caso da prevenção, não há dúvidas Tal cuidado objetiva garantir a efetividade
que as companhas de combate ao bullying, das medidas adotadas, além de evitar que prevenir, mas
como as agora previstas em lei, serão uma
ótima opção. Será importante apenas que
a escola seja responsabilizada pelo excesso
em suas ações repressivas. • também de reagir,
seus princípios norteadores e atividades
sejam incluídas no projeto político-peda- aos casos
gógico e/ou plano escolar, possibilitando o
conhecimento prévio pelos alunos, pais ou Fernanda Misevicius Soares
de bulliyng
Advogada especialista em
responsáveis legais e a exigência participa- Direito Educacional, formada
ção dos mesmos. pela Faculdade de Direito de São
Bernardo do Campo. Sócia da
Já quando for necessária a repressão Hexa+ Assessoria e Consultoria
Educacional. Membro da
de condutas agressivas, será essencial a Comissão de Direito Educacional da OAB/SP-CJA e
Comissão de Direito Administrativo da OAB/SP.
previsão de Regime Disciplinar, com regras

BullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullyingBullying

Janeiro de 2016 • Escola Particular 29


Ensino

O MEDO DA
REPROVAÇÃO ESCOLAR

freepik.com
O medo é uma reação natural do orga-
nismo a uma determinada ameaça, é
grupo, fracassado, desvalorizado em seu
potencial e inclusive pode tornar-se vítima É preciso que a
a força motivadora dos comportamentos
defensivos. A sua função é proteger o
de bullying.
É importante destacar que embora a
escola acompanhe
organismo de situações que o coloquem
em risco.
reprovação seja considerada “bem inten-
cionada”, ainda assim não deixa de ser um
a evolução
Reprovação é uma derivação do verbo
reprovar que vem do latim “reprobare” e
fator gerador de insegurança porque tem
o poder de estigmatizar, desvalorizar,
dos tempos
significa condenar, rejeitar, desaprovar. desmotivar e, em muitos casos, condenar respondem pelos campos da Avaliação da
Também foram encontrados sinônimos, o indivíduo ao fracasso para toda a vida. Aprendizagem e da Reprovação Escolar e
tais como: crítica, censura severa, despre- Portanto, do ponto de vista emocional podem corroborar os argumentos supra-
zo, repulsão, fracasso. reprovar não é saudável, além de afastar o citados. São eles, respectivamente: Prof.
A reprovação, como prática relacio- aluno do conhecimento. Dr. Cipriano Luckesi – Professor Titular da
nada ao processo de escolarização, tem Em uma estrutura educacional seriada Faculdade de Educação da Universidade
como princípio impedir que o aluno avance não é possível contemplar a diversidade hu- Federal da Bahia – e Prof. Dr. Vitor Henrique
de nível em uma estrutura escolar seriada, mana, não é possível respeitar a individua- Paro – Professor Titular da Faculdade de
com base na concepção hegemônica de lidade, as preferências e o ritmo de apren- Educação da Universidade de São Paulo.
ensino, com a justificativa de que, suposta- dizagem que cada indivíduo traz consigo. Ambos publicaram duas obras-primas que
mente, ele não estaria pronto para prosse- Nesse sistema, a nota e a memorização vêm contribuindo de forma expressiva
guir para o ano subsequente. Contudo, “o são mais valorizados do que a apropriação com a conscientização de profissionais da
não estar pronto” não é compreendido do conhecimento de fato. Souza (2001) Educação sobre as implicações relaciona-
de forma legítima, mas traz uma condição aponta que “os alunos não discutem o que das às formas de avaliar o desempenho
de fracasso subjacente, construído social- estão aprendendo, se estão aprendendo, o de um aluno e o impacto da reprovação
mente e deslocado do processo de desen- sentido do que estão aprendendo, mas que escolar no processo de escolarização de
volvimento. nota tiraram, em que disciplina estão com crianças e jovens. São elas: “Avaliação da
O medo da reprovação é uma conse- ou sem ‘média’ (p.35). Aprendizagem Escolar, componente do
quência gerada pela aproximação do su- É preciso que a escola acompanhe a ato pedagógico” e “Reprovação Escolar:
jeito a uma situação na qual esteja implícita evolução dos tempos, que acompanhe o renúncia à educação”. •
uma vivência de desprezo, desvalorização avanço social e tecnológico, não apenas
e rejeição. A reprovação carrega consigo o introduzindo equipamentos de última
poder de disseminar o medo, logo o medo geração nas salas de aula, mas revendo a
surgirá no momento em que a criança ou toda a sua estrutura e o impacto do sistema
Lucy Duró
o jovem estiver em contato com a possibi- educacional hegemônico sobre a vida de Pedagoga, Psicopedagoga
e membro do Laboratório
lidade de reprovação. crianças. Interinstitucional de Pesquisa em
A reprovação pode ter consequências Convido os leitores a conhecer duas das Psicologia Escolar do Instituto
de Psicologia da Universidade de
no desenvolvimento emocional do indi- mais respeitadas autoridades no campo São Paulo.
evoluireducacional.com.br
víduo. Ele pode sentir-se excluído do seu da Educação no Brasil, que, entre outros,

30 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 31
Bett Brasil Educar

Melhor Escola, Melhor Sociedade


E m recente entrevista dada ao jornal
Zero Hora, de Porto Alegre, o filósofo
e educador colombiano Bernardo Toro
denúncia apenas reforça a percepção
já difundida pelas sociedades contem-
porâneas de que garantir educação de
as relações no mundo do trabalho. Só as-
sim seu potencial transformador pode se
realizar.
afirmou: “A educação é o maior fator de qualidade para todos é condição essencial Para além do tema deste ano, a Bett
articulação social, política e emocional de para a estabilidade, o aprofundamento Brasil Educar incorpora os valores que
um país e, na América Latina, está sendo da democracia e o desenvolvimento orientam as atividades Bett ao redor do
exatamente o contrário”. Para ele, esse econômico e social. mundo, a saber:
“efeito contrário” decorre da enorme É nesse sentido que se define o tema Inspiradora - Cria oportunidades de
disparidade na qualidade da educação ofe- para a edição 2016 da Bett Brasil Educar: discutir ideias inovadoras que podem ins-
recida a pobres e a ricos, o que acaba por “Melhor Educação, Melhor Sociedade”. pirar outros profissionais. A magia está em
ampliar as desigualdades de oportunidades Entendemos que a educação de qualidade, ouvir e vivenciar diferentes experiências
e o “gap” social nesses países, numa era em com capacidade transformadora, requer a e sair com uma visão prática do que está
que o diferencial entre pessoas e nações profunda integração com a sociedade. Seja sendo feito, com sucesso, no Brasil e no
assenta-se no conhecimento. para perceber suas contradições, dilemas e mundo.
Bernardo Toro não está sozinho ao anseios, seja para compreender os modos Colaborativa - Compartilha experiên-
defender essa posição. Ao contrário, sua de vida, as relações sociais, formas de lazer, cias e melhores práticas, numa comuni-

32 Escola Particular • Janeiro de 2016


Um grande evento pela inovação e melhoria da qualidade da educação
dade de educadores com atitude positiva No âmbito desse marco, a Bett Brasil As atividades do congresso, sob o tema
e paixão por desenvolver suas escolas e Educar 2016 terá os seus tradicionais con- “Melhor Educação, Melhor Sociedade”,
alunos, com a ajuda das melhores soluções gresso e exposição. organizam-se segundo cinco eixos articu-
inovadoras e de recursos de tecnologia O congresso, que tem por objetivo ladores:
educacional. contribuir para a formação profissional 1) Profissão e Formação Docente:
Desafiadora - Desafia os conceitos, continuada de educadores, tem inscrições serão apresentados temas que envolvem
os processos e as abordagens. A comu- pagas e certificação aos participantes. melhores condições de trabalho docente
nidade Bett se preocupa com resultados e Além das tradicionais palestras, painéis, nas escolas, políticas de formação de
compartilha a paixão por novos modelos e debates e talk shows, nesta edição, serão professores, questões da identidade e
metodologias educacionais. Quer entender oferecidos 16 mini cursos, com 4 horas de papel do professor diante das novas tec-
como as novas soluções e os recursos de duração cada um. A proposta é propiciar nologias, material didático, planejamento
tecnologia de informação e comunicação o aprofundamento em temas diretamente da ação educativa, metodologias ativas e
podem melhorar a aprendizagem, bem relacionados a práticas em sala de aula, em participativas, entre outros. A qualidade
como a gestão de todos os processos en- especial a inclusão. Também como novidade da educação e da escola pressupõe a quali-
volvidos nas escolas e demais ambientes para 2016, o congresso contará com a impor- dade da formação inicial e continuada de
de aprendizagem. tante parceria do Instituto Singularidades. professores.

Janeiro de 2016 • Escola Particular 33


Bett Brasil Educar

2) Práticas Escolares: Focado nas distintos ritmos, processos e criando opor- sas nascentes, inovadoras, que mostrarão
práticas do dia a dia escolar, apoia-se em tunidades para todos. suas contribuições para a melhoria da edu-
estudos, pesquisas e na experiência de 5) Gestão e Qualidade Social: aliar cação; o espaço Aula Interativa – soluções e
escolas e projetos inovadores, que avan- conhecimentos científicos e habilidades práticas inovadoras, que utilizam recursos
çam e reposicionam a educação em nossa de gestão, domínio técnico e formação de tecnologia e mudam a conformação
sociedade. cultural e humana para lidar com pessoas, tradicional das aulas, com ganhos de apren-
3) Políticas Educacionais e Inovações processos de produção e organização de dizagem, serão apresentados por quem
Curriculares: Neste eixo, discute-se o re- modernas estruturas de serviços, de con- os implementa: professores e/ou alunos;
cente marco legal da educação brasileira - o vivências pluralistas e de eficácia adminis- e o Auditório do Saber, que trará sessões
Plano Nacional de Educação, as Diretrizes trativa. Como gerir uma escola nesse con- específicas sobre inovações educacionais,
Curriculares da Educação Básica e a Base texto de transformação em que vivemos e da educação básica ao ensino superior.
Nacional Curricular Comum, e suas im- como incorporar essas questões na prática A área de exposições, de acesso gra-
plicações sobre a prática e a melhoria da cotidiana da gestão escolar. tuito a todos os visitantes, propiciará
qualidade da educação nas escolas e no Os temas de inovação e de uso de re- oportunidades de conhecimento e experi-
país. Traz o debate sobre o currículo como cursos de tecnologia na educação permea- mentação de soluções educacionais, desde
centro das definições urgentes que nor- rão todos os 5 eixos, ao contrário do que as mais tradicionais às mais inovadoras.
teiam a educação e a sociedade: o que se acontecia nas edições anteriores, quando Nosso propósito é contribuir significa-
espera como resultado da educação básica? correspondiam a um eixo norteador espe- tivamente para a melhoria da qualidade da
Quais são os constituintes curriculares da cífico. Essa mudança decorre do entendi- educação no Brasil, pela via da articulação
escola da diversidade, da escola que hu- mento de que vivemos uma nova etapa, de todos os atores relevantes do segmento,
maniza, que valoriza as culturas, a ética; da em que não faz mais sentido discutir uso com a apresentação daquilo que de melhor
escola que prepara os nossos jovens para de tecnologias isoladamente. Elas perme- têm a oferecer. •
a inserção produtiva no mundo de hoje e iam, alteram e enriquecem os processos
do futuro? de ensino e de aprendizagem. São, hoje,
4) Aprendizagem: “Ciclos da Vida e e cada vez mais, recursos essenciais para
Ciclos da Escola”. A proposta deste eixo chegarmos à educação de qualidade que
é revisitar teorias e, principalmente, as almejamos. Vera Cabral Costa
Consultora independente na
práticas de ensino e processos de apren- Na Bett Brasil Educar 2016, a área de área educacional, com foco em
inovação. Consultora Educacional
dizagem, a partir de novos conhecimentos, exposições também se caracterizará por da Bett Brasil Educar. Foi
responsável pela implantação
novas soluções e recursos: as contribuições proporcionar importantes conteúdos, da Escola de Formação de
da ciência, em especial da neurociência e de caráter informativo e de atualização, Professores da Secretaria da Educação do Estado
de São Paulos e líder do Projeto de Parceira Público
das novas tecnologias, como viabilizadores gratuitos a todos os visitantes. Alguns Privada “Aula Interativa”, também da rede estadual
paulista. veracabralcosta@gmail.com
da aprendizagem, respeitando diferenças, exemplos são: a Área de Startups – empre-

34 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 35
Formação

A SUBJETIVIDADE NA
FORMAÇÃO DE EDUCADORES:
SENTIDOS DO APRENDER
E DO ENSINAR

A subjetividade vem sendo discutida


com muita ênfase nas últimas déca- A subjetividade A natureza complexa do sujeito e da
subjetividade tem sido pouco considerada
das, quando se percebeu que ela interfere
na compreensão de várias situações
afeta suas na educação. Algumas análises sobre a
formação de professores e de educado-
humanas. No caso dos educadores, a
subjetividade afeta suas perspectivas em
perspectivas em res em geral têm demonstrado um fato
preciso: em geral, os coordenadores dos
relação à formação e suas formas de atu-
ação profissional. (Scoz, 2011)
relação à formação cursos de formação têm a concepção de
que oferecendo informações e conteúdos
Na perspectiva teórica de Fernando
González Rey (2003), na subjetividade há
e suas formas de aos profissionais, produzirão mudanças
em suas formas de agir. Essa concepção
o envolvimento e a articulação de vários atuação profissional essencialmente intelectual, não dá conta
processos dinâmicos que ocorrem nas de perceber que os educadores produzem
histórias de vida dos sujeitos, por exemplo, sentidos em seus processos de aprender
a confluência de uma série de sentidos que sibilidade de compreender a subjetividade e de ensinar, nos quais se integram suas
os sujeitos produzem em suas trajetórias de não como algo que faz parte da substância condições sociais e pessoais, seus pensa-
vida e nas condições concretas dentro das ou da essência do sujeito, mas como algo mentos e suas emoções. Essa pode ser
quais eles atuam no momento. em permanente construção que transita uma das razões pelas quais são poucos os
Com base na dimensão de integração pelas fronteiras entre sociedade/indivíduo, aspectos trabalhados nos cursos de forma-
González Rey (2003) toma o conceito de pensamento/emoção, sentido/significado, ção que resultam em transformações nas
configuração de sentidos como uma pos- consciente/inconsciente ações educativas.

36 Escola Particular • Janeiro de 2016


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Considerando os sentidos que os pro- escolas, bem como as possíveis relações ras se percebessem diante da situação em
fessores produzem em seus processos de entre tais sentidos, bem como, a percep- que se encontravam e redefinissem novos
aprender e de ensinar, enfim, a dimensão ção que os professores/educadores têm sentidos em seus processos de aprender e
subjetiva implicada nesses processos, acerca de suas produções de sentidos, de ensinar. •
podemos ter acesso à maneira como eles enfim de suas próprias subjetividades.
se situam com sujeitos pensantes, bem E, a partir daí, quais novos sentidos pro- REFERÊNCIAS
como às emoções produzidas em diversas duzem em seus processos de aprender • GONZÁLEZ Rey F. (2003). Sujeito e Subjetivi-
situações de ensino e aprendizagem em e de ensinar. dade. São Paulo: Editora Thomson
diferentes espaços e momentos de suas A metodologia de trabalho é o Jogo • SCOZ, B. (2011). Identidade e Subjetividade de
vidas. Essas situações podem definir-se de Areia seguido de narrativas. O estudo Professores: sentidos do aprender e do ensinar.
como segurança ou insegurança, inte- realizou-se em um curso de Psicopeda- Petrópolis: Vozes
resse ou desinteresse, entusiasmo ou gogia de pós-graduação lato sensu da
desilusão etc. Um quadro afetivo que Universidade Católica de Pernambuco.
não pode ser ignorado, pois interfere na Os participantes da pesquisa foram 36
prática docente. alunos.
Nesse estudo privilegiei a compreen- O ato simbólico, a visualização dos Beatriz Judith Lima Scoz
Professora doutora do mestrado
são dos sentidos subjetivos que os profes- aspectos conflituosos, as possibilidades em Psicologia Educacional
sores/educadores produzem em seus pro- de reflexão e as emoções decorrentes da – UNIFIEO. Pós doutora em
Educação pela UnB; Mestre
cessos de aprender e de ensinar em suas construção e da narrativa dos cenários e doutora em Psicologia da
Educação pela PUC/SP.
famílias, comunidades de convivência, fizeram com que as professoras/educado-

Janeiro de 2016 • Escola Particular 37


Escola Legal

Vale a pena ser uma


“Escola Legal”
1.530 escolas já possuem o selo “Escola Legal”,
e a sua escola já solicitou?
Adhemar Oricchio

O Sieeesp – Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São


Paulo conclama as escolas particulares, associadas, que até o momento
não solicitaram junto ao Departamento Pedagógico o selo “ESCOLA LEGAL”,
que o façam, pois o objetivo do mesmo é o de orientar os pais a identificar
e escolher uma escola que tenha registro, que esteja autorizado o seu fun-
cionamento pelos órgãos legais. Além disso, é uma prova de que a escola
recebe orientação do Sindicato das Escolas Particulares nas áreas jurídica,
pedagógica, cursos direcionados a professores e mantenedores visando apri-
moramento. É, portanto, uma campanha de moralização da escola privada
no estado de São Paulo. O selo “Escola Legal” deve ser fixado em local visível
e de fácil acesso a comunidade.
As escolas de Educação Infantil recebem alunos durante todo o ano e os
pais que pretendem matricular seus filhos precisam estar atentos se a insti-
tuição escolhida está devidamente regulamentada conforme as exigências
da Diretoria Regional de Educação (antiga Coordenadoria de Ensino), órgão
municipal responsável pela fiscalização desse tipo de estabelecimento. Nem
todas as escolas, ao abrirem, cumprem as exigências para o funcionamento.
Com o objetivo de orientar a regulamentação dessas escolas, garantindo
aos pais mais segurança na hora da matrícula, o Sindicato dos Estabeleci-
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mentos de Ensino no Estado de São Paulo (Sieeesp), criou o Projeto “Escola


Legal” que, em seu décimo ano de atuação, contabiliza 1.530 instituições de
ensino cadastradas que já se encontram de acordo com a lei.
O Sieeesp analisa cada caso individualmente para orientar a escola quanto
às providências a serem tomadas, conforme as necessidades. Na maioria dos
casos, as instituições que estão em situação irregular junto ao Sieeesp são
as de Educação Infantil.
Penalidade – Segundo a coordenadora do Departamento Pedagógico
do Sindicato, professora Marlene Schneider, as escolas ilegais podem ser
penalizadas, correndo o risco de serem fechadas. “Quando uma denúncia
chega à Diretoria Regional de Educação, de que determinada escola está
funcionando ilegalmente, uma equipe de três supervisores é encaminhada

38 Escola Particular • Janeiro de 2016


Os pais são orientados a procurar uma escola que tenha
o certificado “Escola Legal”
ao local para analisar as dependências, a certeza de que estão matriculando seus moralização da escola privada no estado
documentação e, caso seja confirmada a filhos em uma escola devidamente autori- de São Paulo.
irregularidade, é concedido um prazo de zada por órgãos competentes”. Os pais são orientados a procurar uma
30 dias para a escola cumprir as determina- Em geral o período em que o Departa- escola que tenha o certificado “Escola
ções legais. É quando muitos nos procuram, mento Pedagógico do Sieeesp é mais pro- Legal” afixado em local visível, pois é a ga-
o que é errado, pois a partir do momento curado para uma assessoria sobre o “Escola rantia de que a mesma está devidamente
em que se pretende abrir uma escola, as Legal” é entre maio e setembro, quando em ordem com a legislação vigente.
providências para autorização de funcio- os futuros mantenedores começam a se Para que uma escola particular obtenha
namento precisam ser tomadas antes de preocupar em organizar os documentos esse certificado, é necessário ser associada
começar a funcionar”. necessários para o pedido de autorização ao Sieeesp, preencher uma ficha de ins-
Inspeção – Uma escola regulamentada de funcionamento junto às secretarias mu- crição que será fornecida pelo Sindicato,
pela Diretoria Regional de Educação, no nicipal e estadual de educação e legislação além de juntar cópia dos documentos so-
caso de instituições de Educação Infantil, específica quanto a imóveis adequados, licitados. Se a instituição não possui ainda
ou, pela Diretoria Estadual de Ensino, mobiliários e equipamentos para ofere- autorização de funcionamento, mas já deu
responsável pelas escolas de Ensino Funda- cerem uma escola de qualidade. entrada na documentação, é só preencher
mental e Médio, recebe visitas periódicas O Sindicato pode indicar empresas que a ficha, anexando cópia do protocolo
de supervisores, que verificam entre outras oferecem descontos na compra de material do pedido de funcionamento. O Sieeesp
coisas a quantidade de alunos por classe, às escolas associadas e o Departamento fornece um “certificado temporário” e
de acordo com a metragem estabelecida Pedagógico está à disposição dos educa- acompanha a publicação nos Diários Ofici-
legalmente, além de analisar a qualificação dores durante todo o ano para orientações ais. Após, encaminha um novo certificado
dos profissionais que ali trabalham. pertinentes. de escola devidamente regularizada.
Benjamin Ribeiro da Silva, presidente
Certificados – O Sieeesp confere o cer- O QUE É UMA ESCOLA LEGAL? do Sindicato, afirma que “a iniciativa é um
tificado “ESCOLA LEGAL”, às oficialmente O Sieeesp – Sindicato dos Estabeleci- sonho antigo da entidade, pois representa
autorizadas, com ato publicado no Diário mentos de Ensino no Estado de São Paulo a valorização da escola particular no Es-
Oficial do Município (Educação Infantil), ou lançou a campanha “Escola Legal” em tado de São Paulo”. Portanto, não deixe
do Estado (Ensinos Fundamental e Médio), 2006 com o objetivo de orientar os pais de participar, solicite o seu certificado; é
ratificando a legalidade de funcionamento. de alunos quanto à necessidade de esco- um serviço gratuito. Envie o material para
“Orientamos os estabelecimentos lher uma escola que tenha autorização a sede do Sieeesp, aos cuidados do Depto.
para afixarem o cartaz em local visível na de funcionamento junto aos órgãos com- Pedagógico: Avenida das Carinas, 525. CEP
secretaria, de modo que os pais tenham a petentes. É, portanto, uma campanha de 04086-011, São Paulo, SP. •

Janeiro de 2016 • Escola Particular 39


Cyberbullying

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P rofessores das redes pública e privada


dos ensinos fundamental e médio são
constantemente intimidados por serem
morizar os professores. Os atos ofensivos
de qualquer natureza agora se propagam
com muita facilidade no mundo virtual.
em alguns casos. As redes sociais e apli-
cativos como o WhatsApp são os meios
mais comuns.
rígidos, por atribuir notas baixas, por ten- Tornou-se comum professor ser alvo do Educadores vítimas de cyberbullying
tarem disciplinar seus alunos e por tantos cyberbullying. sofrem ainda com a falta de amparo no
outros motivos. O espanto diante desta O problema é agravado pela avalanche que concerne à política educacional. Regi-
situação torna-se maior quando constata- de meios digitais, que permitem comparti- mentos de colégios deveriam alertar pais
mos que não só os alunos praticam os atos lhar todo tipo de informação, pela agilidade e alunos sobre as consequências dos com-
intimatórios e infames. Em muitos casos, dos jovens no mundo tecnológico, bem portamentos abusivos e ofensivos. Muitas
crianças e jovens são encorajados pelos como pela dificuldade em identificar os vezes, por receio de piorar a situação ou de
próprios pais que também passam a ate- autores e métodos que foram utilizados serem demitidos, os professores sofrem

40 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 41
Bullying

calados. Deixam de buscar uma solução em saltou em um ano, de 21% para 60% do total difamações, mentiras, falsos perfis na Inter-
conjunto com a direção escolar ou mesmo de 1500 profissionais entrevistados. net, falsas acusações, racismos, ameaças
de procederem com medidas legais. Isso Os efeitos do bullying cibernético são no mundo virtual seja pelas redes sociais ou
ocorre porque, espantosamente, a maioria devastadores para qualquer vítima, princi- por aplicativos de Internet, não deve ficar
das escolas são omissas, esquecem de zelar palmente quando os atos praticados ferem inerte, é preciso procurar orientação jurídi-
pela incolumidade física e psíquica de seus a honra, a reputação da pessoa, pois é fácil ca. Para isso, precisa salvar as mensagens
docentes, não se previnem, e isso os desen- e rápido compartilhar qualquer informação de texto, printar e/ou imprimir as páginas e
corajam de tomar qualquer providência na Internet. Por isso é importante que guardar de forma segura as provas dos atos
administrativa ou judicial. as escolas se atentem com cyberbullying ilícitos praticados pelos agressores, pois,
Poucos reagem e muito menos denun- cometidos por alunos e pais contra pro- em eventual ação judicial, será necessário
ciam os agressores. Diante desse quadro fessores, de alunos contra alunos, além provar suas alegações de humilhações no
adquirem doenças psicossomáticas, que de combater esta prática na escola e fora universo virtual. Se o agressor excluir as
podem evoluir para um transtorno men- dela, afinal, atualmente a vida pessoal e provas, torna-se mais difícil recuperá-las,
tal. Perdem a saúde, a disposição e a profissional possui uma extensão virtual mas não impossível. Há maneiras de recu-
vontade de trabalhar por se sentirem bastante relevante. perar as provas e a justiça tem concedido
constantemente agredidos, rejeitados e Cyberbullying se mostra um problema liminares nesse sentido.
desamparados. realmente urgente, tanto que o Plenário No caso do professor, além de guardar
Uma pesquisa realizada por um sin- da Câmara dos Deputados aprovou o as provas das ofensas de qualquer natureza
dicato de professores no Reino Unido, regime de urgência para o projeto de lei praticadas por pais e alunos no mundo
NASUWT, noticiada no jornal O Globo, em - PL 5369/09, que obrigará as escolas e os virtual, precisam registrar também as
02/04/2015, revelou um aumento conside- clubes de recreação a adotarem medidas tratativas sobre o assunto junto aos diri-
rável do número de educadores vítimas de conscientização, prevenção, diagnose gentes escolares, pois, a responsabilidade
de cyberbullying praticados por pais de e combate ao bullying. é também da instituição de ensino. A escola
alunos. Segundo a pesquisa comentários Enquanto isso, a vítima de cyberbul- não pode ser omissa com ofensa moral ou
agressivos na Internet contra docentes lying ao tomar conhecimento de ofensas, criminal, perseguição, assédio, conteúdo
ilegal, postagens de imagens não autoriza-
das, postagens de imagens e vídeos com
No mundo globalizado e cibernético que conteúdo sexual, montagens para denegrir
a imagem da vítima, ameaças de natureza
vivemos a prevenção é ainda a melhor física ou moral em que os alvos sejam (alu-
nos x alunos, alunos x professores, pais x
forma de combater o cyberbullying professores, funcionários etc.), pois sua
responsabilidade é objetiva nos termos
do artigo 927 do Código Civil, logo, precisa
tomar as decisões certas para limitar sua
responsabilidade.
No mundo globalizado e cibernético
que vivemos a prevenção é ainda a melhor
forma de combater o cyberbullying.
Líderes escolares devem saber como
tratar essas questões de forma adequada,
devem saber como agir para proteger-se
do cyberbullying, precisam estar munidos
de informações, procedimentos legais e
de políticas educacionais preventivas e
eficazes. Portanto, é imprescindível pro-
mover políticas antibullying nas escolas que
abarcam alunos, professores, pais e demais
funcionários, disseminando informações
específicas, treinamentos tecnológicos e
alertas comportamentais, além de esta-
belecer sanções disciplinares claras para o
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cyberbullying. •

Giane Marize Barroso


Advogada do SLM Advogados
Graduada em direito pela
Universidade Nove de Julho
- Uninove (2007 a 2012). Pós-
graduada em Direito Tributário
pela Universidade Nove de
Julho - Uninove (2013). Pós-graduada em Direito
Previdenciário - Seguridade Social pela Faculdade
Legale (2014 a 2015). Cursando pós-graduação em
Direito Processual pela Universidade Católica de
Minas Gerais - Puc Minas Virtual- Educação a Distância
(2015 a 2017). Atuação nas áreas tributária, cível,
previdenciária,responsabilidade civil, consumidor e
trabalhista.

42 Escola Particular • Janeiro de 2016


Janeiro de 2016 • Escola Particular 43
Sociedade

BRASILEIRO NÃO É
H á muitos anos, aconteceu eu estar
com minha filha de 10 anos, em uma
maternidade, em São Paulo, para visitar sua
em um ato racista, ora como causa ora
como consequência.
Todavia, as palavras da filha, levanta-
de covardes, que lhe postaram violentos
comentários; por fim, a apresentadora
Xuxa se sente ofendida por ser chamada
tia. De mãos dadas, íamos pelos corredores ram-me dúvidas inumanas: Por que havia de “menino americano”, por conta do corte
à procura do quarto. surgido aquele pensamento, se não racista, de cabelo.
Sem quê, nem porquê, apertou minha pelo menos discriminatório, em um cérebro Fatos lamentáveis, sintomas de uma
mão, puxando meu rosto até os seus lábios de 10 anos? Como assim se, lá em casa, sociedade adoecida, ações de pessoas
e segredou, como quando ninguém pode sempre vivemos um clima de respeito para poltronas. Todavia, tal pusilanimidade
saber: com qualquer diversidade? não pode apressar o fim de um debate
— Pai, eu já sei ver quem é médico e tão delicado ou sugerir que, nesta Pátria
quem é enfermeiro. — Eu já não lhe disse que não há Varonil, os casos de racismo sejam raros e
— Como assim, minha filha? De onde diferença entre pessoas e que todos nós rarefeitos. Episódios isolados como estes,
você tirou isso? somos iguais? Um é tão importante quanto embora causem constrangimento geral,
Ao notar que em nossa direção vinham o outro. ficam somente por horas como “notí-
dois homens vestidos de branco, apertou- — Eu não vejo nada disto e não con- cias importantes”. Todavia, por serem
me a mão e me puxou até ela: cordo, mas se você acha... atos isolados e midiáticos, têm “data de
— Olhe estes dois, o de lá é o médico, Para a minha paz entramos no quarto validade” e por isso mesmo tornam-se
e o de cá é o enfermeiro. e o assunto foi adiado, pelo menos até o estéreis. Levantam uma cortina de fu-
— Depois conversamos. Agora, fique final deste texto. maça e escondem os graves problemas
quieta. de racismo com os quais convivemos,
Os dois passaram por nós e, para mim, o No Brasil, e no mundo, “racismo” é uma disfarçadamente, dando-nos a enganosa
pior já havia acontecido: ela havia acertado. questão sempre em debate e a mídia se impressão de que, no Brasil, não existe o
aproveita dela para “deitar e rolar”. Notícias racismo ou ele é homeopático.
Discriminação, preconceito, prejuízo, sobre atos de racismo dão visibilidade a Que o brasileiro não seja racista, tenho
bullying, arrogância, crime, delito, sabo- quem delas participa ou a quem as noticia. lá dúvidas e suspeitas. Convenhamos,
tagem, dano, falta de educação, lesão Ora, alguém atira uma banana ao convivemos com a selvageria própria de
moral, delinquência, deturpação, xin- campo, em direção a um jogador negro e perseguição aos negros (e aos índios)
gamento, zombaria, escárnio, chacota, este a come; ora, uma “inocente” jovem é durante 388 anos, tempo suficiente para
selvageria. Tais palavras poderiam ser filmada xingando um jogador de “macaco”; internalizar nas vísceras desta Pátria Varonil
quase sinônimas ou estarem envolvidas por sua vez, a artista Taís Araújo é vítima dimensões que contaminam o inconsciente

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RACISTA. VERDADE?
coletivo, admitindo um racismo, digamos, Os números do estudo Homicídios e Ju- universidades e congressos, grosso modo
estrutural e institucionalizado, porém dis- ventude no Brasil, do Mapa da Violência sobre Psicologia Educacional. Entristece-
simulado. 2013, mostram a brutal desigualdade na me a observação que faço desta realidade,
Tais reflexões são importantes, posto violência no País. Com dados do Sistema a saber: eu só falo para brancos! Continuo:
necessitarmos conhecer como estamos em de Informações sobre Mortalidade do do alto dos meus 67 anos, nunca consultei
relação às raças, para termos uma definição Ministério da Saúde, aponta que 71% das um médico, engenheiro, um dentista, um
mais consistente a nosso respeito e colo- 49 mil vítimas de homicídios em 2011 eram advogado ou um arquiteto que fossem
carmos fim à “metáfora” de que brasileiro negras – o que corresponde a 35 mil as- negros. A tal ponto isto é verdade que me
não é racista. sassinatos.” pergunto angustiado: onde estão os negros
Aliás, é bom lembrar que, depois de • Embora com tímidas melhoras, a deste país?
Mauritânia, o Brasil foi o último país do pequena presença de estudantes negros no Bob Marley tinha razão. O racismo é a
mundo a abolir a escravidão, em um longo ensino superior é o resultado de diferentes prova do quanto ainda somos primitivos.
processo de mais de 38 anos. Em que pese gargalos, que vão da exclusão material,
alguns tímidos avanços, hoje, o Estado ocorrem pela baixa qualidade do ensino — Sim minha filha, todas as pessoas
brasileiro vive não dando a importância público e avizinham-se da auto exclusão. são iguais e não deve haver distinção
devida ao 13 de maio de 1888. Dos três cursos mais concorridos na USP, entre elas.
segundo o ENAD, não há negros. — Mentira, pai. Se todos fossemos
Nada mais longe da verdade: • Um dos maiores jornais da cidade iguais não se construiriam casas e aparta-
• No atual Congresso Nacional, (81 de São Paulo apresenta as fotos de seus mentos em que os quartos de empregada
Senadores e 513 Deputados) menos de 8% 118 colunistas; eu contei apenas um único são mínimos, estão no pior lugar da casa e
dos parlamentares são negros, enquanto a negro. às vezes nem janela têm.
população que se declara negra, no Brasil, • Dados oficias dão conta de que o — ... •
chega a 51%, a nação de maior população homem negro ganha bem menos do que
negra fora do Continente Africano. o branco; na informalidade a mulher negra
• Nos presídios femininos, duas entre chega a ganhar 57% a menos das mulheres
três mulheres são negras. Nos masculinos, brancas. Paulo Afonso Ronca
a porcentagem chega perto de 65% de As reflexões sobreditas tiveram início Doutor em Psicologia Educacional
pela UNICAMP, diretor do
negros. quando olhei em meu entorno profissional. Instituto Esplan e autor de 13
livros, entre eles de Senta e
• Morrem 153,4% mais negros do Há 45 anos ministros um sem-número de Pensa – Construindo os Limites
na Infância.
que brancos por homicídios no Brasil. cursos, palestras e seminários, em escolas,

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Jurídico

BALANÇO E RECOMEÇO

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Férias é aquele
período em que
F érias, segundo a definição do Di-
cionário Aurélio da Língua Portuguesa,
é “... certo número de dias consecutivos
que o ambiente de uma escola é diferente
de uma montadora de veículos que traba-
lha com linha de produção.
quase todos param,
destinados ao descanso de funcionários, Outra situação é aquela em que duran- para descansar
empregados, estudantes etc., após um te anos os cartões de ponto do empregado
período anual ou semestral de trabalho são marcados sempre no mesmo horário,
ou atividades.” sem qualquer alteração de minuto. O Como se não bastassem essas situa-
Então, é isso, férias é aquele período chamado “horário britânico” que a Justiça ções, o assunto do momento é a “inclusão”.
em que quase todos param, para descansar, do Trabalho abomina. Ora, como pode Como lidar com o Estatuto do Deficiente
repor as energias, fazer um balanço do que o empregado entrar e sair do trabalho, que entrará em vigor em janeiro próximo?
passou e começar tudo de novo. observando sempre os mesmos minutos E as questões relacionadas a bullying, cy-
Como dizia Guimarães Rosa, “O cor- de todos os dias? berbullying, uso indevido de redes sociais,
rer da vida embrulha tudo. A vida é assim: E até em relação às férias, se pode con- que trazem tantos malefícios aos próprios
esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, ceder férias para o empregado que exerce alunos envolvidos, além de indenizações
sossega e depois desinquieta. O que ela sua atividade docente num período e esse vultosas para as escolas no trato de
quer da gente é coragem.” mesmo empregado trabalhar no período questões tão delicadas, polêmicas e difíceis
O mesmo deve acontecer com o nosso em que exerce atividade administrativa. de serem controladas?
segmento. Nesse período as escolas fazem Nesse caso, ele descansaria somente num Enfim, hora de fazer um balanço das
reformas, pintam seus prédios, inovam seu dos períodos, descaracterizando por situações, das atitudes e posturas adota-
material e por aí vai. completo a natureza jurídica do instituto das, tanto de empregados quanto de em-
É hora de, também, rever as posturas das férias, que é o descanso merecido do pregadores, pois, no trabalho realizado em
adotadas, seu pessoal e avaliar como anda empregado depois de 1 ano de trabalho. conjunto, deve haver troca, responsabili-
a gestão empresarial e, principalmente, mu- Enfim, são situações que aos olhos de dade e comprometimento. •
dar conceitos, parâmetros e paradigmas. um operador do direito mais experiente
Sempre me deparo com perguntas vai ficar surpreso, mas são situações que
que me levam a algumas reflexões. Esta acontecem, corriqueiramente, e não de
semana mesmo, me perguntaram se po- maneira tão rara. Josiane Siqueira Mendes
Advogada do Sieeesp
dia dispensar um empregado do trabalho E por que num mundo tão globalizado
por telegrama. Fiquei pensando: ninguém ainda nos deparamos com situações assim?
contrata ninguém por telegrama, além do Será problema de gestão, ou outro?

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Janeiro de 2016 • Escola Particular 47
Educação Sexual

A escola frente as
várias configurações
de família

O utro dia, numa conversa com jovens,


veio a tona o tema das configurações
familiares. Tudo começou porque um deles
tipos de arranjos familiares estão em 50,1%
dos lares, entre eles: casais sem filhos,
pessoas morando sozinhas, três gerações
comentou que a filha de uma vizinha, sob o mesmo teto, casais gays, mães ou
de cinco anos, contou em casa que um pais sozinhos com filhos, amigos morando
de seus coleguinhas tinha dois pais. juntos, netos com avós, irmãos e irmãs, e
Imediatamente, um dos presentes fez o ainda a nova e famosa família “mosaico”,
seguinte comentário: composta por pais divorciados que voltam
– Deve ser muito ruim ser filho de um a se casar e vivem com os filhos do antigo
casal gay! Comigo, que sou filho de pais casamento na mesma casa. Dados como
heterossexuais, mas que não se casaram e esse mostram como o conceito de família
nem moraram juntos, já foi complicado de hoje é muito abrangente. Ficar discutindo
lidar com o preconceito e a ignorância das com base em conceitos antigos não é ape-
pessoas. nas improdutivo, é um retrocesso.
Esse é o ponto: o preconceito. Ainda há
pessoas com grande dificuldade em aceitar O papel da escola nessa discussão?
as novas configurações familiares, como se A escola pode ajudar muito os alunos e
com isso pudessem eliminar da sociedade o pais a lidar com a diversidade das relações
que é diferente do tradicional e socialmente familiares e, principalmente, dar apoio para revolta, agressividade e desatenção no
aceito por eles. Mas o caminho não é esse. famílias com uma conformação diferente. aluno. Esses comportamentos dificultam a
Segundo dados do último censo do Para isso, é fundamental que professores concentração e a aprendizagem e podem
IBGE, de 2010, já são mais de 60 mil os e funcionários estejam convencidos de que ser considerados um aviso para o professor
casais gays que moram juntos. Porém, as todas as relações amorosas são válidas e intervir junto à turma, ou mesmo orientar
relações homo-afetivas são apenas mais que qualquer criança quando é amada e os pais a buscar apoio especializado.
um exemplo dos novos arranjos familiares cuidada pode ser feliz e saudável, indepen-
no Brasil. O modelo de casal heterossexual dentemente do tipo de arranjo familiar que Sugestões para lidar com os vários
com seus próprios filhos deixou de ser ela tenha. modelos de familia
dominante no país. Esse levantamento Reações de rejeição e preconceito em Para lidar com esse tema com os pais
demográfico identificou 19 tipos de laços virtude de um arranjo familiar pouco con- e alunos é preciso que professores e fun-
de parentesco, indicando que os outros vencional pode causar isolamento social, cionários saibam como tratar a questão. É

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proposta para os alunos adolescentes, dinâmica de conversar com os alunos:
focando na apresentação das pesquisas colagem de fotografias ou desenhos dos
realizadas e na valorização do que identifi- familiares para montar a árvore da família,
cam como importante na convivência em além de outras formas de expressão em
casa, deixando claro que o apoio da família que as famílias sejam apresentadas e os
pode existir independentemente da forma alunos possam mostrar o que mais gostam
como elas se configuram. na convivência familiar.
Para o trabalho com os familiares, su- Gostei muito de um caso que encon-
giro que, após esse desafio com os profes- trei na internet, em que a escola sugeriu
sores, a escola faça uma palestra, sobre os a um aluno filho de pais gays que ele con-
novos arranjos familiares, com uma roda de vidasse amiguinhos para frequentarem
conversa sobre o assunto, aproveitando, se sua casa com o intuito de notarem que
o clima da conversa for de respeito à diver- não existia diferença, a não ser o fato de
sidade, para mostrar os tipos de família que que seus pais eram do mesmo sexo. Para
existem na escola. O Instituto Kaplan, tem isso, a escola teve o cuidado de indicar
uma excelente opção de palestra interativa, uma família mais flexível e que lidava de
nesse sentido, que se chama: Que família é forma aberta com o assunto. A conclusão
essa? Informações no site kaplan.org.br. da coordenadora pedagógica que trouxe
possível lançar um desafio pedagógico em Já com os alunos pequenos, a melhor a proposta foi de que, apesar de não ser
que os diferentes tipos de família conheci- maneira é apresentar o assunto de forma uma proposta fácil, pode ser trabalhada
dos pelos professores e funcionários sejam natural e sem muitos detalhes. A criança com sucesso.
listados e solicitar que eles expliquem, em consegue compreender que ele tem um É hora da escola abrir o seu espaço para
termos de configuração e modo de agir, o pai e uma mãe, seu amigo tem dois pais, lidar com a diversidade familiar! •
que há de diferente no comportamento sua amiga duas mães, o outro coleguinha
dessa família. Essa é uma boa forma de é criado pela vó, lidando facilmente com
desmistificar os tabus e mostrar que, se outras formas de família além da que ela
bem estruturado, qualquer um dos arranjos participa. Maria Helena Vilela
Educadora sexual e diretora do
familiares apresentados pode contribuir Muitas escolas já incluem o tema Instituto Kaplan.
para o desenvolvimento da criança ou “família” dentro de suas grades curricu- kaplan.com.br

jovem. Essa atividade também pode ser lares. Nesse caso, é só buscar uma forma

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Gestão Educacional

Superando Desafios
Gestão para resultados
e oportunidades de
crescimento
A crise econômica que o Brasil está
enfrentando é um fato em todos os
setores e, diante dela, a estratégia mais efi-
acreditam que ter uma visão geral e ampla
do negócio é fundamental para se gerir
uma instituição de ensino. Os gestores
Um dos pontos altos do segundo dia
do congresso será o IX Fórum de Gestão
de Pessoas, presidido por Fábio Lacerda,
caz é nos reinventar, buscar novas soluções podem participar do evento como um todo diretor de Recursos Humanos da Kroton
para enfrentar as atribulações. Neste ou escolher qual conteúdo se adequa mais e que contará com um interessante painel
sentido, muitos especialistas têm afirmado à sua necessidade, dentre eles o XIV Con- intitulado “O sonho e a realidade de um
continuamente que as capacitações são o gresso Brasileiro de Gestão Educacional, o novo paradigma na gestão de pessoas
melhor meio de se destacar no mercado. II Fórum de Empregabilidade e Empreende- – rompendo com os padrões mentais”,
Os gestores educacionais sabem que dorismo do Aluno, o Executive Exchange, o conduzido por Diego Torres Martins, Fun-
é necessário sair da zona de conforto e se I Fórum de Líderes Educacionais, o I Fórum dador e Presidente da Acesso, empresa
adaptar ao momento, repensando todos os de Criação de Valor & Risk Management, o de tecnologia de gestão de processos
processos administrativos e pedagógicos, IX Fórum de Gestão de Pessoas, o V Fórum e documentos, que atualmente é con-
com criatividade e inovação. de Inovação Acadêmica e a XII Jornada de siderada a melhor empresa da América
Diante disso, o GEduc 2016 é um ótima Marketing Educacional. Latina para se trabalhar, de acordo com
oportunidade para que os executivos de O XIV Congresso Brasileiro de Gestão o GPTW, e está há quatro anos no ranking
todos os segmentos da educação possam Educacional dará inicio às atividades no dia das que mais crescem no país, de acordo
aperfeiçoar seus conhecimentos, explorar 30/03 e contará com a ilustre presença do com o Deloitte.
novas visões de mercado e criar conexões filósofo, escritor e educador Mario Sérgio No último dia de evento, 1º de abril, os
com outros gestores de diversas institui- Cortella, com a palestra “Da oportunidade eixos apresentados serão o V Fórum de
ções de ensino de todo o Brasil, ampliando ao êxito”, que abordará a necessidade de Inovação Acadêmica, que apresentará as
seus horizontes e expandindo suas redes não se ficar acomodado em um momento cinco grandes tendências em tecnologia
de contatos. de mudanças necessárias. que vão transformar a educação, e a XII
Por meio de uma rica programação, o No dia seguinte, 31 de março, serão Jornada de Marketing Educacional, que
evento, que será realizado de 30 de março realizados diversos blocos temáticos. Pre- terá como um dos destaques a palestra
a 1º de abril de 2016, no Hotel Maksoud sente pela segunda vez na programação “Como a transformação digital pode mudar
Plaza, São Paulo – SP, leva aos participantes do evento, o II Fórum de Empregabilidade o relacionamento entre as Instituições de
modernas práticas gerenciais e tendências e Empreendedorismo do Aluno contará, Ensino e seus alunos”.
de mercado, com uma abordagem inova- dentre outros tópicos, com o Painel: Os participantes terão também a
dora de temas de extrema relevância, não “Como as escolas e as universidades po- oportunidade de visitar a XIV Exposição de
só para a melhoria do ensino, mas para a dem atender as expectativas dos jovens e Produtos e Serviços Educacionais do GEduc
eficácia da gestão das instituições. a nova demanda do mercado com relação e conhecer diversas empresas especializa-
Todas as edições anteriores superaram ao empreendedorismo?”. Neste mesmo das em oferecer as melhores soluções para
as expectativas dos participantes e o even- dia, serão apresentados os eixos Executive instituições de ensino.
to de 2016 não será diferente. A programa- Exchange, que abordará as cinco melhores O SIEEESP apoia este congresso, e
ção da 14ª edição do principal Congresso práticas e recomendações internacionais contará com um local exclusivo no evento,
de Gestão Educacional do país leva o mote para a implantação bem sucedida de pro- o Atelier do Saber em Gestão, para receber
“Superando Desafios – Gestão para resul- gramas em EAD, o I Fórum de Líderes os gestores das escolas, oferecendo um
tados e oportunidades de crescimento” Educacionais, uma oportunidade impar espaço interativo para troca de conhe-
e promete contribuir para minimizar os para interagir com os grandes líderes da cimentos e networking. Além disso, seus
impactos da crise econômica nas organiza- educação conhecendo os seus maiores associados possuem 10% de desconto na
ções educacionais, tendo como premissa desafios e superações na gestão de suas inscrição! Para isso, basta inserir o código
a qualidade teórica e a aplicabilidade para atividades, e o I Fórum de Criação de Valor “SIEEESP-ESP” na ficha de inscrição.
a realidade da educação brasileira atual. & Risk Management, com o Painel: Como Não fique de fora desse evento de
O congresso é conhecido por con- profissionalizar a gestão com estruturas suma importância para alcançar melhores
templar diversas atividades simultâneas, que comprovadamente trazem resulta- resultados para a sua instituição! Conheça
direcionadas a assuntos específicos, indis- dos e reduzem os custos operacionais e a programação completa e inscreva-se no
pensáveis aos gestores educacionais que os riscos? site www.humus.com.br/geduc. •

GEduc - Congresso Brasileiro de Gestão Educacional


• Data: 30, 31/03 e 01/04/16 • Local: Hotel Maksoud Plaza - Alameda Campinas, 150 - Bela Vista - São Paulo - SP
• Organização: HUMUS

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Janeiro de 2016 • Escola Particular 51
Classieeesp

AGENDA de obrigações • FEVEREIRO DE 2016 •


• 05/02/2016 SALÁRIOS - ref. 01/2016 • 22/02/2016 COFINS – Faturamento - ref. 01/2016
FGTS - ref. 01/2016 PIS – Faturamento - ref. 01/2016
CAGED - ref. 01/2016 • 29/02/2016 IRPJ – (Mensal) - ref. 01/2016
E-Social (Doméstica) - ref. 01/2016 CSLL – (Mensal) - ref. 01/2016
• 08/02/2016 ISS (Capital) - ref. 01/2016
• 11/02/2016 EFD – Contribuições - ref. 12/2015
• 19/02/2016 INSS (Empresa) - ref. 01/2016 Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade
PIS – Folha de Pagamentos - ref. 01/2016 helpescola@helpescola.com.br
(11) 3399-5546 / 3399-4385
SIMPLES NACIONAL - ref. 01/2016

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Cursos

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56 Escola Particular • Janeiro de 2016

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