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Do Espírito das Leis, é um clássico que pode auxiliar os legisladores,

doutrinadores, juristas e estudantes do direito, a discutir as instituições as leis e a


compreender as legislações existentes no mundo e em épocas diferentes.

Uma obra elaborada numa teoria política, inspirada em John Locke e no seu estudo
das instituições políticas inglesas.

Esta obra tornou-se fonte das doutrinas constitucionais liberais, que consagrou a
separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

BIOGRAFIA

Charles – Louis de Secondat, senhor de La Bréde ou barão de Montesquieu (castelo


de La Bréde, próximo a Bordéus, 18 de janeiro de 1689 – Paris, 10 de fevereiro de 1755),
foi um político, filósofo e escritor francês. Ficou famoso pela Teoria da Separação dos
Poderes, atualmente consagrada em muitas das modernas constituições internacionais.

Aristocrata, filho de família nobre teve formação iluminista com padres


oratorianos. Revelou-se um crítico severo e irônico da monarquia absolutista decadente,
bem como do clero. Adquiriu sólidos conhecimentos humanísticos e jurídicos, mas
também freqüentou em Paris os círculos da boêmia literária. Em 1714 entrou para o
tribunal provincial de Bordéus, que presidiu de 1716 a 1726. Fez longas viagens pela
Europa e, de 1729 a 1731, esteve na Inglaterra.

Proficiente escritor concebeu livros importantes e influentes, como Cartas Persas


(1721), Considerações sobre as causas da grandeza dos romanos e de sua decadência
(1734) e sua mais famosa obra, do Espírito das Leis.(1748) Contribuiu também para a
Enciclopédia.
“As leis no seu significado mais amplo, são relações necessárias que derivam
da natureza das coisas; e, nesse sentido, todos os seres têm suas leis; a divindade tem
suas leis, o mundo material tem suas leis, as inteligências superiores ao homem têm
suas leis, o homem tem suas leis”.

Montesquieu elaborou uma teoria política, que aparece em sua mais famosa obra O
Espírito das Leis (L’Espirit dês Lois, 1748), inspirada em Locke e no estudo das
instituições políticas inglesas. É uma obra volumosa, dividida em seis partes, cada qual em
vários livros, composta de muitos capítulos. Nela ele discute a respeito das instituições e
das leis, e busca compreender as diversas legislações existentes em diferentes lugares e
épocas. Esta obra inspirou os redatores da constituição de 1791 e tornou-se a fonte das
doutrinas constitucionais liberais, que repousaram na separação dos poderes legislativos,
executivo e judiciário.

“As viagens dão uma grande abertura à mente: saímos do círculo de


preconceitos do próprio país e não nos sentimos dispostos a assumir aqueles dos
estrangeiros.”

No seu livro ele demonstra que não usou de seus preconceitos pessoais, seus
princípios para falar e julgar sobre todos os assuntos abordados na obra, mas sim, justificou
o usou do princípio dos homens.

Ele afirma que o mundo da matéria e formado pela inteligência, e isso concebe de
invariáveis, portanto, se não houvesse leis o mundo seria destruído, por não haver regras
estabelecidas a serem seguidas. E preciso entender as regras anteriores à justiça, já que
seres inteligentes recebem benefícios de outros seres, tais seres deveriam ser gratos a este
último, da mesma forma que um ser inteligente tenha causado um mal a outro, mereceria
receber o mesmo mal. Os animais são guiados pelos sentimentos, e não tem leis positivas
por que não são munidos pelo conhecimento. As leis naturais dos homens são estabelecidas
a partir do momento que eles não estão inseridos em uma sociedade.
“Num Estado, isto é, numa sociedade onde há leis, a liberdade só pode
consistir em poder fazer-se o que se deve querer e em não estar obrigado a fazer o
que não se deve querer”.

Logo que os indivíduos começam a conviver dentro de uma sociedade todos


procuram trazer para si mesmo vantagens dessa sociedade, tanto de individuo para
individuo como nação para nação. Essas duas espécies de estado de guerra ocasionam a
necessidade de leis entre os homens, aqui Montesquieu as define como: direitos da gente
que e a relação entre cada povo ou nação; direito político e a relação entre os que
governam e os que são governados; direito civil e a relação que os cidadãos relacionam
entre si.

“A lei, em geral, e a razão humana, uma vez que ela governa todos os povos da
terra; e as leis políticas e civis de cada nação devem representar apenas os casos
particulares em que se aplica essa razão humana”.

O que Montesquieu pretende mostrar nesta obra é como as leis se relacionam o que
no seu conjunto chama-se de Espírito das Leis. Como elas se relacionam entre si, como
elas interagem umas com as outras.

Ele faz a separação dos poderes em três e os define como: republicano é aquele em
que o povo, como um só corpo, ou somente uma parcela do povo, exerce o poder soberano;
o governo monárquico e aquele em que um só governa, de acordo, entretanto, com leis
fixas e estabelecidas; e no governo despótico, um só individuo governa, sem obedecer a
leis e regras, submete tudo a suas vontades e caprichos.

“Até a virtude precisa de limites.”

Na aristocracia o principio do estado tem o peso nas costas, a aprovação tem que
ser popular. Logo não pode existir a avareza, somente a virtude, sem corrupção. Na
aristocracia não e tão necessária à mesma virtude da democracia, pois os súditos devem
obediência ao monarca. Os nobres formam uma força de interesses particulares que acaba
reprimindo o povo.
“O amor da democracia é o da igualdade”.

O poder monárquico, no seu principio só existe o interesse do monarca, com o


mínimo de virtude possível, mas tendo a honra como principio de tudo. Para fundamento
da honra nesse tipo de governo a educação se instrui na infância, desde quando se participa
da vida, isso e a escola que chamamos de honra.

“A honra tem assim, as suas regras supremas, e a educação é obrigada a


respeitá-las. Os princípios são que nos é sem dúvida permitida preocuparmos-nos
com a fortuna, mas que nos é absolutamente proibido fazer o mesmo com a nossa
vida”.

O poder despótico tem como seu principio, o medo, e diferente da monarquia,


porém e quase a mesma forma de poder, na monarquia o príncipe e esclarecido, e seus
ministros são hábeis, ao contrario do governo despótico. A educação no despótico é nula,
uma vez que não se podem educar escravos, pois se tomarem sentimento, ou partido por
algo, podem ate derrubar o estado.

As leis que o legislador promulga devem obedecer ao princípio de cada sociedade.


Para uma sociedade republicana, a sua virtude e o amor pela própria republica, um
sentimento e não uma serie de conhecimentos, toda uma sociedade dever ter esse mesmo
sentimento.

“O amor à pátria leva a bondade dos costumes, e a bondade dos costumes, ao


amor a pátria”.

De forma que deixem o interesse particular, e se apeguem ao interesse geral. No


caso dos governos monárquico e despótico, ninguém aspira a igualdade, tal fato nem
ocorre no seu espírito por que todos ali almejam a superioridade, os indivíduos mais
pobres, desejam sair daquela condição para apenas tornarem senhores de outros indivíduos.
A grande vantagem do poder monárquico e a presteza da execução de suas leis, é
que existe certa rapidez, pois o governo é comandado por um só, ele pode favorecer a
natureza de cada constituição, e ainda remediar os abusos que poderiam ocorrer dessa
mesma natureza.

O governo despótico tem como princípio o medo, mas para povos ignorantes,
abatidos, tímidos não são necessárias muitas leis, porque o povo ali não pode ter muitas
idéias, e nem que existam novas idéias.

“A corrupção de cada governo começa quase sempre pela corrupção dos


princípios”.

A corrupção na democracia não acontece só quando perde o princípio da igualdade,


mas também quando se toma o espírito da igualdade ao estremo, pobre do povo que
deliberar pelo senado, executar pelos magistrados e destituir todos os juizes, vai querer
tomar as funções daqueles que estão nomeados a fazerem cumprir, portanto não será mais
respeitado.

Montesquieu foi um homem que acreditava ser mais fácil estudar todo o organismo
do que suas células divididas, entrando nesse quadro a divindade, o mundo material, as
inteligências superiores do homem etc. Para ele, as leis sempre existiram, em forma de
diferentes variáveis, desde a religião, da moral e por fim a política. Caracterizam-se por
estar ligada as exigências das relações humanas.

Em relação ao mundo, já que este é privado de inteligência, precisa ter regras


constantes, pois assim permanece contínuo, porque no momento que deixa as regras de
lado, tudo será destruído. Portanto, desde a criação, existem regras que precisam ser
seguidas para a manutenção da existência.

Desde a existência dos seres inteligentes, há uma expectativa de leis possíveis. Com
o passar do tempo, as relações humanas naturalmente criarão regras para proteger sua
justiça. Assim, antes das leis positivas, pressupõe-se que já existam algumas leis não-
positivas.
Quanto aos animais, ele acredita que estes não possuem nenhuma ligação com
Deus. Conservam-se por suas próprias leis de sobrevivência, pela atração do prazer.
Acredita também que as plantas possuem suas normas independentes de conhecimento e
sentimento.

Separa o homem em dois tipos: o homem enquanto ser físico, que possui suas
regras como os outros corpos governados pelas leis do mundo; e o homem enquanto ser
inteligente, que viola as leis que Deus estabeleceu, transformando-as em suas próprias.

O homem é dominado pela lei a que se apaixona; se ama a religião, entrega-se com
todo louvor; se ama a filosofia, limita-se pelas leis da moral; enquanto legisladores se
voltam a seus deveres com as leis políticas e civis.

As leis da natureza são as primeiras leis que derivam do nosso ser. Montesquieu
entende que somente assim o homem pode conhecer a lei que busca a conservação de seu
ser. O homem encara suas fraquezas, formulando leis que sejam necessárias para a defesa
de sua existência. Aproximam-se ou distanciam-se de acordo com desejo ou o medo que
verificam em seu meio. A necessidade é outra forma de se exteriorizar seus sentimentos,
pois é por ela que o homem se concilia com a primeira lei natural, a sobrevivência. A
necessidade de alimentos faz com que o homem procure um meio para se alimentar; a
necessidade de companhia faz com que o homem se aproxime uns dos outros levados pelo
prazer.

Depois de formada a sociedade, os homens ganham confiança e perdem o


sentimento de medo. A partir do momento que um indivíduo perde o sentimento de
fraqueza, o outro começa a sentir sua força, nascendo o estado de guerra, e nascendo
também a necessidade de leis para a manutenção de seus direitos. Esse direito é baseado na
manutenção da paz, para que exista um equilíbrio entre os homens. A guerra se torna,
então, o meio para que possa ocorrer a paz. O direito protegido por cada parte leva a
essência da conservação de sua crença, para a perpetuação de nossa espécie.
Primeiro cabe a cada comunidade definir seus principais direitos políticos. “Uma
sociedade não poderia subsistir sem um governo”. Com a união de todos os indivíduos é
que se forma um estado político. Define se a força geral será depositada nas mãos de um só
individuo ou nas mãos de muitos.

Para Montesquieu, o melhor governo é aquele que governa para ele e para o povo.
Como os interesses são os mesmos, surge então o estado civil.

Como as leis nascem da própria razão humana, esta deve ser aplicada apenas em
seus casos particulares. Elas devem ficar de acordo com sua sociedade composta. Acredita
que as leis se relacionam com a origem do povo e seu meio natural. Esse é o estado que
Montesquieu chamou de Espírito das Leis.

Para Montesquieu a corrupção existe desde a criação da lei. A natureza da criação


da lei é que vai indicar qual tipo de governo que ela irá abranger. “Quando tudo vai bem,
todos os regimes políticos são bons. Em épocas de normalidade, nem sentimos a existência
do governo e vivemos bem seja o Estado republicano ou monárquico”.

A natureza do governo despótico é corrupta. Em um estado despótico, não se


reconhece ao povo liberdade, igualdade e justiça. Estes são os princípios do governo em
favor do povo. Porém, não se enquadram no despotismo, já que nele o poder é apenas de
um.

O princípio do governo irá determinar o seu estado de relação com seus súditos.
Uma vez que o seu princípio for corrompido, todas as leis tornar-se-ão más. Entende
Montesquieu que no governo despótico a corrupção é eterna. Quando uma nação está
corrompida, só se podem remediar os males que com essa corrupção aparecem, extirpando-
a e trazendo de volta seu princípio.

Montesquieu afirma que em um estado despótico não existem nem nação e nem
estado, sendo esses meras projeções de uma suposta realidade básica. As leis do governo
estão voltadas para um só ponto, uma única fonte, sendo o único meio de mantê-la com o
medo, podendo assim respirar frente a seus súditos.
O governo aristocrático torna-se corrupto quando o poder dos nobres torna-se
arbitrários. Tanto os nobres quantos os seus súditos serão levados a perder suas virtudes.
Os nobres estarão sedentos por poder, já que cada um deles irá querer centralizar suas
forças, esquecendo-se de seu povo, transformando a aristocracia em um governo despótico.
Os súditos irão sucumbir às leis para a manutenção de sua sobrevivência.

Enquanto menor o número de nobres, mais próximo estará da oligarquia, de


senhores déspotas, pois com o pequeno número de nobres, maior se torna o poder nas mãos
de poucos. Enquanto o poder estiver nas mãos de muitos, menos arbitrárias serão suas
decisões.

Necessidade há de um grande número de nobres na aristocracia hereditária. Assim,


para que o governo mantenha a força de seu princípio, deve mostrar aos nobres os perigos
desse poder, jamais suas delícias, ou sua forma de abuso.

A aristocracia nascida pelos melhores motivos pode ser justa com seu povo. Porém,
se seu príncipe desconhece sua autoridade, o amor de seu povo, perde-se em um estado
despótico.

“A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus
princípios”.

A igualdade na democracia deve ter seus limites. Dela nasce e dela pode sucumbir
seu governo.

“A democracia se perde não quando acaba o espírito da igualdade, mas


quando essa igualdade se torna extrema, quando cada um quer ser igual àquele que
escolheu para comandá-lo”.

Para Montesquieu, o povo cai em desgraça quando para os governantes, escolhidos


por eles mesmos, aqueles a quem dirige a nação, querendo esconder a corrupção, tentam
corrompê-lo. Para que o povo não perceba sua ambição, só lhe falam de sua grandeza.
Nasce, também na democracia, a necessidade de corrompidos corromperem. Entre
os que estão corrompidos, será feita distribuição entre si de todo o dinheiro público, de
forma que terá juntado a sua preguiça a gestão dos negócios.

Na democracia, o espírito de desigualdade acaba transformando-a em aristocracia.

Para Montesquieu os homens no estado de natureza nascem na igualdade, mas não


podem permanecer, pois a própria sociedade faz com que a percam, conseguindo se
reerguer graças às leis.

Há de nascer ainda leis justas e naturais, pois há ao lado de toda a corrupção, forma
natural do ser humano, existe um sentimento comum de nobreza que nos faz crer, que para
a nossa própria conservação e necessidade, existam leis que regulem nosso equilíbrio
existencial, seja por um governo existente, ou por um que ainda o homem não inventou.

FRASES

“Corrompe-se o espírito da democracia não só quando se perde o princípio da igualdade,


mas também quando cada qual se apodera do espírito de igualdade ao extremo,
pretendendo ser igual àquele que ele escolhe para governá-lo”.

“Assim, nas monarquias bem regulamentadas, todos serão mais ou menos bons cidadãos,
mas muito raro encontrarmos alguém que seja um homem de bem, pois para ser homem de
bem é preciso ter a intenção de sê-lo e amar o Estado mais por si mesmo do que por
interesse próprio” .

“As leis da educação as primeiras que recebemos. E como elas nos preparam para sermos
cidadãos, cada família particular deve ser governada em conformidade com o plano da
grande família que compreende todas as demais”.

“Um homem excessivamente grande torna pequenos os demais”.

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