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Uma obra elaborada numa teoria política, inspirada em John Locke e no seu estudo
das instituições políticas inglesas.
Esta obra tornou-se fonte das doutrinas constitucionais liberais, que consagrou a
separação dos poderes legislativo, executivo e judiciário.
BIOGRAFIA
Montesquieu elaborou uma teoria política, que aparece em sua mais famosa obra O
Espírito das Leis (L’Espirit dês Lois, 1748), inspirada em Locke e no estudo das
instituições políticas inglesas. É uma obra volumosa, dividida em seis partes, cada qual em
vários livros, composta de muitos capítulos. Nela ele discute a respeito das instituições e
das leis, e busca compreender as diversas legislações existentes em diferentes lugares e
épocas. Esta obra inspirou os redatores da constituição de 1791 e tornou-se a fonte das
doutrinas constitucionais liberais, que repousaram na separação dos poderes legislativos,
executivo e judiciário.
No seu livro ele demonstra que não usou de seus preconceitos pessoais, seus
princípios para falar e julgar sobre todos os assuntos abordados na obra, mas sim, justificou
o usou do princípio dos homens.
Ele afirma que o mundo da matéria e formado pela inteligência, e isso concebe de
invariáveis, portanto, se não houvesse leis o mundo seria destruído, por não haver regras
estabelecidas a serem seguidas. E preciso entender as regras anteriores à justiça, já que
seres inteligentes recebem benefícios de outros seres, tais seres deveriam ser gratos a este
último, da mesma forma que um ser inteligente tenha causado um mal a outro, mereceria
receber o mesmo mal. Os animais são guiados pelos sentimentos, e não tem leis positivas
por que não são munidos pelo conhecimento. As leis naturais dos homens são estabelecidas
a partir do momento que eles não estão inseridos em uma sociedade.
“Num Estado, isto é, numa sociedade onde há leis, a liberdade só pode
consistir em poder fazer-se o que se deve querer e em não estar obrigado a fazer o
que não se deve querer”.
“A lei, em geral, e a razão humana, uma vez que ela governa todos os povos da
terra; e as leis políticas e civis de cada nação devem representar apenas os casos
particulares em que se aplica essa razão humana”.
O que Montesquieu pretende mostrar nesta obra é como as leis se relacionam o que
no seu conjunto chama-se de Espírito das Leis. Como elas se relacionam entre si, como
elas interagem umas com as outras.
Ele faz a separação dos poderes em três e os define como: republicano é aquele em
que o povo, como um só corpo, ou somente uma parcela do povo, exerce o poder soberano;
o governo monárquico e aquele em que um só governa, de acordo, entretanto, com leis
fixas e estabelecidas; e no governo despótico, um só individuo governa, sem obedecer a
leis e regras, submete tudo a suas vontades e caprichos.
Na aristocracia o principio do estado tem o peso nas costas, a aprovação tem que
ser popular. Logo não pode existir a avareza, somente a virtude, sem corrupção. Na
aristocracia não e tão necessária à mesma virtude da democracia, pois os súditos devem
obediência ao monarca. Os nobres formam uma força de interesses particulares que acaba
reprimindo o povo.
“O amor da democracia é o da igualdade”.
O governo despótico tem como princípio o medo, mas para povos ignorantes,
abatidos, tímidos não são necessárias muitas leis, porque o povo ali não pode ter muitas
idéias, e nem que existam novas idéias.
Montesquieu foi um homem que acreditava ser mais fácil estudar todo o organismo
do que suas células divididas, entrando nesse quadro a divindade, o mundo material, as
inteligências superiores do homem etc. Para ele, as leis sempre existiram, em forma de
diferentes variáveis, desde a religião, da moral e por fim a política. Caracterizam-se por
estar ligada as exigências das relações humanas.
Desde a existência dos seres inteligentes, há uma expectativa de leis possíveis. Com
o passar do tempo, as relações humanas naturalmente criarão regras para proteger sua
justiça. Assim, antes das leis positivas, pressupõe-se que já existam algumas leis não-
positivas.
Quanto aos animais, ele acredita que estes não possuem nenhuma ligação com
Deus. Conservam-se por suas próprias leis de sobrevivência, pela atração do prazer.
Acredita também que as plantas possuem suas normas independentes de conhecimento e
sentimento.
Separa o homem em dois tipos: o homem enquanto ser físico, que possui suas
regras como os outros corpos governados pelas leis do mundo; e o homem enquanto ser
inteligente, que viola as leis que Deus estabeleceu, transformando-as em suas próprias.
O homem é dominado pela lei a que se apaixona; se ama a religião, entrega-se com
todo louvor; se ama a filosofia, limita-se pelas leis da moral; enquanto legisladores se
voltam a seus deveres com as leis políticas e civis.
As leis da natureza são as primeiras leis que derivam do nosso ser. Montesquieu
entende que somente assim o homem pode conhecer a lei que busca a conservação de seu
ser. O homem encara suas fraquezas, formulando leis que sejam necessárias para a defesa
de sua existência. Aproximam-se ou distanciam-se de acordo com desejo ou o medo que
verificam em seu meio. A necessidade é outra forma de se exteriorizar seus sentimentos,
pois é por ela que o homem se concilia com a primeira lei natural, a sobrevivência. A
necessidade de alimentos faz com que o homem procure um meio para se alimentar; a
necessidade de companhia faz com que o homem se aproxime uns dos outros levados pelo
prazer.
Para Montesquieu, o melhor governo é aquele que governa para ele e para o povo.
Como os interesses são os mesmos, surge então o estado civil.
Como as leis nascem da própria razão humana, esta deve ser aplicada apenas em
seus casos particulares. Elas devem ficar de acordo com sua sociedade composta. Acredita
que as leis se relacionam com a origem do povo e seu meio natural. Esse é o estado que
Montesquieu chamou de Espírito das Leis.
O princípio do governo irá determinar o seu estado de relação com seus súditos.
Uma vez que o seu princípio for corrompido, todas as leis tornar-se-ão más. Entende
Montesquieu que no governo despótico a corrupção é eterna. Quando uma nação está
corrompida, só se podem remediar os males que com essa corrupção aparecem, extirpando-
a e trazendo de volta seu princípio.
Montesquieu afirma que em um estado despótico não existem nem nação e nem
estado, sendo esses meras projeções de uma suposta realidade básica. As leis do governo
estão voltadas para um só ponto, uma única fonte, sendo o único meio de mantê-la com o
medo, podendo assim respirar frente a seus súditos.
O governo aristocrático torna-se corrupto quando o poder dos nobres torna-se
arbitrários. Tanto os nobres quantos os seus súditos serão levados a perder suas virtudes.
Os nobres estarão sedentos por poder, já que cada um deles irá querer centralizar suas
forças, esquecendo-se de seu povo, transformando a aristocracia em um governo despótico.
Os súditos irão sucumbir às leis para a manutenção de sua sobrevivência.
A aristocracia nascida pelos melhores motivos pode ser justa com seu povo. Porém,
se seu príncipe desconhece sua autoridade, o amor de seu povo, perde-se em um estado
despótico.
“A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus
princípios”.
A igualdade na democracia deve ter seus limites. Dela nasce e dela pode sucumbir
seu governo.
Há de nascer ainda leis justas e naturais, pois há ao lado de toda a corrupção, forma
natural do ser humano, existe um sentimento comum de nobreza que nos faz crer, que para
a nossa própria conservação e necessidade, existam leis que regulem nosso equilíbrio
existencial, seja por um governo existente, ou por um que ainda o homem não inventou.
FRASES
“Assim, nas monarquias bem regulamentadas, todos serão mais ou menos bons cidadãos,
mas muito raro encontrarmos alguém que seja um homem de bem, pois para ser homem de
bem é preciso ter a intenção de sê-lo e amar o Estado mais por si mesmo do que por
interesse próprio” .
“As leis da educação as primeiras que recebemos. E como elas nos preparam para sermos
cidadãos, cada família particular deve ser governada em conformidade com o plano da
grande família que compreende todas as demais”.