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EFEITO DE AGENTES RETARDADORES EM SUBSTITUIÇÃO AOS

DESMOLDANTES CONVENCIONAIS NA ADERÊNCIA DA


ARGAMASSA SOBRE SUPERFÍCIES DE CONCRETO

Mirella Pennacchi Assali, Kai Loh

Universidade de São Paulo - USP


Rua Catequese, n.° 78, 05502-020, São Paulo(SP), mirella.assali@lenc.com.br
Avenida Professor Almeida Prado, trav.2, n.º 83, 05508-900, São Paulo(SP), kai.loh@poli.usp.br

RESUMO

O descolamento dos revestimentos de argamassa aplicados sobre estrutura


de concreto é um fenômeno patológico frequente, sendo suas prováveis causas
aplicação inadequada ou remoção insuficiente de desmoldante. A presença do
desmoldante na superfície do concreto dificulta a adesão da argamassa no estado
fresco com consequente descolamento no estado endurecido. Este estudo tem por
objetivo explorar o potencial de uso de agentes retardadores em substituição aos
desmoldantes convencionais na moldagem de concreto para obtenção de
superfícies que aumentem a ancoragem das argamassas. Para o seu
desenvolvimento, foi realizado preliminarmente ensaios de resistência de aderência
à tração da argamassa e do chapisco aplicados sobre superfícies de concreto
moldado em formas de madeira plastificada tratadas com agente retardador e
desmoldante convencional. Os resultados obtidos demonstraram que a utilização de
produtos retardadores possibilitou um aumento da rugosidade superficial do
concreto permitindo maior resistência de aderência da argamassa e chapisco. Uma
posterior exploração dos demais produtos existentes no mercado foi realizada por
ensaios exploratórios de aplicabilidade, suscetibilidade da fôrma ao ataque químico
2

do produto aplicado, e efeito retardador na hidratação do cimento determinado por


calorimetria isotérmica. Esses ensaios mostraram-se eficientes na seleção de
produtos adequados a essa finalidade, podendo se constituir em uma técnica capaz
de solucionar os problemas de descolamento do revestimento.

Palavras-chave: fenômeno patológico, descolamento, revestimento, desmoldante,


retardador.

ABSTRACT

EXPLORATION OF THE POTENTIAL USE OF RETARDING AGENTS TO


REPLACE CONVENTIONAL DEMOLDERS IN CONCRETE CASTING

The detachment of mortar coverings applied on concrete structures is a


frequent pathological phenomenon. The probable cause of this pathology is the
inadequate application or insufficient removal of release agent (demolding oil). The
release agent effect is to prevent the mortar adhesion in fresh state and consequent
tensile bond strength in hardened state. The aim of the study is to select products
which can retard the cement setting time of the surface in contact with the mold,
exploring its use potential for replacing the conventional release agent in concrete
molding. This study used four existing products in the Brazilian market, being of two
types: retarding admixture and release agent. Exploratory tests about their
applicability, chemical attack susceptibility of the applied product and retarding effect
in cement hydration determined for isothermal calorimetric were carried out. The
results demonstrated that solventbase products are not indicated for use in site, ;
only pure water base products being therefore indicated. It was observed that the
retarding effect of these products is compatible with the period between the on-site
concrete molding and demolding, guaranteeing the removal of its superficial layer.

Keywords: pathological phenomenon, detachment, coverings, release agent,


retarding.
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INTRODUÇÃO

Investimentos de avanço de tecnologia e incentivo a estudos relacionados


com revestimento de argamassa, em especial de fachadas, estão aumentando
significativamente devido à alta incidência, ainda, de manifestações patológicas. Os
fatores que influenciam o desempenho dos revestimentos de argamassa são
principalmente as características superficiais da base ou substrato, as técnicas de
execução e as condições ambientais do local onde se constrói o edifício. O
descolamento dos revestimentos de argamassa aplicados sobre estrutura de
concreto, em particular, é um fenômeno patológico frequente, sendo sua provável
causa a falta de condições adequadas de ancoragem da argamassa à base
ocasionada principalmente pela aplicação inadequada ou remoção insuficiente de
desmoldante (CARASEK, et al., 2005).
Os desmoldantes apesar de serem muito utilizados, são pouco conhecidos, e
até o momento não foram objeto de estudos acadêmicos. Na revisão bibliográfica
efetuada sobre o tema, não foi encontrado nenhum estudo mais detalhado sobre
esses produtos, apenas material de divulgação pelos seus fabricantes. Os
desmoldantes são bastante citados em manuais onde são discutidos procedimentos
de limpeza de superfícies de concreto ou argamassa para aplicação de pintura,
como ASTM D 6237 (1998), ASTM D 6279 (2003) e E 1857 (1997), em publicações
do ACI (KINNEY, 1989) e em sítios de divulgação de empresas que comercializam
estes produtos para a produção de concretos pré-moldados.
Conforme observado em procedimentos de preparo de superfície há
necessidade de remoção do desmoldante por lavagem, escovação, apicoamento,
entre outros, para a obtenção de uma boa aderência do revestimento. O
procedimento de limpeza deve ser realizado visando melhorar as condições de
aderência do revestimento à base, criando uma superfície com rugosidade
apropriada e com capacidade de absorção inicial regularizada (CANDIA, 1998).
Devido à dificuldade de comprovar visualmente a remoção eficiente dos
desmoldantes do tipo convencional, mesmo após lavagem, esta acaba não sendo
realizada na maioria das obras.
A necessidade de ter-se uma superfície do concreto apropriadamente rugosa,
a remoção eficiente do produto e aumento da vida útil das formas, levou à busca por
produtos existentes no mercado com características de retardar a pega e
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endurecimento do cimento, possibilitando a remoção da camada superficial do


concreto (PRETTO, et al., 2007).
Este estudo tem por objetivo avaliar a eficiência do preparo da superfície com
agentes retardadores na aderência da argamassa e chapisco aplicados sobre
superfícies de concreto, bem como selecionar quais produtos, poderão ser
utilizados, explorando o seu potencial de uso para substituição dos desmoldantes
convencionais na moldagem do concreto, para uma posterior análise comparativa da
influência dos mesmos na aderência dos revestimentos de argamassa aplicados
sobre superfícies de concreto.

TIPOS DE PRODUTOS

Os tipos existentes no mercado são aplicados por pulverização, com pincel ou


rolo para pintura e imersão.
As principais categorias de desmoldantes a serem estudados são:
- Barreira: desmoldantes que criam uma barreira física entre a forma e o
concreto; fazem parte desta categoria – produtos à base de óleos de
petróleo, ceras, sabões e biodegradáveis (WATERLOO, 2003).
- Reativos: além de ser criada uma barreira, os desmoldantes contêm
produtos que reagem com a cal livre na superfície do concreto formando um
sabão quimicamente inerte. Fazem parte desta categoria os produtos à
base de óleos vegetais e compostos à base de petróleo. Esta categoria
minimiza danos ao concreto moldado e às formas, mantendo-as limpas e
estendendo sua vida útil (WATERLOO, 2003).

MATERIAIS E MÉTODOS

O estudo foi realizado em duas etapas: a primeira, para avaliação da


eficiência do preparo da superfície de concreto moldado com agentes retardadores e
desmoldante convencional, através de ensaio de resistência de aderência da
argamassa e chapisco aplicados sobre as mesmas.
Na segunda etapa, foi explorado o potencial de uso dos produtos
retardadores existentes no mercado através de ensaios exploratórios sobre
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aplicabilidade, suscetibilidade da fôrma ao ataque químico do produto aplicado, e


efeito retardador na hidratação do cimento determinado por calorimetria isotérmica.

Materiais

Etapa 1

Desmoldantes
Foram utilizados os seguintes tipos de desmoldante:
- Convencional à base de emulsão de ácidos graxos;
- Retardador à base de óleos emulsionados e carboidratos.

Substrato de Concreto
Moldado com cimento CPIII E 32, areia natural média e brita 0 (pedrisco),
proporção em massa de 1:2,07:1,03, e relação água/cimento de 0,61, em mesa
vibratória, conforme especificado pela NBR 14082/2004, nas dimensões de 50x25x2
cm.
A moldagem foi realizada em formas de madeira plastificada com 3
condições:
Formas (1 e 2) tratadas com desmoldante retardador;
Formas (3 e 4) tratadas com desmoldante convencional;
Formas (5 e 6) sem desmoldante, a ser usada como referência.
A aplicação do desmoldante foi realizada por pulverização, devido à baixa
viscosidade dos produtos, na diluição indicada pelo fabricante de 1:2 para o
retardador e de 1:10 para o convencional.
Os substratos foram curados ao ar durante 24h, sendo a superfície em
contato com o desmoldante, lavada a frio, por hidrojateamento.
Após a lavagem os substratos foram mantidos até a idade de 28 dias, em câmara
úmida, com umidade e temperaturas controladas de acordo com a NBR 5738/2003,
para posterior aplicação do chapisco e da argamassa.
Na tabela 1 estão apresentados os desmoldantes utilizados, o tempo de
espera para a lavagem e o material aplicado.
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Tabela 1 – Característica dos 164 corpos de prova

Argamassa e chapisco
Sobre os substratos 2, 3 e 5 foi aplicado 0,5 cm de espessura de chapisco,
com desempenadeira “sem dente”. O chapisco foi preparado com cimento Portland
CP II F e areia média natural, na proporção 1:3, em volume, e com adição de 0,3%
de hidroxietil celulose (HEC) e 1% de acetato de vinila/etileno (EVA).
Sobre os substratos 1, 4 e 6 foi aplicada argamassa, com equipamento de
queda, altura fixa de 1,5m (ANTUNES, 2005). A argamassa foi preparada com
cimento Portland CP II F, cal CH I, areia natural fina e aditivo incorporador de ar
(0,01%), na proporção 1:1:6, em volume. A argamassa sobre os substratos foi
regularizada com desempenadeira “sem dentes” apresentando 2,5 cm de espessura.

Etapa 2

Agentes retardadores
Foram avaliados dois tipos de agentes retardadores: aditivo e desmoldante,
conforme apresentado na tabela 2. Observa-se que a diferença entre os produtos
CR e DR é somente a presença de óleo mineral.

Tabela 2 – Agentes retardadores


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Substrato para aplicação dos agentes 186 retardadores

Foram utilizadas formas de madeira plastificada de dimensões 50x25x2cm,


para a avaliação do ataque químico e influência no espalhamento dos produtos
estudados, isto é, a sua aplicabilidade.

Cimento

Cimento classe CP III 40 RS com densidade 2,999g/cm³ e área específica


4025,5cm²/g. Este tipo de cimento foi escolhido por ser encontrado no mercado
atual, utilizado principalmente em peças de grandes dimensões, pilares, obras em
ambientes agressivos.

Métodos

Etapa 1

Análise do aspecto da superfície de concreto

Foi realizada uma análise visual das superfícies lavadas a frio, com
hidrojateamento utilizando o equipamento Wap Mini com pressão de 8 MPa, para
observação do aspecto da superfície preparada com os dois tipos de desmoldantes.

Resistência de aderência à tração NBR 15258/2005

Para verificar a influência dos desmoldantes na aderência do revestimento, foi


realizado o ensaio de resistência de aderência, da argamassa e do chapisco
aplicados no concreto, aos 28 dias de idade, conforme NBR 15258/2005.

Etapa 2

Suscetibilidade da forma ao ataque químico – método da gota


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Avaliada depositando-se dez gotas de 3ml de cada tipo de produto na


superfície das formas (figura 0.1), mantidas por 24h em temperatura controlada de
23ºC e umidade relativa de 65%. Após a exposição, a superfície foi lavada, seca e
avaliada visualmente. Este método foi baseado em diretrizes da norma ASTM D 543
(2006).

Figura 1 – Aplicação dos produtos sobre as formas

Suscetibilidade da forma ao ataque químico e aplicabilidade dos agentes


retardadores sobre as formas – método do espalhamento

Na seleção dos produtos foi considerado que o mesmo deve possuir um


espalhamento fácil e adesão às formas de madeira, impedindo a sua remoção na
moldagem do concreto. Assim, cada produto foi aplicado sem e com diluição
indicada pelo fabricante, sobre as formas na horizontal, alterando posteriormente
sua posição para vertical. Este método foi baseado em diretrizes da norma ASTM D
5324 (2003).

Calor de hidratação por calorimetria isotérmica

Mede a taxa de calor liberado durante a hidratação do cimento, fornecendo


informações sobre o período de indução (período anterior ao início da hidratação do
cimento), bem como o efeito dos produtos retardadores sobre o mesmo.
Atravésdeste método são obtidas curvas de taxa de calor liberado x tempo (ver
figura 2), sendo determinado através da mesma o período de indução e o pico
máximo de calor.
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O período de indução, conforme apresentado na figura 2, deve ser igual ao


período transcorrido entre a moldagem e a desforma do concreto em obra,
garantindo assim, a remoção da camada superficial do concreto pelo retardo da
hidratação do cimento logo após a desforma.
O ensaio foi realizado com 50g de cimento, 24g de água (relação
água/cimento de 0,48) e agentes retardadores com concentração de 1% em relação
à massa de cimento, misturar durante 01min 30s, sendo preparadas pastas de
referência e modificadas com os produtos BR, DR e CR. Estas misturas foram
colocadas em porta-amostras, e levadas para o calorímetro de marca TA
Instruments, modelo TamAir à temperatura de 25º C.
O período de indução foi calculado a partir das intersecções do trecho
horizontal com duas retas: a reta traçada no período de pré-indução e a
extrapolação da linha de regressão do período de aceleração, como demonstrado na
figura 2. Foi analisada também a curva de calor total liberado, isto é, valores
acumulados até 240 horas de hidratação.

Figura 2 - Representação esquemática de curva de taxa de calor de hidratação e critérios para determinação das
variáveis (Betioli, 2007).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Etapa 1

Análise do aspecto da superfície de concreto


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A diferença no aspecto das superfícies com aplicação de desmoldante


convencional e desmoldante retardador é significativa. Após o hidrojateamento, os
ubstratos 1 e 2 moldados com desmoldante retardador apresentaram uma superfície
com elevada rugosidade por exposição dos agregados (figura 3) e os substratos 3 e
4 moldados com desmoldante convencional, uma superfície lisa (figura 4). O
desmoldante retardador é, pois, eficiente para obtenção de uma superfície rugosa de
aderência.

Figura 3 – Aspecto dos substratos 1 (a) e 2 (b) moldados com desmoldante retardador, após hidrojateamento

Figura 4 – Aspecto dos substratos 3 (a) e 4 (b) moldadas com desmoldante convencional, após hidrojateamento

Resultados de aderência a tração

A tabela apresenta os resultados individuais e as médias para cada substrato


tratado.
Na argamassa, a rugosidade favoreceu a aderência, com valor de 2 a 3 vezes
maior.
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Tabela 3 – Resultados dos ensaios de resistência de aderência da argamassa e chapisco

A resistência de aderência do chapisco aplicado sobre as superfícies de concreto


após hidrojateamento, moldadas sem e com aplicação dos dois tipos de
desmoldante, não apresentou diferença significativa na resistência de aderência,
cujo resultado é atribuído à maior fluidez do chapisco, à proporção mais rica em
cimento e, além disso, a aplicação do mesmo foi realizada com desempenadeira, o
que eliminou as eventuais bolhas de ar na interface dando extensão mais
homogênea de aderência.

Etapa 2

Análise do aspecto e características dos produtos

Na tabela 4 estão detalhados o aspecto e as características dos agentes


retardadores antes e após 24h.

Tabela 4 - Aspecto e características dos agentes retardadores


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A figura 5 apresenta o aspecto das formas após remoção dos produtos. A


difícil remoção do produto AR está apresentada em detalhe na figura 6.

Figura 5 – Remoção dos produtos estudados e aspecto

Figura 6 - Detalhe da remoção do produto AR

Com esses resultados pode-se dizer que o produto AR de base solvente não
é indicado para uso.

Análise do aspecto da forma – gota e espalhamento


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Os resultados obtidos pelos dois ensaios (gota e espalhamento) estão


apresentados na tabela 5.

Tabela 5 – Resultados obtidos através do aspecto da forma

Após 24h foi possível observar pelo ensaio de gota o leve ataque dos
produtos DR e BR à forma conforme apresentado nos detalhes da figura 7. Para a
visualização a região atacada está com iluminação mais acentuada.

Figura 7 - Aspecto das formas atacadas pelos produtos DR e BR no ensaio de gota e o ataque intenso do
produto AR no ensaio de espalhamento.

Verificou-se que o intenso ataque do produto AR ocorreu no instante da


aplicação do produto, com a formação de elipses, mantendo-se também após
lavagem da forma.
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Aplicabilidade dos produtos retardadores sobre as formas

Os produtos foram aplicados nas formas com e sem diluição, conforme


indicado no manual do fabricante. Os dados de aplicabilidade obtidos estão
apresentados na tabela 6. As Figuras 8 e 9 ilustram a boa aplicabilidade dos
produtos sem diluição.

Tabela 6 – Resultados de aplicabilidade

Figura 8 – Aplicabilidade dos produtos DR e CR

Figura 9 - Aplicabilidade do produto BR e AR


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O produto CR apresentado na figura 10, foi diluído na proporção 1:2 conforme


indicação do fabricante. A aplicação do produto diluído não apresentou boa
aderência à forma, o que pode possibilitar a remoção do produto durante a
moldagem do concreto.

Figura 10 - Aplicabilidade do produto CR diluído 1:2

Calor de hidratação por calorimetria isotérmica

Os resultados de calor de hidratação serão apresentados somente para a


pasta de referência, e modificadas com os produtos BR (1%), CR (1%) e DR (1%). O
produto AR foi descartado devido aos resultados negativos apresentados (odor,
dificuldade de remoção, ataque à forma). A curva de fluxo de calor por massa de
cimento da pasta de referência está apresentada na figura 11. A figura 12 apresenta
uma comparação entre a curva da referência e a das pastas modificadas.
A figura 11 ilustra a determinação do período de indução que ocorre durante
1hora e 40 minutos e o pico máximo de calor obtido de 3,08 W/kg para pasta de
referência.
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Figura 11 – Curva de taxa de calor liberado pela pasta de referência

Observa-se nas figuras 12 e 13 que a adição dos produtos retardadores CR e


DR aumentam significativamente o período de indução, o qual representa o período
entre a moldagem e desforma do concreto em obra, sendo de 1 hora e 40 minutos
para a pasta de referência, 5 dias, 17 horas e 30 minutos para a pasta modificada
com DR e 6 dias e 5 horas para pasta modificada com CR. Além disso, a adição dos
retardadores reduziu o pico máximo de calor de 3,08W/kg da referência para
2,7W/kg da pasta com DR e 1,88W/kg da pasta com CR.
O período de indução obtido pelo produto retardador BR de 4horas e
30minutos não apresentou um aumento significativo comparado com a pasta de
referência.
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Figura 12 – Curva comparativa da taxa de calor liberado

Figura 13 – Período de indução de pastas com produtos BR, CR e DR com 1% de adição e pasta de referência
sem adição.

As pastas modificadas apresentaram uma baixa quantidade de calor total


acumulado liberado durante 139horas (DR) e 151horas (CR), de 36J/g e 33,5J/g
respectivamente, enquanto o calor liberado pela referência nestes dois períodos foi
de 260,7J/g e 264J/g (ver figura 14).
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Figura 14 – Curva comparativa da taxa de calor liberado acumulado

CONCLUSÕES

Quanto ao preparo da superfície: verificou-se que com a utilização de


produtos retardadores, a camada superficial do concreto foi removida de forma a
permitir maior exposição de agregados, aumento da rugosidade superficial e maior
superfície de contato. Observou-se que esta remoção não foi intensa, possibilitando
um aumento de resistência de aderência com utilização do produto retardador,
enquanto que com o convencional observou-se uma diminuição (vide tabela 3).
Quanto à resistência de aderência: verificou-se que o uso de produtos
retardadores em substituição aos convencionais permite maior aderência do
revestimento aplicado minimizando os problemas de descolamento de revestimentos
em fachadas de edifício, fenômeno comum nas obras do país.
Quanto à seleção dos produtos: os compostos a base de solvente não são
muito recomendados devido ao maior ataque às formas e presença de VOC
(compostos orgânicos voláteis) com possíveis riscos à saúde do trabalhador. O
manuseio e aplicação deste tipo de produto deve ser realizado em um ambiente
ventilado com a utilização de máscara de proteção individual.
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Considerando estas razões negativas significantes, o produto de base


solvente foi descartado para a continuidade deste estudo em laboratório e em obra.
Os produtos à base de água, apesar de apresentarem um leve ataque à
forma após o ensaio de gota, apresentaram resultados considerados satisfatórios
relacionados às características, aplicabilidade e remoção.
Observou-se através do ensaio de aplicabilidade, que os produtos
retardadores sem diluição apresentam melhor espalhamento e adesão à forma que
os com diluição. Não sendo recomendado o uso destes produtos com diluição.
A calorimetria isotérmica confirmou o efeito retardador dos produtos CR e DR
em um período compatível com o exigido para a desforma de estruturas de concreto
em obra. Apesar do produto BR, na concentração de 1%, apresentar boas
características e aplicabilidade, não obteve um efeito retardador necessário para
aplicação em obra. Não sendo indicada sua utilização nesta concentração.

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