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Programa de Pós- graduação em Engenharia de Produção (Mestrado)

Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura -0-

UNIVERSIDADE PAULISTA

SEIS SIGMA COMO FERRAMENTA DE APOIO A


ESTRATÉGIA DE MANUFATURA

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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura -1-

SÃO PAULO
2006

UNIVERSIDADE PAULISTA

SEIS SIGMA COMO FERRAMENTA DE APOIO A


ESTRATÉGIA DE MANUFATURA

JOSÉ PAULO MAZOCOLO

Orientador: Prof. Dr. José Benedito


Sacomano

Área de Concentração: Gerência da


Produção.

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-graduação em Gerência da Produção da
Universidade Paulista, para obtenção do
título de Mestre.

SÃO PAULO
2006
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MAZOCOLO, José Paulo

Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de


Manufatura.
José Paulo Mazocolo. São Paulo, 2006.
151p.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Paulista, 2006.

Área de Concentração: Gerência da Produção

Orientador: Prof. Dr. José Benedito Sacomano

1.Metodologia.
2.Dissertação.
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Dedicatória

Á minha esposa Laura e aos meus


filhos Samuel, Raquel e Sara, por sua
dedicação e apoio na realização deste
trabalho e sua abnegação das horas de lazer
e convívio familiar.

Agradecimentos
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Ao Prof. Dr. José Benedito Sacomano, por sua incansável disposição


e pelo apoio constante para a realização deste trabalho através de críticas e
sugestões.
A todos os docentes do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em
Engenharia da Produção que ao longo do curso contribuíram muito para o
meu aprimoramento profissional.
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Não sabemos o que não conhecemos;


Não podemos agir naquilo que não
conhecemos;
Não conheceremos enquanto não
pesquisarmos;
Não pesquisaremos o que não
questionamos;
Não questionaremos o que não
medirmos;
Conseqüentemente, nós simplesmente
não saberemos.

MIKEL J. HARRY
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ÍNDICE

Resumo...........................................................................................................X

Abstract..........................................................................................................XI

Lista de abreviaturas.....................................................................................XII

Lista de símbolos..........................................................................................XV

Lista de figuras.............................................................................................XVI

Lista de tabelas..........................................................................................XVIII

Lista de quadros..........................................................................................XIX

CAPÍTULO 1 - Introdução

1.1 Apresentação do assunto........................................................................20

1.2 Contextualização do Cenário e Identificação do problema.....................22

1.3 Objetivo do Trabalho...............................................................................23

1.4 Justificativa da Pesquisa.........................................................................24

1.5 Metodologia de Pesquisa........................................................................26

1.6 O trabalho está estruturado em nove capítulos.......................................29

CAPÍTULO 2 – Evolução dos Sistemas Produtivos

2.1 Introdução................................................................................................34

2.2 Organização Tradicional: Sistema de Produção Artesanal.....................36

2.3 Organização Burocrática Legal: Sistema de Produção em Massa.........36


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2.4 Organização Burocrática Competitiva.....................................................41

2.4.1 Sistema de Produção Enxuta...............................................................41

2.4.2 Sistema de Produção Ágil....................................................................42

2.4.3 Sistema de Produção Responsiva........................................................43

2.4.4 Sistema de Produção em Massa Atual.................................................44

2.4.5 Sistema de Produção Customização em Massa..................................45

CAPÍTULO 3 - Paradigmas Estratégicos de Gestão da Manufatura -

PEGEM

3.1 Introdução................................................................................................46

3.2 Os Quatro Elementos–Chave dos PEGEMs...........................................46

CAPÍTULO 4 - Sistemas de Produção

4.1 Introdução................................................................................................51

4.2 Classificação dos Sistemas de Produção................................................51

CAPÍTULO 5 - Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e

Compras – SICOPROC

5.1 Introdução................................................................................................60

5.2 As diferenças entre PEGEMs, os tipos de Sistemas de Produção e os

SICOPROCs..................................................................................................61

5.3 Classificações dos SICOPROCs.............................................................63


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CAPÍTULO 6 - A relação entre PEGEMS e o Controle de Produção


6.1 Introdução................................................................................................66

6.2 Planejamento da Produção.....................................................................66

6.3 Controle da Produção..............................................................................67

6.3.1 Três grandes funções do Controle da Produção..................................68

6.3.1.1 Programa Mestre de Produção..........................................................68

6.3.1.2 Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra

(SICOPROC).................................................................................................68

6.3.1.3 Programação de Operações..............................................................69

CAPÍTULO 7 - Estratégia

7.1 Introdução................................................................................................70

7.2 Estratégia Corporativa.............................................................................70

7.3 Estratégia das Unidades de Negócios.....................................................72

7.4 Estratégia de Manufatura........................................................................76

7.4.1 Decisões quanto às Questões Estruturais...........................................82

7.4.2 Decisões quanto às Questões Infra-Estruturais...................................83

CAPÍTULO 8 - Seis Sigma

8.1 Histórico...................................................................................................86

8.2 Casos de Sucesso...................................................................................87

8.3 Comparando com Programas de Qualidade...........................................88

8.4 Cuidados na Implantação........................................................................89

8.5 Técnicas e Ferramentas Adotadas..........................................................89


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8.6 Principais Objetivos do Programa ..........................................................90

8.7 Relação do Nível Sigma com os Defeitos...............................................91

8.8 Possíveis Bases de Sustentação............................................................97

8.9 Equipe de Projeto..................................................................................104

8.10 Organização da Reunião.....................................................................106

8.11 Modelo DEMAIC..................................................................................108

8.11.1 Etapas do Modelo DMAIC................................................................109

CAPÍTULO 9 – Estudo de Caso................................................................116

CAPÍTULO 10 – Conclusão.......................................................................130

Referências Bibliográficas...........................................................................140

Glossário......................................................................................................147
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RESUMO

MAZOCOLO, J. P. Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia

de Manufatura. Dissertação (Mestrado em Gerência da Produção) –

Instituto de Ciências Exatas e Tecnológicas, Universidade Paulista , 2006.

Palavras-chave: Sistema de Produção; Seis Sigma; Estratégia.

Este trabalho mostra como a teoria e a prática do Seis Sigma estão inseridos

no processo de evolução do pensamento administrativo como uma nova

modalidade da burocracia racional competitiva. Assim sendo, para cada

etapa da evolução do pensamento administrativo observaremos o tipo de

sistema de produção pertinente e características, até chegar nos novos

paradigmas de manufatura, que surgiram dentro de um contexto que procura

na competitividade e produtividade formas de permanência ativa nos

mercados, considerando sua relação com os sistemas de coordenação de

ordens de produção e compras juntamente com os sistemas de produção, o

que permitirá em função da estratégia adotada a opção mais adequada

quanto à escolha do tipo de paradigma de manufatura, que influenciará na

escolha do SICOPROCS e Sistema de Produção mais adequado. E

independente da escolha do tipo de paradigma de manufatura, SICOPROC

e Sistema de Produção, o Seis Sigma poderá ser uma ferramenta de apoio à

estratégia de manufatura que se mostra útil para obtenção de resultados

consistentes com as premissas postas pela nova maneira de produzir.


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Neste trabalho o cenário considerado está contemplado na evolução do

pensamento administrativo, a fim de permitir uma visão geral da evolução

dos movimentos da administração com seus respectivos sistemas de

produção, direcionando num segundo momento o foco para a organização

burocrática competitiva, que contempla os PEGEMS, Estratégia de

Manufa tura, os SICOPROCS, os Sistemas de Produção o CP, e como o

Seis Sigma pode relacionar-se com eles. Busca-se ainda conhecer e

verificar a possibilidade da metodologia Seis Sigma atuar como ferramenta

de apoio à estratégia de manufatura, buscando diminuir os defeitos dos seus

processos, a fim de alcançar a vantagem competitiva ou a sobrevivência no

mercado, o que será verificado através do estudo caso em uma empresa do

segmento de autopeças. Será analisada também, a possibilidade do Seis

Sigma ser uma técnica dos novos paradigmas produtivos.


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Abstract:

This work shows as the theory and the practical one of the Six Sigma is

inserted in the process of evolution of the administrative thought as a new

modality of the competitive rational bureaucracy. Thus being, for each stage

of the evolution of the administrative thought, we will observe the type of

system of pertinent production and characteristics, until arriving in the new

paradigms of manufacture, that had appeared inside of a context that looks in

the competitiveness and productivity together forms of active permanence in

the markets, considering its relation with the systems of coordination of

production orders and purchases with the production systems, what it will

allow in function of the adopted strategy, the adjusted option more how much

to the choice of the type of paradigm of it manufactures, that it will influence

in the choice of the SICOPROCS and more adequate System of Production.

Independent E of the choice of the type of paradigm of manufacture,

SICOPROC and System of Production, the Six Sigma could be a tool of

support to the manufacture strategy that if shows useful for attainment of

consistent results with the premises ece of fishes for the new way to produce.

In this work the considered scene is contemplated in the evolution of the

administrative thought, in order to allow to a general vision of the evolution of

the movements of the administration with its respective systems of

production, directing at as a moment the focus for the competitive

bureaucratic organization, that contemplates PEGEMS, Strategy of

Manufacture, the SICOPROCS, the Systems of Production, the CP, and as

the Six Sigma can become related with them. One still searchs to know and
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to verify the possibility of the methodology Six Sigma to act as tool of support

to the manufacture strategy, searching to diminish the defects of its

processes, in order to reach the competitive advantage or the survival in the

market, what case in a company of the segment of autopeças will be verified

through the study. It will also be analyzed, the possibility of the Six Sigma to

be one technique of the new productive paradigms.

Keywords: System of production; Six sigma; Strategy.


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Lista de abreviaturas

BG – Black Belt (Faixa Preta)

BOM – Bill of Materials (Lista de Materiais)

CAD – Computer Aided Design (Projeto Auxiliado por Computador)

CAM – Computer Aided Manufacturing (Manufatura Auxiliada por

Computador)

CEP – Controle Estatístico de Processo

CIM – Computer Integrated Manufacturing (Manufatura Integrada por

Computador)

CM – Customização em Massa

CNC – Computer Numeric Control (Controle Numérico Computadorizado)

COM – Critical Path Method (Método do Caminho Crítico)

CONWIP – Constant Work in Process

CP – Controle da Produção

CP - Capabilidade dos Processos

CPk - Capabilidade Ajustada dos Processo

CPM – Critical Path Method (Método do Caminho Crítico)

CQ – Controle da Qualidade

CTQ - Característica Crítica da Qualidade

CWQC – Company Wide Quality Control

DMAIC – Define, Measure, Analysis, Improve e Control (Definição, Medição,

Análise, Melhoria e Controle)

DFSS – Design for Six Sigma (Seis Sigma para Projeto)


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DFMA – Design for Manufacturing and Assembly (Projeto para Manufatura e

Montagem)

DPM - Defeitos por Milhão

DPMO - Defeitos por Milhão de Oportunidades

DPU - Defeitos por Unidade

10X – Programa de Melhoramento da HP

EDI – Electronic Data Interchange (Troca de Dados Eletrônica)

ERP – Enterprise Resources Planning (Planejamento dos Recursos da

Companhia)

FMEA – Failure Mode and Effects Analyses (Análise de Modos e Efeitos de

Falhas)

GB – Green Belt (Faixa Verde)

GE – General Elétric

GQT – Gestão da Qualidade Total

HP – Hewlet Packard

JIT – Just In Time

LIC – Limite Inferior de Controle

LSC – Limite Superior de Controle

LIE – Limite Inferior de Especificação

LSE – Limite Superior de Especificação

M – Fator de Melhoria

MA – Manufatura Ágil

MBB – Master Black Belt (Mestre Faixa Preta)

ME – Manufatura Enxuta
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MMA – Manufatura em Massa Atual

MPS – Master Production Schedule (Programa Mestre de Produção)

MR – Manufatura Responsiva

MRP – Material Requirements Planning (Planejamento das Necessidades de

Materiais)

MRPII – Manufacturing Resource Planning (Planejaemnto dos Recursos da

Manufatura)

OPT – Optimized Production Technology (Sistema de Controle da Produção

que utiliza a abordagem da teoria das restrições)

PBC – Period Bath Control (Controle do Período Padrão)

PDCA – Plan–Do–Check–Action (Planejar–Fazer–Checar–Agir

Corretivamente)

PEGEM – Paradigma Estratégico de Gestão da Manufatura

PCP – Planejamento e Controle da Produção

PPM - Partes Por Milhão

QFD – Quality Function Deployment (Desdobramento da Função Qualidade)

SICOPROC – Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra

TQC – Total Quality Control (Controle da Qualidade Total)

TQM – Total Quality Management (Gerenciamento da Qualidade Total)

Z - Indicador da Capacidade do Processo


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Lista de símbolos

σ - Desvio Padrão.......................................................................................................94

µ - Média.....................................................................................................................94

X - Média....................................................................................................................94
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Lista de figuras

Figura 1 - Conteúdo de uma estratégia de produção segundo Hörte...........27

Figura 2 – Estrutura do trabalho...................................................................36

Figura 3 – Planejamento da estratégia de manufatura.................................81

Figura 4 – Distribuição Normal.....................................................................95

Figura 5 - Processo com Cp = Cpk = 1,0......................................................96

Figura 6 – Curva normal com variação a longo prazo..................................97

Figura 7 - Visualização do processo original................................................98

Figura 8 - Visualização do processo com variação reduzida........................98

Figura 9 – Curva normal deslocada..............................................................99

Figura 10 – Modelo DMAIC........................................................................106

Figura 11 – Batente de Porta Traseira - Material de Produção..................119

Figura 12 – Diagrama de Causa e Efeito....................................................122

Figura 13 – Cinco por quês.........................................................................123

Figura 14 – Diagrama de Pareto.................................................................124

Figura 15 – Sulcos para melhor retenção de material................................127

Figura 16 – Dispositivo de fixação do pino com perfil especial..................128

Figura 17 - Dispositivo de fixação do pino ( tipo Poka-yoke ).....................129

Figura 18 – Rebitagem do pino no batente.................................................129

Figura 19 – Carta de Controle ( Antes das Melhorias )..............................130

Figura 20 – Histograma ( Antes das Melhorias )........................................130

Figura 21 - Carta de Controle ( Depois das Melhorias )............................131

Figura 22 - Histograma ( Depois das Melhorias )......................................131


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Figura 23 - Escopo dos ambientes relacionados a mutação do Sistema de

Administração da Produção.........................................................................135
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Lista de quadros

Quadro 1 - Evolução do Pensamento Administrativo...................................38

Quadro 2 - PEGEMs: princípios e capacitadores exclusivos e objetivos

estratégicos ganhadores de pedido relacionados.........................................52

Quadro 3 – Matriz de classificação dos tipos de manufatura em função do

output e do fluxo de produção.......................................................................55

Quadro 4 – Atributos possíveis das variáveis do sistema de

classificação..................................................................................................57

Quadro 5 – Grau de diversidade e diferenciação nos níveis de repetitividade

dos sistemas de produção discretos.............................................................61

Quadro 6 – As variáveis e a escolha de um sistema de Planejamento e

Controle de Produção - PCP.........................................................................62

Quadro 7 - As diferenças entre PEGEM, tipos de sistemas de produção e os

SICOPROCs..................................................................................................65

Quadro 8 – A relação entre os PEGEM e os SICOPROC............................68

Quadro 9 – 5W2H – Formulação do problema...........................................121

Quadro 10 – Plano de Ação........................................................................125


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Lista de tabelas

Tabela 1 – Relação entre limite de especificação, área, PPM e custos da

não qualidade..............................................................................................100
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1. Introdução

1.1. Apresentação do assunto

Produtividade e competitividade são conceitos e práticas

indissociáveis para a manutenção das empresas ativas no seu setor de

atuação. Otimizar processos passou a ser um requisito para manter

empresas em posição de liderança e uma questão de sobrevivência no

mercado. Em função disso, o fazer certo foi suplantado pelo fazer certo a

primeira vez, que por sua vez, foi substituído pelo fazer certo da primeira vez

com o menor custo possível.

É um assunto do ponto de vista acadêmico, extremamente relevante,

não só pelo aspecto econômico, como também pelas questões operacionais,

pois tem interferência final em todos os aspectos referentes à qualidade,

custo, prazos de entrega, flexibilidade e inovações. Portanto, o objetivo

deste trabalho é estudar a aplicação da metodologia Seis Sigma como

estratégia de manufatura no controle da variabilidade dos processos

produtivos.

Busca-se também, através desta metodologia, observar o aumento do

desvio padrão de forma gradual ou radical, através da implementação de

projetos Seis Sigma, que poderá resultar em 3 à 4 peças defeituosas por

milhão de oportunidades, diminuindo assim o índice de refugo, reduzindo

custos, melhorando a qualidade dos processos e produtos produzidos,


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aumentando os lucros, a competitividade e a satisfação dos clientes, através

do atendimento de suas expectativas.

Inicialmente, o foco será conceituar a evolução dos sistemas de

produção, evidenciando principalmente a passagem do Sistema de

Produção em Massa para os PEGEMs – Paradigmas Estratégicos de

Gestão de Manufatura, conforme explica Godinho Filho (2004, p. 23), sendo

considerado a Manufatura Enxuta, Responsiva e Ágil, fornecendo uma base

evolucionária dos sistemas produtivos, tornando possível às interpretações

do futuro cenário das organizações e possibilitando um melhor entendimento

do escopo deste trabalho.

Para isso será considerado primeiro a organização tradicional e seu

sistema produtivo artesanal, a organização burocrática legal explicitada nos

movimentos clássico, das relações humanas, estruturalista e contingencial,

persistindo o sistema de produção em massa ao longo destes quatro

movimentos, finalizando com a organização burocrática competitiva,

emergente com a globalização.

Será considerado, nesta análise, os PEGEMs e o Seis Sigma como

estratégia da manufatura auxiliando os Sistemas de Coordenação de Ordens

de Produção e Compras, que, conforme Correa & Gianesi (2001, p. 55-56),

são sistemas que provêm informações que suportam o gerenciamento eficaz

do fluxo de materiais, a utilização de equipamentos e mão de obra e

coordenar as atividades internas com as atividades dos fornecedores e a

comunicação com os clientes no que se refere às suas necessidades


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operacionais, além de integrar várias funções da manufatura por meio de

informações e decisões.

1.2. Contextualização do cenário e identificação do problema

As organizações de sucesso possuem métodos padronizados e

ferramentas projetadas para melhorar suas saídas e explorar oportunidades

que resultarão em ganhos financeiros tangíveis. Elas têm iniciativas

baseadas em melhorias repetitivas e conseguiram padronizar guias de como

implementar e desenvolver as estratégias, táticas e ferramentas e a

liderança necessária para criar e manter o sucesso.

Outras organizações, em sua luta para atender às exigências de

mercado, esmeram-se na escolha de diferentes estratégias. Elas tentam a

qualidade total, a reengenharia de processos do negócio, a eliminação de

fronteiras, as alianças estratégicas, o planejamento por cenários; tentam

reagir rapidamente à mudanças externas, pensar mais criativamente sobre o

futuro, liberar o talento e o entusiasmo de seus funcionários.

Entretanto, como foi destacado por Senge et al. (1994), as práticas

inovadoras crescem por um certo tempo e depois param de crescer. Talvez

elas cessem de vez. Talvez a iniciativa persista timidamente, como a religião

de um pequeno grupo de fanáticos.

No uso da ferramenta Seis Sigma na manufatura, cada empregado é

convocado e recebe treinamento para compreender e implementar a

metodologia. Sem treinamento não existe a metodologia.


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As técnicas e ferramentas adotadas pela metodologia são, em sua

maioria, as mesmas que têm sido utilizadas pelos sistemas de qualidade

conhecidos, porém a estrutura Seis Sigma poderá ampliar os resultados

obtidos.

1.3. Objetivo do trabalho

O objetivo deste trabalho é estudar o Seis Sigma e observar se ele é

uma das técnicas dos novos paradigmas produtivos.

Estudaremos também se o Seis Sigma pode ser usado como uma

ferramenta de apoio à estratégia de manufatura que melhore as condições

de produtividade e competitividade, pois a maneira de como produzir vem

tomando grande parte dos estudos modernos da gestão empresarial, o que

leva muitas empresas a buscar, de maneira intensiva, melhorias em seus

processos, reorganização da produção e modificação de suas estruturas

corporativas.

O desenvolvimento de alternativas estratégicas com base na tecnologia e

com base nas oportunidades de investimento, bem como a criação de

oportunidades dentro do contexto organizacional são vistas como cruciais

para a manutenção da vantagem competitiva.


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1.4 .Justificativa da pesquisa

A manufatura é um processo importante na concepção da estratégia

geral da empresa, porque é na manufatura que obtém-se a qualidade e os

custos menores.

Os critérios competitivos de Porter irão ser definidos na manufatura.

Segundo Hörte, conforme a Figura 1, a qualidade, o planejamento e o

controle da produção, a produtividade, é questão infra-estrutural .

O Seis Sigma poderá ajudar a conseguir estes elementos que

pertencem a estrutura das unidades de negócios e pertencem a estratégia

de manufatura, o que leva muitas empresas a buscar, de maneira intensiva,

melhorias em seus processos, reorganização da produção e modificação de

suas estruturas corporativas.


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Estratégia corporativa

Estratégia competitiva

- Liderança em custo
- Diferenciação
- Enfoque

Prioridades competitivas

- Qualidade
- Custo
- Flexibilidade
- Desempenho das entregas

Áreas de decisão

Estruturais Infra-estruturais

- Instalações industriais - Recursos humanos


- Capacidade - Gestão da Qualidade
- Tecnologia - Organização
- Integração vertical - PCP

Figura 1 - Conteúdo de uma estratégia de Produção segundo Hörte.

Fonte: Pires (1995).


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1.5. Metodologia de pesquisa

Além do uso da argumentação lógica, o desenvolvimento do trabalho

envolverá uma ampla revisão da literatura a respeito da Evolução do

Pensamento Administrativo, Manufaturas, Sistemas de Produção, Sistema

de Coordenação de Ordens de Produção e compras, Estratégia e Seis

Sigma.

Conforme LAKATOS e MARCONI (1991), a prática da ciência está

apoiada no uso de métodos científicos, e conforme BRYMAN (1989), é o que

garante o comprometimento com um modelo sistemático de investigações,

no qual a coleta de dados e sua análise detalhada em relação a um

problema de pesquisa previamente formulado, são os ingredientes mínimos

e necessários.

Neste trabalho será considerado o método hipotético-dedutivo, que

se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos, acerca da qual

formula hipóteses e, pelo processo de inferência dedutiva, testa a predição

da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese.

Embora a teoria constitui-se em um dos pilares básicos de uma

investigação científica, há determinadas situações que a base do

conhecimento seja pequena, ou que a literatura disponível não forneça

conceitos e modelos teóricos capazes de suportar a estruturação de

afirmações teóricas ou hipóteses adequadas para o tema em análise.

Em se tratando do método de estudo de caso, YIN (1994) propõem

que a inexistência de uma teoria inicial quando do delineamento do estudo

pode ser equacionada mediante a utilização de afirmações iniciais, que


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suportarão a execução de um estudo meramente exploratório. Uma vez

auferido os resultados de tal exploração, os mesmos poderão ser

generalizados com vistas ao estabelecimento de uma nova teoria. No

entanto, o autor alerta que, haja vista as peculiaridades usualmente

associadas ao citado método, tal generalização deverá ser analítica e não

estatística. A “potencialidade” da nova teoria estará condicionada à

existência de dois, ou mais casos que a suportem, bem como a inexistência

de uma teoria rival que a sobreponha.

Segundo BRYMAN (1989), o método do estudo de caso caracteriza-

se por prover, de forma exploratória, insights sobre um dado tópico, viabilizar

o teste de teorias e permitir a confirmação dos resultados de outros estudos.

Para YIN (1989), o objetivo do estudo de caso é pesquisar fenômenos

contemporâneos, em seu próprio ambiente, especialmente quando as

fronteiras entre o fenômeno e o contexto não forem muito claras. Tal estudo

poderá lançar mão de evidências, as quais permitirão confrontar as

informações recebidas, especialmente indicados para explicar, descrever e

explorar situações nas quais perguntas de “como” e “por que” sejam à base

da investigação, bem como para situações onde se tenha pouco, ou nenhum

controle sobre o evento.

Quanto à abordagem de pesquisa, neste trabalho será aplicada a

pesquisa qualitativa que, segundo LAZZARINI (1995), é a busca pelo

entendimento de um fenômeno dentro de seu próprio contexto, que devido

as suas características tende a ser menos estruturada, de modo a captar o

que é importante para os indivíduos, bem como suas interpretações sobre os


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ambientes nos quais trabalham, usando a investigação dos mesmos e de

seus meios. Desta forma a mesma congrega uma série de técnicas

destinadas ao entendimento de um dado fenômeno, e não, a verificação da

freqüência de ocorrência do mesmo.

Segundo GODOY (1995), este método envolve a obtenção de dados

descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato

direto do pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os

fenômenos segundo a perspectiva dos sujeitos, ou seja, dos participantes da

situação em estudo, sem se preocupar em enumerar e ou medir os eventos

estudados, nem emprega instrumental estatístico na análise de dados.

Conforme BRYMAN (1989), as características da pesquisa qualitativa

consiste em que o ambiente natural é a fonte e dados e o pesquisador o

instrumento fundamental, múltiplas fontes de dados são utilizadas, o

significado que as pessoas dão as coisas é a preocupação essencial do

investigador e os pesquisadores têm proximidade do fenômeno estudado.

No que se refere aos métodos mais comuns adotados na coleta de

dados destinados à pesquisa qualitativa, pode - se citar a observação

participativa, a entrevista não estruturada ou semi-estruturada objetivam

identificar a forma de pensar das pessoas e o exame de documentos,

permite complementar as outras técnicas, viabilizando o acesso a outras

informações, bem como permitindo a validação das informações coletadas.

Para o desenvolvimento deste trabalho, será realizado a revisão

bibliográfica sobre a Evolução do Pensamento Administrativo, os PEGEMS,


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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura - 31 -

os SICOPROCS, os Sistemas de Produção, o Controle da Produção, o Seis

Sigma e suas relações.

Será utilizado o método de estudo de caso em um dos processos de

fabricação da fechadura da pick-up que apresentou problemas, produzida

em uma empresa do segmento de autopeças. Problema este constatado

através de visitas à empresa, entrevistas não estruturadas e alguns

documentos que constam do capítulo do estudo de caso, a fim de verificar

através do método hipotético-dedutivo a real contribuição do Seis Sigma

como ferramenta de apoio à estratégia de manufatura na melhoria deste

processo e seus benefícios em termos de vantagem competitiva, levando a

uma compreensão do fenômeno em estudo, caracterizando desta forma a

abordagem desta pesquisa como sendo qualitativa.

1.6.O trabalho está assim estruturado em nove capítulos:

1. Introdução.

2. Evolução do Pensamento Administrativo.

3. Paradigmas Estratégicos de Gestão da Manufatura.

4. Sistemas de Produção.

5. Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra.

6. A relação entre PEGEMs e Controle de Produção.

7. Estratégia.

8. Seis Sigma.

9. Estudo de Caso.

10. Conclusão.
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O capítulo 1 tem o caráter introdutório que coloca o leitor em contato

com a proposta deste trabalho, e vai estudar o Seis Sigma como uma

possível estratégia de manufatura atuante na diminuição das variações dos

processos de fabricação, considerando a escolha e a importância deste

estudo, em função dos resultados que influenciarão questões como

produtividade e competitividade nas organizações, que auxiliará na

sobrevivência e no aumento dos lucros empresariais.

Este estudo contempla os tipos de sistemas de produção que

surgiram ao longo da evolução do pensamento administrativo,

principalmente os novos paradigmas de produção que surgiram após o

movimento contingencial, relacionando estes sistemas com os sistemas de

coordenação de ordens de produção e compras, relacionando também com

os sistemas de produção, com a contribuição do Seis Sigma como técnica

de melhoria destes sistemas.

No capítulo 2 desenvolvemos uma literatura a respeito da evolução do

pensamento administrativo, que contempla a organização tradicional, a

organização burocrática e a organização burocrática competitiva, assim

como os diversos movimentos da administração, relacionando-os com a

evolução dos sistemas de produção e considerando as características e

aplicação de cada um.

O capítulo 3 apresenta os Paradigmas Estratégicos de Gestão da

Manufatura – PEGEMS e seus elementos-chave, que representam seus


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pilares, que são os direcionadores, os objetivos de desempenho da

produção, os princípios e os capacitadores.

Este capítulo contempla também as diferenças entre os PEGEMs e

importantes termos utilizados em Gestão da Produção, que são muitas

vezes utilizados por diversos autores com diferentes conotações. Neste

capítulo é abordado o sistema de produção e sua classificação.

No capítulo 4 serão apresentados os Sistemas de Produção quanto

aos aspectos conceituais, classificações e os tipos, relacionando com os

tipos de SICOPROC.

No capít ulo 5 será abordado um termo muito utilizado em Gestão da

Produção, que é o Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e

Compra – SICOPROC, segundo GODINHO (2004), do ponto de vista

conceitual e os tipos de SICOPROCS e a relação com os PEGEMS e com

outros tipos de sistemas de produção.

O capítulo 6 tem por finalidade apresentar um relacionamento entre

aspectos importantes do Controle da Produção (CP) e os PEGEMs

(Paradigmas Estratégicos de Gestão da manufatura), definindo o que

entendemos por Planejamento e Controle da Produção, desmembrando

posteriormente esta função no Planejamento da Produção e Controle da

Produção, para então nos focarmos no Controle da Produção.

No capítulo 7 é contemplada a revisão literária sobre estratégia e,

considerando Hörte, tem uma abordagem voltada para manufatura. O leitor

poderá compreender melhor sobre as estratégias nos níveis corporativos,

das unidades de negócios e funcionais, que devem estar alinhadas


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estrategicamente a fim de que os resultados estabelecidos sejam

alcançados. Dentre as estratégias funcionais, neste estudo abordaremos a

estratégia funcional manufatura, seu conteúdo e o seu propósito no tocante

a sua sobrevivência e lucratividade da organização.

No capítulo 8 desenvolvemos uma literatura a respeito do Seis Sigma,

para contextualizar o leitor sobre aspectos históricos, casos de sucesso,

comparação com programas de qualidade já conhecidos, erros do passado a

serem evitados, relacionados a implantação de programas de qualidade,

sendo dada uma atenção especial aos possíveis fatores responsáveis pela

sustentação da implementação do programa Seis Sigma, que diz respeito ao

comprometimento da alta administração, investimento disponível, mudança

cultural, hierarquia e o treinamento de especialistas, projetos Seis Sigma,

modelo DMAIC, ouvir a voz do cliente, gestão por processos, responsáveis

pela longevidade da implantação do Seis Sigma e por ampliar resultados

como lucro e minimizar perdas.

O capítulo 9 contempla o estudo de caso realizado em uma

organização de origem francesa do segmento de autopeças, sendo

escolhido dentre os vários projetos Seis Sigma, um aplicado à produção de

um pino de batente de porta traseira de uma pick-up, para melhor

compreensão da aplicação desta metodologia e seus resultados.

O capítulo 10 é o da conclusão, e podemos observar a evolução da

administração, a relação com os seus movimentos, relacionando também

com os sistemas de coordenação de ordens de compras, com os

paradigmas estratégicos de gestão da manufatura com os sistemas de


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produção, estudando e considerando também, a contribuição da questão

estratégia de manufatura alinhada a estratégia corporativa, na sobrevivência

ou no aumento do lucro de uma organização, que poderá ser alcançado

através da implantação de um Programa Seis Sigma na manufatura

independente do tipo de PEGEM, haja vista os exemplo de casos de

sucesso, principalmente nos processos de fabricação e o estudo de caso

considerado neste trabalho.


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Apresentação da
proposta de estudo
Apresentação da sobre Seis Sigma na
Introdução (capitulo 1)
evolução e manufatura, como
relação das estratégia
organizações, organizacional.
movimentos e
sistemas de Evolução do Pensamento Administrativo e
produção. Apresentação
dos Sistemas de Produção
das funções PCP
(capitulo 2)
e a relação
PEGEM com
CP.

PEGEMS SICOPROCS SISTEMA/PRODUÇÃO PEGEM X CP


(capítulo 5) (capítulo 4) (capítulo 6)
(capítulo 3)

Apresentação ESTRATÉGIA DE MANUFATURA Apresentação do


dos 04 (capítulo 7) conceito,
elementos-chave classificação e
determinantes de tipos de
cada PEGEM e SICOPROC.
SEIS SIGMA
classificação dos (capítulo 8)
sistemas de
Visão geral sobre
produção.
Seis Sigma, sua
aplicação e
ESTUDO DE CASO resultados.
Exemplo prático de
(capítulo 9)
aplicação do Seis
Sigma na
Análise dos capítulos
manufatura e na
deste trabalho,
etapa de montagem
Conclusão (capitulo 10) alinhando-os com
em empresa de
2. Evolução dos Sistemas de Produção foco no atendimento
autopeças.
dos objetivos e
justificativa.

2.1. Introdução

Figura 2 – Estrutura do trabalho


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2. Evolução do Pensamento Administrativo

Segundo Sacomano Neto (1999, p.18-26), as teorias administrativas

surgiram com o Sistema de Produção em Massa, com o Movimento Clássico

da administração e foram evoluindo conforme o surgimento de

contraposições e problemas de determinados momentos históricos.

Conforme Ferreira et al. (1997, p. 13), a evolução do conhecimento se faz

menos por rupturas e mais por conquistas graduais, através de variações de

modelos existentes. O capitalismo traz em sua essência um constante

processo de inovação de produtos, processos de produção e de gestão das

organizações. A seguir serão descritas algumas características dos sistemas

de produção e as teorias administrativas implícitas nesta evolução.

O quadro 1 apresenta a evolução do pensamento administrativo, que

contempla os três tipos de organização, os sistemas de produção que

evoluíram a partir do sistema de produção artesanal, relacionando cada

movimento de administração a cada tipo de organização, que por sua vez é

relacionado ao tipo de sistema de produção, que surgiu em detrimento das

mudanças que ocorreram nas organizações.


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Quadro 1 – Evolução do Pensamento Administrativo.


Fonte: Escrivão Filho (1997).

Organização Organização Burocrática Organização

Tradicional Burocrática
(Racional – Legal)

(Racional –

Competitivo)

Teorias de Administração RENOVAÇÃO

Just in Time

Movimento Movimento Movimento Movimento Reengenharia

Clássico das Estruturalista da Qualidade Total


Relações Contingênc
Terceirização
Humanas ia
Tecnologia/
1900 1940 1955 1970 1985
informação

Seis Sigma

Sistemas de

Sistema de Produção:
Sistema de Produção em Massa
Produção Enxuta, Ágil,

Artesanal Responsiva,

Massa Atual e

Customização

em Massa.
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2.2. Organização Tradicional: Sistema de Produção Artesanal

Para Park et al. (1997, p. 4-10), este sistema se desenvolveu no final

do período feudal, sendo o trabalho organizado em oficinas sob a

coordenação do mestre-artesão, que concentrava todas as habilidades do

processo produtivo, tais como: mercador, empregador, capataz, entre outras

detendo toda a concepção, desde o projeto até a distribuição. Do século XVI

ao século XVIII, o artesão da idade média tende a desaparecer e, em seu

lugar, surgem os assalariados que dependem do capitalista mercador, que

investe na compra de matérias-primas e revende ao mestre artesão,

revelando o surgimento de um novo modelo econômico, o capitalismo, e

também a transição do Sistema de Produção Artesanal para o Sistema de

Produção em Massa.

Ainda para Park et al. (1997, p. 4-10), o Sistema de Produção

Artesanal que considera a força de trabalho altamente qualificada em

projeto, operação de máquinas, ajuste e acabamento, organização

extremamente descentralizada, emprego de máquinas de uso geral, baixo

volume de produção e alto custo dos produtos, não conseguiu suprir o

aumento crescente da demanda existente, principalmente com a

consolidação crescente da sociedade do consumo.

2.3. Organização Burocrática Legal: Sistema de Produção em Massa

No inicio do século XX, este sistema proporcionou ganhos de

produtividade com a racionalização das tarefas e o surgimento de grande

corporações, que atingiam milhares de funcionários. Segundo Womack et al.


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(1992, p. 31), foi em 1955 que o Sistema de Produção em Massa obteve seu

apogeu nas indústrias norte-americanas, tanto nos métodos de fabricação

como nas técnicas de marketing, surgindo diferentes enfoques teóricos e

fases de evolução da Ciência Administrativa, abordadas a seguir.

Movimento Clássico – ênfase na tarefa

Com a Revolução Industrial surgiu o crescimento acelerado e

desorganizado das empresas, aumentando a complexidade na sua

administração, exigindo métodos científicos que substituíssem o empirismo e

a improvisação, além da necessidade de aumentar a eficiência e a

competência das organizações para a obtenção de uma melhor eficiência

dos recursos disponíveis.

Surgiu então este movimento, que iniciou no século XX, com os

pioneiros da Administração Cientifica - Taylor (surgiu no chão de fábrica,

utilizando métodos racionais e padronizados, a máxima divisão de tarefas e

o enfoque na produção) e da Administração Clássica - Fayol (surgiu na alta

administração, enfatiza a tarefa da organização, estrutura formal da

organização e a adoção de princípios e funções administrativas necessárias

à realização do trabalho), que participaram do Movimento Clássico.

Os principais precursores deste movimento foram: Taylor, Ford, Gantt,

Gilberth, e a idéia central concentrava-se no sistema racional formalizado,

capaz de fornecer suporte para a eficiência e coordenação do sistema. Entre

as principais características estão: princípios de unidade de comando,

divisão do trabalho, disciplina e autoridade, e ao tratare deste processo


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evolucionário, Ferreira et al. (1997, p.13-25) coloca que, devido ao

crescimento das organizações, a burocratização e a rotinização do trabalho,

foram indispensáveis para a gestão das organizações, e a visão mecanicista

da organização considerada no Movimento Clássico revela,

superespecialização do funcionário, visão microscópica do homem, ausência

de comprovação científica e uma abordagem fechada e incompleta da

organização, iniciaram as novas idéias e, geraram o Movimento das

Relações Humanas.

Movimento das Relações Humanas - ênfase nas pessoas

Segundo Motta (1998, p. 15-31), este movimento enfatizou elementos

comportamentais das pessoas nas organizações, opondo-se à racionalidade

nas tarefas enfatizada anteriormente; as conclusões obtidas na experiência

de Hawthorne desenvolvida por Elton Mayo e seus colaboradores na

Western Eletric Company, em Chicago, foram decisivas para o surgimento

deste novo movimento, e os estudos que tratavam de relacionamento entre

trabalho, fadiga e desempenho, passaram também ao estudo do

relacionamento entre trabalho, satisfação desempenho.

Os principais precursores deste movimento foram: Elton Mayo, Follet,

Barnard, e outros, com pesquisas relacionadas ao gerenciamento de

conflitos, autoridade e comunicação, organizações informais, concepção da

natureza humana, motivação entre outros aspectos, buscando um equilíbrio

entre os aspectos tecnológicos e humanos. Uma das principais críticas está

na oposição cerrada à teoria clássica inadequada visualização dos


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problemas das relações industriais, concepção ingênua e romântica do

operário, limitação do campo experimental, parcialidade das conclusões,

ênfase nos grupos informais e finalmente o enfoque multiplicativo das

relações humanas (CHIAVENATO 1999, p. 226-228), contribuindo para o

aparecimento de um grupo dissidente, os estruturalistas (MOTTA, 1998, p.

31).

Movimento Estruturalista – ênfase na estrutura

Os estruturalistas vêem a organização como um sistema em

constante relação com o seu ambiente interno Motta (1998, p. 53-72),

enfatizando o relacionamento dos grupos sociais estabelecidos pela

estrutura organizacional, surgindo como uma síntese do Movimento Clássico

e das Relações Humanas e também com contribuições e conceitos

incorporados das Ciências Sociais, além de influências dos estudos de Max

Weber sobre a burocracia, constituída por conceitos de autoridade, poder,

legitimidade e fortalecimento das relações entre pessoas dentro das

organizações com aspectos formais e impessoais.

Os principais autores deste movimento foram: Selznick, Etzioni, Blau,

Scott, e Thompson, e a visão estruturalista voltou-se principalmente para a

ampliação do conceito de organização, agregando aspectos formais e

informais das variáveis do ambiente organizacional. Por exercer grande

influência nas decisões estratégicas das organizações, o ambiente externo é

a principal preocupação do último movimento teórico da produção em massa

e também como decorrência do Movimento estruturalista.


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Movimento da Contingência – ênfase no ambiente

Para Ferreira et al. (1997, p. 101-106), este movimento buscou as

relações das organizações com seu ambiente externo, passando a

considerar que não existe uma melhor forma de organizar uma empresa e

que as características estruturais dependem das características ambientais

que a circundam, e neste sentido, a contingência extrapola a visão limitada

de que existe uma forma única de se organizar a empresa, sendo os

grandes nomes deste movimento formados por Woodward, Chandler,

Lawrence, Lorch, Shein, Galbraith, e ao se referir à Teoria das

Organizações, ressalta que rapidamente está se deixando de acreditar que

só há uma teoria organizacional ou apenas um tipo de estrutura, e sim que

as mesmas serão moldadas de forma cada vez mais diversa, por propósitos,

tipos de atividades, pessoas e cultura.

Muitos autores apontam o final ou um esgotamento do Sistema de

Produção em Massa e o surgimento de um novo paradigma, onde a

variedade e personalização suplantam produtos padronizados, onde

mercados homogêneos serão substituídos por mercados heterogêneos

(PINE, 1994). Em contrapartida, as organizações buscam maior flexibilidade

tanto no ponto de vista mercadológico como organizacional, e que de certa

forma, todas as teorias administrativas são aplicáveis na situação atual das

empresas, com uma ressalva: as variáveis anteriormente colocadas e

priorizadas em cada movimento devem ser abordadas considerando a

interação e a interdependência entre as mesmas (FERREIRA et al., 1997, p.

101-106).
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2.4. Organização Burocrática Competitiva:

2.4.1.Sistema de Produção Enxuta

Segundo Azzolini Júnior (2004, p. 12), no auge da produção em

Massa, após o término da 2ª guerra mundial, o Japão dá início ao programa

de reconstrução nacional que conduz importantes mudanças na produção,

reconhecidas no mundo ocidental somente a partir da década de 70 (até

então focado nos princípios da Manufatura em Massa), com base nos

preceitos da Administração Científica e conhecida posteriormente como

Manufatura Enxuta.

Para Sacomano Neto (1999, p. 26-27), na deterioração do Sistema de

Produção em Massa, muitas indústrias não suportaram a posição de

liderança das industrias japonesas que inovaram vários aspectos técnicos e

operacionais de chão de fábrica - entre eles: agrupamento de trabalhadores,

delegação de funções, relação cliente -fornecedor - e outros aspectos

culturais mostraram-se importantes para efetivação deste diferencial

competitivo, que apresenta algumas diferenças em relação aos anteriores,

tais como ênfase na melhoria contínua das operações, eliminação de

desperdícios e retrabalhos, diminuição do set up das máquinas com intuito

de redução do tamanho do lote de produção e conseqüente aumento na

variedade de produtos oferecidos aos clientes, pois atualmente às empresas

precisam ser flexíveis, enxutas e estarem aptas para mudarem sempre,

sendo que Gonçalves (1997) ressalta que o futuro pertence às empresas

que conseguirem explorar o potencial dos seus processos e suas principais


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características são: empresas com estruturas enxutas, com poucos níveis

hierárquicos, quadro de pessoal ajustado, novas estruturas organizacionais,

estruturas dinâmicas e organização por processo.

2.4.2.Sistema de Produção Ágil

Segundo Azzolini Júnior (2004, p. 20-21), em 1991, devido a uma

solicitação de estudo do congresso norte americano ao Iacocca Institute

para definir as bases da indústria do próximo século, surge o termo

Manufatura Ágil, que representa um aprimoramento dos preceitos da

Manufatura Enxuta, que também representa mais uma adequação do

processo evolucionário da gestão da produção através agora deste

paradigma. A pesquisa deveria definir como as empresas americanas

poderiam voltar a ser, competitivas internacionalmente, fazendo frente às

novas potências industriais e principalmente ao Japão.

O termo manufatura Ágil foi popularizado a partir de 1991, após a

publicação do relatório (GOLDMAN et al., 1991), mostrando que um novo

ambiente de manufatura estava surgindo na época, caracterizado pela

incerteza e por mudanças constantes.

Para Bunce & Gould (1996, p. 278), os negócios do século XX terão

que superar os desafios de consumidores, buscando produtos de alta

qualidade e baixo custo, além de resposta rápida a suas necessidades

específicas e em constante transformação.

Conforme Gunasekaran (1999, p.87-105), a Manufatura Ágil está

exatamente relacionada a novas maneiras de se gerenciar a empresa para


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enfrentar tais desafios. A partir da definição de diversos autores, Sharifi &

Zhang (1999, p. 7-22) e De Vort et al. (1997, p. 813-823), dentre outros,

entendemos que a Manufatura Ágil é aquela que possui como objetivos

principais: responder a mudanças inesperadas de maneira correta e no

tempo devido e saber explorar estas mudanças, entendendo-se como uma

oportunidade, um meio de ser lucrativo. De acordo com Kidd (1994, p. 10), a

manufatura ágil pode ser considerada como a integração da organização,

pessoas altamente capacitadas e tecnologias avançadas para obter

cooperação e inovação em respostas à necessidade do fornecimento de

produtos customizados e de alta qualidade aos clientes.

A Manufatura Ágil é extremamente adequada aos ambientes de

mudanças rápidas e com alta incerteza, que poderá ser elaborada com base

em cinco princípios básicos (KIDD, 1994, p.10): mudança contínua, resposta

rápida, melhoria da qualidade, responsabilidade social e foco no cliente.

Esses princípios são uma síntese do que algumas empresas vêm buscando

atualmente, só que de uma forma isolada.

2.4.3.Sistema de Produção Responsiva

Para Godinho Filho (2004, 27-31), este sistema de produção enfatiza

o tempo como principal diferencial competitivo. Blackburn (1991 a), cita que

a manufatura baseada no tempo deve implementar uma série de métodos

destinados a reduzir o tempo de resposta aos clientes. Segundo Booth

(1996, p.105-112), esta nova estratégia de gestão da manufatura enfatiza a

redução do tempo de desenvolvimento do produto e do tempo de produção


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como fatores vitais para o aumento da competitividade de uma empresa.

Para Handffield (1995, p.511-537), os benefícios desta redução tornam a

Manufatura Responsiva atraente e dentre estes benefícios é importante citar:

menos estoques, maior rapidez no atendimento ao cliente e na inovação,

maiores fluxos de caixa e maiores lucros.

A denominação Manufatura Responsiva vem de autores como

Kritchanchai & Maccarthy (1998, p. 213) e Fernandes & Maccarthy (1999, p.

1-6), os quais entendem que esta tem como principal objetivo ganhador de

pedidos não somente o tempo, mas a responsividade, pois procura atender

os objetivos ligados ao tempo (rapidez e pontualidade) e a variedade (alta

variedade de coisas distintas). Portanto, atingir a Manufatura Responsiva

significa ser rápido, pontual e ter uma alta variedade de produtos, com

clientes dispostos a pagar preços mais altos por diferenciais em tempo e

variedade oferecidos pelo competidor baseado no tempo (GODINHO FILHO,

2004, p. 27-31).

2.4.4 Manufatura Massa Atual

A Manufatura em Massa Atual (MMA) mantém a característica

principal da manufatura em massa em seus primórdios, que é a competição

baseada nos baixos preços, porém apresenta algumas características

diferentes ou evoluídas que são o foco na abordagem da produção com

qualidade e na variedade (variedade de coisas semelhantes) como objetivos

qualificadores. Além disso alguns princípios da Manufatura em Massa que

não são mais encontrados na Manufatura em Massa Atual, como é o caso


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da distinção rígida do “pensar” e “executar”, a perseguição da integração

vertical e longos ciclos de vida de produtos.

2.4.5 Customização em Massa

Este termo surgiu primeiramente em 1987, com Stanley Davis em seu

famoso livro “O Futuro perfeito” (DAVIS, 1987). B. Joseoh Pine continuou o

tema em seu livro “Mass Customization: The new frontier in Business

Competition” (PINE, 1993). Da SILVEIRA et al (2001) define customização

em massa como a habilidade de fornecer produtos e serviços projetados

individualmente para cada consumidor através de altíssima agilidade,

flexibilidade no processo e integração e a um custo perto dos itens feitos

pela Manufatura em Massa.


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3. Paradigmas Estratégicos de Gestão da Manufatura – PEGEM

3.1. Introdução

A partir do referencial apresentado, estamos agora em condição de

definir o termo Paradigma Estratégico de Gestão da Manufatura (PEGEM) e

determinar quais são seus elementos-chave.

Paradigmas Estratégicos de Gestão da Manufatura são

modelos/padrões estratégicos e integrados de gestão direcionadas a certas

situações do mercado que se propõem a auxiliar as empresas a alcançarem

determinado(s) objetivo(s) de desempenho (daí o nome estratégicos);

paradigmas estes compostos de uma série de princípios e capacitadores

(daí a denominação gestão) que possibilitam que a empresa, a partir de sua

função manufatura (daí a denominação manufatura), atinja tais objetivos,

aumentando, desta forma, seu poder competitivo.

3.2. Os quatro elementos–chave dos PEGEMs

Na definição anterior podemos notar que um PEGEM é composto por

quatro elementos-chave, os quais representam os seus pilares. São eles:

- os direcionadores: são as condições do mercado que possibilitam,

requerem ou facilitam a implantação de determinado PEGEM;

- os objetivos de desempenho da produção: são os objetivos estratégicos

da produção relacionados com o paradigma. Cada PEGEM está relacionado

a determinados objetivos de desempenho da produção: a MM prioriza a

produtividade, a ME enfoca a qualidade e a produtividade, a MR tem no


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tempo seu principal objetivo, a CM prioriza a flexibilidade e a customização e

a MA enfoca a agilidade;

- os princípios: são as idéias (ou regras, fundamentos, ensinamentos) que

norteiam a empresa na adoção de um PEGEM. Os princípios representam o

“o quê” deve ser feito para se atingir os objetivos de desempenho da

produção relativos ao paradigma;

- os capacitadores: são as ferramentas, tecnologias e metodologias que

devem ser implementadas. Os capacitadores representam o “como” seguir

os princípios alcançados e, desta forma, excelentes resultados com relação

aos objetivos de desempenho da produção.

Comparando o histórico evolutivo dos vários paradigmas da

manufatura surgidos ao longo de todo o século XX e a definição do que

chamamos de PEGEM, podemos notar que nem todos eles podem

realmente serem chamados de PEGEM, uma vez que não possuem todos

os elementos-chave integrados como a proposição acima. Portanto não

consideramos como PEGEM:

i) a manufatura artesanal, por ser atualmente desprezível com relação a sua

utilização e a falta de perspectiva de aumento de sua utilização;

ii) a manufatura focada, que é na realidade um atributo que pode se

apresentar de forma mais ou menos marcante nos PEGEMs (por exemplo, a

Manufatura em Massa Atual é mais focada que a Manufatura Enxuta, esta é

mais focada que a Manufatura Responsiva que, por sua vez, é mais focada

que a Customização em Massa e que a Manufatura Ágil);


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iii) a World Class Manufacturing (Manufatura de Classe Mundial) que na

verdade é um rótulo, cujas características são atingidas pelos PEGEMs

Manufatura Enxuta, Manufatura Responsiva, Customização em Massa e

Manufatura Ágil.

O quadro 2 relaciona cada tipo de Paradigma Estratégico de Gestão

da Manufatura, identificando, para cada PEGEM, os seus elementos-chave,

os princípios, os capacitadores, os objetivos de desempenho, o que facilita a

visualização e compreensão dos mesmos.

Portanto, podemos denominar PEGEM os paradigmas Manufatura em

Massa Atual (MMA), Manufatura Enxuta (ME), Manufatura Responsiva (MR),

Customização em Massa (CM) e Manufatura Ágil (MA), que apresenta

diferentes atributos para cada um dos quatro elementos-chave identificados

e que estão em graus diferentes de comprovação e aplicação, em função

dos avanços em tecnologia de informação e aumento da geração de riqueza

em algumas partes do mundo.


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Quadro 2 - PEGEMs: princípios e capacitadores e objetivos estratégicos


ganhadores de pedido relacionados.
Fonte: adaptado de Godinho (2004)

PEGEM Princípios Capacitadores Objetivos de


desempenho
ganhador de
pedido
relacionado
Alta especialização do Economia de escala; uso
trabalho; foco em clientes intensivo de máquinas
sensíveis aos baixos especializadas; ambientes
Manufatura em preços; padronização do de produção em massa; Produtividade
Massa Atual produto, sendo que roteiros estritamente fixos
alguma diferenciação é e inflexíveis e inflexíveis.
possível; foco na
eficiência operacional/alta
produtividade.
Foco total na qualidade; Trabalhar com ambientes
fornecer ao cliente ampla repetitivos; Seis Sigma;
diferenciação de produtos Kanban.
com pouca diversidade;
identificar cadeia de valor
Manufatura e eliminar desperdícios; Qualidade
Enxuta produção puxada (JIT);
busca da perfeição;
automação/qualidade
Seis Sigma;
gerenciamento visual
voltado à qualidade.
Escolher o consumo de Utilização de medidas de
tempo como parâmetro desempenho baseadas no
crucial; fornecer aos tempo; existência de uma
clientes ampla rede de fornecedores
diversidade de produtos; confiável; tecnologias e
direcionar a empresa sistemas de informação
para os clientes mais voltados para melhoria da
atraentes e sensíveis ao integração interna e
tempo; estabelecer o melhorias da eficiência no
Manufatura ritmo de inovação do quesito tempo; Responsividade
Responsiva setor industrial; sistema capacitadores voltados à
integrado de trabalho em redução do tempo de
toda a cadeia e desenvolvimento de novos
estruturado para a produtos; sistemas de
eliminação de tempos produção, na maioria das
desnecessários; vezes, semi-repetitivos,
sincronização da SICOPROCs responsivos
programação da (CONWIPH, PBC, OPT ou
produção e das sistema de alocação de
capacidades na cadeia de cargas por encomenda);
suprimentos; utilizar sistema de programação
SICOPROCs da produção com
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responsivos; escolhe capacidade finita; sistema


sistemas de programação de classificação e
com capacidade finita metodologia para a
para complementar escolha de sistemas de
SICOPROC. programação da produção.
Atender a demanda Gestão da cadeia de
fragmentada para suprimentos integrada
diferentes gostos e para a customização em
necessidades; redução massa; tecnologias e
no ciclo de sistemas de informação
desenvolvimento do voltados para o
produto e também no estabelecimento de
Customização ciclo no ciclo de vida dos contato entre o cliente e a Customabilidade
em Massa produtos; cadeia de empresa visando
suprimentos preparada estabelecer grau de
para a customização em customabilidade ;
massa; participação do economias de escopo;
cliente ao longo das área de projeto voltada à
etapas do ciclo de vida customização;
dos produtos. SICOPROCs direcionados
à customização.
Cooperação interna e Empresa virtual de
externa para o aumento manufatura virtual;
da competitividade; integração da cadeia de
estratégia baseada no suprimentos voltada para a
valor, a qual enriqueça o formação de parcerias
cliente; domínio das virtuais; gestão baseada
Manufatura Ágil mudanças e incerteza; em competências chave; Agilidade
“alavancar” o impacto das gestão baseada na
pessoas e da informação; incerteza e na mudança;
redução dos ciclos de gestão baseada no
vida dos processos e da conhecimento; tecnologia
empresa. e sistemas de informação
voltados para a integração
entre empresas visando
parcerias; SICOPROCs
voltados especificamente à
Manufatura Ágil.
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4. Sistemas de Produção

4.1 Introdução

O primeiro conceito de extrema importância que discutimos é o

Sistema de Produção Industrial, o qual pode ser definido, de acordo com

MACCARTHY & FERNANDES (2000), como sendo um conjunto de

elementos (humanos, físicos e procedimentos gerenciais) inter-relacionados

que são projetados para gerar produtos finais, cujo valor comercial supere o

total dos custos incorridos para obtê-los. SIPPER & BULFIN (1997) definem

sistema de produção como sendo tudo aquilo que transforma inputs em

outputs, com valor inerente.

4.2 Classificação dos Sistemas de Produção

Uma vez definido o significado de sistema de produção, vamos passar

a discutir algumas classificações encontradas para os sistemas de produção.

Em sua obra, o autor GODINHO (2004) aborda somente duas classificações

por entender ser muito importante (para uma revisão completa sobre

classificações dos sistemas de produção (ver MACCARTHY &

FERNANDES, 2000). A primeira delas classifica os sistemas de produção

em função do tipo de output obtido (produto discreto ou contínuo) e do tipo

de fluxo de produção (único, em lotes e em fluxo). Esta classificação é

utilizada por diversos autores para se determinar os chamados tipos de

manufatura (DE TONI & PANIZZOLO, 1992), ou tipos de processo de

produção (SLACK et al, 1997), ou ainda tipos de sistemas de produção


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(MOREIRA, 2001). O quadro 3 se baseia nestes trabalhos e resume esta

classificação.

Quadro 3 - Matriz de classificação dos tipos de manufatura em função do


output e do fluxo de produção
Fonte: Godinho (2004, p. 25)

Produção de itens Produção contínua

discretos (indústria de processos)

Sistema de Produção

de um item único manufatura individual manufatura única

(grandes projetos)

Sistema de Produção

em lote (job shop) manufatura intermitente manufatura descontínua

Sistema de Produção manufatura repetitiva manufatura contínua

em fluxo ou em massa

A seguir, definiremos as três classes de sistemas de produção de

acordo com o fluxo, bem como cada um dos tipos de manufatura.

- sistemas de produção em fluxo: também chamados fluxos em linha,

apresentam uma seqüência linear para se produzir o produto; os produtos

são bastante padronizados e fluem de um posto para o outro em uma

seqüência prevista; quando o tipo de produto processado é discreto o

sistema de produção passa a ser denominado manufatur em massa ou

manufatura repetitiva; quando o tipo de produto processado é contínuo,


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como no caso das indústrias de processo (indústria química, de papel, etc.),

a manufatura é dita contínua;

- sistema de produção em lote: para o caso de itens discretos, a produção é

feita em lotes; no término do lote de um produto, outros produtos tomam o

seu lugar nas máquinas, caracterizando assim a chamada manufatura

intermitente. No caso da produção contínua temos a chamada manufatura

descontínua a qual é caracterizada pela produção em lotes de itens

contínuos;

- sistema de produção de um item único: também chamado de manufatura

de grandes projetos, diferencia-se bastante dos anteriores na medida em

que cada projeto é um produto único. Neste caso, tem-se uma seqüência de

tarefas ao longo do tempo, geralmente de longa duração. Alguns autores

dividem este tipo de manufatura em manufatura individual e manufatura

única conforme o output for um item discreto e contínuo.

A segunda classificação dos sistemas de produção que achamos de

extrema valia é a classificação multidimensional de MACCARTHY &

FERNANDES (2000), que classifica os sistemas de produção de acordo com

12 variáveis (tamanho da empresa, nível de automação, nível de

repetitividade, tipos de layout, dentre outros) conforme apresentado no

quadro 4, objetivando a escolha do sistema de planejamento e controle da

produção ideal.
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Quadro 4 - Atributos possíveis das variáveis do sistema de classificação de


MACCARTHY & FERNANDES (2000)
Fonte: MACCARTHY & FERNANDES (2000).

CARACTERIZAÇÃO GERAL CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO


• Tamanho da Organização • Tipos de layout
(L) grande número de funcionários; (S): estação de trabalho simples.
(M) médio número de funcionários; (P): layout por produto.
(S) pequeno número de funcionários (F): layout funcional ou layout por
• Tempo de Resposta processo.
(SL-PL-DL) se o sisteam produz para (G): layout por grupo.
ordem (FP): layout por posição fi xada: os
(DLa (P%)) se o sistema produz para recursos (homens, equipamentos)
estoque com um nível de serviço igual a movem-se e não o produto.
P%. • Tipos de estoques de segurança
(PL-DL) se o sistema produz para (1): estoques antes do primeiro estágio
ordem mas mantêm estoque de matéria de produção.
prima (2): estoques intermediários entre os
(SL=DL) se o sistema não produz mas estágios de produção.
vende para ordem (3): estoque depois do último estágio de
• Nível de Repetitividade produção.
(PC): sistema contínuo puro. • Tipos de fluxo
(SC): sistema semi-contínuo: cada (F1): estágio simples por exemplo, uma
unidade de processo é contínuo puro e máquina no centro.
há combinações das rotas entre os (F2): estágio simples com máquinas
diferentes processos. Esse processo é idênticas em paralelo.
conhecido como sistema de produção (F4): estágio simples com máquinas não
de batelada. idênticas em paralelo.
(MP): produção em massa. Maioria dos (F5): processo multi-estágios
itens são repetitivos. unidirecional, que permite que estágios
(RP): Sistema de produção repetitivo. sejam pulados (overflow).
Se pelo menos 75% dos itens são (F6): processo multi-estágios
repetitivos, nesse caso a indústria unidirecional, com máquinas iguais em
metal/mecânica é um típico RP. paralelo.
(SR): Sistema de produção semi- (F7): processo multi-estágios
repetitivo. É considerado assim se um unidirecional com máquinas idênticas
número considerável de peças em paralelo mas permitindo que
repetitivas e não repetitiva. estágios sejam pulados (overflow).
(NR): sistema de produção não (F8): processo multi-estágios
repetitivo. A maioria dos itens não são unidirecional com máquinas não
repetitivos. idênticas em paralelo.
(LP): Grandes Projetos. (F9): processo multi-estágios
• Nível de automação unidirecional com máquinas não
(N): automação normal: compreende idênticas em paralelo, permitindo que
todo tipo de mecanização onde o ser estágios sejam pulados (overflow).
humano tem um alto grau de
participação na operação ou nível de
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execução.
(F): automação flexível: tem, na (F10): processo multi-estágios multi-
operação ou nível de execução, o direcional, por exemplo, o clássico
controle por computador no papel sistema job-shop com máquinas não
principal, trabalhando em rede com idênticas em paralelo, permitindo que
controle numérico, normalmente com estágios sejam pulados
alguma forma de tecnologia FMS> (F11): processo multi-estágios multi-
®: automação rígida: é o tipo direcional, com máquinas idênticas em
encontrado em linha de transferência paralelo.
com equipamento altamente (F12): processo multi-estágios multi-
especializado e dedicado. direcional, com máquinas não idênticas
(M): automação mista: ocorre onde o em paralelo.
sistema de produção processa unidades
com diferentes níveis de automação.
CARACTERIZAÇÃO DO PRODUTO CARACTERIZAÇÃO DA MONTAGEM
• Estrutura do produto • Tipos de Montagem
(SL): nível simples de produtos que não (A1) :Mista (ingredientes químicos, por
requerem montagem. exemplo).
(ML): nível de multi-produtos que (A2) : Montagem de um grande projeto.
requerem montagem. (A3) : Montagem de produtos pesados..
• Nível de Customização (A4): Montagem de produtos leves
(1): produtos customizados, quando os (equipamentos médicos) em um posto
clientes definem todos os parâmetros de de trabalho ou em um conjunto de
design do produto. postos de trabalho paralelos.
(2): produtos semi-customizados, (A5): Linha de montagem ritmada, onde
quando os clientes definem parte do a linha nunca pára.
design do produto. (A6) : Linha de montagem ritmada, onde
(3): customização “mushroom”, há um a linha para por um número de unidade
número de componentes ou módulos do tempo.
padrões que são combinados de várias (A7): Linha de montagem semi-ritmada,
formas nos estágios finais do sistema de onde a linha não Pará.
produção com poucas operações (A8): Linha de montagem não ritmada do
adicionais. tipo I.
(4): produto padrão, quando os clientes (A9): Linha de montagem não ritmada do
não interferem no design do produto. tipo II.
• Número de produtos • Tipos de organização do trabalho
(S): para um simples produto. (1): Trabalhadores individuais.
(M): para múltiplos produtos. (2): Times de trabalho.
(3): Grupos de trabalho.

Dentre estas doze variáveis, a mais importante é que será focada é o

nível de repetitividade. Estes autores definem repetitividade em função do

tempo de trabalho total disponível. Desse modo, um item é repetitivo se ele


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consome uma porcentagem significante do tempo total disponível da

unidade produtiva (pelo menos 5% de acordo com os autores). Usando essa

definição, os autores classificam os sistemas de produção, de acordo com a

repetitividade, em sete categorias mostradas a seguir:

• sistema contínuo puro: por exemplo uma refinaria de petróleo;

• sistema semi-contínuo: cada unidade de processo é contínuo puro e há

combinações das rotas entre os diferentes processos;

• sistema de produção em massa: quase todos os itens são repetitivos; a

produção em massa é um caso particular (volume bem maior e variedade

bem menor) da produção repetitiva;

• sistema de produção repetitivo : se pelo menos 75% dos itens são

repetitivos,

• sistema de produção semi- repetitivo : é considerado assim se possuir um

número considerável de itens repetitivos e não repetitivos (pelo menos 25%

de itens repetitivos e 25% de itens não repetitivos);

• sistema de produção não repetitivo : a maioria dos itens são não repetitivos

(pelo menos 75%);

• sistema de produção de grandes projetos: produção de itens individuais,

totalmente não repetitivo.

Isso conforme a definição de repetitividade abordada anteriormente

com base na obra de GODINHO (2004), que considera repetitividade como

sendo uma dimensão não só relacionada ao volume de produção de itens

discretos, como também considera a distinção entre os conceitos sobre

diversidade e diferenciação.
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Entende-se como diversidade uma real variedade de coisas distintas

(este conceito é sinônimo da variedade 2). Já diferenciação está relacionada

à pequenas alterações no produto que chegam a alterar (ou alteram muito

pouco) o processo produtivo, ou seja, similar a definição de variedade 1.

Exemplos de diferenciações são alterações de cor e tamanho na indústria de

calçados. Algumas variáveis que ajudam a distinguir diversidade de

diferenciação são:

- O tempo de set up: quando o tempo de set up médio dos produtos é muito

pequeno então estamos trabalhando com diferenciação nos produtos e não

diversidade; do mesmo modo, quando temos alto tempo médio de set up

então estamos trabalhando com itens verdadeiramente distintos e portanto

diversidade;

- O tempo de processamento dos produtos: itens realmente distintos

(diversidade) tendem a apresentar diferentes tempos de processamento; do

mesmo modo, produtos que representam apenas diferenciações tendem a

apresentar tempos de processamento razoavelmente parecidos.

Portanto, com relação aos itens discretos, temos que a repetitividade

está relacionada à definição de diversidade vista acima e não à definição de

diferenciação. Dessa forma, em um ambiente com repetitividade produção

em massa não há praticamente nenhuma diversidade, sendo que pequenas

e médias diferenciações são possíveis.

Em ambientes repetitivos, apenas pequenas diversificações são

possíveis, sendo que a diferenciação pode ser bastante alta. Em ambientes

semi repetitivos temos, além de uma alta diferenciação, um médio nível de


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diversidade e, finalmente, em ambientes não repetitivos, temos ambos,

diversidade e diferenciação, altos. O quadro 5 resume estes comentários.

Quadro 5 - Grau de diversidade e diferenciação nos níveis de repetitividade


dos sistemas de produção discretos.
Fonte: Godinho (2004, p.64)

Níveis de Repetitividade Diversificação Diferenciação


dos sitemas de
produção discretos
Produção em massa Inexistente Baixa/Média
Repetitivo Baixa Média/Alta
Semi repetitivo Média Alta
Não repetitivo Alta Alta
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Quadro 6 - As variáveis e a escolha de um sistema de PCP


Fonte: Maccarthy & Fernades (2000)

Nível de repetitividade dos sistemas de produção


Outras Continuo Semi Produção Repetitivo Semi Não Grande
Variáveis puro contínuo em massa repetitivo repetitivo
s
projetos
Tamanho Para todos os níveis de repetitividade quanto maior a empresa mais complexas são as atividades
da de PCP
empresa
Tempo de DL (a-P%) DL (a-P%) DL (a-P%) DL (a-P%) PL+DL PL+DL ou SL+PL+
resposta SL+PL+D DL
L
Nível de Rígido Rígido Rígido Normal ou Normal ou Normal Normal
automaçã Flexível Flexível ou
o Flexível
Estrutura Para todos os níveis de repetitividade as atividades de PCP para múltiplos níveis de produtos são
dos muito mais complexas do que para produtos de nível único.
produtos
Nível de Produtos Padronizados Padronizados Padronizados Mushroom ou Customiza Customi
customiza Padronizado ou Mushroom ou Mushroom ou Mushroom semi do ou zado
ção s customizados semi
customiza
do
Número Para todos os níveis de repetitividade as atividades de PCP para grande, aneda e de produtos
de são muito mais complexas do que para produtos únicos.
produtos
Tipos de Layout por Layout por Layout por Layout em Layout em Layout Layout
layout produto produto produto grupo grupo funcional de
posiçõe
s fixas
Tipos de (1) e (3) (1), (2) e (3) (1), (2) e (3) (1), (2) e (3) (1), (2) ou (1) (1), (2) ou sem
estoques (2) estoque
de de
seguran
ça
Tipos de A complexidade das atividades de PCP aumenta de F1 em direção a F12.
fluxo
Tipos de (A1) ou (A1) ou (A5) ou (A6) (A5) ou (A6) (A7) ou (A8) (A3) ou (A4) (A2)
montage desmontage desmontagem (A7) ou não (A7) ou não (A7) ou não ou não
m m montagem. montagem. montagem. montagem.
Tipos de Se existe montagem, o tipo de organização do terceiro tem um impacto direto na maneira a qual
organizaç será feito o balanceamento do trabalho na montagem.
ão do
trabalho
Sistemas Uma planilha Uma planilha Kanban Kanban ou PBC ou OPT MRP PERT
de para para PBC /CPM
planejame controlar a programar o
nto e taxa de trabalho
controle fluxo.
da
produção
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5. Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compras –

SICOPROC

5.1 Introdução

Um termo muito utilizado em Gestão da Produção é o Sistemas de

Administração da Produção. Alguns autores, tais como MACCARTHY &

FERNANDES (2000), utilizam a nomenclatura Sistemas de Planejamento e

Controle da Produção, e outros, como FERNANDES (2003b), utilizam a

nomenclatura Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e

Compra (SICOPROC).

Para CORREA & GIA NESI (1996), os Sistemas de Administração

da Produção são:

sistemas que provêm informações que suportam o gerenciamento

eficaz do fluxo de materiais, da utilização da mão de obra e dos

equipamentos, a coordenação das atividades internas com as

atividades dos fornecedores e distribuidores e a comunicação com os

clientes no que se refere às suas necessidades operacionais.

Ainda de acordo com estes autores, os Sistemas de Administração

da Produção são a parte vital dos processos produtivos”, tendo por objetivo

básico planejar e controlar o processo de manufatura em todos os seus

níveis, incluindo materiais, equipamentos, pessoas, fornecedores e

distribuidores. Dentre os vários Sistemas de Administração da Produção

existentes destacam-se o MRP II, o Just in Time e o OPT (Optimized

Technology).
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Apresentados os conceitos de tipos de sistemas de produção

advindos de classificações de sistemas de produção e de SICOPROCs, já

estamos em condições de descrever sucintamente as principais diferenças

entre estes conceitos e o novo conceito de PEGEM proposto. O motivo de

mostrarmos tal diferenciação é que encontramos na literatura uma certa

confusão a respeito destes termos. Por exemplo, muitos autores confundem

ou não tem claro a distinção entre manufatura repetitiva/em massa (tipo de

sistema de produção) com o PEGEM Manufatura em Massa; ou então

confundem por exemplo Manufatura Enxuta com o Sistema JIT. O quadro 7,

mostra esta diferenciação, a qual se dá quanto a duas classes: definição e

abrangência. Basicamente, o quadro 7 mostra que estes três termos são

bastante diferentes: os PEGEMs têm princípios que norteiam a escolha dos

SICOPROCs e estes por sua vez gerenciam os diversos tipos de sistemas

de produção.

5.2 As diferenças entre PEGEMs, os tipos de Sistemas de Produção e

os SICOPROCs

O quadro 7 apresenta a relação entre os sistemas de produção, com

Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compras - SICOPROC

e com os Paradigmas Estratégicos de Gestão da Manufatura - PEGEM,

considerando este relacionamento quanto a definição e quanto a

abrangência.
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Quadro 7 - As diferenças entre PEGEM, tipos de sistemas de produção e os


SICOPROCs
Fonte: Godinho (2004, p.33)

Classes de Tipos de Sistemas de Paradigmas


diferenças sistemas de Coordenação de Estratégicos de
produção Ordens de Gestão da
Produção e Manufatura
Compra (PEGEM)
(SICOPROCs)

Quanto à São classificações São sistemas de São


definição dos informação que modelos/padrões
sistemas de se propõem a estratégicos
produção gerenciar o fluxo de e integrados de
de uma empresa a materiais, a utilização gestão,
partir do tipo de de direcionadas a certas
fluxo equipamentos e mão situações do
de produção, tipo de obra e mercado, que se
de coordenar as propõem a
output ou nível de atividades internas auxiliar as empresas
repetitividade com as atividades de a alcançarem
fornecedores determinado(s)
objetivo(s) de
desempenho;
paradigmas estes
compostos de uma
série de
princípios e
capacitadores que
possibilitam que a
empresa atinja
tais objetivos.

Quanto à Somente o chão de Integra várias funções Norteia como obter


abrangência fábrica da integração
manufatura por meio efetiva das várias
de funções da
informações e manufatura
decisões
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Será considerado neste trabalho uma terceira classificação mais atual

do autor FERNANDES (2003b) em que classifica os principais e mais

utilizados SICOPROCs em 4 grupos:

- sistema de pedido controlado: sistema de programação por contrato,

sistema de alocação de carga por encomenda.

- sistemas de estoque controlado: que puxa a produção: sistema de

revisão contínua, sistemas de revisão periódica, sistemas CONWIP EC,

Sistemas Kanban de duplo cartão.

- sistemas de fluxo programado: que empurra a produção: sIstema de

estoque base, PBC (Periodical Batch Control), MRP, MRP II, OPT, sistema

de lotes componentes e sistema de lote padrão.

- sistema híbrido: sistema de controle MaxMin, sistema CONWIP H,

sistema Kanban de cartão único, sistema RDB (corda, tambor, pulmão).

O quadro 8, apresenta os tipos de Paradigmas Estratégicos de

Gestão da Manufatura – PEGEMs e os diversos tipos de Sistemas de

Coordenação de Ordens de Produção e Compras mais adequados a cada

tipo de PEGEM, facilitando assim a escolha destes SICOPROCs.


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Quadro 8 - Relação entre os PEGEMs e os SICOPROCs


Fonte: Godinho (2004, p. 7)

PEGEMs SICOPROCs que podem ser utilizados

Manufatura em Massa Atual Planilhas

Manufatura Enxuta Kanban, PBC (ou SPBC)

Manufatura Responsiva PBC (ou SPBC), OPT, CONWIPH, sistema de


alocação de carga por encomenda.

MRP, PERT/COM, PBC (ou SPBC) OPT,


Customização em Massa sistema de alocação de carga por
encomenda, sistemas especiais ou adaptados
para tratar customização
.

MRP, PERT/COM, PBC (ou SPBC), OPT,


Manufatura Ágil sistema de alocação de carga por
encomenda, sistemas especiais ou adaptados
para tratar características da Manufatura ágil,
como por exemplo empresas virtuais.
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6. A relação entre PEGEMS e o Controle de Produção

6.1 Introdução

O presente capítulo tem por finalidade apresentar um relacionamento

entre aspectos importantes do Controle da Produção - CP e os Paradigmas

Estratégicos de Gestão da Manufatura - PEGEM, além de apresentar uma

conceituação clara e concisa, uniformizando conceitos e termos importantes

do Planejamento e Controle da Produção - PCP.

Basicamente, todo o referencial apresentado neste capítulo é uma

síntese e ou adaptação dos principais aspectos de importantes trabalhos na

área de PCP, como FERNANDES (2003a); FERNANDES (2003b);

MACCARTHY E FERNANDES (2000); BONNEY (2000); BONNEY et al

(1999); FERNANDES (1991); dentre outras referências.

Vamos definir o que entendemos por Planejamento e Controle da

Produção, bem como apresentar sua estrutura. Primeiramente, tratamos

estas funções de forma conjunta, depois, desmembramos esta função em

Planejamento da Produção e Controle da Produção, para então focarmos no

Controle da Produção.

6.2 Planejamento da Produção

Entendemos que as atividades de Planejamento e Controle da

Produção envolvem uma série de decisões com o objetivo de definir o que,


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quanto e quando produzir e comprar, além dos recursos a serem utilizados

(CORREA et al, 2001).

Conforme FERNANDES (1991), o Planejamento da Produção está

relacionado às atividades de médio prazo (em geral entre 3 e 18 meses) e,

assim, toma decisões de intenção, na forma agregada, em termos de : i) o

que produzir, comprar e entregar; ii) quanto produzir, comprar e entregar, iii)

quando produzir, comprar e entregar; iv) quem e/ou onde e/ou como

produzir. Para FERNANDES (2003a), estas decisões de intenção são

tomadas com bastante antecedência para que não ocorram imprevistos no

futuro.

Ainda de acordo com este autor, estas decisões são baseadas

principalmente em previsões. Exemplos das muitas decisões no âmbito do

Planejamento da Produção são subsidiar decisões na elaboração de

contratos de fornecimento, planejamento de capacidade de médio prazo,

subcontratação, terceirização, política de horas extras e de bancos de horas,

contratações e demissões no médio prazo, aquisição de novos

equipamentos, desativação de equipamentos, ajuda a nortear decisões

sobre políticas de controle da produção e de estoques, dentre outras.

6.3 Controle da Produção

Quanto ao Controle da Produção, pode ser definido como atividade

gerencial responsável por regular (planejar, coordenar, dirigir e controlar), no

curto prazo (geralmente até 3 meses), o fluxo de materiais em um sistema

de produção por meio de informações e decisões para execução. Esta


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definição foi construída a partir das definições de CP de FERNANDES

(1991) e BURBIDGE (1990). As decisões no âmbito do CP objetivam

basicamente responder às mesmas questões já enunciadas quando

tratamos do PP, ou seja, o que, quanto e quando produzir, comprar e

entregar e quem, onde e como produzir.

Porém, estas decisões são detalhadas, desagregadas e tomadas em

geral com pouca antecedência. Carteira de pedidos, previsão de demanda

de curto prazo, lista de matérias, roteiros de produção, dentre outros, são as

entradas para a realização hierárquica das três grandes funções do CP.

6.3.1 Três grandes funções do Controle da Produção

6.3.1.1 Programa Mestre de Produção

É definido por FERNANDES (1991) como sendo um plano de curto

prazo que estabelece quais produtos e quantidades que deverão ser

fabricados num determinado período de tempo.

6.3.1.2 Sistema de Coordenação de Ordens de Produção e Compra

(SICOPROC)

É uma nova nomenclatura proposta por FERNANDES (2003b), que é

um sistema de informações que programa as necessidades em termos de

componentes e materiais e/ou controla o momento de liberação e/ou

execução das ordens de compra e produção.


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6.3.1.3 Programação de Operações

Consiste no seqüenciamento ou priorização das tarefas nas

máquinas, função que objetiva ordenar essas tarefas, especificando o

momento de início e fim das operações de cada tarefa. Estas funções

determinam um programa de produção e, então, é realizado um

acompanhamento dos níveis de estoque e produção para se determinar se o

realizado é igual ao programado. Caso isto se verifique, a programação é

feita somente para o período seguinte, caso contrário, ocorrem

reprogramações no mesmo período. Também ordens urgentes e

inesperadas entram nestas reprogramações.

Os Sistemas de Coordenação de Ordens de Produção e Compras

(SICOPROCs) de acordo com e FERNANDES (2003b), dada a sua

importância para o Controle da Produção, são muitas vezes denominados

Sistemas de Controle da Produção, ou até mesmo, por abuso de linguagem,

de Sistemas de Planejamento e Controle da Produção.


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7.Estratégia

7.1 Introdução

Este capítulo contempla a questão sobre estratégia, devido às

mudanças de mercado influenciada por modificações no cenário competitivo,

sendo abordado conceitos sobre estratégia nos três níveis empresariais,

focando na estratégia de manufatura que vem sendo colocada como o uso

efetivo dos pontos fortes da produção como uma arma competitiva para

alcançar os objetivos da empresa, que só serão alcançados após a definição

de quais dimensões competitivas a empresa deve adotar para diferenciar

seus produtos em relação aos concorrentes.

Os autores Ansoff, Hayes & Wheelwright, Zacarelli, Stalk Jr. &

Webber, Quinn et al, consideram estratégia como padrões de ações

necessárias para se atingir certos objetivos pré-estabelecidos.

Wheelwright (1984a, 1984b) classifica as estratégias empresariais em

três níveis hierárquicos, estando no topo a Estratégia Corporativa, no nível

intermediário a Estratégia das Unidades de Negócios ou Estratégia de

Negócios e na base as Estratégias Funcionais, que devem estar em uma

perfeita consonância ou alinhadas estrategicamente.

7.2 Estratégia Corporativa

Conforme Pires (1995 p.27), estratégia corporativa diz respeito à

Corporação, o que no Brasil é comumente chamado de Grupo. Especifica

duas áreas de total interesse para a Corporação, a definição dos negócios


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nos quais a corporação irá participar (e, por omissão, aqueles em ela não irá

participar) e a aquisição e alocação dos recursos corporativos para cada um

desses negócios. (WHEELRIGHT, 1984)

Esta estratégia considera duas questões em que uma delas

preocupa-se em quais negócios a corporação deveria estar e a outra, como

a corporação deveria administrar o conjunto de negócios. A estratégia

corporativa é que faz a corporação ser mais que a simples soma de suas

unidades de negócios. (PORTER,1987)

Uma estratégia corporativa, segundo Pires (1995 p.27), é um padrão

de decisão de uma corporação que determina e revela seus objetivos,

propósitos, produz as principais políticas e planos para se obter esses

objetivos, define os negócios onde a corporação irá atuar e o tipo de

organização econômica e humana que ela deveria ser.

Pires (1995 p.27-28) e Porter (1987) associam a Estratégia

Corporativa com a questão da diversificação dos negócios. Eles

argumentam que a construção de qualquer Estratégia Corporativa de

sucesso depende de certas premissas ligadas com a questão da

diversificação, as quais não podem ser alteradas e, quando ignoradas,

explicam parcialmente por que muitas delas falham. Duas dessas premissas

básicas são que a competição ocorre no nível da unidade de negócio e deve

se preocupar com o sucesso de cada unidade de negócio.

A diversificação adiciona custos e restrições às unidades de negócios,

que podem ser reduzidos, mas não totalmente eliminados. Portanto,

Estratégia Corporativa é um padrão de decisão de uma corporação que


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determina e revela seus objetivos, propósitos, que produz as principais

políticas e planos para se obter esses objetivos, define os negócios onde a

corporação irá atuar e o tipo de organização econômica e humana que ela

deveria ser (PIRES, 1995).

7.3 Estratégia das Unidades de Negócios

Segundo Pires (1995 p.31-34), a Estratégia das Unidades de

Negócios costuma ser representada por uma divisão, por uma empresa, por

uma unidade fabril ou por uma linha de produtos dentro de uma corporação.

É aquela que diz respeito ao escopo e limites de cada negócio e suas

ligações com a Estratégia Corporativa (WHEELWRIGHTT, 1984); é a base

na qual a Unidade de Negócios irá obter e manter uma vantagem

competitiva no mercado; é a estratégia que especifica o escopo dos

Negócios de uma forma que liga a Estratégia de Negócios com a Estratégia

Corporativa como um todo e descreve as bases na qual as unidades de

negócios irão obter e manter uma vantagem competitiva (WHEELWRIGHT &

HAYES, 1984).

Assim sendo, uma Estratégia de Negócios deveria, segundo

BECKMAN et al, ocupar um específico nicho de mercado que não é

presentemente ocupado por nenhum outro competidor; definir a contribuição

de cada produto e de cada função com relação aos objetivos da unidade de

negócios e alocar recursos dentre os produtos e as funções que compõe a

unidade de negócios.
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Em sua obra, Pires (1995 p.31-34) considera que, para estes autores,

uma Estratégia de Negócios deve começar necessariamente com os

clientes, pois estes comprarão da empresa ao invés dos concorrentes,

baseados na percepção de uma, ou mais, das características de baixo preço

do produto ou serviço; alta qualidade do produto ou serviço; disponibilidade

do produto ou serviço e distinção do produto ou serviço.

Assim, se a Corporação atua em mais que um Negócio, o que é muito

comum, podem aparecer dificuldades durante a identificação dos fatores

críticos para obtenção do sucesso. Nesse caso, recomenda-se a elaboração

de uma segmentação dos negócios (um conjunto de produtos ou serviços e

clientes que compartilham um conjunto distinto da economia) dentro do

processo de geração da estratégia.

Estes autores argumentam que as oportunidades para se obter uma

vantagem competitiva através da Manufatura podem diferir

significativamente através da segmentação feita. Portanto, é crítico que uma

segmentação adequada seja feita logo no início do processo de elaboração


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desempenho é uma função da relativa habilidade para se tratar com essas

cinco forças.

Os dois tipos fundamentais de vantagem competitiva que uma

empresa pode ter, conforme Porter (1985), são baixo custo e diferenciação.

Para Pires (1995 p.31-34), esses dois tipos básicos de vantagem

competitiva, combinados com o nível de abrangência/focalização com que a

empresa deve atuar no mercado, levam, segundo Porter (1985), ao

surgimento de três estratégias genéricas de atuação que são liderança no

custo total, diferenciação dos produtos e focalização ampla ou restrita.

Conforme Pires (1995 p. 34), a liderança no custo total é a mais

clara das estratégias e foi muito popular no passado, principalmente até aos

anos 70. Objetiva obter uma vantagem competitiva através da transformação

da empresa no produtor com o menor custo do produto, o que pode

proporcionar a prática de menores preços.

Esta estratégia requer que a empresa seja líder em custo e não uma

das várias firmas que procuram por essa posição.

Segundo Pires (1995 p.34-35), a diferenciação consiste em se

diferenciar o produto, criando algo que seja considerado exclusivo, ser única

em alguns quesitos que sejam valorizados pelos compradores. Podendo ser

feito através da imagem da marca, qualidade do produto, durabilidade do

produto, assistência técnica, estilo do projeto, disponibilidade do produto e

de peças sobressalentes, etc., o que permite praticar preços com maior

liberdade, com maior margem de lucro, sem ignorar os custos, mas apenas

não considera-los como sendo objetivo estratégico primário.


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Para Pires (1995 p.35-36), a focalização é baseada na premissa que

uma empresa é capaz de atingir um objetivo estratégico mais estreito, de

forma mais efetiva ou eficiente do que os concorrentes que estão

competindo de forma mais ampla.

Em seu trabalho inicial, Porter (1980) informa que essa estratégia

consistia na empresa focar um determinado grupo de compradores, um

segmento da linha de produtos ou um mercado geográfico. Assim, mesmo

que uma estratégia não pudesse atingir um baixo custo ou uma

diferenciação do ponto de vista do mercado como um todo, ela poderia

atingir uma boa posição num estreito alvo estratégico.

Em seu trabalho posterior, Porter (1985) afirma que essa estratégia é

certamente diferente das outras duas; sendo considerada como a terceira

estratégia possível. Essas estratégias devem implicar em estruturas

organizacionais diferentes, requerendo recursos apropriados e correndo

riscos diferentes.

Conforme Pires (1995 p.39-34), Porter (1990) é taxativo ao afirmar

que uma empresa que não se enquadra em nenhuma dessas estratégias

genéricas está no meio termo, estando fadada ao insucesso. A ela é

garantida uma faixa de baixa rentabilidade porque perde os clientes de

grandes volumes, os quais querem preços baixos, e perde negócios com

grandes margens de lucro para os clientes que querem um produto

diferenciado. Por esse modelo, uma estratégia Competitiva no plano das

Unidades de Negócios pode almejar a duas possibilidades básicas: menor

custo ou diferenciação de seus produtos.


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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura - 79 -

Conforme Pires (1995 p.45), discute-se o conceito de Estratégia de

Manufatura enquadrado aqui como uma das Estratégias Funcionais e uma

Unidade de Negócios.

7.4 Estratégia de Manufatura

Em Pires (1995, p.47), a formulação do conteúdo da estratégia de

manufatura depende do estudo detalhado e interativo entre as prioridades

competitivas ou missões da Manufatura e as decisões sobre as chamadas

questões estruturais e infra-estruturais da Manufatura.

A Estratégia de Manufatura faz parte das Estratégias Funcionais de

uma Estratégia de uma Unidade de Negócios. O principal objetivo de uma

Estratégia Funcional é suportar e viabilizar a Estratégia da Unidade de

Negócios, ou seja, ela deve especificar como a Função irá suportar uma

vantagem competitiva e como irá complementar as outras Estratégias

Funcionais.

Deve existir uma perfeita consonância ou perfeito alinhamento

estratégico entre a Estratégia da Corporação e a Estratégia das

Unidades de

Negócios, deve acontecer o mesmo com relação às suas Estratégias

Funcionais.

Segundo Pires (1995, p.48), as funções de Unidade de Negócios mais

facilmente encontradas e citadas pela literatura são Marketing e Vendas,

Pesquisa e Desenvolvimento, Contabilidade e Finanças, e Manufatura.


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A criação do conceito de Estratégia de Manufatura, conforme Pires

(1995, p.48-49), é relativamente recente e é freqüentemente atribuída ao

trabalho pioneiro de Skinner, publicado em 1969 na Harvard Business

Review, numa época em que a decadência da economia industrial norte-

americana já era visíve l, principalmente no tocante à perda de

competitividade de seu parque industrial.

O propósito da Manufatura é ajudar a companhia no tocante a sua

sobrevivência, enquanto que lucratividade futura é parte do conceito

estratégico em que se deve ter habilidade suficiente para encontrar e

coordenar essa função chave para o sucesso da companhia (SKINNER,

1969).

Portanto, podemos observar na figura 3 os três níveis de estratégia

que correspondem à estratégia corporativa, a estratégia da unidade de

negócio e a estratégia de manufatura, considerando nesta última as

decisões de infraestrutura e de estrutura.


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Estratégia corporativa

Estratégia competitiva

- Liderança em custo
- Diferenciação
- Enfoque

Prioridades competitivas

- Qualidade
- Custo
- Flexibilidade
- Desempenho das entregas

Áreas de decisão

Estruturais Infra-estruturais

- Instalações industriais - Recursos humanos


- Capacidade - Gestão da Qualidade
- Tecnologia - Organização
- Integração vertical - PCP

Figura 3 - Planejamento da estratégia de manufatura


Fonte: Hörte et al 1997.
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Para Pires (1995, p.49), uma estratégia de manufatura é um conjunto

de planos e políticas através dos quais a companhia almeja obter vantagens

sobre seus competidores e inclui planos para a produção e venda de

produtos para um particular conjunto de consumidores. (SKINNER, 1969)

Em Pires (1995, p.49), uma Estratégia de Manufatura consiste num

padrão de decisão nas principais áreas de operações da Manufatura.

(WHEELWRIGHT, 1984)

Conforme Pires (1995, p.49), uma Estratégia de Manufatura é uma

parte crítica de uma Estratégia Corporativa e de Negócios da empresa,

compreendendo um conjunto de objetivos bem coordenados e programas de

ação com o intuito de obter uma vantagem de longo prazo sobre os

competidores. Deve ser consistente com todas as outras estratégias da

empresa.

Uma Estratégia de Manufatura, para Pires (1995 p.49), envolve o

desenvolvimento e desdobramento dos recursos da Manufatura em total

alinhamento com os objetivos e estratégias da empresa.

Ainda em Pires (1995 p.49), uma Estratégia de Manufatura é parte da

largamente aceita hierarquia das estratégias e é vista como sendo o uso

efetivo dos pontos fortes da Manufatura como uma arma competitiva para se

obter os objetivos da Corporação e da Unidade de Negócios. (SWAMIDAS &

NEWELL)

O conteúdo de uma Estratégia de Manufatura, conforme Pires (1995,

p.49-52), possui dois elementos básicos: primeiro, as Prioridades

Competitivas, que não devem ser confundidas com as estratégias


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competitivas genéricas, que se aplicam primariamente ao nível funcional,

especialmente na Manufatura, e constituem, seguramente, um referencial

básico de qualquer Estratégia de Manufatura. Segundo Pires (1995, p.49),

as nove prioridades acabaram, posteriormente, sendo condensadas em

quatro prioridades principais:

Uma delas é o Custo: uma Estratégia de Manufatura que priorize a

questão do custo deve estar sintonizada com uma estratégia que tenha os

mesmos objetivos dentro da Unidade de Negócios. Uma estratégia que

prioriza custo geralmente é baseada em três conceitos, também clássicos,

dentro do ambiente empresarial que são: 1. a economia de escala (conceito

que visa diminuir os custos unitários de produção dos produtos através do

aumento no volume de produção dos mesmos), 2. a curva de experiência ou

aprendizado (consiste na obtenção de um maior desempenho, ou

produtividade, na execução de uma certa tarefa através de sua

padronização e repetição continuada, até o atingimento de um patamar de

equilíbrio) e 3. produtividade (tradicionalmente associado, e quantificado,

como sendo a taxa produtiva resultante da divisão das saídas pelas entradas

de um sistema produtivo qualquer.), os quais tendem a serem utilizados

complementarmente.

A outra prioridade, conforme Pires (1995, p.59-61), é a Qualidade,

que é muito mais que produzir em conformidade com os dados pré-

estabelecidos em projeto. Segundo Garvin (1987), conforme estudos

baseados na contribuição de vários gurus da qualidade, enquadra-se a


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Qualidade como Prioridade Competitiva, ao definir e exemplificar oito

dimensões que devem compor uma visão atual da qualidade.

Assim sendo, um produto terá uma melhor qualidade, tanto melhor

atender os desejos do consumidor. Conjuntamente com essa visão global da

qualidade, que extrapola amplamente os limites da indústria, existe hoje

praticamente a visão de que qualidade e custo não são prioridades

incompatíveis dentro da mesma empresa. Duas contribuições significativas

em relação à qualidade têm sido a transformação dessa Prioridade numa

responsabilidade coletiva da empresa e os programas de garantia da

qualidade.

Para Pires (1995, p.62), Desempenho das Entregas é uma Prioridade

Competitiva que contempla as questões referentes à confiabilidade e a

velocidade nos prazos de entrega dos produtos.

Ainda em Pires (1995, p.64-64), a Flexibilidade tem sido a Prioridade

mais estudada nos últimos tempos. Significa uma rápida reação a eventos

repentinos e inesperados. Segundo Garvin, é a habilidade de responder de

forma efetiva à mudanças circunstanciais (GARVIN, 1987).

Segundo Pires (1995 p.71-76), Estratégia de Manufatura, é uma das

Estratégias Funcionais de uma Estratégia de uma Unidade de Negócios, e o

seu conteúdo depende das prioridades competitivas e das decisões

estruturais e infra-estruturais da Manufatura, para suportar e viabilizar a

Estratégia da Unidade de Negócios conforme figura 3 (PIRES, 1995).

É também um conjunto de planos e políticas, que inclui planos para a

produção e venda de produtos para um particular conjunto de consumidores


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(SKINNER, 1969), envolvendo o desenvolvimento e desdobramento dos

recursos da Manufatura em total alinhamento com os objetivos e estratégias

da empresa (SWAMIDAS, 1986), sendo o uso efetivo dos pontos fortes da

Manufatura como uma arma competitiva para se obter os objetivos da

Corporação e da Unidade de Negócios.

7.4.1. Decisões quanto às Questões Estruturais

As Instalações industrias são decisões de longo prazo, relacionadas

com à localização geográfica da indústria, tamanho da empresa, mix de

produtos, processos produtivos, volume de produção e o grau de

especialização/focalização de seus recursos, além de fatores econômicos,

logística de abastecimento e distribuição, disponibilidade e custos da MOD.

A Capacidade depende das instalações industriais, da disponibilidade

de mão-de-obra adequada e da administração dos tempos improdutivos

dentro da indústria, assim como as decisões sobre volume de produção num

certo tempo, sendo as de curto prazo de amplitude imediata, ligadas

principalmente ao PCP e as de médio/longo prazo influenciam as

estratégicas da Unidade de Negócios,

A Tecnologia depende da escolha da automação se é do tipo rígido

ou flexível, a serem adotas na tecnologia de processo, de movimentação de

materiais e dos sistemas de informação adequados ao desempenho da

função Manufatura.
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A Integração Vertical é uma decisão que depende do que a empresa

irá produzir internamente, o que ela irá comprar de terceiros e à política de

compras a ser implementada.

7.4.2 Decisões quanto às Questões Infra-estruturais

As decisões sobre a Organização dizem respeito aos níveis

hierárquicos, a organização do trabalho das empresas e à estrutura

organizacional em linha, com alguns arranjos matriciais e/ou por projeto,

grupos semi-autô nomos (arranjos celulares) e as estruturas por linhas de

produtos, sendo uma alternativa para empresas que produzem diversos

produtos utilizando-se das mesmas instalações, aplicando o conceito de

“fábrica focalizada” em atividades como as de projeto, planejamento do

processo, planejamento da qualidade e planejamento do controle da

produção e, quando possível, no chão de fábrica.

Os Recursos Humanos fixam os procedimentos de seleção,

contratação, treinamento, avaliação, promoção, transferência, dispensa,

remuneração e motivação da mão-de-obra, sendo o perfil desta mão-de-obra

indireta, evoluindo de manual com grande habilidade, para habilidade em

informática e visão sistêmica e integrada da empresa.

A Gerência da Qualidade define os padrões e formas de controle da

qualidade dos produtos e dos processos da empresa, atribui-se

responsabilidades, define ferramentas de decisão e sistemas de medidas a

serem usados, os programas de treinamento a serem instituídos, etc..


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Neste contexto, as oito dimensões da qualidade de Garvin (1987), são

convertidas em dois grupos para efeito de operacionalização dos controles:

a qualidade de projeto (medida pelo grau de adequação do projeto às

necessidades do cliente) e a qualidade de conformação (que se refere à

capacidade do sistema produtivo produzir um produto em conformidade com

as especificações pré-estabelecidas no projeto), sendo as duas principais

ferramentas para a medida da qualidade são o controle estatístico da

qualidade e as medidas de custo da qualidade.

As Relações com Fornecedores depende do grau de integração

vertical, havendo duas estratégias possíveis no relacionamento entre

empresa e seus fornecedores, sendo uma competitiva (PORTER, 1980) e a

outra cooperativa, com mútua cooperação de longo prazo.

O Planejamento e Controle da Produção diz respeito a um conjunto

de questões dentro das atividades do gerenciamento produtivo. Para Fine &

Hax, as decisões do planejamento e programação da produção tendem a ser

mais táticas do que estratégica. Entretanto, atividades como, por exemplo, o

planejamento agregado da produção e dos sistemas de liberação de ordem

têm considerações essencialmente estratégicas. No planejamento agregado

a empresa deve decidir como balancear a questão da demanda com a

capacidade, num horizonte de médio/longo prazo. Já a decisão sobre o

sistema de liberação de ordens, depende de como o sistema produtivo irá

produzir, isto é, para estoque ou sob pedidos.

Este autor entende que as várias decisões a respeito das atividades

de Planejamento e Controle da Produção devem ter, necessariamente, uma


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forte ligação com todas as outras estratégias da empresa, particularmente

com a Estratégia de Manufatura. Entende também que essas atividades se

constituem no âmago da gestão da produção.


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8. Seis Sigma

8.1 Histórico

A história da metodologia Seis Sigma teve início na Motorola, quando

o presidente, Bob Galvin, ciente que a sobrevivência da organização estava

ameaçada por problemas de ineficiência interna de qualidade e

lucratividade, comuns à maioria das empresas, e ao analisar os resultados

alcançados pela empresa HP após 10 anos de esforços em ações de

melhorias,
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principalmente
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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura - 90 -

metodologia coerente e muito lógica. Segundo Greg Watson, ex-presidente

da Sociedade Americana da Qualidade, com esta metodologia a empresa

consegue atingir novos níveis de qualidade e produtividade nunca vistos

anteriormente.

Conforme Werkema (2002, p. 18), o Seis Sigma tem início em 1987,

na Motorola, e, após receber o Prêmio Nacional da Qualidade Malcom

Baldrige em 1988, passou a ser conhecido como o programa responsável

pelo sucesso da empresa, proporcionando, entre o final de 1980 e o início de

1990, ganhos de US$2,2 bilhões. Em 1997 tem início no Brasil com o Grupo

Brasmotor.

Entretanto, a empresa que mais se tornou evidente na mídia, devido à

implantação do programa, foi a GE, através do seu mais famoso CEO, Jack

Welch, evidenciada na aplicação do Seis Sigma por ter sido a primeira a

utilizar a metodologia não apenas no setor produtivo, mas também nas áreas

meio, em que aparecem os chamados projetos transacionais (PANDE et al.,

2001, p. 47-51).

8.2 Casos de Sucesso

São casos de sucesso de implantação do Seis Sigma. A Allied Signal,

que iniciou a implantação em 1994, reduzindo seus custos em 2 bilhões e

cresceu 1998, 12% e, em 1999, 14%. Para o presidente Jack Welch da GE,

foi a mais importante iniciativa já empreendida, pois, em 1999, economizou

US$ 1,5 bilhão; a ABB/EUA tem economizado US$ 700 mil / a.a.; e a

Polaroid tem adicionado 6% de lucratividade a.a. e a Motorola estima-se que


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tem economizado em 10 anos, US$ 11 bilhões (ROTANDARO et al., 2002,

p. 20).

O Seis Sigma possui, como principal força motriz para alcançar as

metas, a definição de defeitos e a sua eliminação através de execução de

projetos, que duram de 4 a 8 meses, dependendo da complexidade dos

mesmos, sendo seu caráter finito uma das mais importantes características

que o distingue dos programas anteriores de qualidade.

8.3 Comparando com Programas de Qualidade

Segundo o fundador da academia Seis Sigma, Michael Harry, o TQM

(Total Quality Management) seria ótimo se o acionista pudesse esperar anos

para verificar o retorno do programa (HARRY, 1998, p. 60-64). Criticável ou

não, a metodologia Seis Sigma propõe cronogramas rígidos e revisões de

projeto constantes com os clientes internos do projeto e os donos de

processos, o que torna o ambiente altamente salutar e energizado para dar

andamento ao projeto.

Também houve a ISO 9000, que ajudou a documentar o trabalho,

mas não pareceu ajudar muito a melhorar o produto ou a qualidade do

processo. A maioria das abordagens tenta promover a melhoria contínua,

mas não é muito sistemática (CHOWDHURY, 2004, p. 39-40).

Segundo Rotandaro et al. (2002, p. 14), os resultados das empresas

que adotaram a metodologia Seis Sigma, aumentaram e melhoraram os

resultados de uma forma muito mais significativa, pois na maioria das

iniciativas de qualidade, as pessoas na organização não enxergam a própria


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qualidade de seus trabalhos, sendo que a qualidade de seus produtos,

projeto de produtos e processos industriais simplesmente não considera os

aspectos financeiros do negócio e não relaciona as atividades do dia-a-dia

com o aspecto financeiro total da companhia.

8.4 Cuidados na Implantação

Há cuidados a serem tomados em relação a alguns erros em esforços

em GQT no passado para evitar insucessos na implantação do programa

Seis Sigma conforme Pande et al. (2001, p. 47-51), considerados como falta

de Integração, apatia da liderança, conceito impreciso, meta obscura,

atitudes puristas e fanatismo técnico, incapacidade de derrubar barreiras

internas, mudanças por incrementos versus exponenciais, treinamento

ineficaz e foco sobre a qualidade do produto.

8.5 Técnicas e Ferramentas adotadas

Conforme Rotandaro et al. (2002, p. 14), as técnicas e ferramentas

adotadas pela metodologia são em sua maioria as mesmas que têm sido

utilizadas pelos sistemas da qualidade conhecidos, porém a estrutura Seis

Sigma tem um efeito de potencializar os resultados obtidos e algumas

ferramentas básicas da qualidade podem ser utilizadas para a análise

preliminar do processo. Usada no início, a análise das causas de variação

óbvias ou potencias são: Diagrama de Pareto, Diagrama de causa e efeito,

Histograma, Box-Plot, FMEA, medindo o Seis Sigma do processo.


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Rotandaro et al. (2002, p. 135-164), sendo rigorosa, utiliza

ferramentas e métodos estatísticos de maneira integrada às fases do

DMAIC, que se transformam em um método sistemático, disciplinado,

baseado em dados e no uso de ferramentas estatísticas para se atingir os

resultados almejados pela organização (ECKES, 2001) para definir os

problemas e situações a melhorar, medir para obter a informação e os

dados, analisar a informação coletada, incorporar e empreender melhorias

nos processos e, finalmente, controlar os processos ou produtos existentes,

com a finalidade de alcançar etapas ótimas, o que por sua ve z poderá gerar

um ciclo de melhoria contínua.

8.6 Principais Objetivos do Programa

Para Marshall Júnior (2004, p. 116), entre os principais objetivos do

programa Seis Sigma, está o de reduzir o número de defeitos, falhas e erros;

reduzir a variabilidade dos processos; melhorar os produtos; diminuir o

tempo de ciclo; otimizar os estoques; obter custos mais baixos; melhorar a

qualidade; satisfazer os clientes e aumentar a lucratividade,

descaracterizando como um simples esforço para aumentar a qualidade;

sendo um processo para aperfeiçoar os processos empresariais, quer sejam

operacionais ou transacionais, que resultará em fortes impactos financeiros

da companhia, aumentará a satisfação de seus clientes e ampliará a

participação no mercado.
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Segundo Watson (2000, p. 82-86), a competitividade da maioria dos

negócios está situada entre três e quatro sigmas. Um desempenho próximo

de um sigma mostra que o processo produz mais defeitos do que bons

resultados. Atingir seis sigma significa, na verdade uma qualidade que se

situa perto da perfeição.

8.7 Relação do Nível Sigma com os Defeitos

Determinar o nível sigma é calcular quantos defeitos ocorrem em

comparação com o número de oportunidades das atividades saírem erradas,

em um bem ou serviço, definido como defeitos por milhão de oportunidades

(DPMO), e que ao comparar o padrão atual (quatro sigma) teremos 6210

DPMO (defeitos por milhão de oportunidades) ou PPM (partes por milhão) e

para uma performance Seis Sigma teremos 3 à 4 DPMO ou PPM.

Exemplificando, sete horas de falta de energia elétrica por mês no padrão

quatro sigma contra uma hora de falta de energia elétrica a cada 34 anos no

padrão seis sigma e 5.000 operações cirúrgicas incorretas por semana no

padrão quatro sigma contra 1,7 operação cirúrgica incorreta por semana no

padrão Seis Sigma (MARSHALL JÚNIOR, 2004, p. 115-116).

O conceito estatístico, primeiramente, considera que o

comportamento do processo segue a distribuição normal de probabilidades;


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Figura 4 – Distribuição Normal

Baseado nesta premissa, busca-se reduzir gradativamente a

variabilidade de um processo até que se atinja um fator de 99,9997% de

sucesso (seis vezes o desvio padrão). Na linguagem da metodologia do

Seis Sigma, um processo é medido por alguns índices, conforme

Capabilidade dos Processos – CP que é o índice de capabilidade, que mede

a capabilidade do processo não considerando a sua centralização realizado

através da fórmula Cp= (LSE-LIE)/¨6sigma, onde LSE é o limite superior e o

LIE representa on limite inferior de especificação e o 6sigma corresponde ao

intervalo de confiança que inclui 99,73% dos itens. Já o índice de

capabilidade ajustada dos Processo – CPk, avalia a condição do processo

considerando a sua centralização, calculada através da fórmula Cpk=

{menor entre (LSE-X)/3sigma e (X - LIE)/3sigma} ; Defeitos por milhão -

DPM, que é a proporção de valores fora da especificação, multiplicado por

1.000.000; Defeitos por milhão de oportunidades – DPMO, é o mesmo do

índice anterior, mas expresso em defeitos por milhão de oportunidades;

Defeitos por unidade - DPU, que é o total de defeitos dividido pelo total de

unidades produzidas; e Nível Sigma, que é o número de desvios padrão

entre o centro do processo e a especificação mais próxima; na realidade é o

valor de Z, conforme apresenta a figura 5.


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Para um processo que tem Cpk igual a 1,00 (Limites de Controle

coincidindo com os de Especificação), podemos estimar qual o percentual de

produtos fora da especificação:

Figura 5 - Processo com Cp = Cpk = 1,0


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Assumindo uma variação a longo prazo de mais ou menos 1,5

desvios padrão, podemos dar aos índices de capacidade uma outra

interpretação, mais realista.

Figura 6 – Curva normal com variação a longo prazo

Calculando os valores de Z para os dois lados, teremos:

Pela Tabela Normal Padronizada, a probabilidade de um valor ser

menor ou igual a z=4,5 é de 0,0034% e maior ou igual a z=1,5 é de

6,6807%, resultando em uma probabilidade de 6,6811% ou 66811 ppm. Isso

significa que a cada um milhão de produtos 66.811 estão fora das

especificações.

Existem alguns equívocos na literatura quando se afirma que o

objetivo do Seis Sigma é atingir o famoso índice de 3,4 defeitos por milhão

de oportunidades, entretanto o que essa metodologia prega é a melhoria do

índice z, indicador da capacidade do processo, independente do valor obtido


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ao final do projeto. Atingir por atingir simplesmente z=6, pode significar um

investimento muito alto, sem justificativa da necessidade de seu negócio ou

mercado.

O que a metodologia Seis Sigma prega é a redução drástica da

variabilidade até um nível de 3,4 ppm (seis desvios padrão) da média até a

especificação, superior ou inferior.

Figura 7 - Visualização do processo original

Figura 8 - Visualização do processo com variação reduzida

Agora, se considerarmos uma variação da média µ = ± 1,5s, o que é

bastante comum na vida real, teremos o gráfico da figura 9.


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Figura 9 – Curva normal deslocada

Fator de Melhoria “M” – Indica quantas vezes a qualidade do produto

ou serviço deve ser melhorado para aumentar o valor de s em uma unidade

(observar que esta relação não é linear).

Como podemos observar, a medida que s sobe, a melhoria tem que

ser proporcionalmente maior. Os valores do fator “M”, são calculados

utilizando a fórmula:
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A tabela 1 apresenta os limites de especificação, relacionando com o

número de defeitos, com o fator M e com o custo da não qualidade.

Limites de Área (%) Defeitos Fator Custo da não-


Especificação (PPM) “M” qualidade (%
das vendas)

±1σ 30,23 697700 ------- --

±2σ 69,13 308700 2,3 30 – 40

±3σ 93,32 66810 4,6 20 – 30

±4σσ 99,379 6210 10,8 15 – 20

±5σ 99,9767 233 26,7 10 – 15

±6σ 99,99966 3,4 68,5 Menos de 1


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8.8 Possíveis bases de sustentação

Segundo Turrioni et al. (2003, p. 2-5), ao considerar os sucessos e

insucessos na implantação do Seis Sigma nas organizações, torna-se

necessário conhecer as bases de sustentação e manutenção, de acordo

com Hild et al. (2000, p. 1-9), a ser apresentado a seguir como elementos

que seriam os possíveis responsáveis por fornecer suporte ao Seis Sigma.

O Comprometimento da alta administração na implantação de uma

metodologia Seis Sigma deve ter apoio e participação, pois só assim haverá

um comprometimento de todos na organização.

Henderson & Evans (2000, p. 260-281) destacam que para as

organizações que implantaram e praticaram o Seis Sigma, o fator mais

importante foi o contínuo apoio e suporte da alta administração. Segundo

Coronado & Antony (2002, p. 92-99), nos casos de sucesso, como os da

Motorola e General Electric, os presidentes foram os maiores responsáveis

pelo sucesso do Seis Sigma, pois eles estavam largamente envolvidos e

participantes com as iniciativas Seis Sigma da organização.

A Cultura de uma organização deve estar preparada para mudar sua

infraestrutura, valores e pensamento para integrar-se ao Seis Sigma.

Coronado & Antony (2002, p.92-99) consideram Seis Sigma como uma

estratégia de rompimento no gerenciamento organizacional, pois necessita

que a cultura da empresa seja ajustada a ele. Henderson & Evans (2000,

p.260-281), destacam que, para a General Eletric, a introdução do Seis

Sigma necessitou de um enorme esforço da alta administração para

conseguir promover a mudança cultural necessária.


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A implantação do programa Seis Sigma, para Blakeslee (1999, p.486-

496), promove transformações culturais redefinindo funções e tarefas e,

segundo Erwin (2000, p. 6-11), deve crescer em um ambiente aberto e

seguro onde os defeitos devem ser vistos como oportunidades de melhoria e

não puramente como descuido dos funcionários.

Para Henderson & Evans (2000, p.260-281), um plano de

comunicação envolve as pessoas com a metodologia Seis Sigma,

mostrando como o programa trabalha, como se relaciona com suas

atividades e quais os benefícios. Coronado & Antony (2002, p.92-99)

defendem que após a realização de projetos Seis Sigma, deve-se publicar

os resultados de sucesso e os de insucesso ajudará a evitar que os mesmos

enganos sejam cometidos, destacando que as ações baseadas em RH

precisam promover ganhos em termos de comportamento e resultados.

Segundo Masumi (2003, p. 3), o treinamento é importante por

proporcionar envolvimento e compreensão sobre o Seis Sigma para as

pessoas. Autores como Henderson & Evans (2000, p. 260-281), Halliday

(2001, p. 15) e Coronado & Antony (2002, p. 92-99) destacam o treinamento

como um dos elementos chaves para a condução do Seis Sigma.

Para implantar e desenvolver projetos Seis Sigma, assume-se como

imprescindível formar especialistas na área, através de treinamentos

técnicos apropriados, que serão responsáveis pela promoção das mudanças

nas organizações. A divisão dos especialistas em Seis Sigma ocorre em

quatro camadas:
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- Champions – Campeões. Possuem cargos de gestor cuja finalidade é

apoiar os projetos, removendo dificuldades para o desenvolvimento dos

mesmos.

- Master Black Belts (MBB) - Mestres Faixas Pretas. Representam o nível

mais alto de proficiência técnica e organizacional, oferecendo liderança,

desenvolvendo e adaptando ferramentas a partir da teoria matemática dos

métodos estatísticos são baseados. São ainda, responsáveis pelo

treinamento de BBs e GBs. Tem dedicação integral de seu tempo ao

programa;

- Black Belts (BB)- Faixas Pretas. Lideram projetos e estão ativamente

envolvidos no processo de mudança e desenvolvimento organizacional,

devem ter dedicação integral de seu tempo ao programa. Normalmente,

possuem o encargo de atingirem um determinado número financeiro em

retorno, tipicamente um milhão de dólares anuais, para as empresas

americanas.

- Green Belts (GB) - Faixas Verdes. São líderes de projeto Seis Sigma

capazes de formar, facilitar as equipes e administrar os projetos – do

conceito à conclusão e devem ter dedicação parcial de seu tempo ao

programa, uma vez que mantêm suas atribuições funcionais originais.

Basicamente, os dois últimos se ocupam em liderar os projetos de

Seis Sigma. A não ser pelos dois primeiros, os demais níveis não possuem

posição hierárquica formal estabelecida. É altamente aconselhável que o

MBB seja um profissional de credibilidade e competência técnica

reconhecida entre os colaboradores da empresa, porém com grande


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capacidade gerencial e de lidar com situações ambíguas. O Champion deve

pertencer ao círculo de decisões, quando não é o “número 1” da empresa.

Estas divisões podem mudar sensivelmente de uma empresa para

outra, mas, independente disso, todas buscam ganhos fd304 daros e a

mudança de cultura em que as decisões são baseadas em fatos e dados e

não em sentimentos. É a racionalização do gerenciamento. Em busca desta

mudança de cultura, as funções de BB e GB não são cargos, mas sim

competências que devem ser “rodadas” pela corporação de tempos em

tempos, tipicamente entre 2 ou 3 anos.

A mandara pela qual o projeto pode ajudar a estratégia

organizacional deve ser explicita e os resultados previstos devem ser

apresentados monetariamente (CORONADO & ANTONY, 2002, p. 92-99).

De acordo com Pande et al. (2000, p.47-51), o projeto Seis Sigma deve

mostrar como cada atividade de melhoria é unida aos clientes, processos e

competitividade da organização.

Marash (2000, p. 627-630) destaca que as atividades de melhoria do

Seis Sigma não devem estar focadas em pontos específicos da organização,

mas priorizadas de acordo com o alinhamento à estratégia organizacional,

direcionando os esforços de melhoria do Seis Sigma, que pode ser

desenvolvido por meio do alinhamento adequado desses projetos à

estratégia organizacional.

De acordo com Pande et al. (2001, p. 47-51), os projetos Seis Sigma

devem partir da determd30ção dos requisitos do cliente, essenciais para a

redução do vazio entre as expectativas da organização e seu desempenho


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atual, especialmente em termos de tempo de entrega, confiabilidade e

satisfação de cliente.

Behara et al. (1995, p. 9-18) afirma que a redução de defeitos

promovida pelo Seis Sigma não se traduz imediatamente em maior

satisfação dos clientes, mas, segundo Dale et al. (2000, p. 266-274), pode

promover uma maior produtividade, menores custos e conseqüentemente

maiores lucros. Isto acontece porque o foco na melhoria requer uma ênfase

em atributos que sejam críticos para os clientes, evidenciando dessa forma

que alguns atributos dos produtos ou serviços necessitam de atenção

especial no processo de melhoria Seis Sigma.

8.9 Modelo DAMAIC

Conforme Detoni & Balestrassi (2004, p.3-4), o modelo DMAIC é uma

sigla que corresponde as iniciais de: D – define (definição), M – measure

(medição), A – analysis (análise), I – improve (melhoria) e C – control

(controle), e, conforme Rotandaro et al. (2002, p. 24), o modelo surgiu

inicialmente como MAIC (Medição, Análise, Melhoria e Controle) na Motorola

como uma evolução do ciclo PDCA; iniciais de P: plan (planejar), D: do

(fazer), C: control (controlar) e A: action (agir); e depois foi adotado pela GE

como DMAIC, que consiste no ciclo de melhoria das cinco fases do DMAIC:

Conforme Eckes (2001), o DMAIC é um modelo utilizado para

melhoria de performance utilizada pelo Seis Sigma. Esse modelo é

constituído por cinco fases: Definir (Define), Medir (Measure), Analisar

(Analyse), Melhorar (Improve) e Controlar (Control). Diversas ferramentas


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são utilizadas de maneira integrada às fases do DMAIC, que se transforma

em um método sistemático baseado em dados e no uso de ferramentas

estatísticas para se atingir os resultados buscados pelas empresas.

Enfocando em problemas reais diretamente relacionados ao desempenho

atual, sustentando a melhoria a longo prazo. A figura 10, representa o

modelo DMAIC.

Figura 10 – Modelo DMAIC

8.9.1 Etapas do Modelo DMAIC

Segundo Eckes (2001), DMAIC é a sigla em Inglês para o ciclo de

melhoria com cinco fases, que tem sido usado cada vez mais nas empresas

que adotam o Seis Sigma. A seguir as etapas do DMAIC serão

apresentadas em detalhes:

Na fase Definir (Define), são identificados os projetos Seis Sigma que

serão desenvolvidos na empresa, com o objetivo primeiro de satisfazer as

expectativas dos clientes em termos de qualidade, preço e prazo de entrega.

A habilidade da organização em atender a essa expectativa está

intimamente ligada à variação de seus processos (podendo ser aplicado a


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qualquer tipo de processo, abrangendo tanto os administrativos ou

transacionais, como os de serviços, vendas e manufatura). A variação de

processos tem um impacto direto nos resultados financeiros da empresa em

termos de custo, tempo de ciclo e número de defeitos, falhas e erros que

afetam a satisfação do cliente.

A identificação de projetos Seis Sigma permite à organização

reconhecer como os seus processos afetam sua lucratividade, e permite

definir quais desses processos são críticos para o negócio da empresa.

Nesta etapa é elaborada a carta contrato, uma espécie de contrato de

trabalho entre a direção e a equipe de trabalho formada para um

determinado projeto; nessa carta devem constar o caso de negócio (case

study), a definição da oportunidade, definição dos objetivos, o escopo do

projeto, o que inclui e o que não inclui no projeto, o plano de atividades ou

cronograma e a seleção da equipe de trabalho – o time que vai atuar no

projeto com a liderança de um faixa preta.

Outras atividades pertinentes a esta primeira fase do ciclo de melhoria

são:

- Mapeamento dos processos envolvidos no projeto – para que seja

conhecido completamente, passo a passo do desenvolvimento de cada

atividade do mesmo.

- Análise de valor agregado de cada atividade – nesta fase todas as

atividades são avaliadas, e as que não agregam valor ao cliente são

eliminadas do processo.
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- Os RCCs, Requisitos Críticos dos Clientes são identificados, através do

processo de Ouvir a Voz do Cliente, os RCCs ou Requisitos Críticos dos

Clientes devem ter indicadores para que o sigma do projeto seja encontrado.

- As ferramentas usuais desta fase, que normalmente são aplicadas consiste

no gerenciamento de risco empresarial, fluxograma do processo, voz do

cliente, requisito crítico do cliente, gráfico de Pareto.

- Resultados Alcançados nesta fase: Carta Contrato, plano de ação, mapas

de processo, identificação de ganhos rápidos, determinação dos RCC e

equipe preparada.

Medir (Measure) é o segundo passo do modelo de melhoria DMAIC,

sendo o seu objetivo identificar os indicadores de entrada, de processo e de

saída, fazer o plano de edição para os respectivos indicadores e determinar

o desempenho SIGMA do processo. Muitas pessoas alegam que existem

dados que não podem ser medidos, como se usa dizer, “se confessar ao

mundo que não se pode medir, está confessando ao mundo que não se

pode gerenciar”, pois aquilo que não se pode medir, não se pode gerenciar.

O requisito número um para a medição é a capacidade de observar. A

observação é um termo técnico usado em estatística, que se refere a um

evento ou uma contagem.

Medições consomem tempo e recursos, portanto, deve-se tomar as

medições que realmente irão contribuir para o projeto, isto é, medidas que

são importantes na consideração das pessoas que conhecem bem o

processo.

Os passos para medição podem ser:


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- Selecionar o que vai medir. Quais são as respostas que o processo precisa

sta pergunta pode ajudar a identificar indicadores que realmente tenham a

ver com o objetivo do processo e que vai atender a necessidade do cliente.

Uma matriz de impacto também ajuda a selecionar os indicadores que

realmente afetam a saída do processo.

- Desenvolver a definição operacional do indicador de medida. A definição

operacional do indicador é bastante importante, pois deve expressar

claramente onde está localizada a fonte dos dados, como, quando, quem,

vai fazer as tomadas de medidas, deve ser tão bem clarificada, que qualquer

pessoa que venha a ler possa executar.

- Preparar um plano de coleta de amostragem usando planilhas de lista de

verificação. É importante que este plano seja bem formulado, para que quem

vai fazer a coleta possa fazê-lo com bastante precisão e faça o formulário

simples e objetivo.

Analisar (analyze) é o terceiro passo do ciclo de melhoria DMAIC.

São analisados os dados relativos aos processos estudados com o objetivo

principal de se conhecer as relações causais e as fontes de variabilidade e

de desempenho insatisfatório de tais processos, visando a melhoria dos

mesmos.

As atividades principais desenvolvidas nesta fase devem ser

estratificar dados e identificar o problema específico, desenvolver definição

do problema, identificar os motivos originais, criar análise de verificação do

motivo original e validar os motivos originais.


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As ferramentas mais usuais desta etapa normalmente utilizadas são o

FMEA, diagrama de dispersão, brainstorming, diagrama de causa e efeito,

diagrama de afinidades, diagrama de relações, matriz de priorização, análise

de regressão, testes de hipóteses, análise de variância, análise de tempos

de falhas, testes de vida acelerados. Os Principais Resultados alcançados

devem ser análise dos dados, motivos originais validados, definição de

problemas.

Melhorar (Improve ) é o quarto passo do ciclo de melhoria DMAIC.

Com os dados e medições disponíveis pelos três passos anteriores, o

objetivo deste passo é desenvolver mudanças para remover as causas

raízes, testar e implementar as novas mudanças e avaliar os ganhos

mensuráveis e sustentáveis, sendo criativo para encontrar novas formas de

realizar as atividades de maneira mais barata, melhor e mais rápida,

utilizando métodos estatísticos para validar a melhoria.

As principais atividades devem consistir na geração de idéias

solucionadoras, desenvolver plano piloto e solução piloto, determinar

impactos da solução: benefícios, avaliar e selecionar soluções, desenvolver

mapas de processos e planos de alto nível, desenvolver e apresentar painel

de caso, comunicar soluções a todos os depositários.

Algumas ferramentas mais usuais nesta fase são: planejamento de

experimentos, testes na operação, testes de mercado, simulação, operação

evolutiva, 5W2H, diagrama de árvore, diagrama de Gantt; Pert/CPM;

diagrama de processo decisório.


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Os principais resultados alcançados devem ser: soluções, mapas de

processo e documentação, implementação dos marcos principais, impactos

e benefícios da melhoria, painel de caso, mapas de mudanças.

Controlar (Control) é o quinto passo do modelo de melhoria DMAIC.

Neste passo, o foco é assegurar que o desempenho melhorado tenha

continuidade para os processos identificados no projeto.

Sustentar as melhorias de curto e longo prazo é o objetivo desta fase,

em que deve ser definida a pessoa que será o “gerente do processo”, alguns

chamam de “dono do processo”, que será responsável pelo monitoramento

de “loop fechado” do processo melhorado, é importante que seja um

daquelas que participaram do time do projeto de melhoria, preferencialmente

um “faixa verde”, pelo fato dela ter participado da execução do trabalho, pois

maior é a chance do comprometimento, e conseqüentemente com o sucesso

futuro do processo.

As principais atividades devem ser: identificar e desenvolver

oportunidades de reaplicação e padronização, integrar e gerenciar soluções

nos processos de trabalho diário, integrar lições aprendidas, identificar os

próximos passos da equipe e os planos para outras oportunidades.

Algumas ferramentas mais usuais nesta fase são: procedimentos,

procedimento padrão, relatório de anomalia. Os principais resultados

alcançados devem ser: sistema de controle de processo, padrões e

procedimentos, treinamento, avaliação da equipe, planos de implementação

da mudança, análise de problema potencial, resultados pilotos e solução,

oportunidades de replicação e oportunidades de padronização.


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Os projetos Seis Sigma constituem-se de metodologias, ferramentas


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os métodos estatísticos são tão úteis quanto às demais teorias existentes e

o conhecimento do processo e produto.

8.10 Equipe de Projeto

A equipe de projeto é formada por um grupo de pessoas de áreas

distintas que se reúne para discutir um problema e encontrar soluções para

ele utilizando a metodologia Seis Sigma e algumas ferramentas para buscar

as melhores soluções possíveis para se eliminar os problemas com eficácia.

Os membros da equipe de projeto são selecionados com base nas

competências técnicas em relação ao projeto. Sua maior responsabilidade

reside na implementação das etapas do modelo de qualidade. Quando o

patrocinador, o líder, os membros e o consultor interno de qualidade ad hoc

tiverem sido escolhidos, o trabalho começa.

Estes papéis devem ser atribuídos cuidadosamente, não

selecionando as pessoas disponíveis e interessadas no projeto, mas aquelas

mais qualificadas para o trabalho e que tenham o impacto mais direto sobre

os objetivos estratégicos do projeto em questão. Muitas equipes de projeto

cometem o erro de incluírem apenas pessoas que têm interesse na

melhoria. As pessoas mais qualificadas devem participar da equipe,

particularmente membros que tenham as capacitações que podem conduzir

ao aperfeiçoamento do sigma.

Segundo Eckes (2001, p.54 a 56 ), cada equipe tem um patrocinador

que é o Champion que, como membro do grupo da Gestão de Processo do

Negócio, consegue que o projeto seja selecionado. Seleciona os membros


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da equipe de projeto, gera a orientação estratégica para a equipe,

mostrando aos seus membros o porquê deste grupo ser formado e quais os

objetivos negociais estratégicos que poderão ser impactados se o projeto for

realizado com sucesso, estabelece também em linhas gerais o que um

projeto bem-sucedido vai obter, além de ajudar a estabelecer o escopo geral

do projeto, para que o grupo entenda o que deve ser evitado.

O patrocinador será responsável pela remoção de obstáculos que

possam atrapalhar o sucesso do grupo ao longo dos trabalhos, além de

tomar as principais decisões com relação às soluções que serão geradas

durante a etapa da Melhoria do modelo.

Pode ser Líder de Equipe de Projeto, um Faixa Preta (que devota

100% de sua responsabilidade aos esforços para a qualidade, atuando em

tempo integral, conduzindo o grupo através de metodologia para atingir as

metas do projeto) ou Faixa Verde (atuando em tempo parcial pois possui

responsabilidades em tempo integral em outra área). Estes são

responsáveis pelo gerenciamento tático do trabalho que está sendo

realizado pelo grupo, coordenam e conduzem as reuniões, asseguram que

os membros completem suas tarefas de acordo com os cronogramas

previamente estabelecidos e mantêm um vínculo permanente com o

patrocinador.

Conforme Eckes (2001, p.55), as equipes mais bem sucedidas

possuem um alto nível de comunicação entre líder e o patrocinador, sendo

recomendável pelo menos um contato formal semanal entre o patrocinador e

o líder.
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O Consultor da Equipe ou Mestre Faixa Preta normalmente não é um

membro em tempo integral da equipe e, como ocorre na GE, este indivíduo

equivale a um consultor interno de qualidade, que possui grandes

habilidades técnicas e será visto como um membro ad hoc no grupo.

8.11 A organização da reunião

Para os trabalhos em grupo serem eficientes, a organização e o

processo da reunião devem ser considerados. Boas reuniões começam com

agendas. Uma boa agenda deve ter expressos os resultados esperados da

reunião, a lista dos assuntos a serem discutidos, o método a ser utilizado e o

tempo previsto para a realização da tarefa.

O papel mais importante em uma reunião é o do facilitador que

conduz a reunião. Ele escreve a agenda em um flipshart e distribui os

demais papéis; ajuda a equipe no cumprimento das regras básicas e do

documenta o trabalho realizado durante o encontro. Além do facilitador deve

haver também um cronometrista. Sua responsabilidade é controlar o tempo

alocado para cada item da agenda, chamando a atenção quando o tempo

estiver acabando.

Outro elemento importante na reunião é o escrivão, que tem por

responsabilidade documentar toda info rmação pertinente gerada durante a

reunião, que toma nota reservadamente.

Deve-se estabelecer e cumprir regras básicas que serão escritas em

um quadro visível em cada reunião sobre comportamentos, definindo início e

pausa para descanso pontual; as discussões devem enfocar as idéias e não


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as pessoas; manter sigilo sobre o que for tratado na reunião, participando e

tomando notas, sem hierarquia, ou seja, os cargos e títulos ficam do lado de

fora da sala, sendo que uma pessoa fala de cada vez, sem discussões

paralelas.

Um bom facilitador não apenas consegue a adesão a essas regras

como também a concordância de que seu cumprimento é uma

responsabilidade compartilhada de todas.

O segredo da excelência na habilidade de reunir-se está em prevenir

os comportamentos. Por isso é necessário que se atendam alguns fatores

para o bom andamento e sucesso da equipe de projeto, os quais são a

liderança, responsabilidades claras, objetivos acordados, planejamento de

atividades, comunicação efetiva, consenso; confiança e abertura, espaço

para inovação, energia e envolvimento, reconhecimento dos resultados

atingidos.

A tendência do Programa Seis Sigma, segundo Werckema (2002),

está na crescente implementação do programa em áreas administrativas, de

vendas e de serviços. A adoção do Seis Sigma pela empresa deve se dar

como um todo – principalmente nos setores envolvidos diretamente no

relacionamento com os clientes/consumidores – e não apenas nas áreas de

manufatura.Uma outra tendência é a disseminação do Design for Six Sigma

(DFSS) como uma extensão do Seis Sigma para o projeto de novos

produtos (bens ou serviços) e processos, uma maior valorização dos

chamados “soft savings” que podem ser gerados pelos projetos Seis Sigma.

Um exemplo de “soft saving” são os ganhos que resultam quando são


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evitadas perdas de clientes que poderiam ocorrer em conseqüência da

deterioração da imagem da marca do produto e/ou da empresa.

O envolvimento dos fornecedores da empresa no programa é cada

vez mais efetivo, além de uma maior compreensão de que o Seis Sigma

deve estar em contínua evolução, a partir de uma base sólida construída nos

estágios iniciais de implementação do programa, ocorrendo também um

aproveitamento da aprendizagem obtida a partir das primeiras experiências

(acertos e erros) com o programa, o que resulta, por exemplo, em projetos e

candidatos escolhidos com mais critério e no maior entendimento dos papéis

dos patrocinadores e especialistas do Seis Sigma.

9. Estudo de caso
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9.1 Introdução

Este estudo de caso foi realizado em uma empresa de origem

francesa que atua no segmento de autopeças no Brasil a mais de 30 anos,

fornecedora de várias montadoras, com faturamento anual de cerca de 1,2

bilhão de reais, empregando mais de 2700 funcionários. O estudo foi

realizado em uma das suas unidades que é responsável pelos sistemas da

segurança, que desenvolve e fornece sistemas de travamento, segurança e

conforto para acesso aos veículos em quaisquer circunstâncias. Nesta

unidade são fabricados maçanetas, fechaduras, cilindros, chaves e travas de

coluna de direção.

O problema ocorrido em um dos componentes de seus produtos,

denominado Batente de Porta Traseira, faz parte do conjunto da fechadura

da porta traseira de um veículo utilitário (Pick-Up). O Batente de Porta

Traseira é composto pelo suporte, pino, amortecedor e rolete, e tem a

função de fazer o travamento da porta traseira. O suporte é a base do

produto e é o componente que tem a furação para a fixação no veículo. O

amortecedor é um produto de borracha que fica acoplado ao suporte e tem

como principal função a ajustagem da porta traseira e a eliminação de

ruídos. O pino é o componente que fica fixado no suporte através do

processo de rebitagem, ele tem a função de ponto de travamento da

fechadura e alinhamento da porta traseira através do perfil especial de sua


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cabeça. O rolete é um componente de plástico, fica inserido no pino e tem a

função básica de eliminação de ruídos conforme figura 11.

Base do batente

Batente
Pino com rolete

Figura 11 – Batente de Porta Traseira - Material de Produção

Para que o produto tenha seu perfeito funcionamento é necessário

que todos os seus componentes sejam montados corretamente. O problema

encontrado era no pino do batente, que foi encontrado com folga na fixação

(rebitagem), e girava com carga abaixo do especificado, que era de 20 Nm

e, em alguns casos, gira até com esforço manual.


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O problema foi detectado internamente na referida empresa, em

auditoria de produto. Essa auditoria realiza ensaios funcionais, dimensionais

e laboratoriais, quando aplicável.

O refugo passou a ser indicado na Matriz Auto Qualidade (quadro de

gestão visual, onde são apontados diariamente os problemas encontrados,

com a finalidade de apontar os principais refugos). A linha passou a ser

controlada com inspeção de 100% das peças, para que o problema não

chegasse ao cliente. Imediatamente os batentes de portas traseira e dos

estoques da empresa e do cliente foram revisados. Quando problemas

detectados internamente são considerados de alto risco, deve-se informar

imediatamente ao cliente. Neste caso, além da revisão do estoque, o cliente

solicitou uma ação de pátio, ou seja, a verificação dos batentes de porta

traseira dos veículos já montados no estoque da montadora.

Através dos valores indicados na Matriz de Auto Qualidade, teve-se a

necessidade de se iniciar um Projeto Seis Sigma através da Equipe de

Projeto, para que através do envolvimento da equipe e utilização dessa

metodologia fosse possível encontrar as causas e resolver o problema. A

Equipe de Projeto Seis Sigma tem início com a definição dos participantes e

é definida função de cada um dentro do grupo.

Através da ferramenta 5W2H, tem início a formulação do problema, e

um melhor entendimento de tudo que estava ocorrendo, conforme quadro 9

– 5W2H – Formulação do problema.


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Quadro 9 – 5W2H – Formulação do problema.

Fonte: Indústria de autopeças.

QUE? O que aconteceu? ( Descreva o Problema )

QUEM? Quem detectou o que aconteceu? Quais as pessoas


ou serviços diretamente relacionados a este
problema ?

ONDE? Onde aconteceu? Onde o problema foi localizado ?

QUANDO? Quando aconteceu? Existe um período favorável à


aparição ou repetição do problema ?

COMO? Como foi detectado? Como o problema se


manifesta ? ( Detalhar o problema )

PORQUÊ? Por que isto é um problema?

QUANTO Quanto custa este problema ?


CUSTA?

Na etapa Brainstorming – Lista de idéias emitidas / Soluções

possíveis, a participação da equipe foi fundamental, nela foram abordadas e

discutidas todas as possíveis causas e soluções do problema. Todas as

idéias foram numeradas e o grupo se reuniu novamente em cinco dias para

apresentar os resultados das análises e validarem as causas citadas.

Esta etapa, Diagrama de Causa e Efeito, foi feita em conjunto com o

Brainstorming, sendo inseridas todas as possibilidades mencionadas, porém

divididas em matéria-prima, máquina, meio de medição, meio ambiente, mão

de obra e método figura 12.


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Figura 12 – Diagrama de Causa e Efeito

Meio de Medição Matéria- prima Máquina

Efeito

Método Meio Ambiente Mão de obra

A ferramenta foi aplicada em cima das causas raízes validadas no

Brainstorming. Foi concluído que as causas que estavam gerando as

anomalias no produto, se deram a partir do não cumprimento dos

procedimentos internos, conforme figura 13 – Cinco por quês.


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Com as causas do problema definidas, foi utilizado o Diagrama de

Pareto para se fazer um acompanhamento, visando saber qual o impacto de

causa no problema, ou seja, qual a porcentagem de cada causa no

problema, conforme Figura 14 – Diagrama de Pareto.


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Figura 14 – Diagrama de Pareto.

(Y)

100
90

80
70

60
50
40

30
20

10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Eixo X tipo de defeito

Esta ferramenta, escolha das Soluções / Principais ações escolhidas,

foi aplicada para se definir quais as soluções seriam adotadas e em que

ordem de prioridade. Foram definidas normas para aumentar o comprimento

do rebite (para se obter uma maior quantidade de material para se efetuar a

rebitagem), criar sulcos na base (para se obter maior retenção de material),

melhorar centralização do dispositivo de rebitagem (para se obter uma

melhor qualidade), alterar plano de controle para verificação de dureza após

tratamento térmico (para se detectar possíveis problemas de dureza no

material após tratamento)., melhorias no sistema de fixação do pino, como

criar perfil na ferramenta idêntico ao da cabeça do rebite (para evitar que o

operador monte o rebite incorretamente e também que o rebite não gire

durante a rebitagem).
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O Plano de Ação foi utilizado para designar as pessoas e prazos para

a aplicação das ações validadas, conforme quadro 10 – Plano de Ação.

Quadro 10 – Plano de Ação


Fonte: Indústria de autopeças.

O que fazer ? Por que fazer ?

Quem fará ? Por que esta pessoa ?

Onde fará ? Por que este local ?

Quando fará? Por que este momento ?

Como fará ? Por que este modo ?

Quantos ? -

QUANTO -
CUSTA ?

Foi verificado, durante o acompanhamento dos resultados, que,

quando aplicado a ação número sete (Alterar plano de controle para

verificação de dureza após tratamento térmico), obteve-se uma grande

melhoria no produto, ocorreu uma queda de 30 para 7 casos semanais,

quando aplicada a ação número oito (Melhorias no sistema de fixação do

pino, criar perfil na ferramenta idêntico ao da cabeça do rebite), ocorreu uma

diminuição de 7 para 4 casos semanais e quando foi aplicada a ação de

número dois (Criar sulcos na base), foi eliminado o problema ou atingido o

zero defeito.

Todas as ações aplicadas foram padronizadas e, como melhoria, foi

implantado na linha de montagem o CEP (Controle Estatístico de Processo).

Como padronização foram aplicadas as ações de número dois (Criar sulcos


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na base) e a oito (Melhoria no sistema de fixação do pino, criar perfil na

ferramenta idêntico ao da cabeça do rebite), ou seja, estas ações seriam

aplicadas como melhoria em outras linhas de montagem de produtos ou

processos semelhantes.

Se observarmos, na seqüência, as próximas figuras, estas

demonstrarão de forma mais clara as modificações efetuadas no processo e

nos dispositivos e o melhor resultado obtido no estudo estatístico após a

implementação das ações.

A figura 15, que é o suporte da base, um dos componentes do

Batente Traseiro da porta traseira em estudo, apresenta marcas ou sulcos

em sua superfície, resultado da implementação da ação número dois, que

consiste na criação de sulcos na base para se obter maior retenção de

material do rebite, após a operação rebitagem. Lembrando que se

considerarmos o plano de ação, a ação número dois é a última ação

implementada durante o processo de melhoria que resultou na eliminação do

problema ou zero defeito.


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Figura 15 – Sulcos para melhor retenção de material


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Figura 16 – Dispositivo de fixação do pino com perfil especial

A figura 17, corresponde ao dispositivo de fixação do pino não

permitindo montagem incorreta, conhecido também como Poka-Yoke

(dispositivo aprova de falhas) podemos observar nesta figura, a base do pino

apoiada e encaixada no rasgo do dispositivo que está sobre a mesa da

rebitadeira, evitando movimentos no plano horizontal, com uma garantia a

mais, proporcionada pelas guias do dispositivo que tem o perfil cilíndrico do

pino, assegurando a centralização e uma única forma de coloca-lo na

rebitadeira.
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Figura 17 - Dispositivo de fixação do pino não permitindo montagem


incorreta

A figura 18 permite visualizarmos a operação de rebitagem do pino no

batente da porta traseira, após implementadas todas as ações consideradas

no plano de ação, e iniciar o processo de controle, medindo os resultados

obtidos, efetuando novos ajustes se necessário ou padronizando o novo

patamar alcançado do processo modificado, controlando o processo através

do CEP.

Figura 18 – Rebitagem do pino no batente


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Figura 19 – Carta de Controle (Antes das Melhorias)

Figura 20 - Histograma (Antes das Melhorias)


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Figura 21 – Carta de Controle (Depois das Melhorias)

Figura 22 – Histograma (Depois das Melhorias)


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10. Conclusões

Ao considerar a implantação e os resultados da metodologia Seis

Sigma estudado neste trabalho, em que pese sua importância e necessidade

ao atrelar a estratégia de ação organizacional, poderá solucionar problemas

dos diversos produtos, processos e serviços da empresa, reduzindo a

variabilidade de falhas até a obtenção da difícil meta de 3,4 defeitos por

milhão.

Isso para assumir um papel preponderante na competitividade das

organizações, pois, no mercado globalizado, a correlação da competitividade

com os níveis de defeitos tem aumentado e aquelas empresas que têm

desempenho inferior a 308,537 defeitos por milhão (dois sigma) não são

consideradas competitivas dentre as que se encontram no grupo entre 3 e 4

sigma, observa -se por parte de muitas delas a busca parcial ou total das

mudanças de processos de forma gradual ou radical, a fim de tornar-se

empresas mais competitivas, ou classe mundial, quando alcançam o desvio

padrão igual a Seis Sigma.

Portanto, se for uma condição de sobrevivência no mercado em que

atua, poderá ser estratégico para uma organização buscar diminuir a

variabilidade de seus processos, quer sejam de manufatura ou

transacionais, elevando-os a um nível tendendo a Seis Sigma, e para isso

precisará romper paradigmas ou modelos ultrapassados, visto que todos os

níveis hierárquicos, a começar do mais elevado, necessariamente precisarão

comprometer-se com a adoção e implementação desta metodologia para


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evitar o fracasso e precisarão estar dispostos a investir no treinamento e na

formação de especialistas, gerenciando adequadamente as mudanças

culturais, que normalmente pressupõem resistências por parte das pessoas,

além do fato que algumas empresas enfrentarão dificuldades com a

existência de gargalos de ordem sistêmica à implementação do Seis Sigma

no Brasil, como a baixa escolaridade da mão-de-obra em diversos setores

da economia, pois a participação dos trabalhadores é imprescindível e o

treinamento necessário exige um nível de escolaridade adequado, o que

dificultará a popularização desta metodologia no curto prazo.

Com base na aplicação da metodologia Seis Sigma na empresa do

ramo de autopeças, nos resultados encontrados no estudo de caso,

observa-se que para se obter sucesso nas resoluções dos problemas dos

clientes, o trabalho em equipe de forma organizada e objetiva é fundamental.

Através da equipe de projeto Seis Sigma é possível conseguir reunir todos

os conhecimentos e qualidades dos profissionais, tornando muito mais

rápida e eficiente a resolução dos problemas. Com o trabalho em equipe, os

colaboradores das áreas operacionais também participam, tendo seu

trabalho valorizado e colaborando com excelentes idéias de melhorias.

A correta utilização de ferramentas da qualidade teve um papel muito

importante para o bom andamento do Seis Sigma, na procura das causas,

na definição e aplicação das ações corretivas, na eliminação de retrabalhos,

na melhoria dos processos e produtos, e no acompanhamento dos

resultados. A aplicação desta metodologia requer da empresa um sistema


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de qualidade eficiente, pois são utilizados conceitos da qualidade na sua

utilização.

O estudo de caso abordado demonstrou a eficiência da metodologia

Seis Sigma e a aplicação das ferramentas de estatística e da qualidade,

obtendo-se aprovação total dos batentes de portas traseiras das pick-ups,

resultado da melhoria do processo de fabricação na etapa de montagem,

ampliando também a satisfação do cliente, que no caso é uma montadora,

pelo fato das suas necessidades terem sido atendidas, evitando a perda

deste cliente e o pagamento de multas contratuais.

Considerando a figura de Azzoline, figura 3, pode-se verificar que, em

função das mudanças de mercado, são geradas forças que originadas

destas mudanças que influenciarão a organização em adotar uma estratégia

em detrimento de outra, e esta estratégia corporativa poderá usar, dentre as

estratégias funcionais, a de manufatura, que proporcionará lucro ou

diferencial competitivo. A estratégia de manufatura deverá estar alinhada a

estratégia da unidade de negócio que por sua vez deverá estar alinhada a

estratégia corporativa.
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Fornecedor, Produtor, Expedição e Distribuição

Conhecimento gera as habilidades necessárias


Conhecimento = Experiência + Treinamento
Responsabilidade da Cadeia de Suprimentos

Enterprise Resource Planning – ERP


a empresa pode estar apoiada entre outras tecnologias da informação
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A estratégia da organização influenciada pelas forças de mercado

resultará na escolha de uma estratégia competitiva em liderança por custo,

ou focalização, ou diferenciação. Escolhida uma das três estratégias

competitivas, deverá ser analisado qual a prioridade competitiva, quer seja

em qualidade, em flexibilidade, em custos, em variedade ou em

produtividade, atenderá a estratégia competitiva, e que auxiliará na

identificação ou escolha do Paradigma Estratégico de Gestão de Manufatura

- PEGEM mais adequado à situação de mercado em que a empresa está

submetido.

O conteúdo da estratégia de manufatura depende das prioridades

competitivas e das decisões estruturais e infra-estruturais. Considerando que

a ferramenta de apoio a estratégia de manufatura adotada neste trabalho é o

Seis Sigma, as questões estruturais e infra-estruturais deverão ser

atendidas.

Quanto às questões infra-estruturais, a área de recursos humanos

atuará no auxílio na mudança cultural, na definição de políticas que

contribuam na manutenção da motivação dos colaboradores na implantação

do Seis Sigma, além de auxiliar na viabilização do treinamento dos

especialistas e na implementação de uma comunicação transparente e clara

junto aos funcionários na organização, a fim de tornar claro os resultados

dos projetos Seis Sigma aplicado neste caso aos processos de manufatura.

Quanto à gestão da qualidade, está questão deverá ser trabalhada

junto aos funcionários que trabalharão nos projetos Seis Sigma, a fim de

torná-los hábeis no uso das ferramentas de qualidade e de estatística, além


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daqueles que atuam diretamente na produção, que deverão ter treinamento

mínimo necessário no uso de ferramentas estatísticas quando necessário

para garantir as melhorias efetuadas no processo pelas equipes de projeto

Seis Sigma.

Quanto ao aspecto da organização, esta será afetada devido à

existência dos especialistas Seis Sigma, que modificará o conteúdo do cargo

das pessoas comprometidas diretamente com esta metodologia, além do

gerenciamento, que ao invés de funcional será por processo, integrando as

áreas e as pessoas da organização.

Quanto ao PCP, o Seis Sigma poderá contribuir na melhoria dos

processos de fabricação, diminuindo perdas quanto ao retrabalho de produto

acabado, reprocesso de produto acabado, tempo de ciclo de produção,

tempo de entrega, tempo de parada, tempo de troca de ferramentas ou

dispositivos, através da melhoria gradual ou radical, do controle da

variabilidade dos processos de manufatura.

A eliminação ou a diminuição gradual ou radical destas perdas

permitirá uma melhor sincronia ou equilíbrio entre as etapas do processo de

fabricação, que auxiliará no atendimento na programação estabelecida pelo

PCP seja atendida e resultará em pedidos entregues no prazo estabelecido

com os cliente.

Dentre os vários sistemas de administração da produção ou

SICOPROCs, que têm por objetivo gerenciar o sistema de produção

escolhido, O SICOPROC é escolhido em função do tipo de PEGEM mais


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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura - 138 -

adequado ao atendimento dos objetivos da organização, para obter o melhor

desempenho.

Quanto às questões estruturais, podemos dizer que em relação às

instalações industriais, a mesma poderá ser definida ou ampliada em função

das necessidade de mercado ou potencial de mercado e a disponibilização

de investimento.

Em relação à capacidade produtiva ela dependerá de decisões sobre

quantidade que poderá ser vendida, que determinará conseqüentemente a

quantidade a ser produzida, a quantidade de produtos diferentes a serem

produzidos, o tipo de manufatura mais adequada a ser implementada.

A partir do momento que se implementa o Seis Sigma nos processos

produtivos que apresentam problemas e que seja estratégico para a

empresa, um dos resultados poderá ser a garantia do volume de produção e

da variedade de produtos a serem fabricados, pelo fato de poder-se garantir

os tempo de ciclo de produção, eliminadas as perdas através do Seis Sigma.

Relacionado a questão da tecnologia, esta depende da escolha da

automação, se é do tipo rígido ou flexível, a serem adotas na tecnologia de

processo, de movimentação de materiais e dos sistemas de informação

adequados ao desempenho da função Manufatura.


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Quanto à integração vertical e horizontal, podemos dizer que as

organizações tem procurado focar seus esforços naquilo em que tem

experiência, transferindo para parceiros extremamente comprometidos as

outras atividades que não fazem parte do foco das organizações. Em função

da importância da qualidade destas parcerias, às empresas tem considerado

outros aspectos mais importantes, além do melhor preço praticado por estes

parceiros, para que estas parcerias sejam duradouras. Portanto, o

desenvolvimento e implementação destas parcerias, pressupõem menor

verticalização e uma maior horizontalização.

Se a estratégia corporativa escolhida for obter liderança em custo,

certamente a prioridade competitiva a ser escolhida será em custo, pois é

uma estratégia de manufatura que prioriza a questão do custo que deve

estar sintonizada com uma estratégia que tenha os mesmos objetivos dentro

da Unidade de Negócios, baseada na economia de escala, curva de

experiência ou aprendizado e produtividade, os quais tendem a serem

utilizados complementarmente. Neste caso o PEGEM mais adequado será

aquele em que o objetivo de desempenho estratégico ganhador de pedidos

seja o custo ou produtividade, e neste caso a Manufatura em Massa é a

mais adequada.

Se a estratégia corporativa escolhida for obter diferenciação no

produto, certamente a prioridade competitiva poderá ser em qualidade, que é

muito mais que produzir conforme projeto, enquadrando a Qualidade como

Prioridade Competitiva, considerando suas oito dimensões, que devem

compor uma visão atual da qualidade e assim um produto terá uma melhor
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qualidade, tanto melhor atender os desejos do consumidor. Logo o PEGEM

mais adequado neste caso será aquele que tem como elemento–chave, o

objetivo estratégico de desempenho ganhador de pedido qualidade, que

corresponde a Manufatura Enxuta.

Se a estratégia corporativa escolhida for obter diferenciação no

produto, a prioridade competitiva poderá ser em desempenho de entregas,

que contempla as questões de confiabilidade e velocidade nos prazos de

entrega dos produtos. Logo o PEGEM mais adequado neste caso será

aquele que tem como elemento–chave o objetivo estratégico de

desempenho ganhador de pedido agilidade, que corresponde a Manufatura

Ágil.

Se a estratégia corporativa escolhida for obter diferenciação no

produto, uma outra a prioridade competitiva poderá ser em flexibilidade, que

pode contemplar as questões relacionadas com tempo (rapidez e

pontualidade) e responsividade (alta variedade de coisas distintas), para

clientes dispostos a pagar mais por estes diferenciais, que proporcionam

dentre vários benefícios, menos estoque, maior rapidez no atendimento ao

cliente e na inovação, maiores fluxos de caixa e maiores lucros. Logo o

PEGEM mais adequado neste caso será aquele que tem como elemento–

chave o objetivo estratégico de desempenho ganhador de pedido

responsividade, que corresponde a Manufatura Responsiva.

Portanto, ao analisarmos os capítulo 2 e 3, cada PEGEM e seus

quatro elementos-chave, podemos observar que a aplicação do Seis Sigma


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é indicada na manufatura enxuta em função do objetivo estratégico

ganhador de pedido a ser alcançado, que é a qualidade, pois há o objetivo

da busca da perfeição. Nos outros PEGEMs, embora com objetivo

estratégico ganhador de pedido diferente, o Seis Sigma poderá ser usado a

fim de melhorar os processos, se isso for estratégico para a organização,

diminuindo a variabilidade dos processos e garantindo a confiabilidade deste

processos, o que irá resultar na satisfação dos clientes, em lucro e

diferencial competitivo.

Considerando que o objetivo deste trabalho consiste em verificar se a

metodologia Seis Sigma é uma das técnicas dos novos paradigmas

produtivos e também se ela é uma ferramenta de apoio à estratégia de

manufatura, pôde-se concluir que independentemente do tipo de

manufatura, o Seis Sigma poderá ser utilizado como ferramenta de apoio a

qualquer que seja a estratégia de manufatura, seja ela em custos, qualidade,

produtividade, flexibilidade ou variedade, que contribuirá para que a

organização obtenha vantagem competitiva, haja vista o resultado obtido no

estudo de caso, em que se pode constatar a melhoria do processo de

montagem dos componentes da fechadura da porta traseira da pick-up,

chegando a zero defeitos, melhorando a satisfação do cliente e o fato

inegável de evitar a perda do cliente para o concorrente.

Ao observar os quatro elementos-chave dos PEGEMS, um deles é o

capacitador, que está relacionado com o como fazer, com o objetivo de

verificar se o desempenho ganhador de pedido ou a estratégia definida pela

a organização, é alcançada através da função manufatura, usando um


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método, ou ferramenta ou tecnologia. Logo, o Seis Sigma poderá ser

caracterizado como um dos capacitadores dos novos paradigmas de

produção ou uma técnica de auxilio da produção, por ser um método ou

ferramenta de melhoria de processos.

Com a implementação da metodologia Seis Sigma nos processos de

manufatura, obtém-se um menor número de falhas nos processos,

resultando no ou ao longo de cada processo em informações mais próximas

do previsto, beneficiando qualquer tipo de SICOPROC (sistemas que

provêm informações que suportam o gerenciamento eficaz do fluxo de

materiais, da utilização da mão de obra e dos equipamentos, a coordenação

das atividades internas com as atividades dos fornecedores e distribuidores

e a comunicação com os clientes) adotado e o sistema de produção

adotado, além de facilitar o controle da produção, considerando que cada

processo ao ser gerenciado de forma visual, principalmente quando utilizada

a carta controle, gera informações ao longo do processo produtivo,

atestando se o processo é confiável ou não, o que poderá configurar o Seis

Sigma como um novo SICOPROC.


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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura - 150 -

Glossário

Box-Plot - É uma representação gráfica da distribuição de dados de

variáveis, que apresenta informações sobre a variabilidade e a simetria dos

dados.

Brainstorming – Tempestade de idéias

Champion - Campeão

Et al – e outros

Input – entrada

Flow–Shop –padrão de fluxo unidirecional ou sistema de manufatura com

padrão de fluxo unidirecional

Just in time – estratégia de manufatura ou sistema de controle da produção

que prega a produção no momento certo

Job shop – padrão de multi-direcional ou sistema de manufatura com padrão

de fluxo multi-direcional

Kanban – SICOPROC do sistema just in time

Lay out – arranjo físico das máquinas em um setor produtivo

Lead time – tempo decorrente entre a notificação da necessidade e o fim da

produção ou da compra de um material

Marketing – uma função empresarial

Mix – conjunto, grupo, combinação

Ordering System – Sistema de coordenação de ordens

Overflow – “salto” de estágio produtivos em uma linha de produção

Output – saída

Poka-yoke – Á prova de falhas


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Seis Sigma como Ferramenta de Apoio a Estratégia de Manufatura - 151 -

Set up – preparação

Sigma – Letra grega que indica desvio padrão

Survey – pesquisa de avaliação

World Class Manufacturing – Manufatura de Classe Mundial


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