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Transtornos de Ansiedade

Aspectos diagnósticos

Universidade Federal da Bahia


Faculdade de Medicina
Ansiedade

Resposta normal do organismo a situações de


perigo?
Ansiedade e medo
Quando é desproporcional às possíveis causas
aparentes, persistente e interfere de maneira
significativa no funcionamento global do
indivíduo, deve ser considerada patológica
“Estado emocional vivenciado com a
qualidade subjetiva do medo ou da
emoção a ele relacionada, desagradável,
dirigida ao futuro, desproporcional a uma
ameaça reconhecível, com desconforto
somático subjetivo e alterações somáticas
manifestas”
Aubrey Lewis
Manifestações somáticas da
Ansiedade
 Sintomas cerdiovasculares
 Boca seca (tremores, fatigabilidade,
 Cefaléia inquietação)
 Dor ou desconforto torácico  Sintomas gastrointestinais
 Fraqueza (palpitações, extrassistolias)
 Hiperreflexia  Sintomas genitourinários
 Insônia (náuseas, vômitos, diarréia, “bola
na garganta
 Midríase  Sintomas respiratórios (“falta de
 Parestesias ar”
 Reação de sobressalto exagerada  Sintomas vasomotores
 Sensação de sufocamento e (extremidades, ondas de calor e
instabilidade frio,..)
 Sinais de Tensão Motora  Tonturas e Vertigem
 Visão borrada e Zumbido no
ouvido
Manifestações psíquicas da
Ansiedade

 Agressividade
 Pânico
 Apreensão  Medo de ficar louco ou fora de si
 Desejo de escapar de certas  Medo de perder o controle
 Medo de morrer
situações  Prejuízo da atenção/concentração
 Despersonalização e  Preocupações desnecessárias e
exageradas
desrrealização  Sensação de desassossego, mal estar
 Sensação de “estar sempre ligado”.
 Ideação suicida “estimulado”
 Irritabilidade, impulsivideda,
 Sensação de perigo iminente
 Tensão
Nervosismo
Transtorno Manifestação clínica

Caraterísticas dos transtornos de


TP Crises de pânico inesperados e recorrentes, medo de futuras crises de pânico e/ou das consequências
dessas crises

Agorafobia Medo e evitação de certos lugares onde pode ser difícil conseguir ajuda ou sair (p. ex., pontes, túneis,

ansiedade primária
restaurantes, supermercados, transporte público) em caso de necessidade, tipicamente associados ao medo
de sofrer crises de pânico nessas situações

Foco da Tipo de Evit ação Ansiedade


Transtorno de estresse pós- Exposição a um evento que ameace a vida ou cause danos físicos, seguida de: (1) imagens perturbadoras,
traumático Ansiedade At aque int er cor rent e
recordações, pesadelos; (2) evitação de tudo que evoque lembranças associadas a traumas passados; (3)
hiperexcitação (p. ex., assustar-se facilmente, irritabilidade, dificuldade para se concentrar, insônia)
Transtorno do Possibilidade de Espontâneos/ def - +
Pânico Ter ataque de lagrados
pânico
TAG Agorafobia Possibilidade
Preocupações de Deflagrados
excessivas +++
e descontroladas sobre fatos/eventos + tensão muscular,
do dia a dia; fadiga,
insônia; agitação, irritabilidade, dificuldade para se concentrar
passar mal em
locais
TAS específicos
Medo e evitação de situações sociais específicas (p. ex., medo de urinar em banheiros públicos, medo de
comer em restaurantes, medo de falar em público) ou de situações sociais em geral
Fobias Locais ou Relacionados + +
específicas situações com estímulos
TOC Pensamentos inoportunos repetidos, impulsos ou imagens reconhecidas como irracionais; comportamentos
Fobia Social Desempenho Deflagrados
ritualísticos compulsivos, como o de limpeza ou checagem+ + +
em situações de
Fobias específicas evidência
Medo e evitação de local, atividade ou situação específicos (p. ex., medo de sangue ou de agulhas, de
procedimentos odontológicos, cachorro, altura), que comprometem o funcionamento ou a vida cotidiana
Transtorno de Preocupações - - +++
Ansiedade exageradas
generalizada sobre questões
diárias
Tabela 1. Manifestações clínicas dos transtornos de ansiedade
TAG = transtorno de ansiedade generalizado. TAS = transtorno de ansiedade social. TOC = transtorno obsessivo-compulsivo.
Dados Epidemiológicos
São mais comuns nas mulheres que nos
homens
Usualmente começam no inicio da idade
adulta.
A prevalência para o período de vida é em
torno de 29%
Nos Hospitais Gerais 30% das consultas
solicitadas à Psiquiatria, são avali adas
como sendo decorrentes de um
transtorno de somatização .
Transtorno de Ansiedade
Generalizada
Transtorno crônico de ansiedade, caracterizado
por preocupações irreais ou excessivas,
acompanhada de diversos sintomas somáticos.
Fenômeno Central

Preocupação constante, concomitante a sintomas


somáticos e psíquicos persistentes.

Diretrizes diagnósticas

Tensão motora, hiperatividade autonômica,


apreensão, na maioria dos dias por pelo menos várias
semanas e geralmente pôr vários meses.
TOC
Shakespeare - 1606: Macbeth
EPIDEMIOLOGIA

Pensava-se há 15 anos como quadro raro


Hoje: até 2,5% da população geral:
“epidemia oculta”
Homens = mulheres
4ª doença psiquiátrica mais freqüente
grande incapacidade (10 mais)
Semelhança do quadro clínico em
todo o mundo
Alta taxa de comorbidade: TAG e
Depressão Maior
2/3 não se tratam
Intervalo de 17 anos entre o início dos
sintomas e a procura de tratamento
Doença “secreta”
QUADRO CLÍNICO

Obsessões

Compulsões

Relação de e/ou

Anancástico: ananké - necessidade


OBSESSÕES

Do latim obsidere: assédios, invasões


Idéias, imagens, impulsos repetitivos
que assediam a consciência
Dúvida, ruminação, medo de perder o
controle, impulsos contrários à vontade
Caráter coercitivo - incontroláveis
Conteúdo absurdo ou desproporcional
Vivência angustiante
COMPULSÕES

Do latim compellere: forçar contra a


vontade
Comportamento intencional, repetido,
mesmo sabendo que é irracional
Rituais: verificação, contagem, toque,
cruzar limiares, ordenação (just right),
colecionismo, simetria
Alívio da ansiedade
CID 10

Sintomas presentes por pelo menos 2


semanas consecutivas e causando
ansiedade, prejuízo
Reconhecidos como próprios
Oposição do indivíduo
O pensamento ou ato não é prazeroso
GÊNESE: TEORIAS

Neurobiológica: núcleo caudado,


gânglios de base, relação com
doenças neurológicas (Tourette,
Sydenham)
Cognitiva:padrões e crenças
Psicodinâmica: conflito psíquico
TRATAMENTO

Farmacológico: clomipramina, ISRS,


outros (associação com antipsicóticos nos
tics e tricotilomania)
Terapia cognitivo-comportamental
Terapia psicodinâmica e psicanalítica
Melhor resultado esperado: ± 60%
melhora
PSICOCIRURGIA:
Cingulectomia no córtex do
giro anterior do cíngulo
Transtornos de somatização
a) Impacto sócio- ∗ Ansiedade. Depressão
econômico (sofrimento, risco de
∗Altos custos para a Saúde suicídio),
Pública, ∗Risco de Iatrogenia (exames
∗Sobrecarga nos sistemas complementares e fármacos
do atendimento desnecessários)
sanitário, ∗Peregrinação por diversos
∗Falta ao trabalho médicos (Ausência no
(absenteísmo), trabalho, Repercussão
econômica, Cronicidade dos
 
sintomas),
b) Repercussão e riscos
∗Εnfermidade física importante
para o paciente
pode passar despercebida (o
∗Τratados médico não costuma levar a
desnecessariamente de sério as queixas destes
“falsas doenças” ou pacientes que o consultam
distúrbios sem de vez em quando)
importância clínica;
∗Não são tratados
Transtorno de somatização

• Sintomas físicos múltiplos recorrentes e


freqüentemente mutáveis: náuseas, vômitos,
deglutição difícil, dispnéia, flatulência, dores,
vertigem, amnésia, menstruação dolorosa etc.,
assim como sintomas depressivos e ansiosos.
• Em geral, presentes por vários anos antes que
o paciente seja avaliado por um psiquiatra.
• A base psicológica é demonstrável
• Evolução crônica e raramente os pacientes ficam
inteiramente assintomáticos.
• O principal diagnóstico diferencial são as causas
orgânicas para os sintomas do paciente.
Temos que observar

1) a ocorrência dos sintomas por pelo menos dois


meses, sem evidência demonstrada de
transtorno clínico que justifique a
sintomatologia;

2) um certo grau de comprometimento do


funcionamento social, atribuível aos sintomas

3) a recusa em aceitar a informação de que não há


base clínica para os sintomas
Transtorno hipocondríaco

Convicção e o medo de doenças, preocupação


com o corpo.

Geralmente se iniciam na idade de adulto jovem.


A depressão, a esquizofrenia e os transtornos
de ansiedade devem fazer parte do diagnostico
diferencial

Evidência de distribuição familiar nestes transtornos.

Sintomas hipocondríacos podem compor o quadro de


Transtornos de ansiedade generalizada e depressões,
levando a uma piora de prognóstico destes doentes
Transtorno Somatoforme doloroso
persistente
Presença de dor grave e prolongada, para a qual não há nenhuma
explicação médica.
A avaliação criteriosa não revela qualquer patologia orgânica ou
mecanismo fisiopatológico que justifiquem a dor.
Em geral, não obedece à distribuição anatômica do sistema nervoso .
As queixas mais comuns são a lombalgia, a cefaléia, a dor facial
atípica e a dor pélvica crônica.
As causas deste transtorno presumivelmente são psicológicas, embora
as evidencias possam não estar aparentes.
Os pacientes tem longa historia de atendimento medico e cirúrgico.
A depressão moderada ou grave e o abuso de drogas e álcool também
estão freqüentemente associados.
A dor orgânica, por vezes, é difícil de ser diferenciada do transtorno
doloroso somatomorfo persistente, até porque não são mutuamente
excludentes.
A dor orgânica tem intensidade flutuante e é sensível a influencias
situacionais, emocionais, cognitivas, de atenção e de situação .
TRANSTORNOS DISSOCIATIVOS

Nestes Transtornos, existe uma perda do controle da consciência sobre


a memória, sensações e movimentos, em intensidade variável. A
ansiedade gerada pela dificuldade ou impossibilidade de enfrentar ou
resolver conflitos e problemas, de alguma forma é transformada em
sintomas.

São quadros desencadeados sobre uma personalidade pré-mórbida


predisposta e tem como sintomas mais comuns: amnésia estupor,
transe, possessão, disturbio de movimento e sensação (conversivo).

O diagnóstico de transtorno dissociativo deve ser feito na ausência


comprovada de doença física que possam causar os sintomas
apresentados pelo paciente.

O fator desencadeante psicológico deve estar presente, ainda que o


indivíduo possa negá-lo, e existe uma clara associação temporal entre
os referidos fatores causais e o aparecimento da sintomatologia.

A gravidade dos sintomas oscila de dia para dia, e mesmo dentro de


um mesmo dia, e também de entre os diversos examinadores.
Tratamento

O tratamento para estes transtornos se baseia numa eficiente


relação médico paciente, que evite manipulações e
intervenções desnecessárias.
Os fatores psicológicos devem ser bem esclarecidos ao
paciente.
Psicoterapia é de grande importância, tornando o prognóstico
mais favorável.
No caso de ocorrência de sintomas depressivos ou ansiosos,
um antidepressivo ou ansiolítico estão indicados, mas devemos
escolher os que tenham menos efeitos colaterais, pois estes
pacientes não têm muita tolerância e aderem pouco ao
tratamento.
Os hipocondríacos são os mais resistentes ao tratamento e os
que têm pior prognóstico.
O tratamento das condições dissociativas pode incluir
Neurolépticos de alta potência para acelerar a remissão dos
sintomas

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