Professional Documents
Culture Documents
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Conhecer aspectos históricos das línguas de sinais.
•• Compreender a Libras como a língua dos surdos brasileiros.
•• Conhecer os principais aspectos sintáticos e morfológicos da Libras.
•• Favorecer a difusão da Libras.
•• Conhecer classificadores em Libras.
PLANO DE ESTUDO
Não ouvir não impede o ser humano de adquirir uma língua nem de desenvol-
ver sua capacidade de representação, porém, faz o surdo criar uma maneira própria
de se comunicar, utilizando uma língua de natureza visomotora. No caso dos surdos
brasileiros, essa língua é denominada Língua Brasileira de Sinais (Libras) que, por sua
vez, será o tema central desenvolvido nestas aulas.
A língua de sinais é uma língua com condições de proporcionar não apenas a
comunicação efetiva entre os surdos como, também, a expressão de sentimentos; a
composição de poesias; a discussão filosófica, enfim, um idioma completo. Contudo,
apesar de sua complexidade, muitas pessoas erroneamente acham que a Libras consis-
te em mímicas. Assim, é válido ressaltar que há muitas as interpretações equivocadas
sobre as línguas de sinais, em geral, e sobre a Libras, em particular, principalmente
devido às suas características icônicas (uma representação da realidade, por ícones)
à forte influência da língua oral tanto na estrutura gramatical quanto lexical, são.
Pós-Universo 7
Esta disciplina não vai tornar você fluente em Libras, mesmo porque esse nem
sequer é o objetivo dessa Pós-Graduação. Entretanto, como se trata de um curso que
enfatiza a educação especial, a educação dos surdos também é contemplada e, con-
sequentemente, a Libras passa a ser um conteúdo obrigatório em qualquer curso
com essas características.
Assim, nossos principais objetivos ao longo dessas aulas e são: abordar aspectos
relacionados à Libras, sobretudo relacionado às suas características linguísticas, situar
sobre os estudos em torno desse tema, abordar aspectos fonológicos e linguísticos
dela, bem como tratar sobre os componentes não manuais e os classificadores utili-
zados na língua de sinais. Para isso, nestes estudos apresentaremos a Libras em seus
aspectos gerais e linguísticos, incluindo um importante elemento dessa língua: os
classificadores.
Pronto(a) para começar os estudos e as reflexões? Então, boa leitura e bons estudos!
8 Pós-Universo
Pós-Universo 9
fatos e dados
Em 15 de abril de 1929 foi fundado, na cidade de Campinas (SP), o Instituto
Santa Terezinha, a primeira escola do Brasil em regime de internato exclu-
sivamente para meninas surdas. Em 18 de março de 1933 o Instituto foi
transferido para a cidade de São Paulo e permaneceu até 1970 como inter-
nato feminino, quando então mudou o modelo e passou a funcionar em
regime de externato para meninos e meninas surdos. Existe até hoje, se
constituindo em modelo de escola bilíngue.
Fonte: MAZZOTTA (1996).
CARACTERÍSTICAS DA LIBRAS
Para legitimar a Libras como língua/idioma realizaram-se muitos estudos. Alguns
deles revelaram que as línguas de sinais eram verdadeiras línguas, pois possuem
léxico (vocabulário), semântica (gramática) e morfologia, isto é, regras para a criação
de novos sinais, preenchendo majoritariamente os requisitos que a linguística exigia
para línguas orais. Acrescenta-se que muitos estudos eram sustentados geralmen-
te na linguística contrastiva que faz a comparação entre duas ou mais línguas a fim
de identificar similaridades e diferenças estruturais entre as línguas. Essa compara-
ção é feita nos níveis fonológico, morfológico, sintático e semântico. Vejamos cada
um desses níveis na figura a seguir.
A Libras também possui suas unidades mínimas distintivas, os quiremas (que na língua
oral são os fonemas), que combinados produzem unidades significativas, os sinais,
que obedecem a regras para constituir frases, que combinadas produzem contex-
tos. Utilizamos aqui propositadamente a palavra contextos, porque a Libras é uma
língua falada e a palavra texto remete à produção escrita. Ao se estabelecerem com-
parações entre a língua portuguesa e a Libras, percebemos uma série de diferenças,
das quais destacamos no quadro a seguir.
Quadro 1: Diferenças entre a Libras e a língua portuguesa
1) A Libras é visual-espacial, e a língua portuguesa é oral-auditiva.
2) A Libras é baseada nas experiências visuais das comunidades surdas mediante as in-
terações culturais surdas, já a língua portuguesa se baseia em sons.
3) A Libras apresenta sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores. A língua por-
tuguesa possui sintaxe linear por meio de descrição para captar o uso de classificadores.
4) A Libras utiliza a estrutura tópico-comentário, em que o objeto direto é posiciona-
do na frente do sujeito, que é uma construção elaborada e perfeita para o português
brasileiro.
5) A Libras utiliza a estrutura de foco, ou seja, destaca a parte mais importante da conversa
por meio de repetições sistemáticas. Esse processo não é comum na língua portuguesa.
6) A Libras utiliza as referências anafóricas, isto é, sobre quem se está falando, mostrando
ou indicando pontos específicos no espaço, o que exclui ambiguidades que são pos-
síveis na língua portuguesa. Dito de outra forma, a Libras usa apontações para indicar
um referente e isso não a torna livre de ambiguidades como as existentes na língua
portuguesa.
7) A Libras não tem marcação de gênero, isto é, não tem sinais diferentes para femi-
nino e masculino. Na língua portuguesa o gênero é marcado (e às vezes redundante).
Exemplo: Exemplo: A MULHER é professora reforça o feminino.
8) A Libras atribui um valor gramatical às expressões faciais. As expressões faciais não
são importantes na língua portuguesa, apesar de poderem ser substituídas pela pro-
sódia, que significa a pronúncia correta das palavras com acentuação ou intensidade.
9) Coisas que são ditas em Libras não são ditas usando o mesmo tipo de construção
gramatical na língua portuguesa. Assim, às vezes uma grande frase é necessária para
dizer poucas palavras em uma ou outra língua.
10) A escrita da língua de sinais, denominada Signwriting não é alfabética.
Fonte: Elaborado pelas autoras.
É possível ressaltar que cada língua possui suas particularidades. No caso da dos
surdos, a linguagem ocorre por meio de sinais.
12 Pós-Universo
ESTRUTURA DA LIBRAS
A orientação das mãos (O) é importantíssima e diferencia o significado em pares
mínimos que possuem CM, M e PA iguais, como ajudar e ser ajudado; eu perguntar
e me perguntar, eu responder e responder para mim etc. O parâmetro O não apenas
é utilizado na flexão de verbos, como também para a marcação de negativas como
querer e não querer; gostar e não gostar etc.
Alguns estudiosos consideram ainda, como parâmetros da língua de sinais, as-
pectos não manuais, as expressões faciais e corporais que são muito utilizadas pelos
surdos para produzir informações linguísticas. No caso das línguas de sinais, as ex-
pressões faciais (movimento de cabeça, olhos, boca, sobrancelhas, bochechas) não
servem apenas para complementar informações, são elementos gramaticais que
compõem a estrutura da língua.
Nestes estudos vamos abordar aspectos históricos e fonológicos da Libras, elen-
cando os mais importantes para você se situar e aprofundar as pesquisas.
•• Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos. No caso de uma mão,
a articulação ocorre pela mão dominante.
ASPECTOS HISTÓRICOS
RELACIONADOS À LIBRAS
A comunicação com as mãos não se iniciou com os surdos nem é exclusividade
deles. De fato, a língua de sinais não começou com os surdos, pois, de acordo com
Vygotsky, os homens pré-históricos se comunicavam por meio de gestos e apenas
quando começaram a utilizar ferramentas, ocupando as mãos, é que começaram a
utilizar a comunicação oral. Portanto, antes de utilizarem a palavra, os seres humanos
utilizavam as mãos para interagir, demonstrando a naturalidade da comunicação por
sinais. Pode-se dizer que o processo inverso, isto é, a passagem da língua oral para a
manual foi reinventado pelo homem, sempre que necessário e não apenas no caso
dos surdos.
De forma pontual, Reily (2004) aborda a existência de diversas linguagens manuais
criadas em diferentes momentos da história para possibilitar a comunicação e a inte-
ração em situações em que a fala era inviável, proibida ou impossível em contextos
variados. Acrescenta ainda o sistema de códigos gestuais desenvolvido por mergulha-
dores de modo que pudessem se comunicar debaixo d´água, onde a fala é inviável.
Contudo, salienta que esses gestos carecem de treinos de modo que essas formas
de comunicação sejam assimiladas pelos mergulhadores a fim de garantir a segu-
rança no meio líquido (REILY, 2004).
No Brasil, Lucinda Ferreira Brito iniciou seus estudos linguísticos em 1982 sobre
a língua de sinais dos índios Urubu-Kaapor da floresta amazônica brasileira, após um
mês de convivência com eles. Documentando em filme sua experiência, constatou
que se tratava de uma legítima língua de sinais. Destaca-se que, no caso dos Urubu-
Kaapor, os ouvintes da aldeia “falam” a língua de sinais e a língua oral, evidentemente,
ao passo que os surdos se restringem à língua de sinais. Assim, os ouvintes da aldeia
se tornam bilíngues, já os surdos se mantêm monolíngues.
Pós-Universo 15
reflita
Ainda hoje, ouvintes tentam diminuir os surdos para que vivam isolados e
tendo de assumir a cultura ouvinte; ser “normal” para a sociedade significa
ouvir e falar oralmente. Os ouvintes não prestam atenção aos surdos que se
comunicam por meio da Libras. E você, o que pensa a respeito dos surdos?
Fonte: STROBEL (2008).
ASPECTOS LINGUÍSTICOS
DA LIBRAS: NOÇÕES
GERAIS
A Libras tem sua estrutura gramatical organizada a partir de cinco parâmetros que es-
truturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos: a Configuração da(s) mão(s)
(CM); o Movimento (M); o Ponto de Articulação (PA); a Orientação das mãos (O); e
os componentes não manuais, que são as expressões faciais e corporais. Nesta aula
vamos descrever brevemente os quatro primeiros – o último será tratado mais adiante.
Vale esclarecer que o alfabeto manual é um elemento que compõe a Libras. Contudo,
Libras não se restringe a tal instrumento, ou seja, não se resume a escrever as pa-
lavras utilizando o alfabeto manual. Este só é utilizado para nomes próprios ou
para palavras que ainda não possuem um sinal ou que não pode ser facilmente
representada por um classificador icônico. Portanto, em uma conversa em Libras
é possível utilizar o alfabeto manual em alguns momentos. Logo, um sujeito pode
fazer uso do alfabeto manual para soletrar alguma palavra como, por exemplo, um
nome próprio.
Pós-Universo 19
MOVIMENTO
O movimento (M) é um elemento importante na Libras porque participa ativamente
na produção do sinal e também dá graça, beleza e dinamismo à língua. As pessoas
ouvintes, ao usarem a língua de sinais, o fazem normalmente de maneira mais está-
tica. Isso ocorre porque o movimento, embora seja uma parte integrante da língua,
é realizado com mais propriedade pelos surdos, que são visuais, mais fluentes em
relação aos ouvintes e conhecem a língua profundamente. Sabe-se que associar à
produção do sinal aspectos como o movimento e as expressões não manuais não é
algo simples para os ouvintes. Essa habilidade exige muita competência e fluência
na língua, além de uma boa coordenação motora, domínio do movimento e orien-
tação no espaço. Para os ouvintes, usuários de língua oral-auditiva, tal domínio é
complexo, ao passo que os surdos adquirem essas habilidades com mais naturali-
dade e facilidade.
Chamamos a atenção para o fato de que para haver movimento é preciso haver
espaço. Logo, o movimento é indissociável do espaço. As variações do movimento
servem para diferenciar itens lexicais, como nome e verbo, para indicar a direcionali-
dade do verbo, por exemplo, o verbo olhar (e olhar para) e para indicar variação em
relação aos tempos verbais, como: olhe para, olhe fixo, observe, olhe por um longo
tempo, olhe várias vezes. Os movimentos se diferem pela direcionalidade, tipo e
orientação das mãos. Quanto à direcionalidade, podem ser: unidirecional (proibir e
mandar); bidirecionais (discutir, julgamento) e multidirecionais (incomodar, pesqui-
sar). Quanto ao tipo, podem ser retilíneos (encontrar, estudar); helicoidal (macarrão,
azeite); circular (brincar, preocupar), semicircular (surdo, coragem); sinuoso (Brasil,
navio) e angular (raio, difícil).
PONTO DE ARTICULAÇÃO
O ponto de articulação (PA) também é essencial para Libras porque se refere ao local
do corpo onde será realizado o sinal. Os sinais podem ser produzidos em quatro
pontos de articulação: tronco, cabeça, mão e espaço neutro e subespaços (nariz, boca,
olho etc.). Muitos envolvem um movimento indo de um ponto de articulação para
outro. Mesmo assim, cada sinal possui um único ponto de articulação, mesmo que
ocorra um movimento de direção. Se dois possuem a mesma configuração de mão
e o mesmo movimento, mas pontos de articulação diferentes, eles são diferentes. É
o caso dos sinais para amar, ouvir, aprender e laranja, que diferem entre si apenas
pelo ponto de articulação.
atenção
COMPONENTES NÃO
MANUAIS DA LIBRAS
Para além dos parâmetros estudados nos encontros anteriores, a Libras também é com-
posta por componentes não manuais, como a expressão facial e o movimento do corpo,
que muitas vezes podem definir ou diferenciar significados entre sinais. As expressões
não manuais envolvem movimento da face, dos olhos, da cabeça e do tronco. A ex-
pressão facial e a corporal podem traduzir alegria, tristeza, raiva, amor, encantamento
etc., dando mais sentido à Libras e, em alguns casos, determinando o significado de um
sinal. Vamos tratar aqui dos aspectos mais significativos associados a tais expressões.
APONTAÇÃO
A técnica de apontação é utilizada pela Libras. A apontação explícita envolve sujeitos
presentes próximos da conversa (apontação feita na frente do sinalizador direcio-
nada para a posição real do sujeito referido) e não presentes (apontam-se pontos
arbitrários no espaço). Todos os sujeitos referentes estabelecidos no espaço ficam à
disposição do discurso para ser referidos novamente.
Essa técnica é bastante utilizada para designar pronomes pessoais do caso reto
– eu, tu, ele(a), nós, vós e eles(as) – mas não se restringe a eles.
Tipos de frases
As frases em Libras, a exemplo da língua portuguesa, podem ser afirmativas, excla-
mativas, interrogativas e negativas. Como não existe entonação (ou modulação) em
Libras, que é o que especifica as diferenças entre esses tipos de frases na língua por-
tuguesa, são as expressões faciais e corporais que os caracterizam. Cada um deles
será representado pelas imagens subsequentes.
Assim, as expressões faciais são essenciais para determinar o tipo de frase. Em
frases afirmativas, a expressão facial é neutra. Para frases exclamativas, as sobrancelhas
devem ficar levantadas e acompanha um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se
para cima e para baixo. Já em frases imperativas, a ordem é dada pelo sinal convencio-
nal acompanhado de expressão séria ou zangada (exemplo: ordem “cale a boca”). No
caso de frases interrogativas, temos sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da
cabeça inclinando-se para cima e as estruturas interrogativas são constituídas a partir
das seguintes propriedades: os elementos interrogativos (o que, quem, como, onde
etc.) podem ser movidos para o final da sentença ou ser mantidos na posição original.
Pós-Universo 23
Há ainda as frases do tipo negativas que podem ser expressas de maneiras dis-
tintas: I) alterando o parâmetro movimento (por exemplo, ter e não ter) (imagem “a”
e “b”); e II) incorporando a expressão facial ao sinal sem alterar nenhum parâmetro.
Vejamos exemplos ilustrados que representam a maneira I e II das frases negativas.
Vale dizer que em qualquer tipo de negativa, a expressão facial é importante, como
sobrancelhas levemente franzidas. Nas frases negativas que alteram parâmetros, o
sinal já tem a negação (exemplo, ter e não ter); já na negação sem alterar nenhum
parâmetro, recorre-se ao gesto de balançar o rosto ou o dedo (significando não).
Para finalizar este estudo, outro aspecto importante para o qual é preciso chamar a
atenção é que sinais não são gestos! Estes são considerados traços paralinguísticos ou
extralinguísticos das línguas orais, isto é, movimento ou expressão que complementa
a palavra falada (como no caso da linguagem corporal, os gestos que um professor
utiliza para deixar mais claro o que deseja explicar para seu aluno) ou mesmo permite
que se tenha uma mínima comunicação, contextualizada e quase sempre referente
a coisas concretas, como a que ocorre entre pessoas que não falam a mesma língua.
No caso dos sinais, eles permitem expressar sentimentos, argumentos científicos, fi-
losóficos, políticos, literários, artísticos etc.
24 Pós-Universo
Pós-Universo 25
CLASSIFICADORES EM
LIBRAS
Neste encontro, vamos tratar de um tema muito significativo, que são os classifica-
dores (CLs) em Libras. Estamos nos referindo especificamente às estruturas visuais
que têm como característica a dimensão visual fortemente icônica.
Os CLs se referem a morfemas que existem em línguas orais e línguas de sinais.
Entre as primeiras, as línguas orientais são as que mais apresentam esses componen-
tes. Na língua portuguesa, os classificadores são letras que são afixadas às palavras
para indicar gênero (professor – professorA), plural (gato – gatoS) e grau (minina –
meninINHA), ou seja, tem a função de especificar melhor o que se está enunciando.
Esta também é a principal função dos classificadores nas línguas de sinais: tornar
mais claro o que se quer enunciar. No caso específico da Libras, o classificador visual
é um auxiliar da língua de sinais para determinar as especificidades e dar vida a uma
ideia ou a um conceito ou a signos visuais.
O classificador representa forma e tamanho dos referentes, assim como carac-
terísticas dos movimentos dos seres em um evento. Ele tem, portanto, a função de
descrever o referente dos nomes, adjetivos, advérbios de modo, verbos e locativos.
O termo classificadores (CLs) para esses “auxiliares”, importantíssimo no contex-
to das línguas de sinais, foi atribuído pela comunidade de linguistas para comparar
com as funções da língua falada ou oral e suas estruturas gramaticais. Para os pes-
quisadores surdos, essa estrutura gramatical da Libras ainda está à procura de uma
definição adequada para nomeá-la de acordo com as perspectivas viso-espaciais.
Para as línguas de sinais, a descrição e a reprodução da forma, do movimento e
da relação espacial do que se quer enunciar são fundamentais, pois torna mais claro e
compreensível seu significado. Essa é a principal função dos classificadores em Libras.
Na Libras, os classificadores são formas representadas por configurações de mão
que podem vir junto de verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito
ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Eles permitem tornar mais compreen-
sível o significado do que se quer enunciar e desempenham uma função descritiva,
podendo detalhar som, tamanho, textura, paladar, tato, cheiro, formas em geral de
objetos inanimados e seres animados etc.
26 Pós-Universo
EXEMPLOS DE CLASSIFICADORES
Que tal conhecermos exemplos de classificadores? Apresentamos a seguir alguns:
acordar/dormir, abraçar, casa e bebê. Acompanhe essas estruturas com dimensão
marcadamente icônica.
1. A Libras possui características que revelam sua legitimação. Ou seja, são indícios que
indicam que se trata de uma língua verdadeira. Com base nessas considerações, cor-
relacione a Coluna 1 com a Coluna 2.
a) A-B-C-D.
b) B-D-A-C.
c) C-A-B-D.
d) D-C-B-A
e) C-D-A-B.
atividades de estudo
a) A linguagem de sinais foi criada pelo povo surdo a fim de incluí-lo na sociedade.
b) Após o reconhecimento da Libras como língua oficial dos surdos brasileiros, ela
passou a ser de uso exclusivo das pessoas surdas.
c) É importante que os professores aprendam Libras para se comunicar com seus
alunos surdos.
d) Em pleno século XXI, a comunidade ouvinte ainda insiste que os surdos devem
assumir a cultura ouvinte e, assim, não reforça que o surdo aprenda Libras.
e) A comunicação com as mãos teve início com os surdos e é exclusividade deles.
3. Leia atentamente as frases a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s)
falsa(s).
a) F – V – V – F.
b) V – F – F – V.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – F.
e) V – V – V – F.
resumo
Este estudo aprofunda um pouco mais os conhecimentos sobre a Libras, com especial atenção
para aspectos relacionados às suas características linguísticas e fonológicas, além de apresentar
os componentes não manuais e os classificadores utilizados na língua de sinais.
Não se trata aqui de tornar o acadêmico fluente em Libras, pois, por se tratar de um idioma, é ne-
cessário um intervalo maior de estudos para aprofundar de fato os conhecimentos em torno da
Libras. Ademais, ressalta-se que praticar com frequência é essencial para aprender Libras, fato es-
sencial para a aquisição de qualquer idioma.
Alguns aspectos das línguas de sinais de maneira geral e da Libras em particular são tratados.
Primeiramente, a língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as orais e possui gramáti-
ca própria. Soma-se a isso o fato de que Libras é uma língua adaptada à capacidade de expressão
dos surdos brasileiros, devendo, portanto, ser conhecida pelo menos em seus aspectos funda-
mentais pelos professores. Além disso, as línguas de sinais não são iguais em todo o mundo e,
por comprovação científica, cumprem todas as funções de uma língua natural, apesar de que,
ainda assim, sofrem preconceito e são desvalorizadas diante das línguas orais, sendo considera-
das como uma derivação da gestualidade espontânea, como uma mescla de pantomima e sinais
icônicos. Por fim, a língua de sinais não é subordinada à língua oral majoritária do país, é comple-
tamente independente das línguas orais dos países onde são produzidas.
material complementar
Editora: Parábola
NA WEB
Apresentação: Para saber um pouco mais sobre Libras, uma boa indicação é conhecer o Dicionário
da Língua Brasileira de Sinais. A forma como está configurado permite movimento, o que facili-
ta a compreensão dos termos. Ele também apresenta exemplos e identifica a classe gramatical.
ALMEIDA, E. V. de; MAIA FILHO, V. Aprenda LIBRAS com eficiência e rapidez. Curitiba: Mãos
Sinais, 2010.
BRASIL. Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras
– e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 abr. 2002.
FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de Línguas de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1995.
GESSER, A. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da
realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.
MAZZOTTA, M. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996
QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2004.
SACKS, O. Seeing voices: a journey into the world of the deaf. New York: Harper Perennial, 1990.
STOKOE, W. Sign language structure: an outline of the visual communication system of the
American deaf. Studies in Linguistics: Occasional Papers, n. 8, 1960.
______. Sign language structure: an outline of the visual communication system of the American
deaf. J Deaf Stud Deaf Educ, v. 10, n. 1, p. 3-27, 2005.
STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. UFSC, 2008.
resolução de exercícios
1. b) B - D - A - C.
3. a) V – V – V – F.