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ASPECTOS GERAIS DA LIBRAS

Professoras: Dra. Clélia Maria Ignatius Nogueira


Esp. Marília Ignatius Nogueira Carneiro
Esp. Beatriz Ignatius Nogueira
Me. Beatriz Dittrich Schmitt
DIREÇÃO

Reitor Wilson de Matos Silva


Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi

NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Diretoria Operacional de Ensino Kátia Coelho


Diretoria de Planejamento de Ensino Fabrício Lazilha
Head de Produção de Conteúdos Rodolfo Pinelli
Head de Planejamento de Ensino Camilla Cocchia
Gerência de Produção de Conteúdos Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais Nádila de Almeida Toledo
Supervisão de Projetos Especiais Daniel F. Hey
Projeto Gráfico Thayla Guimarães
Design Educacional Marcus Vinicius Almeida da Silva Machado
Design Gráfico Victor Augusto Thomazini
Ilustração Bruno Cesar Pardinho

C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação


a Distância; NOGUEIRA, Clélia Maria Ignatius; CARNEIRO, Marília
Ignatius Nogueira; NOGUEIRA, Beatriz Ignatius; SCHMITT, Beatriz
Dittrich Schmitt.

Linguagem Brasileira de Sinais. Clélia Maria Ignatius
Nogueira; Marília Ignatius Nogueira Carneiro; Beatriz Ignatius Nogueira;
Beatriz Dittrich Schmitt.
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017.
33 p.
“Pós-graduação Universo - EaD”.
1. Libras. 2. Linguagem. 3. Sinais. 4. EaD. I. Título.
ISBN: 978-85-459-1123-4
CDD - 22 ed. 370
CIP - NBR 12899 - AACR/2

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação - Cep 87050-900
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sumário
01 09| LIBRAS? QUE LÍNGUA É ESSA?

02 13| ESTRUTURA DA LIBRAS

03 17| ASPECTOS LINGUÍSTICOS DA LIBRAS: NOÇÕES GERAIS

04 21| COMPONENTES NÃO MANUAIS DA LIBRAS

05 25| CLASSIFICADORES EM LIBRAS


ASPECTOS GERAIS DA LIBRAS

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
•• Conhecer aspectos históricos das línguas de sinais.
•• Compreender a Libras como a língua dos surdos brasileiros.
•• Conhecer os principais aspectos sintáticos e morfológicos da Libras.
•• Favorecer a difusão da Libras.
•• Conhecer classificadores em Libras.

PLANO DE ESTUDO

A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:


•• Libras? Que língua é essa?
•• Estrutura da Libras
•• Aspectos linguísticos da Libras: noções gerais
•• Componentes não manuais da Libras
•• Classificadores em Libras
INTRODUÇÃO

Não ouvir não impede o ser humano de adquirir uma língua nem de desenvol-
ver sua capacidade de representação, porém, faz o surdo criar uma maneira própria
de se comunicar, utilizando uma língua de natureza visomotora. No caso dos surdos
brasileiros, essa língua é denominada Língua Brasileira de Sinais (Libras) que, por sua
vez, será o tema central desenvolvido nestas aulas.
A língua de sinais é uma língua com condições de proporcionar não apenas a
comunicação efetiva entre os surdos como, também, a expressão de sentimentos; a
composição de poesias; a discussão filosófica, enfim, um idioma completo. Contudo,
apesar de sua complexidade, muitas pessoas erroneamente acham que a Libras consis-
te em mímicas. Assim, é válido ressaltar que há muitas as interpretações equivocadas
sobre as línguas de sinais, em geral, e sobre a Libras, em particular, principalmente
devido às suas características icônicas (uma representação da realidade, por ícones)
à forte influência da língua oral tanto na estrutura gramatical quanto lexical, são.
Pós-Universo 7

Esta disciplina não vai tornar você fluente em Libras, mesmo porque esse nem
sequer é o objetivo dessa Pós-Graduação. Entretanto, como se trata de um curso que
enfatiza a educação especial, a educação dos surdos também é contemplada e, con-
sequentemente, a Libras passa a ser um conteúdo obrigatório em qualquer curso
com essas características.
Assim, nossos principais objetivos ao longo dessas aulas e são: abordar aspectos
relacionados à Libras, sobretudo relacionado às suas características linguísticas, situar
sobre os estudos em torno desse tema, abordar aspectos fonológicos e linguísticos
dela, bem como tratar sobre os componentes não manuais e os classificadores utili-
zados na língua de sinais. Para isso, nestes estudos apresentaremos a Libras em seus
aspectos gerais e linguísticos, incluindo um importante elemento dessa língua: os
classificadores.
Pronto(a) para começar os estudos e as reflexões? Então, boa leitura e bons estudos!
8 Pós-Universo
Pós-Universo 9

LIBRAS? QUE LÍNGUA É


ESSA?
A língua de sinais foi mundialmente reconhecida como uma verdadeira língua na
década de 1960. Embora mais de 50 anos tenham se passado, no Brasil, mesmo
após a promulgação da Lei Federal no 10.436/2002 (BRASIL, 2002), ainda é necessá-
rio afirmar e reafirmar essa legitimidade. Mas por que insistir tanto nesta questão de
que Libras é uma língua? Afinal, o que isto significa? Língua e linguagem é a mesma
coisa? O surdo “fala” em Libras? Este é o tema da aula, e convidamos você a acompa-
nhar-nos nesta reflexão.
Por linguagem, designamos o sistema abstrato, articulado, fenômeno universal,
independentemente da situação cultural, que diferencia o ser humano das demais
espécies. A língua designa o sistema abstrato, articulado utilizado por um grupo ou
uma comunidade específica, por exemplo, a língua portuguesa. O modo particular e
individualizado de exercitar a língua é o que denominamos de fala. Bastos e Candiotto
(2007, p. 15) enaltecem que “a fala é o exercício material da língua levado a cabo por
este ou aquele indivíduo pertencente a uma comunidade linguística específica”. Para
esses autores, a linguagem é a capacidade de o ser humano se comunicar com os
semelhantes por meio de signos.
Considerando então só o que estabelecemos anteriormente, é possível admitir
que a Libras é uma língua, porque permite que a comunidade surda exerça sua ca-
pacidade de comunicação. Ainda mais: se a fala é o modo de um elemento de uma
comunidade linguística exercitar sua língua, o surdo fala em Libras. Mas, não foram
considerações simplistas como as que fizemos anteriormente que permitiram afirmar
que a Libras é uma língua. Para isso, necessitamos de uma sustentação científica que
teve início com os estudos descritivos do linguista americano William Stokoe em
1960. Antes disso, as línguas de sinais não eram vistas como uma língua verdadeira,
com gramática própria.
10 Pós-Universo

fatos e dados
Em 15 de abril de 1929 foi fundado, na cidade de Campinas (SP), o Instituto
Santa Terezinha, a primeira escola do Brasil em regime de internato exclu-
sivamente para meninas surdas. Em 18 de março de 1933 o Instituto foi
transferido para a cidade de São Paulo e permaneceu até 1970 como inter-
nato feminino, quando então mudou o modelo e passou a funcionar em
regime de externato para meninos e meninas surdos. Existe até hoje, se
constituindo em modelo de escola bilíngue.
Fonte: MAZZOTTA (1996).

CARACTERÍSTICAS DA LIBRAS
Para legitimar a Libras como língua/idioma realizaram-se muitos estudos. Alguns
deles revelaram que as línguas de sinais eram verdadeiras línguas, pois possuem
léxico (vocabulário), semântica (gramática) e morfologia, isto é, regras para a criação
de novos sinais, preenchendo majoritariamente os requisitos que a linguística exigia
para línguas orais. Acrescenta-se que muitos estudos eram sustentados geralmen-
te na linguística contrastiva que faz a comparação entre duas ou mais línguas a fim
de identificar similaridades e diferenças estruturais entre as línguas. Essa compara-
ção é feita nos níveis fonológico, morfológico, sintático e semântico. Vejamos cada
um desses níveis na figura a seguir.

Figura 1: Níveis componentes da língua


Fonte: Elaborado pelas autoras.
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A Libras também possui suas unidades mínimas distintivas, os quiremas (que na língua
oral são os fonemas), que combinados produzem unidades significativas, os sinais,
que obedecem a regras para constituir frases, que combinadas produzem contex-
tos. Utilizamos aqui propositadamente a palavra contextos, porque a Libras é uma
língua falada e a palavra texto remete à produção escrita. Ao se estabelecerem com-
parações entre a língua portuguesa e a Libras, percebemos uma série de diferenças,
das quais destacamos no quadro a seguir.
Quadro 1: Diferenças entre a Libras e a língua portuguesa
1) A Libras é visual-espacial, e a língua portuguesa é oral-auditiva.
2) A Libras é baseada nas experiências visuais das comunidades surdas mediante as in-
terações culturais surdas, já a língua portuguesa se baseia em sons.
3) A Libras apresenta sintaxe espacial incluindo os chamados classificadores. A língua por-
tuguesa possui sintaxe linear por meio de descrição para captar o uso de classificadores.
4) A Libras utiliza a estrutura tópico-comentário, em que o objeto direto é posiciona-
do na frente do sujeito, que é uma construção elaborada e perfeita para o português
brasileiro.
5) A Libras utiliza a estrutura de foco, ou seja, destaca a parte mais importante da conversa
por meio de repetições sistemáticas. Esse processo não é comum na língua portuguesa.
6) A Libras utiliza as referências anafóricas, isto é, sobre quem se está falando, mostrando
ou indicando pontos específicos no espaço, o que exclui ambiguidades que são pos-
síveis na língua portuguesa. Dito de outra forma, a Libras usa apontações para indicar
um referente e isso não a torna livre de ambiguidades como as existentes na língua
portuguesa.
7) A Libras não tem marcação de gênero, isto é, não tem sinais diferentes para femi-
nino e masculino. Na língua portuguesa o gênero é marcado (e às vezes redundante).
Exemplo: Exemplo: A MULHER é professora reforça o feminino.
8) A Libras atribui um valor gramatical às expressões faciais. As expressões faciais não
são importantes na língua portuguesa, apesar de poderem ser substituídas pela pro-
sódia, que significa a pronúncia correta das palavras com acentuação ou intensidade.
9) Coisas que são ditas em Libras não são ditas usando o mesmo tipo de construção
gramatical na língua portuguesa. Assim, às vezes uma grande frase é necessária para
dizer poucas palavras em uma ou outra língua.
10) A escrita da língua de sinais, denominada Signwriting não é alfabética.
Fonte: Elaborado pelas autoras.

É possível ressaltar que cada língua possui suas particularidades. No caso da dos
surdos, a linguagem ocorre por meio de sinais.
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ESTUDOS SOBRE LÍNGUA DE SINAIS


Os estudos de Stokoe (1960; 2005) mostraram que os sinais não eram apenas imagens,
mas símbolos abstratos complexos, com uma complexa estrutura interior. Stokoe
(1960; 2005) estabeleceu que cada sinal era composto por três parâmetros básicos:
a configuração das mãos (CM), o movimento das mãos (M) e o ponto de articula-
ção (PA) ou Locação (L), que é o lugar do espaço onde elas se movem. A partir da
década de 1970, foram aprofundados os estudos fonológicos sobre a língua de sinais
americana (American Sign Language) dos quais resultou a descrição de um quarto
parâmetro: a orientação (O). Um parâmetro básico ou primário são componentes de
uma palavra (no caso das línguas orais) ou de um sinal, que, se for alterado, altera o
significado da palavra ou sinal.
Gesser (2009, p. 15) atenta para o fato de que há elementos lexicais contrastes
que podem modificar o sentido das palavras. No caso das línguas orais, as palavras
pata e rata se diferenciam por um fonema (alteração da letra /p/ por /r/). Em Libras
isso também pode ocorrer, por exemplo nos sinais das palavras “grátis e amarelo
(que se opõem quanto à CM), churrascaria e provocar (diferenciados pelo M), ter e
Alemanha (quanto à L)”.
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ESTRUTURA DA LIBRAS
A orientação das mãos (O) é importantíssima e diferencia o significado em pares
mínimos que possuem CM, M e PA iguais, como ajudar e ser ajudado; eu perguntar
e me perguntar, eu responder e responder para mim etc. O parâmetro O não apenas
é utilizado na flexão de verbos, como também para a marcação de negativas como
querer e não querer; gostar e não gostar etc.
Alguns estudiosos consideram ainda, como parâmetros da língua de sinais, as-
pectos não manuais, as expressões faciais e corporais que são muito utilizadas pelos
surdos para produzir informações linguísticas. No caso das línguas de sinais, as ex-
pressões faciais (movimento de cabeça, olhos, boca, sobrancelhas, bochechas) não
servem apenas para complementar informações, são elementos gramaticais que
compõem a estrutura da língua.
Nestes estudos vamos abordar aspectos históricos e fonológicos da Libras, elen-
cando os mais importantes para você se situar e aprofundar as pesquisas.

ASPECTOS FONOLÓGICOS DA LIBRAS


Quadros e Karnopp (2004) apresentam uma análise linguística da Língua Brasileira de
Sinais. De acordo com esse estudo, alguns dos aspectos fonológicos da Libras são:

•• As línguas de sinais são visual-espaciais (ou espaço-visual), pois a informa-


ção linguística é recebida pelos olhos e produzida pelas mãos.

•• Os elementos mínimos constituintes da língua de sinais são processados


simultaneamente e não linearmente, como ocorre na língua oral.

•• Os articuladores primários das línguas de sinais são as mãos, que se movi-


mentam no espaço em frente do corpo e articulam sinais em determinadas
locações nesse espaço. Entretanto, os movimentos do corpo e da face
também desempenham funções.

•• Um sinal pode ser articulado com uma ou duas mãos. No caso de uma mão,
a articulação ocorre pela mão dominante.

•• Um mesmo sinal pode ser produzido pela mão esquerda ou direita.


14 Pós-Universo

ASPECTOS HISTÓRICOS
RELACIONADOS À LIBRAS
A comunicação com as mãos não se iniciou com os surdos nem é exclusividade
deles. De fato, a língua de sinais não começou com os surdos, pois, de acordo com
Vygotsky, os homens pré-históricos se comunicavam por meio de gestos e apenas
quando começaram a utilizar ferramentas, ocupando as mãos, é que começaram a
utilizar a comunicação oral. Portanto, antes de utilizarem a palavra, os seres humanos
utilizavam as mãos para interagir, demonstrando a naturalidade da comunicação por
sinais. Pode-se dizer que o processo inverso, isto é, a passagem da língua oral para a
manual foi reinventado pelo homem, sempre que necessário e não apenas no caso
dos surdos.
De forma pontual, Reily (2004) aborda a existência de diversas linguagens manuais
criadas em diferentes momentos da história para possibilitar a comunicação e a inte-
ração em situações em que a fala era inviável, proibida ou impossível em contextos
variados. Acrescenta ainda o sistema de códigos gestuais desenvolvido por mergulha-
dores de modo que pudessem se comunicar debaixo d´água, onde a fala é inviável.
Contudo, salienta que esses gestos carecem de treinos de modo que essas formas
de comunicação sejam assimiladas pelos mergulhadores a fim de garantir a segu-
rança no meio líquido (REILY, 2004).
No Brasil, Lucinda Ferreira Brito iniciou seus estudos linguísticos em 1982 sobre
a língua de sinais dos índios Urubu-Kaapor da floresta amazônica brasileira, após um
mês de convivência com eles. Documentando em filme sua experiência, constatou
que se tratava de uma legítima língua de sinais. Destaca-se que, no caso dos Urubu-
Kaapor, os ouvintes da aldeia “falam” a língua de sinais e a língua oral, evidentemente,
ao passo que os surdos se restringem à língua de sinais. Assim, os ouvintes da aldeia
se tornam bilíngues, já os surdos se mantêm monolíngues.
Pós-Universo 15

De acordo com Reily (2004), os indígenas do planalto americano também de-


senvolveram uma língua de sinais para estabelecer uma comunicação entre tribos
distintas, que não falavam a mesma língua, e precisavam de uma forma convencional
de comunicação. Assim, criaram, ao longo do tempo, um conjunto de sinais bastan-
te eficiente, com o qual conseguiam realizar alianças e comércios.

reflita

Ainda hoje, ouvintes tentam diminuir os surdos para que vivam isolados e
tendo de assumir a cultura ouvinte; ser “normal” para a sociedade significa
ouvir e falar oralmente. Os ouvintes não prestam atenção aos surdos que se
comunicam por meio da Libras. E você, o que pensa a respeito dos surdos?
Fonte: STROBEL (2008).

Um sistema de sinais também foi desenvolvido no período medieval por monges na


Europa, que faziam o voto do silêncio. Ainda hoje algumas comunidades de monges
comunicam-se por gestos em suas atividades cotidianas no mosteiro.
16 Pós-Universo
Pós-Universo 17

ASPECTOS LINGUÍSTICOS
DA LIBRAS: NOÇÕES
GERAIS
A Libras tem sua estrutura gramatical organizada a partir de cinco parâmetros que es-
truturam sua formação nos diferentes níveis linguísticos: a Configuração da(s) mão(s)
(CM); o Movimento (M); o Ponto de Articulação (PA); a Orientação das mãos (O); e
os componentes não manuais, que são as expressões faciais e corporais. Nesta aula
vamos descrever brevemente os quatro primeiros – o último será tratado mais adiante.

CONFIGURAÇÃO DA(S) MÃO(S)


As configurações de mãos (CM) têm sido coletadas pelos pesquisadores nas co-
munidades de surdos das principais capitais brasileiras. A configuração de mão é
o ponto de partida da articulação do sinal. Uma mesma configuração de mão pos-
sibilita a produção de vários sinais. Por exemplo, a
configuração mão em “L” está presente nos
sinais de televisão, trabalho, papel, educa-
ção e outros. Ferreira-Brito (1995) propõe
46 configurações de mão. Atualmente,
o dicionário digital de Língua Brasileira
de Sinais organizado pela Acessibilidade
Brasil ([s.d.]) apresenta 73 configura-
ções. Exemplificamos as configurações
de mão mediante aquelas que compõem
o Alfabeto Manual, conforme ilustração a
seguir.
18 Pós-Universo

Figura 2: Alfabeto Manual


Fonte: Shutterstock

Vale esclarecer que o alfabeto manual é um elemento que compõe a Libras. Contudo,
Libras não se restringe a tal instrumento, ou seja, não se resume a escrever as pa-
lavras utilizando o alfabeto manual. Este só é utilizado para nomes próprios ou
para palavras que ainda não possuem um sinal ou que não pode ser facilmente
representada por um classificador icônico. Portanto, em uma conversa em Libras
é possível utilizar o alfabeto manual em alguns momentos. Logo, um sujeito pode
fazer uso do alfabeto manual para soletrar alguma palavra como, por exemplo, um
nome próprio.
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MOVIMENTO
O movimento (M) é um elemento importante na Libras porque participa ativamente
na produção do sinal e também dá graça, beleza e dinamismo à língua. As pessoas
ouvintes, ao usarem a língua de sinais, o fazem normalmente de maneira mais está-
tica. Isso ocorre porque o movimento, embora seja uma parte integrante da língua,
é realizado com mais propriedade pelos surdos, que são visuais, mais fluentes em
relação aos ouvintes e conhecem a língua profundamente. Sabe-se que associar à
produção do sinal aspectos como o movimento e as expressões não manuais não é
algo simples para os ouvintes. Essa habilidade exige muita competência e fluência
na língua, além de uma boa coordenação motora, domínio do movimento e orien-
tação no espaço. Para os ouvintes, usuários de língua oral-auditiva, tal domínio é
complexo, ao passo que os surdos adquirem essas habilidades com mais naturali-
dade e facilidade.
Chamamos a atenção para o fato de que para haver movimento é preciso haver
espaço. Logo, o movimento é indissociável do espaço. As variações do movimento
servem para diferenciar itens lexicais, como nome e verbo, para indicar a direcionali-
dade do verbo, por exemplo, o verbo olhar (e olhar para) e para indicar variação em
relação aos tempos verbais, como: olhe para, olhe fixo, observe, olhe por um longo
tempo, olhe várias vezes. Os movimentos se diferem pela direcionalidade, tipo e
orientação das mãos. Quanto à direcionalidade, podem ser: unidirecional (proibir e
mandar); bidirecionais (discutir, julgamento) e multidirecionais (incomodar, pesqui-
sar). Quanto ao tipo, podem ser retilíneos (encontrar, estudar); helicoidal (macarrão,
azeite); circular (brincar, preocupar), semicircular (surdo, coragem); sinuoso (Brasil,
navio) e angular (raio, difícil).

ORIENTAÇÃO DAS MÃOS


A orientação das mãos (O) é a direção para a qual a palma da mão aponta na pro-
dução do sinal. É possível identificar seis tipos de orientações da palma da mão em
L: para cima, para baixo, para o corpo, para frente, para a direita e para a esquerda.
Também pode ocorrer a mudança de orientação durante a execução de um sinal,
como por exemplo, no sinal para montanha.
20 Pós-Universo

PONTO DE ARTICULAÇÃO
O ponto de articulação (PA) também é essencial para Libras porque se refere ao local
do corpo onde será realizado o sinal. Os sinais podem ser produzidos em quatro
pontos de articulação: tronco, cabeça, mão e espaço neutro e subespaços (nariz, boca,
olho etc.). Muitos envolvem um movimento indo de um ponto de articulação para
outro. Mesmo assim, cada sinal possui um único ponto de articulação, mesmo que
ocorra um movimento de direção. Se dois possuem a mesma configuração de mão
e o mesmo movimento, mas pontos de articulação diferentes, eles são diferentes. É
o caso dos sinais para amar, ouvir, aprender e laranja, que diferem entre si apenas
pelo ponto de articulação.

atenção

Cada país possui a sua linguagem de sinais. No Brasil a Língua Brasileira de


Sinais (Libras) varia de acordo com as diversas regiões do país. Na língua oral
há os diversos sotaques falados, e na Libras também há diferenças entre os
sinais e o alfabeto manual conforme o local.
Fonte: Elaborado pelas autoras.

Vimos nesta aula os aspectos linguísticos da Libras e a importância e características


de cada um no processo de comunicação. Não tratamos aqui dos componentes não
manuais – expressões faciais e corporais – que vão merecer um olhar minucioso em
nosso próximo encontro.
Pós-Universo 21

COMPONENTES NÃO
MANUAIS DA LIBRAS
Para além dos parâmetros estudados nos encontros anteriores, a Libras também é com-
posta por componentes não manuais, como a expressão facial e o movimento do corpo,
que muitas vezes podem definir ou diferenciar significados entre sinais. As expressões
não manuais envolvem movimento da face, dos olhos, da cabeça e do tronco. A ex-
pressão facial e a corporal podem traduzir alegria, tristeza, raiva, amor, encantamento
etc., dando mais sentido à Libras e, em alguns casos, determinando o significado de um
sinal. Vamos tratar aqui dos aspectos mais significativos associados a tais expressões.

APONTAÇÃO
A técnica de apontação é utilizada pela Libras. A apontação explícita envolve sujeitos
presentes próximos da conversa (apontação feita na frente do sinalizador direcio-
nada para a posição real do sujeito referido) e não presentes (apontam-se pontos
arbitrários no espaço). Todos os sujeitos referentes estabelecidos no espaço ficam à
disposição do discurso para ser referidos novamente.
Essa técnica é bastante utilizada para designar pronomes pessoais do caso reto
– eu, tu, ele(a), nós, vós e eles(as) – mas não se restringe a eles.

DIREÇÃO DO OLHAR E A POSIÇÃO


DO CORPO
A direção do olhar e a posição do corpo são importantes para estabelecer referências;
por exemplo, no sinal de “entregar para alguém”, o olhar acompanha o movimento da
mão ativa. Destaca-se que, para contar uma história, os ouvintes utilizam a modulação
da voz e a gramática durante a narrativa; já os surdos necessitam utilizar expressões
faciais e os movimentos do corpo atrelado às configurações de mão para criar uma
dinâmica semelhante a que o ouvinte produz com a cadência da voz (REILY, 2004).
22 Pós-Universo

Assim, percebe-se que os componentes não manuais, sobretudo as expressões


faciais, estabelecem a modulação em Libras. Ela usa também modulações de olhar
e expressões faciais-corporais para transmitir a intensidade do verbo apresentado e
sua significação no contexto. Então o verbo olhar, por exemplo, pode ser represen-
tado rapidamente para dizer que a pessoa apenas avistou ou observou longamente,
significando que a pessoa olhou com atenção.
Como exemplo, temos a fala de um surdo: “Menina não olhar igual eu olhar para
ela”. Aqui tem-se o verbo olhar usado duas vezes, o que tornaria o texto redundante
em língua portuguesa, mas correto na Libras. A intenção era de comunicar a distân-
cia entre o olhar indiferente da menina (aspecto pontual – sinal de olhar) e o olhar
apaixonado de seu admirador (sinal de olhar longamente), com isso o indivíduo usou
o mesmo verbo duas vezes, mas com modulação nos sinais.
Também temos as modulações de grau e de intensidade, pelas expressões faciais,
que podem ser consideradas gramaticais. Essas marcações são chamadas de marca-
ções não manuais. A sinalização é sempre acompanhada pela posição da cabeça, por
movimentos da cabeça, pela postura do corpo e, principalmente, pela expressão facial,
que podem indicar alegria, tristeza, raiva, amor e encantamento, entre outros sentimen-
tos, dando mais sentido à Libras e até mesmo determinando o significado de um sinal.

Tipos de frases
As frases em Libras, a exemplo da língua portuguesa, podem ser afirmativas, excla-
mativas, interrogativas e negativas. Como não existe entonação (ou modulação) em
Libras, que é o que especifica as diferenças entre esses tipos de frases na língua por-
tuguesa, são as expressões faciais e corporais que os caracterizam. Cada um deles
será representado pelas imagens subsequentes.
Assim, as expressões faciais são essenciais para determinar o tipo de frase. Em
frases afirmativas, a expressão facial é neutra. Para frases exclamativas, as sobrancelhas
devem ficar levantadas e acompanha um ligeiro movimento da cabeça inclinando-se
para cima e para baixo. Já em frases imperativas, a ordem é dada pelo sinal convencio-
nal acompanhado de expressão séria ou zangada (exemplo: ordem “cale a boca”). No
caso de frases interrogativas, temos sobrancelhas franzidas e um ligeiro movimento da
cabeça inclinando-se para cima e as estruturas interrogativas são constituídas a partir
das seguintes propriedades: os elementos interrogativos (o que, quem, como, onde
etc.) podem ser movidos para o final da sentença ou ser mantidos na posição original.
Pós-Universo 23

Há ainda as frases do tipo negativas que podem ser expressas de maneiras dis-
tintas: I) alterando o parâmetro movimento (por exemplo, ter e não ter) (imagem “a”
e “b”); e II) incorporando a expressão facial ao sinal sem alterar nenhum parâmetro.
Vejamos exemplos ilustrados que representam a maneira I e II das frases negativas.

(a) Ter (b) Não ter


Figura 3: Formas de expressar frases negativas
Fonte: ALMEIDA; MAIA FILHO; 2010, p. 73.

Vale dizer que em qualquer tipo de negativa, a expressão facial é importante, como
sobrancelhas levemente franzidas. Nas frases negativas que alteram parâmetros, o
sinal já tem a negação (exemplo, ter e não ter); já na negação sem alterar nenhum
parâmetro, recorre-se ao gesto de balançar o rosto ou o dedo (significando não).
Para finalizar este estudo, outro aspecto importante para o qual é preciso chamar a
atenção é que sinais não são gestos! Estes são considerados traços paralinguísticos ou
extralinguísticos das línguas orais, isto é, movimento ou expressão que complementa
a palavra falada (como no caso da linguagem corporal, os gestos que um professor
utiliza para deixar mais claro o que deseja explicar para seu aluno) ou mesmo permite
que se tenha uma mínima comunicação, contextualizada e quase sempre referente
a coisas concretas, como a que ocorre entre pessoas que não falam a mesma língua.
No caso dos sinais, eles permitem expressar sentimentos, argumentos científicos, fi-
losóficos, políticos, literários, artísticos etc.
24 Pós-Universo
Pós-Universo 25

CLASSIFICADORES EM
LIBRAS
Neste encontro, vamos tratar de um tema muito significativo, que são os classifica-
dores (CLs) em Libras. Estamos nos referindo especificamente às estruturas visuais
que têm como característica a dimensão visual fortemente icônica.
Os CLs se referem a morfemas que existem em línguas orais e línguas de sinais.
Entre as primeiras, as línguas orientais são as que mais apresentam esses componen-
tes. Na língua portuguesa, os classificadores são letras que são afixadas às palavras
para indicar gênero (professor – professorA), plural (gato – gatoS) e grau (minina –
meninINHA), ou seja, tem a função de especificar melhor o que se está enunciando.
Esta também é a principal função dos classificadores nas línguas de sinais: tornar
mais claro o que se quer enunciar. No caso específico da Libras, o classificador visual
é um auxiliar da língua de sinais para determinar as especificidades e dar vida a uma
ideia ou a um conceito ou a signos visuais.
O classificador representa forma e tamanho dos referentes, assim como carac-
terísticas dos movimentos dos seres em um evento. Ele tem, portanto, a função de
descrever o referente dos nomes, adjetivos, advérbios de modo, verbos e locativos.
O termo classificadores (CLs) para esses “auxiliares”, importantíssimo no contex-
to das línguas de sinais, foi atribuído pela comunidade de linguistas para comparar
com as funções da língua falada ou oral e suas estruturas gramaticais. Para os pes-
quisadores surdos, essa estrutura gramatical da Libras ainda está à procura de uma
definição adequada para nomeá-la de acordo com as perspectivas viso-espaciais.
Para as línguas de sinais, a descrição e a reprodução da forma, do movimento e
da relação espacial do que se quer enunciar são fundamentais, pois torna mais claro e
compreensível seu significado. Essa é a principal função dos classificadores em Libras.
Na Libras, os classificadores são formas representadas por configurações de mão
que podem vir junto de verbos de movimento e de localização para classificar o sujeito
ou o objeto que está ligado à ação do verbo. Eles permitem tornar mais compreen-
sível o significado do que se quer enunciar e desempenham uma função descritiva,
podendo detalhar som, tamanho, textura, paladar, tato, cheiro, formas em geral de
objetos inanimados e seres animados etc.
26 Pós-Universo

Muitos classificadores são icônicos em seu significado pela semelhança entre a


forma ou o tamanho do objeto a ser referido. Obedecem a regras de construção e
são representados sempre por configurações de mãos específicas associadas a ex-
pressões faciais, corporais e à localização, isto é, aos parâmetros da Libras. Apesar de
serem icônicos, não podem ser considerados como mímica.

EXEMPLOS DE CLASSIFICADORES
Que tal conhecermos exemplos de classificadores? Apresentamos a seguir alguns:
acordar/dormir, abraçar, casa e bebê. Acompanhe essas estruturas com dimensão
marcadamente icônica.

1 – Acordar; Abraçar Casa Bebê


2 – Dormir

Figura 4: Exemplos de classificadores


Fonte: ALMEIDA; MAIA FILHO, 2010, p. 63; 73; 86.

Essas são alguns poucos exemplos de classificadores, e há inúmeros outros inseridos


na Libras. Em comum, esses sinais apresentam muitas semelhanças com aquilo que
estão representando; todavia, não é mímica porque usa configuração de mãos, mo-
vimento, orientação, ponto de articulação e expressões não manuais.
O fato de a Libras utilizar classificadores icônicos e mesmo de possuir um grau
elevado de sinais icônicos não significa dizer que ela é mímica, pois “[...] a iconicida-
de é utilizada de forma convencional e sistemática” (FERREIRA BRITO, 1995, p. 108).
Além disso, nas línguas orais também estão presentes palavras com características
icônicas. “Podemos verificá-la no clássico exemplo das onomatopeias como pingue-
-pongue, tique-taque, zum-zum, cujas formas representam, de acordo com cada
língua, o significado” (GESSER, 2009, p. 24).
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Em uma interpretação ou aula, existem algumas palavras que não possuem um


sinal próprio; é aí que são usados os classificadores icônicos, ou que possuem se-
melhança com o que estão descrevendo. No contexto escolar, os classificadores
são importantes em todas as disciplinas, principalmente na Física e na Matemática.
Sabemos que para essas matérias muito dos conteúdos não têm sinais correspon-
dentes aos termos utilizados, mas a explicação pode ser compreendida se usarmos
os classificadores corretamente. A expressão facial e a corporal são muito importan-
tes para os classificadores.
Dito de outra forma, classificador é uma representação da L. que mostra clara-
mente detalhes específicos, permitindo a descrição de pessoas, animais e objetos,
bem como sua movimentação ou localização. Os classificadores são muito impor-
tantes, pois ajudam construir a estrutura sintática da Libras.
Chegamos ao final destes nossos encontros, nos quais pudemos ter acesso a di-
versas informações acerca das noções gerais da Língua Brasileira de Sinais. Vimos os
conceitos dela, bem como a forma como se estrutura e seus aspectos linguísticos.
Tratamos ainda de identificar os componentes não visuais da Libras e abordamos os
classificadores.
Certamente todo esse conteúdo será tanto mais relevante e útil quanto mais
nos apropriarmos dele por meio de estudos, pesquisas e leituras. Fica, portanto, esse
convite para um aprofundamento do tema, cuja importância é inegável para toda
a sociedade.
atividades de estudo

1. A Libras possui características que revelam sua legitimação. Ou seja, são indícios que
indicam que se trata de uma língua verdadeira. Com base nessas considerações, cor-
relacione a Coluna 1 com a Coluna 2.

Título: Níveis componentes da língua e suas características


Coluna 1 Coluna 2
(A) Fonológico ( ) Estuda a forma como as palavras são construídas
( ) Estuda o significado ou sentido das palavras dentro de
(B) Morfológico
uma organização textual
( ) Estuda os fonemas que são a menor unidade distintiva
(C) Sintático
da palavra
(D) Semântico ( ) Estuda como as palavras são organizadas em uma frase

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Em seguida assinale a alternativa que apresenta a sequência correta.

a) A-B-C-D.
b) B-D-A-C.
c) C-A-B-D.
d) D-C-B-A
e) C-D-A-B.
atividades de estudo

2. A linguagem de sinais é uma língua visual-espacial e amplamente utilizada pela co-


munidade surda. A seu respeito leia atentamente as alternativas a seguir e assinale
a alternativa correta.

a) A linguagem de sinais foi criada pelo povo surdo a fim de incluí-lo na sociedade.
b) Após o reconhecimento da Libras como língua oficial dos surdos brasileiros, ela
passou a ser de uso exclusivo das pessoas surdas.
c) É importante que os professores aprendam Libras para se comunicar com seus
alunos surdos.
d) Em pleno século XXI, a comunidade ouvinte ainda insiste que os surdos devem
assumir a cultura ouvinte e, assim, não reforça que o surdo aprenda Libras.
e) A comunicação com as mãos teve início com os surdos e é exclusividade deles.

3. Leia atentamente as frases a seguir e assinale V para a(s) verdadeira(s) e F para a(s)
falsa(s).

( ) No Brasil há um único alfabeto manual que é utilizado por todo o país.

( ) Para se comunicar por meio da língua de sinais, os surdos recorrem também


a expressões faciais.

( ) Na Libras as expressões faciais são utilizadas para a composição de frases ex-


clamativas, afirmativas, imperativas ou interrogativas.

( ) Os classificadores são uma particularidade apenas na linguagem de sinais e


não são adotados pelas línguas orais.

A seguir assinale a alternativa que representa a sequência correta.

a) F – V – V – F.
b) V – F – F – V.
c) F – F – V – V.
d) F – V – F – F.
e) V – V – V – F.
resumo

Este estudo aprofunda um pouco mais os conhecimentos sobre a Libras, com especial atenção
para aspectos relacionados às suas características linguísticas e fonológicas, além de apresentar
os componentes não manuais e os classificadores utilizados na língua de sinais.

Não se trata aqui de tornar o acadêmico fluente em Libras, pois, por se tratar de um idioma, é ne-
cessário um intervalo maior de estudos para aprofundar de fato os conhecimentos em torno da
Libras. Ademais, ressalta-se que praticar com frequência é essencial para aprender Libras, fato es-
sencial para a aquisição de qualquer idioma.

Alguns aspectos das línguas de sinais de maneira geral e da Libras em particular são tratados.
Primeiramente, a língua de sinais é tão natural e tão complexa quanto as orais e possui gramáti-
ca própria. Soma-se a isso o fato de que Libras é uma língua adaptada à capacidade de expressão
dos surdos brasileiros, devendo, portanto, ser conhecida pelo menos em seus aspectos funda-
mentais pelos professores. Além disso, as línguas de sinais não são iguais em todo o mundo e,
por comprovação científica, cumprem todas as funções de uma língua natural, apesar de que,
ainda assim, sofrem preconceito e são desvalorizadas diante das línguas orais, sendo considera-
das como uma derivação da gestualidade espontânea, como uma mescla de pantomima e sinais
icônicos. Por fim, a língua de sinais não é subordinada à língua oral majoritária do país, é comple-
tamente independente das línguas orais dos países onde são produzidas.
material complementar

Título: LIBRAS? Que língua é essa?

Autora: Audrei Gesser

Editora: Parábola

Sinopse: Este livro é leitura obrigatória para quem pretende conhecer


um pouco que seja do mundo surdo e dessa língua tão exótica, que é
a Libras. A própria autora, Audrei Gesser, insiste em dizer que muito do
que ela traz aos leitores é o óbvio, mas que ainda precisa ser dito. No
prefácio da obra, Pedro Garcez complementa, “[...] precisa ser dito para
que mais ouvintes tenham conhecimento do rico universo humano
que se faz nas línguas de sinais, com as línguas de sinais, e particular-
mente com a Língua Brasileira de Sinais, essa LIBRAS que nos toca de
perto, se soubermos escutar para vê-la”.

Título: Aprenda LIBRAS com eficiência e rapidez

Autores: Eden Veloso de Almeida e Valdeci Maia Filho

Editora: Mãos Sinais

Sinopse: Este livro apresenta uma forma didática de o leitor aprender a


Libras. A obra possui uma leitura fácil e por meio de imagens possibili-
ta que ele amplie seu vocabulário acerca da linguagem de sinais. Além
disso, vem acompanhada de materiais interativos por meio de CD-ROM.

NA WEB

Apresentação: Para saber um pouco mais sobre Libras, uma boa indicação é conhecer o Dicionário
da Língua Brasileira de Sinais. A forma como está configurado permite movimento, o que facili-
ta a compreensão dos termos. Ele também apresenta exemplos e identifica a classe gramatical.

Link: O dicionário virtual da Libras está disponível em: <www.acessobrasil.org.br/libras>.


referências

ACESSIBILIDADE BRASIL. Disponível em: <www.acessobrasil.org.br/libras>. Acesso em: 03 maio


2017.

ALMEIDA, E. V. de; MAIA FILHO, V. Aprenda LIBRAS com eficiência e rapidez. Curitiba: Mãos
Sinais, 2010.

BASTOS, C. L.; CANDIOTTO, K. B. B. Filosofia da Linguagem. Petrópolis: Vozes, 2007.

BRASIL. Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras
– e dá outras providências. Diário Oficial da União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 24 abr. 2002.

FERREIRA-BRITO, L. Por uma gramática de Línguas de Sinais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1995.

GESSER, A. Libras? Que língua é essa? Crenças e preconceitos em torno da língua de sinais e da
realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.

MAZZOTTA, M. Educação especial no Brasil: história e políticas públicas. São Paulo: Cortez, 1996

QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de sinais brasileira: estudos linguísticos. Porto Alegre:
Artes Médicas, 2004.

REILY, L. Escola Inclusiva: linguagem e mediação. Campinas: Papirus, 2004.

SACKS, O. Seeing voices: a journey into the world of the deaf. New York: Harper Perennial, 1990.

STOKOE, W. Sign language structure: an outline of the visual communication system of the
American deaf. Studies in Linguistics: Occasional Papers, n. 8, 1960.

______. Sign language structure: an outline of the visual communication system of the American
deaf. J Deaf Stud Deaf Educ, v. 10, n. 1, p. 3-27, 2005.

STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Ed. UFSC, 2008.
resolução de exercícios

1. b) B - D - A - C.

2. c) É importante que os professores aprendam Libras para se comunicar com seus


alunos surdos.

3. a) V – V – V – F.

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