You are on page 1of 5

SEMINÁRIO MAIOR ARQUIDIOCESANO DE BRASÍLIA NOSSA SENHORA DE

FÁTIMA
TURMA: 4º TEOLOGIA
CURSO: MORAL MATRIMONIAL
PROFESSOR: PE. EDUARDO PETERS
ALUNO: KENNEDY DOS SANTOS FERREIRA

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL


Amoris Laetitia do Santo Padre Francisco
Sobre o amor na família

Frente as frequentes mudanças na sociedade, a exortação Amoris Laetitia busca


lançar luz ante os dilemas que surgem com o pluralismo de opiniões alicerçado com um
relativismo onde tudo é possível. Luz essa que é extraída, sobretudo, do Evangelho e
desenvolvida pela doutrina católica ao longo da história da Igreja.

A obra está estruturada em nove capítulos. Dentro dos capítulos, basicamente o


Santo Padre tenta conjugar justiça e misericórdia.

1. À LUZ DA PALAVRA
2. A REALIDADE E OS DESAFIOS DAS FAMÍLIAS
3. O OLHAR FIXO EM JESUS: A VOCAÇÃO DA FAMÍLIA
4. O AMOR NO MATRIMÔNIO
5. O AMOR QUE SE TORNA FECUNDO
6. ALGUMAS PERSPECTIVAS PASTORAIS
7. REFORÇAR A EDUCAÇÃO DOS FILHOS
8. ACOMPANHAR, DISCERNIR E INTEGRAR A FRAGILIDADE
9. ESPIRITUALIDADE CONJUGAL E FAMILIAR

No primeiro capítulo, com a Palavra de Deus, o papa fala de Jesus que procura
lançar luzes às trevas humanas. Uma tentativa de iluminar os problemas nos quais a
família está envolta. Procura mostrar como homem e mulher se complementam. Os
frutos dessa união são os filhos. O papa mostra como essa história tem presente o
sofrimento. Mas ao mesmo tempo convida a um gesto de ternura, ou seja, a uma
capacidade de um se entregar ao outro, ou seja, dar a vida.
No capítulo segundo, o papa expõe os problemas e desafios da família na
atualidade. O bem da família faz uma sociedade boa. Há uma complexidade de
situações que podem comprometer a missão da família na sociedade, por exemplo, a
cultura da morte. Outro problema são as “novas” formas de relacionamento, a poligamia
etc.
O capítulo terceiro procura fixar o olhar em Jesus, que pode esclarecer a vocação
da família. A família é convidada a viver o Evangelho e anuncia-lo com o próprio
testemunho. Jesus além de recuperar a perspectiva original do matrimônio, realiza
plenamente o projeto divino. O texto de Mateus 19, 8 mostra tal restauração. O que
Deus uniu, portanto, o homem não pode separar. O concílio Ecumênico Vaticano II
promoveu a dignidade do matrimonio e da família na Gaudium et Spes 47-52. Chamou
a família de igreja doméstica na Lumen Gentium 11. Paulo VI na Humanae Vitae
ressaltou o seu vínculo. São João Paulo II definiu a família como “caminho da Igreja”
na Familiaris Consortio. Bento XVI na Deus Catitas Est afirma que o verdadeiro
matrimônio é sinal do relacionamento de Deus com seu povo. Todos esses documentos,
segue o papa, parecem mostrar que o matrimônio é sacramento e, por isso, não é apenas
um fenômeno social. Dessa maneira, se fala das sementes do Verbo, quer dizer, o
matrimônio sacramental está dentro do plano de Deus, mesmo quando às vezes esse
plano é “burlado”, se é que isso seja possível, pela liberdade humana. Estando no plano
de Deus e sendo ícone da comunhão trinitária, o matrimônio deve estar aberto à vida.
Assim, família e Igreja podem fazer do mundo um lugar divinamente humano.
O capitulo IV exorta como o amor entre os cônjuges deve estar presente na vida
do casal. Assim, usando o hino à caridade de São Paulo, o papa relaciona os aspectos ali
encontrados com a vida conjugal, bem como a necessidade de viver os valores
emanados, por assim dizer, da caridade. Paciência, atitude de serviço, a cura da inveja,
não ser arrogantes nem se orgulhar, amabilidade, desprendimento, não violência
interior, perdão, a alegria com os outros, a desculpa, confiança, espera, tudo suportar,
são características do amor conjugal. Isso produz um crescimento do casal. As coisas
dessa maneira são verdadeiramente comuns entre ambos. A vida se torna alegre e bela.
Mas para isso é imprescindível casar-se única e exclusivamente por amor. Assim, esse
amor vai se manifestar, crescer e ser testemunho para todos. E para manter esse amor, o
casal sempre recorrerá ao diálogo. É necessário um amor apaixonado. É preciso que as
emoções manifestem, de modo lícito, o amor que existe entre os cônjuges, mas também
se manifeste pelas renuncias à certos sentimentos e emoções. Por isso, é possível falar
da erótica do amor. Isso deve existir sem violência, nem manipulação, mas tudo de
acordo com o plano de Deus, que se manifesta pela santa doutrina católica. Aqui o
matrimônio e a virgindade se encontram. Tanto num estado, como noutro de vida, há de
se renunciar, mesmo às vezes quando algo é lícito. O amor deve transformar o casal de
tal modo que o vínculo se estenda no tempo.
O capítulo quinto mostra que esse amor precisa ser fecundo. Se o matrimônio é
de algum modo imagem da Trindade, o amor deve ser fecundo, pois Deus é semelhante
a Deus, que é fecundo. Por isso, deve estar aberto à geração de novas vidas. Devem
amar seus filhos e filhas. Mesmo aqueles que não podem ter filhos, devem procurar
outros meios de exercer essa fecundidade. O corpo eclesial pode ajudar na missão da
família. Ela deve ser um “grande coração cheio de amor”.
Capítulo VI, os desafios pastorais na atualidade. É imperativo procurar novos
caminhos. É preciso anunciar o Evangelho da família, ou seja, oferecer um testemunho
às famílias de que é possível ser imagem de Deus neste mundo. Por isso, é bom guiar os
noivos no caminho de Cristo, desde os primórdios. De tal modo que a preparação
próxima seja apenas um rememorar do que existe remotamente. Depois, há de ser ter
uma estrutura de acompanhamento nos primeiros anos do matrimônio. Esses são os
anos mais complicados, por isso, a paróquia deve ser o lugar dessa ajuda. É na paróquia
que pode se iluminar essas crises, angústias e dificuldades dos cônjuges. Isso fará com
que eles superem as crises e saiam mais fortes. É também na comunidade que se cura as
feridas do matrimônio. Nos casos extremos, a Igreja deve dar todo auxílio nas rupturas e
divórcios. Tudo isso com discernimento caso a caso. Deve-se também estar atentos aos
matrimônios mistos. Ainda mais numa sociedade tão plural. Finalmente, quando a
morte aparecer, será essa família bem estruturada que resistirá ao, talvez, o maior drama
da vida humana: a morte.
O capítulo sétimo reforça a educação dos filhos segundo os valores do
Evangelho. A família não pode renunciar a essa missão. Eles devem estar atentos para
que a escola realmente forme os filhos. Deve-se usar a sanção como estímulo para os
filhos. O sacrifício na formação não pode ser desproporcional ao que com isso se
ganhará. A família é a primeira escola da criança. Tanto na família, quanto na escola, os
jovens devem sim receber uma formação sexual cristã. Os pais são os primeiros
responsáveis pela transmissão da fé.
No capítulo oitavo o papa diz que, apesar de contrário à Lei divina, as rupturas
devem ser acompanhadas pela Igreja, que está de olho na fragilidade de seus filhos. É
preciso aplicar a lei da gradualidade no discernimento da Igreja. Há de se ter um
discernimento das situações irregulares, pois são muitos os casos. O papa convida a um
discernimento pessoal. Há ainda diversas circunstâncias que atenuam o juízo no
discernimento. Não é bom aplicar apenas as lei morais, mas no discernimento procurar
entender cada situação. Assim, será possível aplicar a lógica da misericórdia, sem,
porém, renunciar aos princípios da justiça.
No capítulo nono o papa fala da espiritualidade conjugal e familiar. Essa deve
estar embasada na comunhão sobrenatural, que por sua vez emana dá pela luz Pascal,
que une a família ao mistério da redenção. Esse amor que libertou a humanidade do
pecado é o mesmo amor que liberta os membros de uma família do egoísmo e faz com
que cada um se doe ao outro. Assim, todos são solícitos. O papa termina a Exortação
com uma Oração à Sagrada Família.

A exortação é muito válida em tempos tão “confusos”. O papa faz uma análise
da família no mundo atual de modo muito real. Busca lançar luzes em meio às trevas
que insistem em assombrar, não só a família, mas toda humanidade. A proposta do papa
é ousada, sobretudo no capítulo oitavo. A linguagem do papa é muito acessível, o que
pode gerar certa confusão, sobretudo por parte dos grandes teólogos. Mas o capítulo
oitavo parece estar dentro da doutrina católica, seja segundo a Escritura, Tradição ou
Magistério. O problema é que o caminho proposto pelo papa é, sem dúvida, o mais
difícil do ponto de vista doutrinal. Pois ele propõe um empenho dos pastores, sejam
bispos ou padres. Ainda mais, além do empenho, será necessário um profundo auxílio
da graça. Em outras palavras, uma vida de santidade por parte dos pastores. Outro
aspecto interessante é como o papa conjuga a misericórdia com a justiça. Isso é bastante
ambicioso. Quem mais conseguiu fazer isso foi Jesus. Depois alguns santos que
seguiram Jesus, conseguiram fazer o mesmo. Mas no geral, conjugar misericórdia e
justiça é um desafio milenar. No mais, o texto é muito bom e agradável de ler.
Por isso, para aqueles que gostam de um desafio, colocar em prática esta
exortação é algo extremamente empolgante, por isso, sua leitura pode produzir
abundantes frutos na vida pessoal e comunitária dos membros da Igreja.

You might also like