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Steve Wright
Steve Wright vive em Melbourne com sua parceira Rosa,os filhos Ginevra e Sean,
gato Tiger e cadela Bonnie. Ele trabalha na Caulfield School of Information Technology
[Faculdade Caulfield de Tecnologia da Informação] na Universidade de Monash, onde
leciona gerenciamento da informação. Seu primeiro livro Storming Heaven (2002) é
uma introdução ao operaísmo italiano, e seus interesses de pesquisa atuais são a
criação e utilização de documentos em movimentos sociais radicais.
Neste capítulo o Dr. Steve Wright, o acadêmico Marxista australiano,
desenvolve os temas que ele discutiu em seu livro Storming Heaven (2002),
relacionando a teoria italiana Autonomista/Operaísta e a influência dos
movimentos sociais na Itália a questões de educação popular. Ao fazer
referência ao que ele vê como contribuições distintas de autores como Antonio
Negri, Sergio Bologna e Mario Tronti, Steve discute a relação entre os Centros
Sociais italianos e as tradições associadas à pedagogia crítica e educação
popular. Steve foi entrevistado por Stephen Cowden em Londres, em novembro
de 2008.
SW: Essa ideia realmente diz respeito à relação entre pedagogia e atividade
política. Fiquei fascinado por ela quando descobri que alguns dos conselhistas
originais, como Otto Rühle (1874 – 1943), haviam sido educacionalistas. Muitas
das questões sobre as diferentes maneiras de aprender são paralelas ao
engajamento político, de maneira que em um extremo há a transmissão da
teoria do conhecimento, que talvez você conheça como Educação Bancária no
trabalho de Paulo Freire, onde o educador ou especialista detém todo o
conhecimento e de alguma maneira o compartilha com o aluno ou as vezes
não, e cria todos os tipos de problemas, especialmente ao manter uma relação
autoritária que reproduza a dependência. Mas também há tipos diferentes de
práticas educacionais, por exemplo, a noção de andaime e as maneiras pelas
quais se aceita que uma das partes saiba menos que a outra, mas que juntas
talvez aqueles que saibam mais no início possam apoiar a outra parte para que
ela possa aprender também – e até mesmo no processo de que ambas as
partes possam aprender, que como você disse, talvez seja algo central no
trabalho de Marx. E eu acho que os dois lados da atividade política e da
educação podem ser ligados parcialmente naquela noção de antecipação – a
classe trabalhadora somente pode ser o trabalho da própria classe
trabalhadora – juntamente à ideia geral de sobre como o educador deve ser
educado.
Eu nunca simpatizei com os tipos de esquerdismos comuns no final dos
anos 70 e no início dos anos 80 quando nos encontramos em Melbourne, os
que eram formas diferentes de Leninismo. Eles sempre implicaram em que
havia um pequeno grupo de pessoas detentores de algum tipo de verdade
revelada, as que sabiam mais que todos os outros, e então desde o início
estava implícito que os trabalhadores deveriam ser guiados, e que se algum
conhecimento fosse criado, o mesmo deveria mover-se em uma direção, do
especialista para o principiante. O principiante era sempre o trabalhador e o
especialista era sempre o político, e eu achava que isso era um problema.
SC: Uma das coisas sobre as quais você escreveu e discutiu em seu trabalho é
o movimento dos centros sociais italianos. Você poderia dizer algo sobre a
relação deles com o operaísmo, bem como sobre seu papel no ativismo político
e na educação política – o que estamos descrevendo como pedagogia?
SW: Não tenho tanta certeza o quanto os centros sociais são conhecidos na
Itália, mas há espaços semelhantes também na Espanha e na Alemanha, na
Holanda, Dinamarca e Estados Unidos, e até mesmo na Austrália
ocasionalmente. Na segunda metade da década de 70 havia novas gerações
de jovens, especialmente nas cidades italianas, que se frustraram com as
políticas leninistas que encontraram. Eles também encontraram o movimento
feminista que influenciou suas políticas. O que era interessante é que muitos
jovens então deixaram os principais grupos de extrema Esquerda, mas ao
invés de simplesmente deixar a política, o que muitas vezes ocorria de onde eu
venho, eles decidiram continuar trabalhando com seus amigos fora das
estruturas formais da extrema Esquerda. E, em geral, no processo eles
passavam a utilizar prédios abandonados em seus bairros como base para se
reunir com amigos, socializar, mas também tentar engajar a comunidade local
ou utilizar o espaço como base para campanhas políticas.
SC: Você poderia dar alguns exemplos dos tipos de campanha políticas que
foram geridas por alguns dos centros sociais?
Um dos outros livros mencionados na entrevista foi editado por Mark Cote,
Richard Day e Greig de Peuter (eds) (2007). Utopian Pedagogy. University of
Toronto Press, Toronto & Londres. Esse livro contém o artigo escrito por Borio,
Pozzi and Roggero 'Conricera as Political Action' e também uma entrevista com
Mariarosa Dalla Costa, 'The Diffused Intellectual: Women's Autonomy and the
Labour of Reproduction'.