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Folhetim

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O folhetim é uma narrativa literária, seriada dentro dos gêneros prosa de ficção e romance. Possui duas
características essenciais: quanto ao formato, é publicada de forma parcial e sequenciada em periódicos como nos
jornais e revistas; quanto ao conteúdo: apresenta narrativa ágil, profusão de eventos e ganchos intencionalmente
voltados para prender a atenção do leitor.[1]

O folhetim surgiu na França no início do século XIX. Foi importado para o Brasil logo depois, fazendo enorme sucesso
na segunda metade do século XIX. Eram publicados diariamente em jornais da capital do Império (Rio de Janeiro) e
jornais do interior, em espaços destinados a entretenimento.

As possibilidades eram infinitas ele buscava ilustrar com realismo e emoção a miséria da condição humana.
Apresentavam múltiplas opções de enredo: de assuntos frívolos a sérios, de conversas particulares a acontecimentos
políticos. Ao tratar de amenidades e da vida da classe média, o folhetim se aproximava do realismo literário. Também
realizava um registro da vida cotidiana típico do jornalismo, mas não com a pretensão de registrar a Verdade, mas
apenas de ser verossímil. Assim, despertou o interesse das camadas mais pobres pela leitura e colaborou com a
construção de uma nova identidade nacional urbana. Acelerou, ainda, a assimilação de modelos de comportamento
europeus, tais como o uso do veludo no vestuário, a disseminação do piano como instrumento doméstico e o
surgimento de saraus familiares.

Índice
Autores brasileiros
Apogeu e decadência
Herdeiros do Folhetim
Tentativa de retorno ao folhetim no Brasil
Ver também
Referências

Autores brasileiros
Autores brasileiros como José de Alencar, Machado de Assis, Manuel Antônio de Almeida, Lima Barreto e
Joaquim Manuel de Macedo tiveram obras suas publicadas em folhetins para depois serem editadas em livros. O
romance urbano A Moreninha de Joaquim Manuel de Macedo é considerado o exemplo de folhetim mais popular da
história do Brasil, tendo sido sucesso de vendas numa época em que a maioria da população do país ainda era
analfabeta.

Apogeu e decadência
No final do século XIX, o formato alcançou seu apogeu. Foi publicado à exaustão, como forma de aumentar a venda
dos jornais e auto-afirmar a presença do então novo veículo de informação. Apesar da boa demanda, o papel do
folhetim como disseminador de cultura de massa e entretenimento não sobreviveu ao surgimento do Rádio.
Herdeiros do Folhetim
O Rádio, por sua vez, também aproveitou-se da linguagem folhetinesca para auto-afirmar-se como veículo de
comunicação. Dramatizações de folhetins deram origem às radionovelas, e o sucesso gerou a demanda por autores do
gênero. Surgiram os primeiros grandes autores de radionovela, que anos depois migrariam para a produção televisiva.

A Televisão também deve sua afirmação como veículo de comunicação ao formato folhetinesco, na medida em que
usou da mesma estratégia que os jornais e o rádio para conquistar seu espaço. As telenovelas utilizam a linguagem
narrativa dos folhetins: técnica de utilização de ganchos ao final dos capítulos, abordagem de temas populares e
polêmicos. Esses acabaram se tornando pontos pacíficos de qualquer narrativa que se proponha popular e destinada
às grandes massas.

O Romance policial era publicado em periódicos jornalísticos no século XVIII e XIX, no século XX, passou a ser
publicado em revistas pulp e livros de bolso,[2] que herdaram características folhetinescas como o texto envolvente, o
papel de herói do detetive, a luta do bem contra o mal, a verossimilhança e atualidade informativo-jornalística. Além
disso, possui uma temática semelhante aos Faits divers e à cobertura policial.

Tentativa de retorno ao folhetim no Brasil


No Brasil, nos anos de 1940, sob o pseudônimo feminino de Suzana Flag, o escritor Nelson Rodrigues escreveu alguns
romances em formato de folhetim para os Diários Associados Chateaubriand. Com o primeiro folhetim; Meu destino é
pecar, o sucesso foi tal que os leitores acreditavam que Suzana Flag existia de verdade. Saboreando tal sucesso Nelson
escreve ainda: Escravas do Amor, Minha Vida, Núpcias de Fogo, O Homem Proibido e A Mentira. (Notas do editor:
Caco Coelho - Nova Fronteira- 2002)

No início da década de 1970, na tentativa de aumentar a venda da sua revista feminina "Grande Hotel", a Casa Editora
Vecchi lançou alguns folhetins traduzidos supostamente de autores franceses, sob os títulos: "Sublime Sacrifício"
(Mario D'Anconne - G.H. 1209 a 1236), Escrava de um Juramento (Geraldine Aubry - G.H. 1243 a 1270), Sepultada
Viva (Geraldine Aubry - G.H. 1270 a 1300) e ainda, "Expulsa na Noite de Núpcias" e ''O Inferno de um Anjo'', ambos
de (Henriette de Tremière -G.H. 1301 a 1343 / 1343 a 1384). As edições eram encartadas em fascículos na citada
revista que tinha edição semanal, depois a editora oferecia as capas para encadernação. Eram belos romances
açucarados endereçados aos adolescentes.(Fonte: Revista Grande Hotel enumeradas acima - Paulo Sena: detentor de
acervo com 04 destas obras completas e parte de Escrava de um Juramento)

Ainda nos anos de 1970, a antiga revista Capricho, aquela em antigo formato, publicava o folhetim Terra do Sol, da
novelista Janete Clair, em suas últimas páginas. A trama era bem ao estilo de suas novelas da TV. Continha fotos
coloridas com algumas cenas dos capítulos em evidência que eram belíssimas. Mais tarde, já no decorrer dos anos 80,
a revista Manchete encartava os fascículos de Nenê Bonet, também da divina criadora Janete Clair. Era uma trama
localizada no Rio antigo, trazendo à tona a época do glamour da Confeitaria Colombo. Depois este folhetim foi editado
em livro que, embora com edição esgotada, pode ser encontrado ainda em sebos espalhados pelo Brasil. (Paulo Sena -
Vivências de leitura e manuseio na época, e presença das obras que dão testemunho dos escritos de Janete Clair).

Ver também
Literatura
Pulp
Romance
Novela
Radionovela
Telenovela
Referências
Notas

1. Marlyse Meyer (1996). Folhetim: uma história. [S.l.]: Companhia das Letras. 60 páginas. 9788571645271
2. Roberto de Sousa Causo. «Mundo Pulp» (http://rscauso.tripod.com/mundopulp/index.html)

Web

Entrevista do jornal O Globo com Michael Connelly (http://oglobo.globo.com/blogs/prosa/posts/2011/08/27/micha


el-connely-livros-policiais-sao-uma-documentacao-social-401458.asp) (em português) O Globo

Bibliografia

SODRÉ, Muniz. A Narração do Fato: notas para uma teoria do acontecimento. Editora Vozes, 2009.

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