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XXIV ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DA SOLDAGEM,
XI CONGRESSO LATINO-AMERICANO e
V ÍBERO-AMERICANO DE SOLDAGEM
Fortaleza - CE
De 20 a 23 de Setembro de 1998
Américo Scotti(1)
Denis E. Clark(2
Eric D. Larsen(3)
RESUMO
Neste trabalho é apresentado os efeitos de diferentes níveis de oxigênio em Argônio industrial
sobre a taxa de fusão e propriedades do arco, tais como resistência elétrica e aquecimento
anódico. Soldas foram realizadas com eletrodo de aço inoxidável. Gráficos de corrente e
comprimento do arco em função da velocidade de alimentação foram traçados para
identificar os efeitos. Causas para o diferente comportamento dos gases são discutidas com
base na física do arco. Modelos estocásticos foram usados para validar as conclusões.
Concluiu-se que a mistura com 1%O2 apresenta pior resistência elétrica do que o Ar puro ou
a mistura com 2%O2, mas gera mais calor no ânodo do que o Ar com 2%O2. A mistura
Ar+2%O2 é a que apresenta a menor taxa de fusão para a mesma corrente e comprimento
de eletrodo. O comportamento variado destes gases é devido a uma complexa interação das
suas diferentes propriedades com os parâmetros de soldagem.
ABSTRACT
The effects of oxygen concentrations in Ar shielding gas on melting rate and arc properties,
such as electrical resistance and anodic heating, are presented. Welds were made with
stainless steel electrodes. Plots of current and electrode extension as a function of the wire
feed speed identified the effects. Causes for the distinct behaviors of the gases are
discussed in the light of the arc physics. Stochastic modeling was used to validate the
conclusions. Ar+1%O2 has poorer electrical resistance than pure Ar or Ar+2%O2. However, it
generates more heat at the anode than Ar+2%O2. Ar+2%O2 had the lowest melting rate for
the same current and electrode extension. The varied behaviors with these gases are due to
the complex interactions of their different properties to the welding parameters.
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1 - Introdução
É razoavelmente bem conhecido o emprego da adição de oxigênio no Argônio como
gás de proteção nas soldagens MIG de aço inoxidável. Além do efeito de crescer a emissão
de elétrons (estabilização do arco), através da formação contínua de óxidos na superfície
metálica, adições de até 2% são consideradas ativas sobre a transferência metálica, fluidez
da poça e molhabilidade do metal de base. O caráter oxidante da mistura gasosa, entretanto,
pode levar à alguma perda de elementos de liga do material da solda (compensável pelo
arame de alimentação), além de oxidar a superfície do cordão.
Entretanto, pouco se sabe sobre os efeitos colaterais do oxigênio, tais como sobre a
taxa de fusão. Desta forma, procurou-se estudar neste trabalho a influência que teores de
oxigênio normalmente encontrados em gases comerciais poderia ter sobre esta propriedade
operacional, assim como encontrar justificativas através das possíveis alterações das
propriedades físico-químicas do plasma.
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movimento de massa, forças eletromagnéticas, etc. Desta forma, uma macro análise do
problema parece ser mais eficiente, como a seguir.
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serem maiores quando a I é maior para Ar+1%O2 (lado esquerdo da curva) e mais curto
quando a I é maior para o Ind. Ar (lado direito da curva). Entretanto, não há uma disposição
definida em relação às diferenças de Celet (pode-se considerar que em média os eletrodos
apresentam os mesmos comprimentos para cada par de experimento). A oscilação do Celet
em torno da linha zero de diferenças pode ser justificada pela instabilidade típica do
comprimento de eletrodos em soldas em regime de transferência do tipo Globular ou Curto-
circuito.
Esta observação pode levar à conclusão de que, ao comparar Ind. Ar e Ar+1%O2 a
baixa Valim, o fenômeno que causa diferenças na corrente é dependente do valor absoluto
de Celet (que por sua vez é controlado pela Vref). O efeito do modo de aquecimento no
ânodo é esperado ser insignificante a baixas Valim, mesmo se α e β fossem diferentes, uma
vez que a corrente é baixa (veja Equação 3), sobrando o efeito das propriedades dos gases
para explicar as diferenças de corrente.
Com o auxílio da Figura 8, pode-se demonstrar que a corrente deve alterar-se para
manter o mesmo comprimento de arco, se dois gases com propriedades diferentes são
usados para soldar com os mesmos parâmetros de ajustes. Somente uma grande diferença
nos coeficientes da expressão para taxa de fusão poderia mudar este comportamento. A
questão, então, é como um mesmo gás pode ora se comportar como de melhores
propriedades e ora como de piores propriedades.
Inicia-se pela situação na qual o arco é mais longo (Celet mais curto, lado direito da
Figura 7). Se a Valim e o Celet são os mesmos, uma corrente mais alta apresentada pelo
Ind. Ar significa, de acordo com a Figura 8, que este gás tem melhores propriedades do que
o Ar+1%O2. Usando agora a situação em que os comprimentos de arco são curtos (longos
Celet, lado esquerdo da Figura 7), o gás que apresenta maior corrente é o Ar+1%O2.
Assumindo novamente não haver o efeito do calor na conexão anódica, esta observação
sugere uma inversão nas propriedades elétricas/térmicas/químicas destes dois gases nesta
faixa de Valim, isto é, a mistura Ar+1%O2 tornando-se a melhor.
Entretanto, outro fenômeno predominante pode estar agindo concomitantemente nesta
faixa de Valim. Para pesquisar esta possibilidade, o modo de transferência de cada par de
experimentos foi também colocado sobre o gráfico da Figura 7. Como esperado,
transferência por curto-circuito é mais provável acontecer em soldas com eletrodos mais
longos. Durante este tipo de transferencia, a corrente é conduzida parcialmente pelo arco e
parcialmente através do metal fundido, fato que pode afetar as características de resistência
do plasma (e/ou outras também bastante complexas, como tensão superficial do líquido,
facilidade de re-ignição do arco e características dinâmicas da fonte). Além disto, a corrente
média torna-se função da duração e freqüência dos curtos-circuitos, parâmetros de difícil
controle, mas certamente relacionado com o tipo de gás. Por isto, a variação em corrente
para a mesma Valim e comprimento de arco para diferentes gases pode também ser devido
às ocorrências de curto-circuito. Se for o caso, o efeito do curto-circuito não deve ser
predominante, pois não foi observado a mesma tendência na comparação entre Ar+2%O2 e
Ar+1%O2.
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Como pode ser visto na Figura 7, as estimativas da tensão para manter o arco aberto
apresentam-se com a mesma inclinação para os diferentes comprimentos de eletrodos (ou
comprimentos de arco). Entretanto, esta inclinação pode variar de gás para gás, como
mostra as linhas para o Ind. Ar. A diferença entre os valores estimados entre Ar+1%O2 e
Ar+2%O2 é muito pequena para eletrodos longos, mas um eletrodo curto com Ar+1%O2
demanda mais tensão do que com Ar+2%O2 para manter o mesmo comprimento de arco.
Ind. Ar também parece ser melhor condutor/emissor do que Ar+1%O2, mas as linhas dos
valores estimados destes dois gases se cruzam. Esta possibilidade foi prevista pela análise
acima.
Mas ainda não está claro o porquê da adição de oxigênio a 1% deteriorar esta
propriedade dos gás de proteção, enquanto uma adição de 2% aumenta a capacidade
novamente. Isto sugere que o Argônio tem um potencial de ionização menor do que os das
misturas com Oxigênio. Entretanto, o alto potencial de ionização alcançado nos teores de
2% pode compensar esta desvantagem através do crescimento da emissão catódica. Foi
também observado nos experimentos não haver a faixa de limpeza catódica ao lados dos
cordões feitos com gás contendo Oxigênio. Este fenômeno característico das soldas com Ar
puro mostrou-se reduzir com o aumenta da corrente. Como todas as soldas foram
realizadas com o mesmo volume, consequentemente a mesma largura da poça de fusão, a
largura da faixa de limpeza catódica torna-se um bom parâmetro para avaliar a emissão
catódica. E esta observação poderia explicar a existência dos pontos de interseção
mostrados na Figura 9; a baixas corrente, a emissão catódica prevalece sobre a resistência
elétrica, principalmente a arcos curto (arcos longos demandam mais da resistência elétrica)
Com relação ao calor gerado na conexão anódica, a determinação dos coeficientes da
Equação 3 parece ser a melhor forma de avaliar esta propriedade. A Tabela 4 apresenta os
coeficientes e índice estatístico resultantes da Análise de Regressão, enquanto a Figura 10
ilustra o comportamento estimado para cada gás a um dado comprimento de eletrodo (6
mm)
A pequena diferença entre Ind. Ar e Ar+1%O2 justifica a causa da não interferência
desta característica dos gases na análise comparativa entre estes dois gases. O maior
efeito induzido por altas correntes com Ar+2%O2 concorda com a justificativa para a redução
na diference entre Celet, quando este gás foi comparado com Ar+1%O2.
5 - Conclusões
Da análise baseada nas diferenças entre corrente para soldas com os mesmos
parâmetros de ajuste, as seguintes conclusões, relativas à soldagem MIG de aço inoxidável,
foram tiradas:
a) A mistura de proteção Ar+2%O2 apresenta melhor característica de resistência elétrica do
que a mistura Ar+1%O2, característica que lhe confere arcos mais longos (menores
comprimentos de eletrodos) e maior corrente de soldagem;
b) Ar+2%O2 gera menos calor na conexão anódica do que Ar+1%O2, característica
responsável pela redução da diferença no comprimento do eletrodo quando ambos gases
são usados à altas velocidades de alimentação;
c) O Argônio com grau de pureza industrial também apresenta menor resistência elétrica do
que a mistura Ar+1%O2, com as respectivas conseqüências sobre o comprimento do arco e
corrente. Entretanto, a baixos valores de velocidades de alimentação, a diferença desta
propriedade entre os dois gases parece diminuir ou até reverter.
d) A diferença entre o calor gerado no ânodo entre o Ar industrial e a mistura Ar+1%O2
parece ser pequena.
e) O Ar industrial e a mistura Ar+1%O2 apresentam similar taxa de fusão para uma mesma
corrente e comprimento de eletrodo, a qual é maior do que para a mistura Ar+2%O2.
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Entretanto, deve-se tomar cuidado, pois para o mesmos parâmetros de ajuste, estes gases
proporcionam diferentes comprimentos de arco, em função de uma complexa inter-relação
entre suas propriedades.
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Figura 1 - Forma e dimensão da junta Figura 2 - Critério para definir o Comprimento de Eletrodo (Celet) de
usada nos corpos de prova acordo com o modo de transferência, onde “d” é o diâmetro do eletrodo
Figura 3 - Diferenças de corrente entre soldagens com mesmo ajustes usando Ar+2%O2 e Ar+1%O2
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Figura 4 - Diferenças de corrente entre soldagens com mesmo ajustes usando Ar+1%O2 e Ind. Ar
Figura 5 - Diferenças de comprimento de eletrodo entre soldagens com mesmo ajustes usando Ar+2%O2 e
Ar+1%O2
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Figura 6 - Diferenças de comprimento de eletrodo entre soldagens com mesmo ajustes usando Ar+1%O2 e
Ind. Ar
Figura 7 - Gráfico mostrando a dependência da diferença de corrente das soldas com Ind. Ar e relação às
soldas com Ar+1%O2 em relação ao comprimento absoluto do eletrodo com o Ind. Ar, à diferença de
comprimentos dos eletrodos com ambos gases e ao tipo de transferência
Figura 8 - Características Estática de 2 arcos diferentes (Gás2 tem melhores propriedades do que Gás 1) para
o mesmo comprimento de arco (Celet1 = Celet2) e Valim.
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Figura 9 - Curvas estimadas de Característica Estática de Arcos com diferente gases, para dois
comprimentos de eletrodos diferentes (4 e 8 mm). Para calcular o comprimento de arco visível, subtrai-se o
Celet de 13 mm.
Figura 10 - Curvas de consumo para os três gases, para um comprimento de eletrodo igual a 6 mm
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