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A Técnica
Mística
(Estudo e excertos de dois famosos livros)
Introdução
Raymund Andrea foi Grande Mestre da AMORC da Jurisdição Britânica de 1921 até
1946. Teve uma missão muito difícil, pois sua atuação na AMORC se deu exatamente
durante os anos da Grande Depressão (crise econômica caracterizada pela queda no
consumo, na produção e no emprego) que marcou o fim dos anos 1920 e início dos anos
1930 da primeira metade do século XX, bem como aqueles que delimitaram a Segunda
Grande Guerra nos quais a Humanidade estava convulsionada pela maior dor de sua
história. Seu trabalho foi reconhecidamente gigantesco.
Como este texto foi elaborado sob a forma de excertos garimpados nos pensamentos
contidos nas obras aludidas, tive que, em alguns casos, proceder a pequenas edições.
Contudo, informo, como de hábito, que não alterei em absolutamente nada o
pensamento do autor. Os primeiros fragmentos foram extraídos de A Técnica do
Discípulo; em seqüência virão os da A Técnica do Mestre, pois achei conveniente fazer
esta inversão. Para concluir esta pequena introdução, vou acrescentar um terceiro
exercício aos dois anteriormente citados: a obediência. E alertar: há certos fragmentos
retirados do pensamento de Andrea que são totalmente contundentes e aparentemente
contraditórios. Portanto, não podem ser apenas lidos: é necessário que se faça uma
reflexão profunda sobre seus conteúdos, sobre o que há por trás das simples palavras.
Uma última advertência: aquele que transige consigo próprio patinará na Senda e não
chegará a lugar algum. Mas, se não condescender, ou se aprender a não condescender,
um dia gritará: VIVO NOVAMENTE.
A Técnica do Discípulo
Ordo Summum Bonum - A Técnica Mística - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
Um Mestre disse ao seu discípulo: — Você tem de se lembrar de que está agora em
uma Escola rigorosa e lidando com um mundo inteiramente diferente do seu.
O homem certo sabe que não pode passar para os níveis mais altos de consciência
sem enfrentar as exigências da ascensão.
Um espírito fraco e tímido, nutrido no colo macio das boas coisas da vida, sem se
ter exercitado nas virtudes cardeais da paciência e da compaixão, e nada sabendo do
antagonismo saudável que se mede contra forças contrárias, muito terá a superar e muito
a construir naquela personalidade que agora tem de se esforçar.
O neófito pode até dominar os outros à vontade nos Planos Físico e Mental se tiver
cultivado forças para este fim; mas não no Plano Espiritual. Neste ele requer uma força
maior e mais purificada; e esta força ele só conseguirá quando a voz censurável da
superioridade pessoal tiver sido calada pelo noviciado.
A Senda do oculto é individual, e cada degrau tem que ser aberto pelas próprias
mãos do discípulo e pisado pelos seus próprios pés.
necessário dar.
'Aquele que consegue conhecimento por certa intuição deita mãos sobre suas várias
formas com suprema rapidez e por ardente esforço de vontade.'
inspiração, e de menos valor para seus semelhantes do que um ser humano mediano.
Você pode passar sem simpatia humana, sem o calor da compreensão humana? Não
é literalmente necessário que se tenha de passar sem simpatia humana na Senda do
Discipulado; mas é verdade que muitas simpatias às quais o discípulo dá valor, e que
sigificavam muito para ele, serão eliminadas quando entrar no CÍRCULO INTERNO.
(Maiúsculas e grifo meus.).
Um discípulo não pode ocultar sua Luz por mais que se esforce... É esta vibração
silente e penetrante que estimula, por bem ou por mal, aqueles por entre os quais ele se
move.
Ser capaz de resistir é ter confiança. Nesta confiança baseia-se a técnica Rosacruz.
Os Divinos dão; Eles exigem que você também dê antes de ser um Deles.
O discípulo tem de ser capaz de ouvir todos, compreender todos e falar a todos.
O discípulo não fingirá saber o que não sabe para manter uma reputação de
Ordo Summum Bonum - A Técnica Mística - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
DISCÍPULO: Somente Deus será tua inspiração. Os filósofos serão teus pares. A
mais alta inteligência estará ávida para obedecer teus desejos. Os demônios não se
atreverão a aproximar-se do lugar onde estás; tua voz fá-los-á tremer nas profundezas do
abismo.
A Técnica do Mestre
Quanto mais avançamos em nosso trabalho oculto, mais desenvolvemos uma escala
inteiramente nova de valores, e abandonamos o julgamento da mente objetiva pelo
Monitor Divino, cuja Voz se torna mais clara e insistente à medida que A reconhecemos
e Nela confiamos.
A questão, para o aspirante, é saber o que lhe está revelando o Ser Interior. Sua
meditação deverá ser ativa em busca dessa finalidade. 'Procurai o guerreiro e deixai que
ele lute dentro de vós'.
Um Mestre não se distingue do comum dos homens, senão através de uma sutil
radiação magnética originária da intensidade de sua aura. É precisamente esta radiação
(porém em um grau menor) que caracteriza o homem que está magneticamente ligado
ao Mestre no Mundo Oculto da Força.
Ordo Summum Bonum - A Técnica Mística - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
'Um aspirante deve aprender a ver inteligentemente o interior dos corações dos
homens e de um ponto de vista absolutamente impessoal; de outro modo sua visão será
colorida.'
É preciso que o aspirante dedicado observe que o esforço que dedicou à ciência da
evolução, em vez de anular a personalidade, só a exaltará... Se ele não permitir essa
extensão e se dedicar à prática comum de negar realidade à sua personalidade, poderá
vir a renascer em um Plano mais elevedo, porém sem poder ou iniciativa, e sem o que
quer que seja de prático para oferecer aos demais... A personalidade deve ser conhecida
e utilizada como uma alavanca poderosa.
Só podemos construir sobre o que temos; só podemos comunicar aquilo que somos.
Ordo Summum Bonum - A Técnica Mística - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
O avanço na Senda equivalerá ao esforço pessoal; nunca será mais do que isso.
A experiência de vida deve ser procurada de todos os modos pelo aspirante, mas
deve ser destinada ao Ser Interior e por Ele interpretada.
impessoal.
Elimina toda a ambição. Põe a serviço de teu semelhante tudo o que tu tens, tudo o
que tu sejas. Remedia todos os casos que venham à tua esfera legítima de
desenvolvimento.
O silêncio austero dos Poderes Superiores não significa indiferença para com um
esforço persistente e bem orientado.
Novas faculdades não emergem na natureza não exercitada daquele que teme as
conseqüências da autodescoberta. Não existe um caminho fácil para a ascensão.
Disse o Mestre: 'O conteúdo do pecado e da fragilidade humana distribui-se por toda
a vida do homem que se contenta em ser um mortal comum. Porém, é reunido e
concentrado, por assim dizer, em um único período da vida de um discípulo — o
período da provação'.
'A regra de ferro — diz o Mestre — é que os poderes que alguém anseia obter sejam
adquiridos por ele mesmo... Mas ele não deve alimentar esse desejo de forma passional,
porque isso só serviria para impedir a sua realização'.
Não existe tempo no ocultismo. A eliminação do carma é fruto do acordo com uma
Lei interior que não está em nosso poder apressar ou retardar.
Disse o Mestre: 'Não é suficiente que nos imponhamos uma vida pura e virtuosa e
um espírito tolerante, pois isso é apenas bondade negativa — insuficiente para o
discípulo. Devemos conscientizar-nos de que podemos adquirir conhecimento espiritual
e, por conseqüência, força, que permitam aos fracos apoiar-se em nós e esclarecer as
lastimosas vítimas da ignorância sobre a causa de suas penas e ensinar-lhes como
remediá-las'.
Atenção: 'As negras hostes dos Irmãos das Trevas estão sempre prontas para
perturbar e ofuscar o cérebro do neófito'.
O Mestre adverte: 'Para descerrar os portões do mistério deveis não só viver uma
vida fundada na mais estrita probidade, mas aprender a discriminar a verdade da
mentira'.
Temos que fazer o ajuste... com tristeza ou com alegria... e emergir mais purificados
do fogo. 'Somente estando na disposição de vitoriar ou de perecer é que o místico pode
aspirar à conquista do seu objetivo'.
A maior parte dos que estamos na Senda somos hereges, e maiores hereges nos
precederam... Que o aspirante seja um herege, e que assim permaneça... O objetivo da
técnica é tornar o aspirante um artista espiritual possuído por uma consciência intuitiva
do processo interior. Dia virá em que a voz da crítica terá perdido o poder de o ferir,
porque o pensamento do aspirante uniu-se silenciosamente à finalidade Cósmica, na
qual não há variação nem sombra de desvios... 'Ele aceitou uma tarefa a que os demais
não estão obrigados'.
Um discípulo dos Mestres não consegue ocultar a Luz que traz consigo; por isso, o
mundo, embora não identifique nele a condição de discípulo, percebe [de alguma forma]
que ele é diferente do comum das pessoas... Ele se pauta por um código de ética e é
dirigido por leis estranhas e não reconhecidas pelos demais.
Observação Final
Disse Raymond Bernard: Na Via Iniciática prestigiosa que seguimos, as tentações
são numerosas, as quedas ocasionais e a dúvida periódica. Eu volto a acrescentar o que
afirmei na Introdução: Se a vaidade é o fator impeditivo número 1 de progresso, o
egoísmo é o fator número 1'. Tenho certeza absoluta de que, nesta vida, jamais tive um
pensamento ou um gesto egoísta. Se tive, não os identifico. Por outro lado, ainda que
rebelde por natureza, jamais fui misticamente desobediente ou insubordinado. Não
posso dizer o mesmo da acachapante vaidade. Tive que aprender da maneira mais
dolorosa a extirpá-la. Isso aconteceu da forma traumática e com desdobramentos há
mais ou menos dez anos (1995) entre 2:05 e 2:30 horas de uma determinada madrugada
em um quarto solitário de um apart-hotel no Rio de Janeiro. Um dia relatarei essa
experiência inesquecível que não desejo a ninguém que não esteja preparado para passar
por ela. Isto, se houver necessidade. A sensação é de que a morte chegou da forma mais
violenta e aterradora. Portanto, a melhor maneira é ir dominando conscientemente as
próprias misérias e não se esconder das sombras da alma para não ter que aprender tudo
de uma vez, de supetão, como ocorreu dolorosamente comigo. Não que eu me
escondesse de mim mesmo. Não. Nunca fiz isso. Apenas ignorava o quão ignorante eu
Ordo Summum Bonum - A Técnica Mística - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
era a respeito de minha própria ignorância e da minha vaidade inconsciente. Isso é mais
freqüente do que se possa imaginar. E, para concluir, estou absolutamente convencido
de que a pior forma de vaidade é a vaidade mística ou espiritual, porta de entrada para a
ação das trevas e dos seus quadrilheiros insones. Uma palavra: cuidado! Mas, se como
afirmei na Introdução, não há vaidade sem egoísmo e egoísmo sem vaidade, e se ambos
são irmãos univitelinos, certamente, além de vaidoso, devo ter sido também egoísta.
Hoje, com segurança, posso afirmar que esses desvios estão sob controle.
Acho que devo incluir nestas observações finais um pequeno comentário sobre o
karma. Muitas pessoas continuam a acreditar que o karma é irrevogável. Não é.
Simplesmente porque o karma não é uma punição, um decreto imutável. Se o karma é
criado por cada um de nós, ele pode ser alterado e cumprido das mais variadas formas.
E, conforme já analisei essa questão anteriormente, três são as formas básicas pelas
quais as experiências humanas se fazem: pela dor, pelo amor e pela compreensão.
Entretanto, a desejada Illuminação só poderá advir efetivamente pela via da
compreensão, na qual a experiência pessoal não pode ser substituída, subestimada ou ab-
rogada. O único problema com a compreensão é que, muitas vezes, recusamos o que
compreendemos, porque ou não temos a força interior suficiente para viver e operar
neste Plano de acordo com a compreensão compreendida, ou porque duvidamos do
concertamento dessa mesma compreensão e daquilo que compreendemos. Uma terceira
hipótese é não compreendermos mesmo porque ainda não possuímos os instrumentos
para compreender. Nossa vaidade e nosso egoísmo são mais poderosos do que nosso
desejo de viver em harmonia com a Eterna Luz. E chegamos mesmo a duvidar de que
possa haver a própria Luz Eterna e de que com Ela possamos nos harmonizar. Meu
sincero e fraterno desejo: que a paz possa ser conquistada por todos os corações.
Contendas só acarretam dores, doenças e sofrimentos. Acreditar, por outro lado, que as
presumidas e sucessivas encarnações acabarão por resolver as coisas é, no mínimo, uma
preguiça mística irrefletida e inconseqüente.
Sursum Corda!
O noviço busca...
Sursum Corda!
Sursum Corda!
Sursum Corda!
Obras de Referência
Websites Consultados
http://web.prover.com.br/nominato/888.htm
http://www.amorc.org.au/
http://aeterna.no.sapo.pt/lusophia/manuelpina/MP_Cavaleiro_Rosacruz.htm
http://www.scheib.net/school/238/imoire/
http://www.icicom.up.pt/blog/blogoscopio/arquivos/2003_12.html
http://www.eaglezen.com/mygal01.htm
Rodolfo
Ordo Summum Bonum - A Técnica Mística - Illuminatus R. D. Pizzinga, 7Ph.D.
NOTA:
(*) O Illuminatus Prof. Dr. Rodolfo Domenico Pizzinga, MD, FRC, é membro
da Ordem de Maat, Iniciado do Sétimo Grau do Faraó (Iluminados de Khem) e
Membro da Ordem Rosacruz, AMORC, desde 1969. É Mestre em Educação,
UFRJ, 1980. Doutor em Filosofia, UGF, 1988. Professor Adjunto IV (aposentado) do
CEFET-RJ. Consultor em Administração Escolar. Presidente do Comitê Editorial da
Revista "Tecnologia & Cultura" do CEFET-RJ. Professor de Metodologia da Ciência
e da Pesquisa Científica e Coordenador Acadêmico do Instituto de Desenvolvimento
Humano - IDHGE. Seu site, no qual apresenta várias dezenas de trabalhos, é o Pax Profundis: http://
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