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O primeiro contato do Rafael com o jiu-jitsu foi em novembro de 2000, treinando com o Mes-
tre Ricardo Godilho. Após nove anos de uma intensa rotina de treinos, graduou a faixa preta em
dez/2009. Paralelamente à carreira de atleta, cursou Educação Física e iniciou na carreira de
treinador em dezembro de 2008. Em dez/2011 deixou a carreira de atleta para se dedicar exclusi-
vamente à arte de treinar pessoas.
De lá para cá, foram inúmeros cursos, congressos, certificações internacionais. Em 2014 começa
a ministrar cursos e posteriormente aulas em Pos graduações. Rafael ainda publicou alguns arti-
gos científicos internacionais que foram a base da criação do seu sistema de treinamento MAMP
System para artes marciais.
TREINE VELOCIDADE.
SIMULE A COMPETIÇÃO.
DURMA BEM.
RAFAEL RIBEIRO
1 FAÇA UM BOM AQUECIMENTO NO INÍCIO DAS AULAS DE JIU-JITSU E ANTES DE
COMPETIR.
Grande parte das Artes Marciais passaram e ainda estão sofrendo um processo
de esportivização. Daí surgiu o termo MEC, Modalidades Esportivas de Combate.
Elas são divididas em 2 grandes grupos : as percussivas como Karatê, Muay Thai e
Taekwondo e as de submissão como Jiu-jítsu, Judo e Luta Olímpica. Ambas são basi-
camente definidas pelo contato. Portanto preparar o corpo pra tal tarefa é de extre-
ma importância.
A ciência tem avançado muito no estudo desse tema, visando melhorar o desempe-
nho dos atletas e previnir possíveis lesões. Antigamente acreditava-se, por exemplo,
que no início dos treinos ou de qualquer atividade, nós deveríamos alongar nossa
musculatura. Porém, com o desenvolvimento científico que vivemos, encontramos
diversas pesquisas que apontam a não mais necessidade de alongamentos estáticos
(esse que fazemos e ficamos parados na mesma posição) antes da atividade física.
Existem outras técnicas mais eficientes e vamos falar um pouco de cada uma delas.
Aquecimento RR
1 - Liberação Miofascial -> Essa técnica trabalha a liberação das tensões que a
fáscia exerce nos músculos e assim deixa o movimento mais solto e leve. Com uma
fáscia mais livre, você acaba usando mais a energia elástica e menos a contração do
músculo. Isso traz como benefício extra a menor produção de fadiga e consequente-
mente maior desempenho e menor risco de lesões.
2 - Mobilidade -> Trabalhar exercícios que tenham como objetivo mobilizar as ar-
ticulações e assim nutri-las através da produção de líquido sinovial. Esse trabalho
visa aumentar também o tamanho dos arcos articulares. O benefício são articula-
ções menos rígidas com maior amplitude de movimento e proteção contra as lesões
articulares. Faça 10 repetições de cada
Acetábulo - https://youtu.be/D05FuT2HLZs
Mobilidade de quadril - climber https://youtu.be/jL86_cp8ONo
Quadril ida e volta - https://youtu.be/VMf8Guqo3kE
Tripla extensão - https://youtu.be/pkvXN5YqBZ8
7 - Ativação central -> O toque final da preparação. Aqui a ideia é produzir velo-
cidade para termos a maior estimulação neural possível. Exercícios como saltos
pliométricos (execuções sucessivas e com rápido contato no solo) ou com estímulos
reativos e cognitivos (brincadeira de morto-vivo).
Drop : https://youtu.be/g_v-3zBW0iQ
Outro fim para essa estrutura de preparação do corpo são os dias de competição. É
bem comum os atletas não terem rotinas eficientes de preparação para o momento
da luta. Assim, é bem comum vermos situações onde parece que um dos adversários
nem entrou na luta. Enquanto o outro está a todo vapor. Um momento de descuido
no início, pode ser fatal para a mudança de curso de todo o combate. Essa sequência
pode e deve também ser usada antes de você entrar para competir.
Para finalizar esse item e deixar vocês mais craques ainda, tenho uma indicação bem
interessante de livro. Assim vocês irão saber um pouco mais sobre quais exercícios
usar :
Uma boa sugestão é você fazer um dia de rolas mais intensos, com menos tempo de
duração e mais de intervalo, e no outro dia realizar o contrário, combates mais lon-
gos, com menos intensidade e menor tempo de intervalo.
Isso é o que a ciência do esporte chama de polimento ou Tapering. Nessa fase você
precisa recuperar o seu corpo pra chegar muito bem na competição. Na verdade é
justamente o contrário do que muita gente faz, querendo dar um “gás” no final. O
que você tinha que treinar e trabalhar já foi feito. A ideia agora é fazer apenas al-
guns ajustes, e não exaurir o corpo para não chegar cansado e fadigado no dia mais
importante que é o da competição. Existem diversas maneiras de você fazer isso e
a mais fácil e eficiente é cortar pela metade a quantidade de treinos. Isso mesmo !
Diminua em 50% o volume de seu treino semanal. Por exemplo: Se você faz 6 treinos
por semana (1 por dia de segunda a sábado), faça apenas 3 treinos (segunda, quarta e
sexta) ou metade em cada um dos 6 treinos da semana (essa maneira é que eu mais
acredito pois mantém o seu corpo mais ativo).
4 ALINHE A PREPARAÇÃO FÍSICA AO QUE FAZ
EM CIMA DO TATAME
O seu treino de preparação física não pode ser um “concorrente” do seu treinamento
de Jiu-Jitsu, mas sim um trabalho integrado e complementar. Não dá para fazer um
trabalho bem feito sem levar em consideração esse aspecto. Caso isso aconteça, o
atleta poderá estar exposto a trabalhos concorrentes e assim aumentar as probabi-
lidades de lesões, Overtraining e perda de performance.
Tudo vai depender na verdade do calendário de competição ao qual você irá seguir.
Quando você estiver longe das competições, o trabalho físico deve ser mais forte e
para isso o volume e a intensidade nos treinos de tatame devem ser menores. A me-
dida que você se aproxima da competição essa relação deve ser trocada aos poucos.
Mais volume e intensidade nos tatames e treinos físicos mais focados em velocida-
de e com menor geração de fadiga.
Quem treina apenas de forma lenta acaba se tornando um atleta lento. Se o adver-
sário conseguir impor um ritmo acelerado no combate, por exemplo, é provável que o
atleta lento sofra em termos de “gás”. Isso se dá porque você acaba não estimulando
as fibras musculares de contração rápida no dia a dia de treino. Como a cultura do
treinamento das MEC é pautada no alto volume e no treino extenuante, ou seja, em
se treinar cada vez mais e mais, é humanamente impossível conseguirmos trabalhar
movimentos rápidos e intensos treinando assim. Esse tipo de mentalidade no traba-
lho está sempre gerando alta carga de fadiga e isso nos trará um deficit tanto ener-
gético quanto motor.
O que falei nos itens anteriores, vai lhe ajudar a chegar nesse estágio com outra
consciência. Já preparamos o corpo, controlamos a quantidade e a intensidade dos
treinos da semana, alinhamos a preparação física ao trabalho de tatame, treina-
mos de maneira específica e todas essas estratégias já irão lhe tornar mais rápido.
Você também pode incluir na sua rotina (junto aos treinos de Drills) treinos focados
especificamente na velocidade de um movimento, ou seja, desenvolver a capacidade
de gerar o golpe perfeito. Eu criei um modelo para desenvolver o golpe perfeito e o
chamo de Drill de Precisão.
Drill de Precisão RR
4 a 8 series de 6 repetições (escolha uma técnica e execute na maior velocidade e
pressão que conseguir) e 2 minutos de intervalo. Faça isso de 2 a 3 vezes por sema-
na, dentro do treino ou mesmo separado em outro momento.
Treinar com rapidez lhe tornará mais veloz. Assim você irá conseguir estar sempre
na frente do seu adversário em termos de ritmo, controle da velocidade, precisões
dos movimentos, tomada e assertividade nas decisões.
O modelo competitivo deve estar bem claro na cabeça daqueles que visam a com-
petição. Obviamente cada uma das MEC tem suas regras e sistemas de pontuações.
Para deixar o quadro mais complexo, em cada modalidade temos diferentes federa-
ções ou até mesmo distintos formatos de eventos onde cada qual possui suas regras
próprias. No BJJ por exemplo temos os moldes da IBJJF, da UAEJJ e também dos even-
tos como o ACB e o Spider. Cada um com o seu formato de tempo e regras específi-
cas. Portanto se torna de fundamental importância ter além do entendimento, uma
sessão de treinamento específico o qual simule as condições reais da competição
mais próxima.
Bom, se o objetivo é competir, então vamos trazer ao máximo essa sessão para o
mais próximo da realidade possível. Preste atenção nos seguintes pontos:
1. Os tempos reais de combate e de descanso
2. Treine com as pontuações valendo e de acordo com as regras ( de preferên-
cia com alguém arbitrando)
3. Número previsto de combates
4. Simulação de pessoas torcendo contra é um recurso válido para trabalhar
os quesitos emocionais (que influem diretamente no gás do lutador).
Após cada sessão de treino dessas, faça uma conversa e exponha o que cada um
fez de certo ou se cometeu algum equívoco tático/Tecnico. Ou seja, mais uma vez
o treino Teórico entrando em ação. É importante tudo isso estar em processo de
domínio e assim você aprende a dominar mais seu nível de adrenalina para estar no
estado ótimo de competição. Isso pode ser decisivo nos seus resultados. O aluno/
atleta aprende a usar melhor sua energia, prolongar seu “gás” e ser mais preciso na
maneira como busca a vitória. Falei sobre esse tema também na edição 263 da revis-
ta Graciemag (janeiro/2019).
8 DURMA
BEM
A educação do sono nos oferece algumas técnicas para usarmos no dia e dia e assim
melhorar essa eficiência. Vou listar aqui alguns delas :
1. Todo celular por exemplo tem uma função noturna (Night Shift) e você pode
deixar ativada para ir das 18 às 6 horas. Essa função emitirá uma luz mais
amarronzada e esse tipo de emissão visual fará o seu cérebro menos ativo.
2. Evitar refeições muito pesadas ou em muitas quantidades próximas às
horas de dormir.
3. Fazer um escalda pé -> Colocar os pés numa bacia de água morna por
alguns muitos
4. Treinos muito intensos, geralmente deixam o seu metabolismo mais acele-
rado e em muitas pessoas, se forem feitos próximo a hora de dormir, acarreta
na entrada e qualidade do sono.
5. Para essas pessoas, quanto mais longe da hora de dormir, melhor.
6. Evitar o uso de celulares, televisões ou aparelhos audiovisuais 2 horas antes do
horário que você estipula ser o ideal para dormir. De preferência a ouvir musicas
ou mesmo uma leitura com um tema leve.
7. Técnicas de respiração e meditação são uma boa opção. Caso não domine ne-
nhuma das duas, uma sugestão pode ser os conteúdos sobre o tema no YouTube
ou nos Apps de musicas como o Deezer e o Spotify.
Caso nada disso resolva aí recomendo que procure um especialista para avaliar me-
lhor e ver o que pode ser feito.
Essas são dicas simples e valiosas para você usar a partir de agora no seu dia a dia de treina-
mento. Eu as uso com todos os níveis de alunos, sejam eles esportistas recreacionais ou mesmo
profissionais de elite. Agora só depende de você, campeão.
Oss !