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A HISTÓRIA DO PAPEL - O segredo dos chineses

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http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-papel/historia-do-papel

Papiro: A planta sagrada dos egípcios

Hoje em dia, praticamente qualquer árvore pode ser utilizada para produzir a celulose de forma rápida,
econômica e sem provocar grandes danos ao meio ambiente. E a presença do papel no nosso dia-a-dia é
tão marcante que seria impossível imaginar a vida sem ele.

Mas nem sempre foi assim. Antes da invenção do papel, o homem teve que usar de muita criatividade
para se expressar por meio da escrita. Na Índia, por exemplo, eram utilizadas folhas de palmeiras. Os
esquimós usavam ossos de baleia e dentes de foca. Na China, os livros eram feitos com conchas e cascos
de tartaruga.

Tudo começou a mudar quando os egípcios inventaram o papiro e o pergaminho, por volta de 2200 a.C.
Por sinal, a palavra papel é originária do latim papyrus, nome dado a um vegetal da família Cepareas,
uma planta aquática existente no delta do Nilo. O mais interessante é que os egípcios consideravam
essa planta sagrada, porque sua flor lembrava os raios do Sol, divindade máxima para esse povo.

Produção artesanal

O processo de produção do papiro é relativamente simples. Primeiro, corta-se o miolo do talo da planta
em finas lâminas. Depois de secas em um pano, as lâminas são mergulhadas em água com vinagre, onde
permanecem por seis dias para eliminar o açúcar. Novamente secas, elas são colocadas em fileiras
horizontais e verticais, umas sobre as outras. Na seqüência, esse material é colocado entre dois pedaços
de tecido de algodão e vai para uma prensa por mais seis dias. Com o peso, as finas lâminas se misturam
e formam um pedaço de papel amarelado, pronto para ser usado.

Na verdade, o pergaminho era muito mais resistente, pois se tratava de pele de animal, geralmente
carneiro, bezerro ou cabra, e tinha um custo muito elevado. Muito da história do Egito foi transmitida
pelos rolos de papiro encontrados nos túmulos dos nobres e faraós. O mais incrível é que, apesar de sua
aparente fragilidade, milhares desses documentos chegaram legíveis e em bom estado até os dias de
hoje.

Chineses inventam o papel moderno


Provavelmente, o papel j€ existia na China desde o s•culo II a.C., mas o fato • que, segundo os
historiadores, foi um oficial da corte chinesa chamado T’sai Lun quem anunciou oficialmente a invenƒ„o,
no ano 105 d.C., comunicando sua descoberta ao imperador.

T’sai Lun fragmentou cascas de amoreira, pedaƒos de bambu, rami, redes de pescar, roupas usadas e
cal, para ajudar no desfibramento, em uma tina com €gua. Na pasta formada, submergiu uma f…rma de
madeira revestida por um fino tecido de seda. Essa f…rma coberta de pasta era retirada da tina. Com a
€gua escorrendo, surgia sobre a tela uma fina folha que era removida e estendida sobre uma mesa.

Essa operaƒ„o era repetida diversas vezes, e as novas folhas eram colocadas sobre as anteriores,
separadas por algum material. As folhas ent„o eram prensadas para perder mais €gua e posteriormente
colocadas uma a uma em muros aquecidos para a secagem. Essa t•cnica continua v€lida at• hoje.

Apesar da importante descoberta, a t•cnica foi mantida em segredo pelos chineses durante quase 600
anos. Nesse per†odo, o uso do papel estendeu-se pelos quatro cantos do Imp•rio Chin‡s,
acompanhando as rotas comerciais das grandes caravanas, mas a difus„o da fabricaƒ„o acontecia de
forma lenta.

Por volta do s•culo VI a.C. os chineses comeƒaram a produzir um papel de seda branco prˆprio para
pintura e para escrita. A ‰nica diferenƒa para a produƒ„o original era a mat•ria-prima utilizada.

Árabes acabam com monopólio chinês

Um pequeno incidente histórico iria acabar definitivamente com o monopólio chinês do papel.
Segundo os historiadores, árabes instalados na antiga cidade de Samarkanda, aos pés das montanhas
do Turquistão, aprisionaram dois chineses que sabiam como produzir papel e trocaram o segredo pela
liberdade dos prisioneiros, no ano 751 d.C.

A partir daquele momento, a difus„o do conhecimento sobre a produƒ„o do papel artesanal


acompanhou a expans„o muƒulmana ao longo da costa norte da Šfrica at• a Pen†nsula Ib•rica,
principalmente com o in†cio da produƒ„o de papel em Bagd€, em 795 d.C.

A t•cnica de fabricar papel evoluiu em um curto espaƒo de tempo com o uso de amido derivado da
farinha de trigo para a colagem das fibras no papel e o uso de sobras de linho, c‹nhamo e outras fibras
encontradas com facilidade para a preparaƒ„o da pasta.

Difusão pela Europa

Os primeiros moinhos papeleiros europeus foram instalados na Espanha, em Xativa e Toledo, em 1085
d.C. Quase simultaneamente, o papel foi introduzido na It€lia. Depois, em 1184, ele chegou Œ Franƒa e
ent„o, lentamente, outros pa†ses comeƒaram a estabelecer suas manufaturas nacionais. Desde essa
•poca, a produƒ„o do papel passou a ser industrial.

Com a descoberta da Am•rica, encontrou-se um papel semelhante ao papiro produzido pelos maias e
pelos astecas, chamado amatl. O processo de feitura difere do papiro, e o amatl • fabricado ainda hoje
na cidade de San Pablito, no M•xico.
Criação da imprensa aumenta demanda

Por volta do ano 1400, os livros, que eram escritos à mão, começaram a ficar cada vez mais acessíveis ao
público, aumentando consideravelmente o consumo de papel.

Mas escrever à mão era um processo lento e trabalhoso, tanto para elaborar o original de uma obra
como para reproduzi-la. Para isso, os chineses já haviam inventado a xilografia, técnica onde os sinais
gráficos eram esculpidos em relevo em pranchas de madeira e aplicados sobre o papel como se fossem
um carimbo.

Esse processo chegou à Europa e, em 1455, foi aperfeiçoado pelo alemão Johann Gutenberg (imagem
acima), que criou tipos móveis feitos de metal, os quais podiam ser reagrupados para imprimir textos
diferentes. Por essa razão, Gutenberg ficou conhecido como o "Pai da Imprensa". Sua descoberta
aumentou vertiginosamente o consumo de papel.

Em meados do século XVII, os holandeses conseguiram o progresso mais importante na tecnologia da


fabricação de papel. Para driblar o problema da falta de força hidráulica na Holanda, os moinhos de
papel passaram a ser acionados pela força dos ventos. No lugar dos moinhos de martelos, passaram a
ser utilizadas as máquinas refinadoras de cilindros, batizadas de "holandesas". Essas máquinas
refinadoras faziam, em apenas quatro ou cinco horas, a mesma quantidade de pasta que um antigo
moinho de martelo demorava 24 horas para produzir.

Do século XIX até os dias de hoje

Quando a fabricação de papel cresceu em volume, a procura pela matéria-prima passou a ser um sério
problema. Na época, eram usados sobretudo trapos velhos, mas as roupas disponíveis não eram
suficientes para atender à demanda e os soberanos proibiram as exportações.

Na busca de algo para substituir os trapos, Mathias Koops editou um livro em 1800 que foi impresso em
papel de palha. Em 1884, Friedrich G. Keller fabricou pasta de fibras, utilizando madeira pelo processo
de desfibramento, mas ainda juntando trapos à mistura. Mais tarde percebeu que a pasta obtida era
formada por fibras de celulose impregnadas por outras substâncias da madeira, a lignina.

Procurando separar as fibras da celulose da lignina, foram sendo descobertos vários processos: como o
processo sulfato (kraft), processo sulfito, processo de pasta mecânica e processo com soda. É
importante destacar ainda a invenção do papel couché, em 1860.

Evolução

A introdução das novas semipastas foi um importante passo na eclosão de novos processos tecnológicos
na fabricação de papel. O uso de máquinas mais velozes (1.200 metros por minuto) e o uso do eucalipto
(fibra curta) para a obtenção de celulose foram alguns dos aperfeiçoamentos mais importantes desta
evolução tecnológica.

A pasta de celulose derivada do eucalipto surgiu pela primeira vez em escala industrial no início dos
anos 1960, e ainda era considerada uma novidade até a década de 70. Hoje, a madeira de eucalipto é a
matéria prima mais utilizada na produção nacional de papel e celulose.

História do papel no Brasil

A primeira fábrica de papel foi instalada no Brasil entre 1809 e 1810 no Andaraí Pequeno, no Rio de
Janeiro, por iniciativa dos industriais portugueses Henrique Nunes Cardoso e Joaquim José da Silva.
Outra fábrica apareceu no Rio de Janeiro montada por André Gaillard, em 1837, e, logo em seguida, em
1841, teve início a de Zeferino Ferraz, instalada na freguesia do Engenho Velho.

Depois de muita pesquisa em seu laboratório, o português Moreira de Sá anunciou a descoberta do


papel de pasta de madeira. O primeiro produto impresso com esse método em sua fábrica foi um
soneto de sua autoria, dedicado a D. João VI e Dona Carlota Joaquina.

Durante a Segunda Guerra Mundial, surgiu um grande problema: o Brasil não podia contar com as
importações da celulose que vinham todas do exterior. Esse fato acabou por dar um novo impulso à
fabricação nacional, que foi obrigada a procurar alternativas para substituir a celulose.

Hoje em dia, praticamente qualquer árvore pode servir como matéria-prima, mas as mais utilizadas são
o vidoeiro, a faia, o choupo preto, o bordo e, principalmente, o eucalipto. Entretanto, dentre todas as
espécies de árvores utilizadas no mundo para a produção de celulose, o eucalipto brasileiro é a que tem
o menor ciclo de crescimento - somente sete anos.

Fonte: www.ksronline.com.br

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