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6 de Novembro de 2010

Assistencialismo versus Inclusão.


Ser autarca (independentemente do partido ou quadrante que se representa) é de facto uma
das actividades mais nobres, mas ao mesmo tempo das mais difíceis, da política. Da verdadeira
política, aquela que se reflecte directamente na vida das pessoas. Somos a face e a mão do
poder que está mais próxima dos cidadãos, que contacta com as pessoas, que tenta resolver
os seus problemas concretos. E, hoje, infelizmente, os problemas são muitos e alguns deles
são problemas novos. O que nos deveria obrigar a reflectir e a repensar as nossas respostas a
esses mesmos problemas. Mas, também infelizmente, nem todos se querem dar a esse
trabalho e preferem aplicar receitas gastas como se o mundo não avançasse.

A este propósito quero convosco partilhar uma experiência que vivi esta semana. Tenho o
dever de a partilhar com todos, apesar de alguma comunicação social presente ter dado
cobertura ao facto. Enquanto representante da CM de Vila Nova de Famalicão participei na
sessão de entrega de telemóveis a idosos pelo governo, através do Governo Civil de Braga, na
nossa Casa das Artes, no âmbito do Programa ISIM — Iniciativa Segurança Maior. No
momento, perante uma plateia maioritariamente preenchida por mulheres e homens seniores
do concelho, proferi algumas palavras. Palavras sobretudo de incentivo. Ao ser-lhes oferecida
um meio de contacto aconselhava-os a fazerem dele um uso activo. Que servisse para que se
ligassem cada vez mais ao mundo. Que os incentivasse a sair das suas casas, a envolverem-se
activamente no convívio e em momentos de partilha intergeracional, a usufruírem dos
inúmeros equipamentos em que podem praticar actividades físicas, cultivarem-se. Somos
contra a política dos coitadinhos; poder ter uma vida activa e preenchida é um direito de todos
e compete-nos trabalhar nesse sentido. A minha visão e a da CM de Famalicão é de uma
filosofia de acção que fomente, no campo social, práticas inclusivas.

Fugindo de qualquer pretensiosismo, pensava eu que, hoje, no Portugal de 2010 todos já


tivéssemos ultrapassado a lógica do assistencialismo e fôssemos a favor de políticas sociais de
inclusão. Já nem é uma questão política, é de bom senso. Enganei-me.

De imediato, no local, fui violentamente criticado. Por quem? Pelo Dr. Fernando Moniz,
também ele autarca e actual Governador Civil de Braga. Afinal ainda há quem defenda o
assistencialismo, miserabilista, que colhia frutos nos mais dependentes. Na exploração dos
mais dependentes.

O Governador Civil está a desvirtuar um programa que até partiu de bons pressupostos. Tal
desatino discursivo, um verdadeiro comício feito fora do sítio, prova-o. Não veio com papas e
bolos, mas com telemóveis. Mas, aqui, não há tolos.

Famalicão , que tem uma rede social que é elogiada em todo o país, construída por notáveis
exemplos de empreendedorismo social local, mereciam muito mais respeito. E o Distrito de
Braga também.

Será que a Ministra Helena André sabe disto?!

Paulo Cunha
Presidente da Comissão Política Distrital de Braga do PSD.
Vice-presidente e Vereador da Câmara de Vila de Nova de Famalicão.

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