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A condrodisplasia punctata é ligada ao X dominante (ou síndrome Conradi-Hünermann-
Happle; ver este termo) é caracterizada pela associação de membros assimétricos,
eritrodermia ictiosiforme lamelar e catarata que pode ser unilateral. A inteligência é normal.
A doença afeta predominantemente indivíduos do sexo feminino e é grave ou até mesmo
letal para os indivíduos do sexo masculino. Disponível em:
https://www.orpha.net/consor/cgi-bin/OC_Exp.php?Lng=PT&Expert=176
2
Descobri, recentemente, o dia do meu batismo: 20 de dezembro de 1998, a cinco dias do
Natal, na festa litúrgica de São Bernardo de Silos, monge beneditino.
3
É interessante notar que boa parte da minha família é formada por ex-católicos. É de uma
clareza monumental o desconhecimento que muitos católicos têm da sua própria fé, o que
os torna vulneráveis a qualquer um que possua uma argumentação minimamente razoável.
Conheci católicos que hoje são Testemunhas de Jeová ou Mórmons, por exemplo. Uma
vez, discutindo em um almoço com uma ex-católica, hoje, professora de um conceituado
seminário protestante no Nordeste, ela admitiu com orgulho que já foi católica. Quando
perguntei-a, num simples quesitonamento de catequese, quais eram os 7 sacramentos, ela,
com muita dificuldade, nomeou somente 3. Um amigo meu, protestante, que estava
presente neste dia, acabou tornando-se católico pouco tempo depois.
comunhão muito fortes. É triste constatar, contudo, que, tão logo admiti que não era
mais protestante muitos dos meus amigos que me mandavam mensagem com
frequência, sequer lembram de mim hoje (nem mesmo no dia do meu aniversário,
30 de maio, recebo uma ligação telefônica). O único que veio conversar comigo
depois da minha admissão na Igreja Católica foi o Pastor Dr. Marcus Throup,
reverendo anglicano que havia acabado de terminar seu doutorado sobre o
evangelho de São Marcos pela Universidade de Nottingham, na Inglaterra. Ele
questionou-me, com muito respeito, sobre minhas razões de ter abandonado a Igreja
Anglicana. Quando apresentei meu argumento a favor do papado4, retirado do livro
do Scott Hahn (ex-pastor calvinista converso ao catolicismo), o referido pastor
limitou-se a dizer que a sua divergência era histórica, não estritamente teológica, e
que os pastores protestantes pecaram por tratar o catolicismo de maneira superficial,
não munindo seus fiéis com um alimento sólido capaz de persuadi-los a não
abandonarem a fé reformada. Ele, então, convidou-me para tomar um açaí e nós
apenas trocamos impressões sobre o cristianismo brasileiro e suas perspectivas para
4
Scott Hahn descreve um debate informal que ele, na companhia de mais um amigo que
estava se convertendo ao catolicismo, tiveram com um famoso professor calvinista
chamado Dr. John Gerstner, o qual chamava a Igreja Católica de “sinagoga de Satanás”,
um teólogo calvinista formado em Harvard e com fortes convicções anticatólicas.
A certa altura, perguntou-me:– Scott, que suporte bíblico encontra você para o Papa?
– Doutor Gerstner, o senhor recorda como o Evangelho de Mateus enfatiza o papel de Jesus
como Filho de Davi e Rei de Israel, enviado pelo Pai para inaugurar o Reino dos
céus? Creio que Mateus 16, 17-19 nos mostra como Jesus estabeleceu esse Reino. Deu a
Simão três coisas: primeiro, um novo nome, Pedro(ou Pedra); segundo, o seu compromisso
de edificar a sua Igreja sobre Pedro; e, terceiro, as chaves do Reino dos Céus. É este terceiro
aspecto que me parece mais interessante. Quando Jesus fala das “chaves do Reino” está se
referindo a um importante texto do Antigo Testamento, Isaías 22, 20-22, onde Ezequias, o
herdeiro do trono real de Davi e rei de Israel nos tempos de Isaías, substitui o seu velho
primeiro-ministro, Chebna, por um novo, chamado Eliacim. Qualquer pessoa podia
perceber qual dos membros do gabinete real era o novo primeiro ministro, pois tinham-lhe
sido entregues as chaves do Reino. Ao confiar a Pedro “as chaves do Reino”, Jesus
estabelece o cargo de primeiro-ministro para administrar a Igreja como o seu Reino na
terra. Portanto, as “chaves” são um símbolo da missão e do primado de Pedro, para
ser transmitido ao seu sucessor; assim, foi sendo transmitido ao longo das épocas.
– Bom, não creio tê-lo ouvido antes. Teria que pensar sobre isso um pouco mais. Continua
com os outros argumentos.
Prossegui então descrevendo como a família da Aliança era o princípio central ou a ideia-
chave da fé católica. Expliquei Maria como nossa Mãe, o Papa como nosso pai, os santos
como nossos irmãos e irmãs, e as celebrações e dias de festa como festas de aniversário.
5
Marcus Throup. Reflexões sobre o cristianismo brasileiro por um filho adotivo, 2011.
6
Enquanto um padre passa por uma década de formação antes de ser ordenado, por duas
graduações (Filosofia e Teologia), boa parte das igrejas evangélicas têm um processo de
formação mais curto e em maior número, visto que não exigido dos protestantes a disciplina
do celibato para o presbiterado.
7
Citado em Kevin J. Vanhoozer. Autoridade bíblica pós reforma. Vida nova,
2017, p. 19.
Há protestantes que argumentam que esse número é menor, variando entre 8 e 9
denominações, mas isto não torna a questão menos problemática, pois, como pontua
Kevin Vanzoonher, famoso no meio protestante por seus livros:
8
Kevin J. Vanhoozer. Autoridade bíblica pós reforma. Vida nova, 2017, p.253-255.
9
Ibid, p.139
10
De modo que os Concílios e os Papas, ao longo dos 2000 mil anos da História
da Igreja, quando falando infalivelmente, jamais podem se contradizer.
11
No caso dos dogmas, por sua vez, somos (os católicos) obrigados a acolhê-los
diligentemente porque, ao contrário dos protestantes, nossa fé não se fundamenta
em juízos particulares, mas no juízo dos pastores, que são assistidos pelo poder do
Espírito Santo e, que, portanto, não se enganam. Conforme explica o padre Royo
Marín, "isso se dá porque não podemos ter certeza de que conhecemos e acolhemos
o autêntico testemunho de Deus a não ser pela luz profética (que ilumina somente
aqueles que recebem diretamente a divina revelação) ou pela proposição infalível
da Igreja". Essas proposições podem manifestar-se de dois modos: por uma
declaração solene de um Papa ou de um Concílio — a chamada declaração ex
cathedra — ou por meio do Magistério ordinário e universal — ou seja, o
ensinamento comum feito pelo Papa e pelos bispos reunidos a ele daquilo que é a
coisas não assim, não posso nunca afirmar uma verdade objetiva, visto que tudo
será um eterno empate: a minha interpretação contra a sua; ou, se preferir, a
interpretação da minha denominação contra a da sua. Os protestantes abominam a
ideia de magistério católico, mas, na prática, não vivem sem seus próprios
magistérios, o que os condenam a uma torre de babel infindável de interpretações
bíblicas. A situação já era tão confusa no século XVI que Calvino, Melâncton e
Cramner, queriam convocar um concílio para aplainar suas diferenças 12. Por não
conseguirem resolverem suas diferenças teológicas, os protestantes nem sempre
amaram os outros protestantes, seus próximos. Seria uma caricatura dizer que a
Eclesiologia Protestante é um “cada um por si”, embora muitas vezes não vá além
desse conselho de desespero13.
As discussões no meio protestante são acaloradas. Acusam uns aos outros
de heresia, dizendo: “você está errado com relação a tema x ou y, porque a Bíblia
diz em...”. Basta ver, por exemplo, a eterna discussão entre calvinistas e arminianos,
tão comum no meio protestante. Negam a interpretação alheia, com orgulho, certos
de estarem seguindo a “verdade” projetada a sua imagem e semelhança. Como
ironiza Chesterton, acertadamente:
Li, certa feita, sobre um episódio que bem revela o modus operandi que reina
no protestantismo. Em uma aula de doutorado, discutindo com seus alunos sobre
interpretação bíblica, o professor perguntou-os sobre o que acontecia nas suas
respectivas denominações quando as pessoas discordavam uma das outras sobre
interpretações bíblicas. Um aluno da Filipinas, rapidamente, levantou a mão e
respondeu: “Essa é fácil! Começamos uma nova Igreja!”15
Historiadores protestantes como Alister McGrath pensam que seja,
inclusive, mais acertado falar “protestantismos”, no plural, pelo fato de o
fé de sempre da Igreja: "quod ubique, quod semper, quod ab omnibus — o que [foi
crido] em todo lugar, sempre e por todos", diria São Vicente Lérins.
https://padrepauloricardo.org/blog/aparicoes-marianas-o-que-sao-e-qual-o-seu-
papel-na-vida-crista
12
Ibid, p.234
13
Ibid, p.296
14
- G. K. Chesterton. Hereges, p. 37.
15
Kevin J. Vanhoozer. Autoridade bíblica pós reforma. Vida nova, 2017, p. 42.
movimento protestante estar longe de ser algo homogêneo. Além disso, McGrath,
que é anglicano, prefere o termo “revolução” ao invés de reforma16. Meu amigo
Fábio Salgado, um ex-batista converso ao catolicismo, um dos que me
influenciaram bastante na minha própria conversão, foi na raiz do problema: com
as ferramentas disponibilizadas pelo protestantismo, é simplesmente impossível se
chegar a um conhecimento teológico objetivamente verdadeiro. Eis a sua
explicação:
16
Christianity's Dangerous Idea: The Protestant Revolution--A History from the
Sixteenth Century to the Twenty-First. HarperOne,2009, p.62-63.
17
Cativeiro Babilônico da Igreja. Martin Claret, p.15
18
Ibid, p.61
19
79. Não poderão os crentes verdadeiros cair do estado de graça, em razão das suas
imperfeições e das multas tentações e pecados que os surpreendem?
Os crentes verdadeiros, em razão do amor imutável de Deus e do seu decreto e pacto de
lhes dar a perseverança, da união inseparável entre eles e Cristo, da contínua intercessão de
estado de justificação diante de Deus, se você fizer uma pergunta a 100
evangélicos/protestantes de várias denominações, como batistas, Assembleia de
Deus etc., muitos irão discordar destas duas afirmações sobre batismo (infantil e
regenerativo) e sobre soteriologia (não é possível perder a salvação, conceito
também conhecido como perseverança dos santos). O próprio Fábio Salgado, a
quem já citei, enquanto protestante, negava a perseverança dos santos20. “Meus
dezessete anos no meio erudito protestante tornou claro pra mim: sola scriptura é
um eufemismo para “Sola ego”. O que quero dizer é que todo protestante tem sua
própria interpretação do que a Bíblia diz e, claro, ele acredita que a sua interpretação
é superior a de todo mundo. Cada um defende sua visão, assumindo (isso quando
não afirmando) que o Espírito Santo o guiou pessoalmente até aquela
interpretação21.”
Cristo por eles e do Espírito e semente de Deus permanecendo neles, nunca poderão total
e finalmente cair do estado de graça, mas são conservados pelo poder de Deus, mediante a
fé para a salvação. Disponível em:
http://www.monergismo.com/textos/catecismos/catecismomaior_westminster.htm
20
http://fabiosalgado.blogspot.com/2010/07/sobre-perseveranca-dos-santos.html
21
Testemunho de conversão de Robert Sungenis. Disponível em: Surprised By Truth: 11
Converts Give the Biblical and Historical Reasons for Becoming Catholic (English
Edition). Basilica Press, p.119.
22
Professor Olavo de Carvalho, no seu perfil do Facebook.
bíblia católica tem livro a mais, ou a protestante tem livros a menos, como queira23.
O Novo Testamento contém 27 livros tanto na Bíblia católica quanto na protestante:
ele se inicia no Evangelho de Mateus e termina no Apocalipse. O número de livros
do Antigo Testamento, contudo, é diferente. O cânon (lista) católico contém 46
livros e o protestante, 39. Neste, estão ausentes os livros de Tobias, Judite,
Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (Sirácida ou Sirac), I Macabeus e II Macabeus. Além
disso, faltam alguns fragmentos dos livros de Ester e de Daniel.
Os sete livros adicionais recebem o nome de
deuterocanônicos. A palavra "deuteros" vem do grego δευτεροσ e significa
"segundo". Eles são assim chamados pois, apesar de já constarem no cânon no
Concílio de Cartago, no século IV, só foram oficializados pelo Concílio de Trento,
no século XVI. Em verdade, eles já se encontravam na versão grega da Bíblia,
chamada Septuaginta, só não faziam parte do texto hebraico. A partir disto, no
século XIX, os protestantes decidiram abolir definitivamente os sete livros de seu
cânon24. Os protestantes argumentam que o cânon é uma lista falível de livros
infalíveis25. O ponto central é que o cânon é necessariamente extra bíblico. Além
disso, o conhecimento de quais livros compõem o cânon do Novo Testamento deve
ser infalível; se não, não há como saber com certeza se os livros que consideramos
realmente inspirados são inspirados. Além disso, esse conhecimento deve ser
vinculativo; caso contrário, os homens seriam livres para criar seu próprio cânon
personalizado contendo os livros que eles valorizam e os que eles desvalorizam.
Esse conhecimento também deve fazer parte da revelação divina; se não, é
meramente uma tradição de homens, e se assim fosse, os protestantes seriam
forçados a assumir a posição intolerável de defender um cânone de origem
puramente humana26.
23
Para uma argumentação densa sobre esse assunto, veja: Gary Michuta. Why Catholic
Bibles Are Bigger, 296p.
24
Gary Michuta no seu livro mostra que, por exemplo, na primeira versão das Institutas,
Calvino cita Baruc como inspirado.
25
Sola Scriptura: numa época sem fundamentos, o resgate do alicerce bíblico. Editora
Fiel, 2000.
26
Robert Sungenis (Editor) Not by Scripture Alone: A Catholic Critique of the Protestant
Doctrine of Sola Scriptura,1998,p.20.
1) Onde o "Sola Scriptura27" pode ser encontrado na Bíblia? Se é
verdadeiro que somente a Bíblia deve ser a nossa regra última para
normas referentes à fé e à prática, o princípio deve estar na própria
Bíblia.
2) Onde está na Bíblia quais são os livros inspirados que devem fazer
parte das Escrituras? Se o cânon da Bíblia, ou seja, quais livros devem
constar ou não entre aqueles inspirados, não está em lugar algum, como
você sabe que os evangelhos de Mateus, de Marcos, de Lucas e de João
são a Palavra de Deus, mas não o evangelho de Pedro ou de
Bartolomeu? Como você sabe que é o apocalipse de São João que deve
estar na Bíblia, e não o apocalipse de Tomé, de Estêvão ou de Tiago?
Como você saberia que é o texto de Atos escrito por Lucas que deve
estar na Bíblia, e não o texto de Atos de Barnabé, de André ou de Filipe?
27
Os protestantes costumam citar II Timóteo 3,16 para validar a sua doutrina (cf. Catecismo
de Westminster, ponto 3). Neste texto, o apóstolo afirma a necessidade das Escrituras,
falando que toda ela é útil para o ensino etc. . Ora, se eu digo que toda galinha tem asas,
isto não significa que só as galinhas as possuem. A situação para os protestantes torna-se
ainda mais delicada quando levamos em consideração o fato de, à época em que foi escrito
a carta paulina em questão, muitos livros do Novo Testamento ainda não tinham sido
escritos. Ou seja, São Paulo falava sobre os livros do Antigo Testamento, pois a idéia de
cânon de um Novo Testamento sequer existia no primeiro século. Além disso, as escrituras
atestam a necessidade de uma tradição oral em pé de igualdade com a palavra escrita (II
Tes 3, 6; II Tes. 2, 15; 1 Cor 11, 2). Para uma argumentação mais elaborada sobre este
tema, veja: Robert Sungenis. Not by Scripture Alone: A Catholic Critique of the Protestant
Doctrine of Sola Scriptura,1998,p.101-119
28
Fábio Salgado, post do seu Facebook.
Quantos aos chamados livros deuterocanônicos29, os protestantes
argumentam que estes nunca tiveram relevância, nem para Cristo30, nem para os
apóstolos31. Essas pessoas, ao que parecem, nunca leram um livro de apologética
católica, os quais desmentem toda essa conversa que só pegam os incautos. Em
Mateus 2232, Jesus é interpelado por pessoas que querem saber sobre o casamento
na eternidade. Ora, para os que já leram os deutorocanônicos, sabem que a história
usada pelos Saduceus para questionar Jesus vem do livro de Tobias33. Outro
clássico exemplo da presença dos deuterocanônicos na Bíblia é o que está escrito
em Mateus 1,23: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e Ele será
chamado de Emanuel”, que significa ‘Deus conosco’ ”. Isto é uma referência a
Isaias 7,14. O problema é que, na versão em hebraico, o que está escrito não é
“virgem”, e sim “jovem”. São Mateus usa virgem exatamente por estar usando a
Septuaginta34, tradução do antigo testamento para o grego, que era usada pelos
apóstolos. Lá, estavam presente os livros que os protestantes chamam jocosamente
de apócrifos. Se eu troco “virgem” por “jovem”, o dogma do parto virginal de Jesus
fica seriamente comprometido.
29
Para uma defesa católica sobre o assunto, veja: Rafael Rodrigues. Manual de Defesa dos
Livros Deuterocanônicos, 2013, 276p.
30
“Não há nenhum registro de que Cristo ou qualquer um dos apóstolos jamais citassem os
livros apócrifos ou que lhe fizessem alguma referência, embora, sem dúvida, os
conhecessem.” Loraine Boettner. Catolicismo Romano. Editora Batista Regular, p.72.
31
“Nem Cristo nem nenhum dos autores inspirados jamais citou os livros ‘apócrifos’, nem
sequer a eles se referiam.” Carlos H. Collette. Inovações do Romanismo. Edições
Parakletos, 2001, p.35.
32
No mesmo dia chegaram junto dele os saduceus, que dizem não haver ressurreição, e o
interrogaram, Dizendo: Mestre, Moisés disse: Se morrer alguém, não tendo filhos, casará
o seu irmão com a mulher dele, e suscitará descendência a seu irmão. Ora, houve entre nós
sete irmãos; e o primeiro, tendo casado, morreu e, não tendo descendência, deixou sua
mulher a seu irmão. Da mesma sorte o segundo, e o terceiro, até ao sétimo; Por fim, depois
de todos, morreu também a mulher. Portanto, na ressurreição, de qual dos sete será a
mulher, visto que todos a possuíram? Mateus 22,23-28
33
"Aconteceu que, precisamente naquele dia, Sara, filha de Raguel, em Ecbátana, na Média,
teve também de suportar os ultrajes de uma serva de seu pai. Ela tinha sido dada
sucessivamente a sete maridos. Mas logo matava que eles se aproximavam dela, um
demônio chamado Asmodeu os matava." Tobias3,7-8
34
Veja mais em: https://www.bibliacatolica.com.br/conhecendo-a-biblia-sagrada/56/
35
Uma das exceções é o livro do Pastor Scott McKnight sobre Maria: A verdadeira Maria:
podem os cristãos evangélicos acolher a mãe de Jesus?. Curitiba. Publicações RBC, 2006,
36
Minha Segunda Conversão — Como um ex-protestante abraçou o Catolicismo:
http://documents.scribd.com.s3.amazonaws.com/docs/6yosunehhc3mn07f.pdf
Para todas as argumentações protestantes contra catolicismo37, há respostas
repletas de fundamentos bíblicos e históricos: purgatório3839, Imaculada
Conceição40, intercessão dos santos41, o sacrifício da Missa42, diferença entre
pecado mortal e venial43 etc. . Outro tópico que os protestantes costumam implicar
bastante com os católicos é a questão das imagens, por causa da suposta proibição
que há em Êxodos 20,4, acusando os católicos de “adorarem imagens”. Diz Loraine
Bottner, no seu famoso livro “Catolicismo Romano”, a Bíblia anticatólica, que: “A
igreja católica romana comete um grave pecado de promover o culto à Maria. Eles
desonram a Deus, em primeiro lugar, por causa do uso de imagens; e, em segundo
lugar, por conceder a uma criatura a adoração que pertence apenas ao
Criador.(p.72)”. De fato, como diz-nos o católico Patrick Madrid em um texto
sobre o assunto44:
As repreensões contra a idolatria aparecem em toda a Escritura
(e.g. , Números 33:52; Deuteronômio 7:5,25; 9:12; 12:3; 2 Reis 17:9-
18, 23:24; 2 Crônicas 23:17, 28:1-3, 22:18-25, 34:1-7). Em 1 Coríntios
10:14, São Paulo escreve: “bem-amados, deveis fugir da idolatria”
(Romanos 1:18-23). Deus condena o pecado da idolatria, seja na forma
de adoração de estátuas, ou de bolsa de valores, de sexo, de poder, ou
de um novo carro, qualquer coisa que seja como um ídolo. Entretanto,
Ele não proíbe imagens religiosas contanto que sejam usadas
apropriadamente. Por exemplo, em Êxodo capítulo 25, Deus ordena a
Moisés que esculpa estátuas de anjos. “Iaweh falou a Moisés, dizendo...
farás dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas duas
extremidades do propiciatório; faze-me um dos querubins numa
extremidade e o outro na outra: farás os querubins formando um só
corpo com o propiciatório, nas duas extremidades. Os querubins terão
as asas estendidas para cima e protegerão o propiciatório com suas asas,
um voltado para o outro. As faces dos querubins estarão voltadas para
o propiciatório... Ali virei a ti, e, de cima do propiciatório, do meio dos
dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo
acerca de tudo o que eu te ordenar para os israelitas.”. (Êxodo 25:1, 18-
20, 22; cf. 26:1). Isso mostra claramente que existem circunstâncias nas
quais imagens religiosas não são meramente permitidas, mas realmente
agradam a Deus. Outro exemplo é o incidente bastante engraçado
37
Para uma compilação dessas críticas, veja Tony Coffey. Respostas às perguntas que os católicos
costumam fazer. CPAD, 2007, 236p.
38
A realidade bíblica do Purgatório (Mario P. Romero). Disponível em:
http://fabiosalgado.blogspot.com/2016/11/a-realidade-biblica-do-purgatorio-mario.html
39
https://www.youtube.com/watch?v=aaQwy-6Sxiw
40
https://www.youtube.com/watch?v=XSCNtHGe6Uc&t=10s
41
https://www.youtube.com/watch?v=oYFr9q8616Y&t=1s
42
https://www.youtube.com/watch?v=0uL_IAJWvX0
43
Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida
àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore.
Toda a iniqüidade é pecado, e há pecado que não é para morte. Sabemos que todo aquele
que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o
maligno não lhe toca. 1 João 5,16-18
44
Você escutou alguém dizendo que católicos adoram estátuas? Disponível em:
http://olintoarthur.blogspot.com/search?updated-max=2014-01-03T08:43:00-
08:00&max-results=7
descrito em 1 Samuel 6:1-18. Em Êxodo 28:31-34, o Senhor ordenou
que as vestimentas sacerdotais de Arão fossem adornadas com imagens
de romãs. Em Números 21:8- 9, Ele ordenou a Moisés que
confeccionasse uma imagem de escultura de uma cobra que iria
miraculosamente curar mordidas de cobras venenosas (um misterioso
prenúncio da cruz de Cristo [cf. João 3.14; 8:28]). E em 2 Reis 18:4,
quando o povo começou a adorar a serpente de bronze, o rei
imediatamente a destruiu. O que outrora foi uma legítima imagem
sagrada tinha se tornado um objeto de idolatria. (Uma narrativa de
advertência para qualquer um tentado pela superstição ou pela
idolatria). E note o que Deus disse a Salomão no que concerne à
construção do Templo: “Quanto a esta casa que estás construindo, se
procederes segundo os meus estatutos, se observares as minhas normas
e seguires fielmente os meus mandamentos, eu cumprirei em teu favor
a minha palavra, que dei a teu pai Davi, e habitarei no meio dos
israelitas e não abandonarei meu povo, Israel. Salomão edificou o
Templo e o concluiu.”. (1 Reis 6:12-14). Essa declaração é importante
porque o Templo continha um vasto número de estátuas e imagens
incluindo de anjos, de árvores, de flores, de bois e de leões (cf. 1 Reis
6:23-35,
7:25,36). A decisão de Salomão de incluir essas imagens religiosas vei
o do presente de sabedoria com que Deus abençoou-
o (cf. 1 Reis 3:12). E longe de estar descontente com essas imagens,“I
aweh lhe disse: ‘Ouvi a oração e a súplica que me dirigiste. Consagrei
esta casa que construíste, nela colocando meu Nome para sempre; me
us olhos e meu coração aí estarão para sempre.”. (1 Reis 9:3).Obviame
nte, Deus não iria abençoar a Salomão e “consagrado” seu templo chei
o dessas estátuas e imagens se Ele não as aprovasse — mais uma prov
a de que as imagens podem ser boas quando usadas para pôr em orde
m as nossas mentes em direção a Deus e às realidades celestiais. Lemb
re-
se também de que São Paulo chamou Cristo de “a imagem expressa” d
o Deus invisível (Colossenses 1.15). A palavra grega aqui para “image
m” é eikonos, da qual deriva a palavra “ícone”. Assim como guardam
os fotos de nossos familiares e amigos para lembrarmonos deles, nós t
ambém guardamos estátuas e imagens nas nossas casas e igrejas para l
embrarmo-nos do nosso Senhor, na Nossa Senhora e dos Santos.
45
Loraine Boettner. Catolicismo Romano. Editora Batista Regular, p.213.
46
A própria Sagrada Escritura atesta tal doutrina. Por exemplo: Davi recebeu perdão dos pecados
de homicídio e adultério, mas teve que sofrer a pena de perder o filho do adultério (II Sm 12, 13ss)
Moisés e Aarão foram privados de entrar na Terra Prometida, embora a sua culpa lhes tenha sido
perdoada (Nm 20, 12;27.12-14; Dt 34,4s. Ver também Dn 4,24; Jl 2, 12s).
acarretava conseqüências penosas para todo o resto da vida de quem a
ela se submetera. Eis por que, aos poucos, foi sendo modificada.
Está claro, porém, que estas obras mais brandas enriquecidas pelos
méritos de Cristo só tinham valor satisfatório se fossem praticadas com
as disposições interiores que animavam os penitentes da Igreja antiga a
prestar uma quarentena de jejum ou outras obras rigorosas. Não
bastava, pois, rezar uma oração ou dar uma esmola para se libertar das
conseqüências do pecado, mas era preciso fazê-lo com o amor a Deus e
o repúdio ao pecado que encorajavam os penitentes da Igreja Antiga.
Vê-se, pois, que era (e fé) muito difícil ganhar indulgências.
Mais: ninguém podia (ou pode) ganhar indulgência sem que tivesse (ou
tenha) anteriormente confessado as suas faltas e houvesse (ou haja)
recebido o perdão delas. A instituição das indulgências não tinha em
vista apagar os pecados, mas contribuir (mediante a provocação de um
ato de grande amor) para eliminar as conseqüências ou os resquícios do
pecado.
– Escute, Chris, você sabe muito bem que os católicos não “adoram”
Maria; simplesmente a veneram.
Revigorado, respondi:
47
“O nosso mediador é só um, segundo a palavra do Apóstolo: «não há senão um Deus e
um mediador entre Deus e os homens, o homem Jesus Cristo, que Se entregou a Si mesmo
para redenção de todos (1 Tim. 2, 5-6). Mas a função maternal de Maria em relação aos
homens de modo algum ofusca ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes
a sua eficácia. Com efeito, todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens
se deve ao beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos
méritos de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda
a sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a
favorece.” Lumen Gentium, documento do concílio Vaticano II.
48
Falácia da ladeira escorregadia ocorre quando uma proposta é criticada, sem provas
suficientes, sob a alegação de que vai levar a um resultado catastrófico. Cf. Douglas
Walton. Lógica Informal: manual de argumentação crítica. Martins Fontes, 2012, p.31.
Seguiu-se uma longa pausa antes que Chris dissesse:
– Chris, isto é apenas um resumo do que os Papas têm dito ao longo dos
séculos sobre a devoção a Maria.
Chris voltou ao ataque:– Uma coisa são os Papas, mas onde é que isso
aparece na Escritura? Respondi instintivamente.– Chris, Lucas 1, 48
diz: “De agora em diante, todas as gerações me chamarão bem-
aventurada”. É isso que faz o terço, cumprir a Escritura.
49
MISTÉRIOS GOZOSOS (segunda-feira e sábado): 1. A Anunciação (ou A Encarnação do Senhor).
2. A visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel. 3. O nascimento do Filho de Deus em
Belém. 4. A purificação de Nossa Senhora (ou A Apresentação do Senhor). 5. O Menino-Deus
perdido e achado no Templo.
MISTÉRIOS LUMINOSOS (quinta-feira): 1. O batismo do Senhor no Jordão. 2. A auto-revelação de
Cristo nas bodas de Caná. 3. O anúncio do Reino de Deus, convidando à conversão. 4. A
Transfiguração do Senhor. 5. A instituição da Santíssima Eucaristia.
MISTÉRIOS DOLOROSOS (terça e sexta-feira) 1. A oração no Horto. 2. A flagelação do Senhor. 3. A
coroação de espinhos. 4. A Cruz às costas. 5. Jesus morre na Cruz.
MISTÉRIOS GLORIOSOS (quarta-feira e domingo) 1. A Ressurreição do Senhor. 2. A Ascensão do
Senhor aos céus. 3. A vinda do Espírito Santo. 4. A Assunção de Nossa Senhora. 5. A coroação de
Maria Santíssima.
que há de vir". O Rosário, então, é completamente cristocêntrico, bem como todas
as devoções e doutrinas marianas quando compreendidas de maneira correta50.
Santo Tomás de Aquino, o maior teólogo de todos os tempos, diz que pode haver
uma tríplice atenção na oração vocal: a de quem pronuncia corretamente todas as
palavras, a daquele que repara mais no sentido dessas palavras e a dos que se
concentram na finalidade da oração, quer dizer, em Deus e naquilo por que se ora.
Esta última é a atenção mais importante e necessária, e é acessível mesmo a pessoas
pouco cultas ou que não entendem bem o sentido das palavras que pronunciam,
“podendo ser tão intensa que arrebate a mente para Deus”..
“Uma das vantagens do terço é que se pode rezá-lo em qualquer
lugar: na igreja, na rua, no carro..., sozinho ou em família,
enquanto se aguarda na sala de espera do médico ou na fila da
agência bancária. Quando há esforço, pode-se rezar o terço
cada vez melhor; cuidando da pronúncia, das pausas, da
atenção, detendo-se por uns instantes a considerar o mistério
que se inicia, oferecendo talvez essas dez ave-marias por uma
intenção concreta (a Igreja Universal, o Sumo Pontífice, as
intenções do bispo da diocese, a família, as vocações
sacerdotais, o apostolado, a paz e a justiça em determinado
país, um assunto que nos preocupa...), procurando que essas
“rosas” oferecidas à Virgem não estejam fanadas ou murchas
pela rotina ou pelas distrações mais ou menos consentidas.”51
50
. - Dave Amstrong: Rezar o Rosário é "vã repetição"?)
http://fabiosalgado.blogspot.com.br/2016/09/rezar-o-rosario-e-va-repeticao-
dave_25.html
51
Pe. Francisco Carvajal, meditação do TEMPO PASCAL. QUINTA SEMANA.
SÁBADO. https://www.hablarcondios.org/pt/meditacaodiaria.aspx
52
De todos os dogmas marianos, este parece ser o que causa menos problemas entre os
protestantes. “Se Jesus é Deus-homem em uma só pessoa e não só Deus e homem, então
Maria deu à luz a uma só pessoa que é Deus-Homem. Se ela o fez, então ela é de algum
modo “berço ou portadora de Deus” e não simplesmente berço de Cristo (como Nestório
ensinava ). [...] Se “Mãe de Deus” significa “portadora de Deus” como aquela que deu à
luz ao Jesus humano, que como uma só pessoa era o Deus-homem, então nós também
podemos ficar junto com os católicos e declarar Maria como a “Mãe de Deus”. “
McKnight, Scott. A verdadeira Maria: podem os cristãos evangélicos acolher a mãe de
Jesus?. Curitiba. Publicações RBC, 2006, p.135-136
53
https://www.youtube.com/watch?v=R6OorpEZa74
54
https://www.youtube.com/watch?v=XSCNtHGe6Uc&t=10s
55
“Pode ser uma surpresa para muitos leitores saber, que Santo Agostinho, que ficou
famoso por sua discussão em prol do ensino da absoluta pecabilidade de todos e que
moldou o entendimento sobre o pecado original da Igreja Católica, e da Protestante, ele
contaminada pela mancha do pecado original) e Assunção (Maria foi assunta de
corpo e alma ao céu56). Limitei-me a colocar trechos de vídeos e textos que fazem
uma breve defesa de cada dogma, mas, caso vocês queiram se aprofundar,
aconselho a leitura do excelente livro do Tim Staples, também um ex-protestante,
Behold Your Mother: A Biblical and Historical Defense of the Marian Doctrines,
201757. Fiquem com as palavras do protestante Scott McKnight:
“O Vaticano afirma que não só a mediação de Maria
aponta para Cristo, mas também é alicerçada cem por cento
no poder salvador e na mediação de Jesus Cristo. [...] Se
nosso compromisso é sermos justos uns com os outros,
então, temos que admitir que os católicos romanos com
relação à mediação de Maria, não ensinam que ela seja mais
do que um ser humano, nem que sua mediação deprecia a
Cristo. Este é o ensinamento oficial” McKnight, Scott. A
verdadeira Maria: podem os cristãos evangélicos acolher a
mãe de Jesus?. Curitiba. Publicações RBC, 2006, p.146
mesmo cria que Maria não tinha pecado. Aqui estão as palavras dele, que muitas vezes
chocam os protestantes:
“Temos que isentar a Santa Virgem Maria, sobre quem não desejo questionar quando se
trata do assunto de pecados, por honra ao Senhor, pois dele sabemos que abundância de
graça para vencer cada pecado em particular, foi conferida a ela, que teve o mérito de
conceber e dar à luz Jesus, que sem dúvida não tinha pecado.” Muitos seguiram
Agostinho nesta conclusão, inclusive alguns dos grandes teólogos protestantes – como
Martinho Lutero”.
Ibid, p.133
58
“Concede-se indulgência parcial ao fiel que ler a Sagrada Escritura, com a veneração devida à
palavra divina, e a modo de leitura espiritual. A indulgência será plenária, se o fizer pelo espaço
de meia hora pelo menos.” Manual de Indulgências. Disponível em:
http://www.presbiteros.com.br/site/wp-content/uploads/2011/12/Manual-de-
Indulg%C3%AAncias.pdf
descida do Espírito Santo sobre a primeira geração cristã; Salmo 103: Enviai o
vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai; 1Cor 12,3b-7.12-13: aqui, o
apóstolo fala dos diversos dons, falando que a certeza do senhorio de Cristo nos
nossos corações é inspirada pelo Espírito Santo. No evangelho, João 20,19-23, onde
Jesus sopra o Espírito Santo sobre o colégio apostólico, dando-lhes a faculdade de
perdoar pecados (Sacramento da Confissão).
Isto é muito interessante, visto que a palavra de cada domingo não fica refém
a subjetividade do presbítero, coisa que pode acontecer numa igreja protestante: um
evangélico pode ficar anos sem escutar uma pregação sobre algum profeta menor,
por exemplo. A Igreja Católica, com sua rica espiritualidade, faz com os que os
católicos não se prendam só a escuta da Bíblia, mas usem todos os cinco sentidos
no culto, numa experiência de comunhão com Deus, onde a totalidade do nosso
corpo é imersa na liturgia:
"O que achou?" Scott só consegue dizer: "Agora sei porque Deus me
deu um corpo: Para adorar o Senhor com seu povo na liturgia". Os
católicos não apenas ouvem o Evangelho. Na liturgia, nós a ouvimos,
vemos, cheiramos e saboreamos.59
Jesus disse que podemos ter certeza de que somos seus amigos se fizermos
tudo que ele nos ordenar (João 15,14). Nosso Senhor toma como sinal visível da
Igreja verdadeira uma caridade voltada para o próximo (cf. Mateus 25,34-40). Com
1.2 bilhões de fieis, a Igreja Católica é a maior família religiosa e a maior instituição
de caridade do planeta. Segundo revelam os dados do último “Anuário Estatístico
da Igreja”, publicado pela Agência Fides por ocasião da Jornada Missionária, a
Igreja administra 115.352 Institutos sanitários, de assistência e beneficência em
todo o mundo.
Graças ao celibato60 abraçado por padres, monges e freiras, a Igreja chega e
permanece aonde outros grupos cristãos não têm alcance. Caridade, fé e esperança
(cf.1 Co 13,13). As virtudes teologais são vividas de modo tão pleno por mim no
59
Scott Hahn. O banquete do cordeiro: a Missa segundo um convertido, p.26.
60
Infelizmente, a disciplina do celibato inexiste no meio protestante, mesmo sendo
claríssima a sua presença na Escritura. “Porque há eunucos que assim nasceram do ventre
da mãe; e há eunucos que foram castrados pelos homens; e há eunucos que se castraram a
si mesmos, por causa do reino dos céus. Quem pode receber isto, receba-o.” (Mateus
19,12); “Estes são os que não estão contaminados com mulheres; porque são virgens. Estes
são os que seguem o Cordeiro para onde quer que vá. Estes são os que dentre os homens
foram comprados como primícias para Deus e para o Cordeiro. E na sua boca não se achou
engano; porque são irrepreensíveis diante do trono de Deus.” (Apocalipse 14:4,5); “E bem
quisera eu que estivésseis sem cuidado. O solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há
de agradar ao Senhor; Mas o que é casado cuida das coisas do mundo, em como há de
agradar à mulher. Há diferença entre a mulher casada e a virgem. A solteira cuida das coisas
do Senhor para ser santa, tanto no corpo como no espírito; porém, a casada cuida das coisas
do mundo, em como há de agradar ao marido.” (1 Coríntios 7,32-34)
catolicismo, que eu, por vezes, lamento não ter me tornado católico mais cedo. O
sistema sacramental, longe de afastar as pessoas de Deus, como julgam os
protestantes61, são um manancial de graças e mudança de vida. A confissão, com
seu efeito medicinal, é um auxílio poderoso contra os nossos pecados mais
ferrenhos. Eu, graças a ela, consegui abandonar “pecados de estimação” que tinha
enquanto protestante com relativa facilidade. A esperança do céu enche minha alma
a cada semana, quando me ajoelho no confessionário para receber o perdão de Deus
vindo das mãos chagadas do Cristo ressuscitado. Algo notório na confissão é que,
sob nenhuma circunstância, pode o padre revelar os pecados do penitente. “O que
acontece em Vegas, fica em Vegas”. O sigilo da confissão tranquiliza o fiel, na
certeza de quem vai como num médico de quem é um velho amigo. Os sacerdotes
escutam milhares de confissões durante seus anos de sacerdócio, não há nada que
os espante: são como aquele médico experiente que bate o olho, intui o diagnóstico,
prescrevendo o remédio acertado para cada situação62
Outra crença distintiva de católicos é a chamada presença real63 de Cristo na
Eucaristia (Santa Ceia, como é conhecida no meio protestante). Jesus, ressuscitado,
está presente de verdade no pão consagrado, como no céu! Não quero aqui fazer
uma defesa teológica64 desse dogma, coisa que já foi feita por pessoas mais
competentes do que eu65. Pretendo, somente, falar sobre a minha experiência com
a Eucaristia. Ao lado do meu trabalho, há uma Igreja franciscana, cheia de
belíssimos vitrais com cenas dos evangelhos. No altar, ficam guardadas num
recipiente chamado sacrário, as hóstias consagradas. Ou seja, Jesus está ali presente,
me vendo, me ouvindo66. Como é bom saber disso! É necessário ser digno para
recebe-Lo quando se vai à Missa, tendo um cuidado especialíssimo na preparação67.
61
“Os sacramentos, disponíveis unicamente por meio da Igreja Católica Romana, eram
entendidos como meios que conferiam a graça que aperfeiçoa a natureza. Os reformadores
entenderam esse sacramentalismo, principalmente o atalho para a graça proporcionado
pelas indulgências, como quase uma comoditização da salvação.” Kevin J. Vanhoozer.
Autoridade bíblica pós reforma. Vida nova, 2017, p. 75.
62
Cf. Por que confessar-se. Rafael Stanziona de Moraes. Quadrante.
63
877. Uma vez, porém, que Cristo Nosso Redentor disse que aquilo que oferecia sob a
espécie de pão era verdadeiramente o seu corpo (Mt 26, 26; Mc 14, 22 ss; Lc 22, 19 ss; l
Cor 11, 24 ss.), sempre houve na Igreja de Deus esta mesma persuasão, que agora este santo
Concilio passa a declarar: Pela consagração do pão e do vinho se efetua a conversão de
toda a substância do pão na substância do corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a
substância do vinho na substância do seu sangue. Esta conversão foi com muito acerto e
propriedade chamada pela Igreja Católica de transubstanciação [cân. 2]. Concílio de
Trento. Disponível em: http://www.montfort.org.br/bra/documentos/concilios/trento/
64
Cf. As diferenças entre a Igreja Católica e as Igrejas evangélicas. Jaime Francisco de
Moura.
65
Cf. Not by bread alone. Robert Sungenis, editor.
66
Faço, todos os dias, uma hora de oração, uma conversa amorosa com Jesus. Meia hora
pela manhã e meia hora à tarde. Começo a oração invocando a Deus da seguinte maneira:
Meu Senhor e meu Deus, creio firmemente que estás aqui, que me vês, que me ouves.
Adoro-Te com profunda reverência. Peço-Te perdão dos meus pecados e graça para fazer
com fruto este tempo de oração. Minha Mãe Imaculada, São José, meu Pai e Senhor, meu
Anjo da Guarda, intercedei por mim.
67
Vejam essa palestra sobre os Milagres Eucarísticos proferida pelo Dr. Ricardo
Castanon: https://www.youtube.com/watch?v=_w7KHSkGmfI
Enquanto protestante, muitas vezes, não pesava com a devida seriedade na minha
consciência os meus pecados, até por não acreditar que eles mudavam meu estado
de justificação diante de Deus. Embora eu estivesse arrependido deles, eram-me
negados os meios de combate-los com eficiência. A igreja, com sua insistência no
exame de consciência e na mudança de vida68, fez com que eu, gradualmente, fosse
melhorando. A perspectiva sobrenatural que a Teologia Católica proporciona, com
sua devoção ao anjo da guarda69, torna a solidão, algo tão comum ao homem pós-
moderno, um sentimento meramente subjetivo, visto que, objetivamente, nós somos
amados70, cuidados e acompanhados o tempo todo. Eu não sei qual é a fé em que
você foi educado, mas gostaria de, fraternalmente, que você considerasse a
possibilidade de se tornar católico. Estamos longes de sermos perfeitos, mas posso
afirmar com toda convicção do mundo: nada melhor do que ser católico! Conte
comigo para eventuais dúvidas ou esclarecimentos.
“Protestantes com frequência me perguntam por que eu me tornei
católico. Eu respondo falando que a Bíblia diz que a Igreja é o corpo
místico de Cristo, sendo este a Cabeça (Ef. 1,22-23, Col 1,18). Ninguém
pode ter um relacionamento pessoal com a Cabeça, Jesus, senão acolhe
também o seu corpo. Não é isso que Jesus queria para nós (João 17, 20-
23) Nos Atos dos Apóstolos, nós lemos que a comunidade cristã, guiada
pelo Espírito Santo em um organismo visível que São Paulo chama de
“coluna e sustentáculo da verdade” (1 Tm 3,1571). Como evangélico,
não podia pertencer a uma Igreja visível. Agora, como católico,
posso.”72
68
893. E para que não se receba indignamente tão grande sacramento e cause a morte e a
condenação, determina e declara o mesmo santo Concilio que aqueles que se sentem com
consciência oprimida pelo pecado mortal, ainda que se julguem sumamente contritos, se
puderem encontrar confessor, estão necessariamente obrigados a fazer primeiro a
confissão.
69
E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por sobrenome
Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam. E, batendo Pedro à porta do pátio, uma
menina chamada Rode saiu à escutar; E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a
porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta. E disseram-lhe: Estás
fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo. Mas Pedro perseverava
em bater e, quando abriram, viram-no, e se espantaram. Atos 12,12-16
70
Quer dizer, em uma alma em estado de amizade com Deus, a Trindade habita nela como
um amigo. “Se alguém me ama, guardará a minha palavra; meu Pai o amará, e nós viremos
e faremos nele a nossa morada.” (Jo 14, 23)
71
Neste versículo, o apóstolo fala da Igreja. Ou seja, há uma consciência de uma Igreja
visível e tangível que foi instituída por Nosso Senhor Jesus Cristo, a saber, a Igreja
Católica.
72
Testemunho de conversão de T.L.Frazier. Disponível em: Surprised By Truth: 11
Converts Give the Biblical and Historical Reasons for Becoming Catholic (English Edition).
Basilica Press, p.209.