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Trabalho odontologia legal

Histórico odontologia legal na identificação humana

Nome: Fabricio carneiro 4005478

Em primeiro lugar vamos definir a odontologia legal , é uma especialidade que tem como
objetivo a pesquisa de fenômenos psíquicos, físico, químicos e biológicos que podem
atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto ou ossada, e mesmo fragmentos ou
vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou irreversíveis (CFO - Art.
54).
A Odontologia Legal emergiu da casualidade e tornou-se evidente após alguns acidentes, que
apontaram para a necessidade de técnicas de identificação das vítimas. Uma das alternativas
utilizadas foi o reconhecimento dos corpos através dos dentes.

O primeiro caso relatado pela literatura ocorreu em 04 de maio de 1897 em Paris, mais
precisamente no Bazar da Caridade, local onde a burguesia estava reunida em torno de leilões
beneméritos. Houve quase 200 mortos, dos quais 40 restaram sem identificação, dentre eles a
Duquesa de D’Aleman e a Condessa Villeneuve. Por sugestão do cônsul do Paraguai Dr. Albert
Hans, os Dentistas daquelas personalidades foram chamados para identificar, através dos restos
carbonizados, seus supostos pacientes, o que tornou possível a identificação das citadas pessoas
dentre outras que também pereceram na tragédia .

O registro mais antigo, isto é, a primeira publicação oficial na qual a Odontologia Legal foi
caracterizada como uma ciência capaz de auxiliar a Medicina Legal data de 1898 e é da lavra de
Oscar Amoedo, dentista, cubano de nascimento e radicado na Cidade Luz, e foi publicada em
Paris, que, à época, era considerada como o “centro mundial do conhecimento científico”.
Entretanto, o termo Odontologia Legal não tinha sido cunhado, apenas o foi em 1924 por Luiz
Lustosa Silva, professor emérito paulista que criou esta denominação e publicou, neste mesmo
ano, sua obra “Odontologia Legal” que refere à disciplina com esse título e estabelece os
primeiros limites do seu campo de ação.

Mais um fato histórico ocorreu em 1909, quando o Consulado da Legação Alemã do Chile foi
consumido por um voraz incêndio de aspecto criminoso, que destruiu boa parte do prédio.
Quando os bombeiros procediam ao rescaldo das ruínas, foram encontrados restos de um corpo
que, após as primeiras tentativas de identificação, parecia pertencer a Willy Guillermo Becker,
Secretário do Consulado, que estava desaparecido. Foi solicitado o auxílio do Cirurgião-Dentista
Germán Basterrica, o qual, após percuciente exame provou cientificamente que os restos mortais
não eram do funcionário do Consulado, antes do porteiro da Representação Diplomática,
Ezequiel Tapia. A partir desse momento, começou a busca do Secretário desaparecido que
acabou sendo capturado ao tentar atravessar a fronteira Chile-Argentina, usando disfarce de
Padre. Os resultados obtidos impressionaram tão positivamente as autoridades que concederam
ao Dr. Germán Basterrica, como recompensa, a aprovação do projeto de criação de uma Escola
de Odontologia no Chile (VANRELL, 2002).

Podemos observar as leis que regulamentam o trabalho da odontologia legal no brasil


Em 1966, a lei 5.081 define as atribuições do Cirurgião-Dentista, inclusive na área pericial, e
regula o exercício da odontologia no território nacional.

A presente lei assim se expressa no seu artigo 6º:

III- Atestar, no setor de sua atividade profissional, estados mórbidos e outros, inclusive para
justificação de falta ao emprego.
IV- Proceder à perícia odonto-legal em foro cível, criminal, trabalhista e em sede administrativa.

IX- Utilizar, no exercício da função de Perito-Odontólogo, em casos de necropsia, as vias de


acesso do pescoço e da cabeça (ARBENZ, 1988).

Mantendo sua importância em ascensão, no dia 26 de abril de 1993, o Conselho Federal de


Odontologia, na Seção IV, da Resolução nº 185, no artigo 54, define os objetivos da
especialidade:

Art.54. Odontologia Legal é a especialidade que tem como objetivo a pesquisa de fenômenos
psíquicos, físicos, químicos e biológicos que podem atingir ou ter atingido o homem, vivo, morto
ou ossada, e mesmo fragmentos ou vestígios, resultando lesões parciais ou totais reversíveis ou
irreversíveis.

Parágrafo único. A atuação da Odontologia Legal restringe-se a análise, perícia, e avaliação de


eventos relacionados com a área de competência do Cirurgião-Dentista podendo, se as
circunstâncias o exigirem, estender-se a outras áreas, se disso defender a busca da verdade, no
estrito interesse da justiça e da administração.

Nos casos de carbonização humana, usualmente há uma limitação do emprego dos


remanescentes biológicos para estudo. Nestes casos, tem-se usado, por eleição, dentes para
análises forenses, já que sua constituição anatômica proporciona proteção ao material genético.

Quando impressões digitais, verificação de marcas de mordida, do sexo, exames antropométricos


já estabelecidos são inviáveis para proceder-se à identificação humana; pode-se, então, utilizar-se
a tipagem de um DNA para tal processo.

Podemos realizar a identificação pelos elementos dentais, pois como foi citado acima os dentes
tem uma característica anatômica de proteção do seu material genético em caso de carbonização
do corpo humano .
Continuando os processos de identificação, como uma informação complementar na averiguação
forense, a utilização de crânio e dentes tem se mostrado altamente viável para tal objetivo.

Silva (1997) afirmou que o crânio feminino caracteriza-se por um menor desenvolvimento de
suas estruturas, todas as protuberâncias ósseas, cristas e apófises são menores e mais lisas. O
crânio masculino possui estes aspectos anatômicos mais pronunciados. Carvalho et al. (1992)
relatam que há manifestações de caracteres secundários no crânio, sendo que a anatomia do
crânio masculino é mais bem definida que a do feminino.

Galvão, em 1994, após mensurar as distâncias cranianas entre o centro do canal auditivo ao
meato acústico externo, e outros pontos craniométricos, encontrou um índice de acerto, através
de uma fórmula por regressão logística, de 93,8%, confirmando o método como confiável para a
determinação do sexo.

É possível também realizar o diagnóstico do sexo através dos dentes. Um dos métodos baseia-se
na quantidade de ácido necessário para neutralizar a dentina alcalinizada em pó, quantidade esta
que é diferente em material feminino e masculino (ROSAS, 1979). Para a realização desta
técnica, os dentes de maior utilidade são os caninos, tanto superiores quanto inferiores.

Nos processos de identificação de esqueletos, em determinadas situações, é imprescindível a


realização da estimativa da estatura. Esta é realizada através de uma metodologia osteométrica,
que leva em consideração, principalmente, os ossos longos.

Segundo Silva (1977), frequentemente, quando são encontradas ossadas, nem sempre estão
presentes todos os ossos e, muitas vezes, apenas o crânio é encontrado. Dá-se aí a importância
dos conhecimentos antropológicos do perito em Odontologia Legal para a realização da
estimativa da altura a partir de informações de uma peça craniana.

A literatura mostra que o pioneiro na realização desta estimativa foi Carrea, em 1920, que
realizou estudos visando proporcionar dados odontométricos (a partir de medidas mésio-distais
dos incisivos centrais, laterais e caninos inferiores), que o possibilitasse fazer uma relação destes
dados com a altura do indivíduo.

A aplicabilidade do referido método foi comprovada na perícia realizada por peritos brasileiros,
no caso Josef Mengele, onde, junto com outras estimativas, demonstrou-se eficaz.

A análise das estruturas dentárias serve de embasamento para a identificação de diversas


características, dentre estas a determinação do fenótipo “cor da pele”.

Uma pesquisa realizada na Universidade Estadual de Feira de Santana - UEFS relatou a


existência de aspectos relacionados aos dentes como relevantes na determinação da cor da pele,
analisando-se o formato das cúspides do primeiro molar inferior.

Favero (1991) relata a existência de cinco tipos étnicos fundamentais: caucasiano, negro,
mongólico, indiano e australóide. Contudo, no Brasil, apenas concorrem os grupos de negros,
brancos e vermelhos. Citando Carvalho (1982), em cerca de 100% da população européia a
superfície lingual dos dentes incisivos é lisa, enquanto em cerca de 100% dos japoneses, e certos
grupos mongolóides, essa superfície tem arestas. Na raça caucasiana o primeiro molar inferior é
mais comprido e tem forma mais cônica do que o molar dos negros, o qual é mais retangular do
que o dos mongolóides, que é mais redondo.

No trabalho descrito por Alvarado (1986) e Galvão (2000), foi realizada a análise do formato das
cúspides do primeiro molar inferior em leucodermas, faiodermas e melanodermas, observando
índices de 83,3% de dentes com formato mamelonado, 50% com formato intermediário e 86,7%
com formato estrelado, respectivamente.

É possível também a pesquisa da identidade racial através da análise do crânio humano, que,
segundo alguns autores, apresenta maior riqueza de detalhes para esta identificação do que outras
estruturas ósseas. Segundo um estudo realizado por Krogman (1955), características como o
tamanho do crânio, a altura do rosto, a abertura nasal, o formato do palato, dentre outras,
permitem reconhecer o tipo racial.

Tão importante quanto a identidade racial, é a estimativa da idade do indivíduo. Hoje, a


avaliação da idade pode ser realizada a partir de vários aspectos físicos pessoais como: peso,
estatura, presença de rugas, crescimento ósseo, desenvolvimento dentário, dentre outros.

Mantendo o foco da Odontologia Legal, estudos têm demonstrado que os elementos dentários
são as estruturas orgânicas que fornecem os melhores subsídios para estimativa da idade, porque,
ao que tudo indica, sofrem menos interferência de fatores sistêmicos e de desnutrição, que
afetam sobremaneira a maturidade orgânica e o desenvolvimento ósseo. Além disso, o estudo da
evolução dentária possibilita a análise de um número considerável de dados, diminuindo, assim,
a margem de erros. O desenvolvimento dentário vai da vida fetal até por volta dos 21 anos de
idade. Também os fenômenos involutivos poderão ser pesquisados, seja na dentição decídua,
seja na permanente (SILVA, 1997).

O problema da estimativa da idade em pessoas adultas foi estudado por Gustafson (1950), que
analisou aspectos da involução dentária, elaborando uma classificação dos fenômenos a ela
ligados (desgaste oclusal, periodontose, desenvolvimento de dentina secundária na cavidade
pulpar, deposição de cemento na raiz, reabsorção da raiz e transparência do ápice radicular), a
partir desse conjunto de informações foi construída uma formula que, após a sua resolução,
permitia obter a idade fisiológica.

Vale ainda lembrar, que a análise dentária dos indivíduos transcende o aspecto morfológico do
dente, devendo o perito odontolegal estar atento a outros fatores como:

- Nível sócio-econômico, pois é comprovado que crianças, oriundas de famílias pobres


financeiramente, possuem erupção dentária mais demorada.

- Biótipo, uma vez que foi comprovado que em pessoas magras a erupção dentária é antecipada,
quando comparada com as obesas.

Por fim, verifica-se que a erupção dentária é também de suma importância para a verificação da
idade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não é preciso muito esforço para perceber a grande evolução da Odontologia Legal em sua linha
histórica. Atualmente, quase todas as técnicas apresentadas neste trabalho vêm sendo utilizadas a
fim de maximizar a eficiência, tanto da identificação pós-morte quanto averiguação da arcada
dentária de autores de crimes, servindo assim, de excelente suporte jurídico em casos de
acidentes, incêndios, estupros com achados de marcas de mordidas, realização de perícia em
tratamentos odontológicos, dentre outros.

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