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INTERDIÇÃO J UDICIAL

*Sirlene Reis Costa


**Thiago dos Santos Luz

O vocábulo “interdição” sugere vários significados diferentes. Todavia, dentre


todos os sentidos de que dele abstraímos, apenas um no interessa por ora. “Ação de
tirar a um indivíduo a livre disposição de seus bens ou de sua pessoa, quando se
reconhece que ele não se achava em estado de saber ou poder governar-se”.

Mais especificamente, a interdição judicial, ou seja, aquela que resulta de um


processo especial promovido perante órgão competente do Poder Judiciário, durante o
qual se verifica quais são as reais condições física e/ou psíquicas do chamado
“interditando” para, finalmente, declarar se ele é ou ão pessoa plenamente capaz de
gerir sua pessoa e administrar seus bens. Em caso positivo, também para nomear
alguém como seu representante, denominado “curador”.

Assim, a interdição judicial é, em termos vulgares, um instrumento conferido


àqueles que buscam “oficializar”, conforme estabelece a lei, uma situação de
incapacidade de alguém para praticar e responder por todos ou alguns atos do cotidiano.

Regra geral, a interdição refere-se aos incapazes adul quer dizer, pessoas
maiores de 21 (vinte e um) anos que em razão disso, sujeitam-se ao instituto da curatela.
As crianças e os jovens que ainda não atingiram tal idade sujeitam-se à tutela.

Sobre o assunto, algumas questões são frequentes, pelo que buscamos, com a
maior simplicidade e brevidade possível, trazer alguma informação que possa ser útil a
orientar todos aqueles que se depararem, seja no âmbito familiar, no profissional ou entre
amigos, com casos que demandem a interdição judicial.

O nosso direito admite a interdição de maiores considerados incapazes:

a) Psicopatas ( dementes, imbecis, dipsomanos) que, por serem portadores de


enfermidade mental, não estão aptos a dirigir a si mesmos e seus bens;

b) Toxicômanos, ou seja, aqueles que, viciados, abusam habitualmente e


irresistivelmente de tóxicos ou entorpecentes;

c) Surdos que não receberam a educação apropriada e, em razão disso, não


conseguem emitir sua vontade;

d) Pródigos, que são as pessoas que dissipam descontroladamente seu


patrimônio como se não tivessem noção da importância da riqueza material.

Podem promover a interdição do incapaz:

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a) seu pai, mãe ou tutor;

b) seu cônjuge ou algum parente próximo;

c) o Ministério Público.

Para se investigar o estado físico e mental do interditando e averiguar suas reais


condições e evitar prejuízos ou danos irreparáveis ao ditando, a lei assegura a
realização de um processo em que se garante a ele o direito de defesa, caso se oponha
à interdição. Ademais, a lei prevê, além do interrogatório – oportunidade em que o juiz
pode verificar a aparência e as reações exteriores do itando -, a realização de
perícias médicas – exames psiquiátricos – e, se necessário, a oitiva de testemunhas em
audiência.

Se o interditando maior for mesmo declarado incapaz, q cuidará de seus


interesses, protegendo-o e administrando seus bens será o curador. Curador é a pessoa
nomeada pelo juiz, que passa a ser a encarregada de dirigir e defender o interdito e gerir
seus bens.. A curatela, neste sentido, é o encargo (munus) público conferido ao curador.

Podem ser curadores do interdito seu cônjuge, pai , mãe , filho, filha, neto neta,
irmão, irmã, tio, tia, ou qualquer outra pessoa tida pelo juiz como idônea e capaz para
exercer o cargo.

A lei estabelece uma ordem de preferência de nomeação de curador, mas ela não
é rígida, obrigatória. Na escolha, o que deve prevalecer é o interesse do incapaz.

Os limites da curatela dependerão da doença/debilidade apresentada pelo


interditado. Os psicopatas são assistido pelo curador as em alguns atos,
especialmente os suscetíveis de reduzir seu patrimônio. Por fim, as atribuições do
curador de surdo ou toxicômanos se limitam àquilo esta pelo juiz na sentença.

Como se observa, a interdição judicial é uma espécie de ação muito importante e


consiste no meio adequado para se apurar as reais condições do suposto incapaz e,
quando necessário, declará-lo interditado.

Esta “declaração oficial”, que é dada pelo juiz, prote o incapaz e produz seus
efeitos contra todas as pessoas. O incapaz fica protegido e seus direitos resguardados,
uma vez que seu curador é quem irá suprir suas deficiê cias, representando-o no dia-a-
dia.

Finalmente, nos cumpre frisar que a interdição não é nenhum “bicho de sete
cabeças” ou um mal a ser evitado. Pelo contrário, é uma maneira simples e acessível de
se garantir àqueles portadores de certa deficiência ou doença, direitos mínimos que lhes
proporcionem uma convivência digna, justa e harmoniosa dentro da sua comunidade.

*Sirlene Reis Costa é Promotora de Justiça da 2ª Promotoria de Justiça de Belo


Horizonte/MG;

Z :\CA ODH\Pe sso as c om Def ic iên c ia\A rtigo s Ju ríd ico s\Interd ica o_ jud icia l.d o c
**Thiago dos Santos Luz estagiário do MP/MG.

Z :\CA ODH\Pe sso as c om Def ic iên c ia\A rtigo s Ju ríd ico s\Interd ica o_ jud icia l.d o c

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