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(...) venho utilizar e encarecer seus bons ofícios, no sentido de nos orientar nos assuntos que
abaixo exponho, elementares até mesmo, mas, ainda, pendentes de entendimento uniforme
entre os Irmãos desta minha Oficina Maçônica (...).
1.2 – Digo que o sinal de ordem é de procedimento estático porque, uma vez estando-se à
Ordem, a imobilidade é total. Terminada a necessidade desta condição, desfaz-se o sinal,
simplesmente, fazendo descer a mão verticalmente.
1.4 – Quando, em estado de inércia – (sinal de ordem) – se fizer necessário uma saudação (sinal
dinâmico) – ocorre, neste momento, uma súbita transformação de estado físico, da inércia para
o movimento, iniciando-se o novo sinal, que é o de saudação.
1.5 – Ocorre-me a ideia de que se estando à Ordem, para se desfazer este sinal, não se torna
necessário fazer-se outro sinal (It. 1.3, acima), - o de saudação – pois, este, só é feito quando
exigido ritualisticamente ou pela autoridade que dirige a Sessão.
1.6 – Tanto que, fico a entender, que surgindo a necessidade de se fazer o sinal de saudação,
dinâmico no caso, independe de se ter que fazer o sinal de ordem, (estático). Onde, por
consectário, o que me parece lógico, estando-se à Ordem, para se desfazer este sinal, não
precisa se fazer outro sinal, que é o de saudação, salvo determinação ritualística em contrário.
Assim é que, meu caro Irmão Pedro Juk encareço seus favores, para a emissão de uma opinião
crítica sobre este assunto, com a sensatez que lhe é peculiar, a fim de que eu possa avaliar as
minhas assertivas acima, quanto a sua correção ou não.
2 – DE PERFIL E À ORDEM
Defendo a hipótese de que, estando-se de pé e à Ordem, “in casu”, entre Colunas, a posição
ereta, deve demonstrar o Maçom com a ponta do pé esquerdo voltada para o nordeste da Loja,
isto é, na direção da mesa do Tesoureiro; a ponta do pé direito, voltada para o sudeste da Loja,
ou seja, voltada para a mesa do Chanceler, formando-se, ai, a esquadria que se pretende e a
frente do corpo, na direção, no sentido Leste, da mesa do Venerável Mestre, ou seja, na mesma
direção do eixo da Loja, da diagonal do ângulo.
Assim vejo que, estando o corpo do Maçom na direção da diagonal do ângulo reto formado, fico
convencido – pelo menos a princípio – de que esta é a exata posição do Maçom à ordem, ereto,
em esquadria, de perfil e em nível, fazendo-me lembrar, quando da minha primeira Instalação, a
mensagem daquele segundo sinal procedimental.
O atual Ritual da nossa Grande Loja é omisso neste detalhe. O anterior, de 03 (três) anos
passados mostrava, em um desenho, que a ponta do pé esquerdo – estando entre Colunas –
deveria ficar na direção do Eixo da Loja, no sentido da mesa do Venerável, portanto, voltado para
o Leste; já a ponta do pé direito, estaria voltada para o Sul, ou seja, na direção do 2º Vigilante,
formando, então a esquadria proposta ritualisticamente. Já nesta última posição, a direção da
diagonal deste ângulo está no sentido da mesa do Chanceler, que é a direção que ficaria a frente
do corpo do Maçom.
Assim, neste caso, para que o Maçom, na execução da Marcha Primária – marcha de Aprendiz
- ou da posição elementar de à Ordem, o seu corpo não ficaria na diagonal do ângulo formado,
mas, sim, na direção do cateto esquerdo – do pé esquerdo - aquele voltado para o Leste, para a
mesa do Venerável, desde quando ele terá que estar sempre com a frente do corpo voltado para
o Oriente.
Neste caso, o corpo do Maçom ficaria “de bandinha” – expressão que tirei da leitura de um dos
livros do insigne José Castellani – totalmente fora de esquadria, fora de perfil e fora de nível.
Insurjo-me, desta forma, pela má orientação do Ritual.
Este é o meu entendimento, meu caro Irmão Pedro Juk, para este procedimento, evidentemente
e sem dúvida que S.M.J. (salvo melhor juízo). Daí, encarecer-lhe o favor de emitir, também, um
parecer sobre este assunto.
Consegui Rituais da nossa Grande Loja, aqui da Bahia, (a GLEB), editados desde o ano de 1930,
cerca de 5 (cinco) exemplares, de períodos diferentes, onde se viam as seguintes orientações:
Assim meu Irmão Pedro Juk, é como entendo estas três questões. Compenetradamente não me
acho dono de verdade nenhuma. Daí sempre procurar auscultar o próximo para ampliar a
verdade, principalmente quando este próximo tem a condição ideal de esclarecimento como,
comprovadamente, no seu caso. Rogo-lhe, portanto, que me ajude, opinando ou indicando
alguma fonte onde qualquer destes assuntos tenha sido ventilado.
Considerações:
1 – O Sinal Penal é composto por dois movimentos distintos. O primeiro é a sua própria
composição (Gut.'., Cor.'. ou Ventr.'.). O segundo diz respeito à aplicação simbólica da pena
conforme o juramento.
Infelizmente inventaram esse nome de Sinal de Ordem para o Sinal Penal e deu no que deu.
Ora, o termo “Ordem” não é propriamente um Sinal nesse caso, todavia um modo de postura
corporal. Daí o correto é estar “à Ordem (significa preparado) compondo o Sinal Penal do Grau”.
Quando um protagonista estiver à Ordem isso significa que ele estará em pé com corpo ereto e
os pés unidos pelos calcanhares formando com eles uma esquadria aberta para frente. Dessa
postura então é que ele compõe o Sinal Penal do Grau, já que em se estando à Ordem sem
portar nenhum objeto, cumpre-se a obrigatoriamente da regra de que o protagonista compõe
imediatamente o respectivo Sinal.
Para desfazer esse Sinal, aplica-se simbolicamente o gesto inerente à pena proposta pelo Sinal,
seja ela G:., Cor:. ou Ventr:.
Ratificando: uma vez em se estando à Ordem compondo o Sinal, obrigatoriamente para desfazê-
lo, aplica-se o gesto da mencionada pena simbólica, seja um ato para simplesmente se desfazer
o Sinal, ou para proceder à saudação pelo Sinal, já que toda saudação é inexoravelmente feita
pelo Sinal.
Assim, é inexistente a prática de se desfazer diretamente um Sinal Penal sem antes proceder ao
gesto que lembra a respectiva aplicação simbólica da Pena.
À bem da verdade o que também não existe é esse título de Sinal de Ordem que insistentemente
tem acampado nos procedimentos maçônicos. Estar à Ordem sim, agora Sinal de Ordem é no
mínimo discutível e contraditório.
É oportuno mencionar o termo “de pé e à Ordem”. Pergunta-se: alguém ficaria à Ordem estando
sentado? Mera redundância haurida pelo excesso de preciosismo. Afinal estar à Ordem já se
subentende que o elemento obrigatoriamente estará em pé compondo o Sinal do Grau.
2 – Originariamente no REAA, não existe essa prática de se apontar o pé esquerdo para frente
- seja por ocasião da Marcha do Grau, ou na oportunidade em que se está simplesmente à
Ordem. Essa é postura de alguns outros Ritos e Trabalhos maçônicos.
A posição correta para os pés nessa prática no simbolismo do Rito Escocês é a seguinte: com o
corpo ereto e voltado normalmente para frente, unem-se os pés pelos calcanhares mantendo-se
o esquerdo apontado para o lado esquerdo a aproximadamente 45º de uma linha imaginária
longitudinal que passa pelo ponto onde se unem os calcanhares, enquanto que o pé direito vai
também apontado a 45º, porém para a direita dessa mesma linha imaginária. Essa posição
denota uma esquadria com o ângulo interno voltado para frente, cujo corpo também se mantém
de frente e não “de bandinha” como mencionava o saudoso Irmão Castellani.
Assim, a soma dos dois ângulos de 45º formados pelos pés em relação à linha imaginária é igual
a 90º (esquadria).
Infelizmente existe ainda a cultura de se misturar e enxertar procedimentos de Ritos uns nos
outros, enquanto isso, o equívoco vai se consolidando com inúmeros rituais ensinando posturas
equivocadas, sobretudo no simbolismo do Rito Escocês quando ainda vemos tantos Irmãos se
posicionando “de bandinha” (andando de lado) em certos procedimentos ritualísticos.
3 – Na verdade o que deve existir nas pancadas da bateria do Segundo Grau no Rito Escocês
Antigo e Aceito é que há nesse conjunto uma pausa maior de tempo entre o primeiro grupo de
percussão e o segundo. Essa é a questão para ser observada, nem tanto o ritmo das baterias
no o primeiro e segundo grupo.
À bem da verdade essa pausa maior entre os dois grupos, fez com que se adquirisse o hábito
de, ao se completar a bateria, as últimas pancadas fossem dadas em ritmo mais rápido.
Assim, em se tratando do ritmo das pancadas em cada grupo, desde que elas sejam dadas
sequencialmente e com um tempo maior entre o primeiro e o segundo grupo de pancadas que
os identifique, não faz diferença alguma – não importa se o segundo grupo é de andamento mais
rápido ou igual ao primeiro. O importante é a acentuação de tempo entre os dois grupos de tal
modo que o conjunto todo seja compreensivo àqueles que ouvirem a bateria.
Às vezes a prolixidade e o excesso de preciosismo faz com que alguns rituais acabem por
confundir o leitor. Sob a óptica da autenticidade e longe das ilações imaginárias apregoadas por
autores que não merecem aqui nenhum comentário, não há nenhum fundamento para explicar
se o ritmo é maior, menor ou igual nas pancadas que compõem cada grupo da bateria. O
necessário é que entre cada grupo de percussões exista um tempo que a torne compreensível e
a identifique conforme o Grau Simbólico do Rito em questão.
T.F.A.
PEDRO JUK – jukirm@hotmail.com
Fonte: JB News – Informativo nr. 2.078 – Melbourne (Vic.) sexta-feira, 10 de junho de 2016