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Comportamento Mecânico dos Materiais

Prof. Marco Antônio Meggiolaro

Laboratório I
Ensaio de Tração não Instrumentado
Lucas Affonso Guerreiro – 1610578
Rio de Janeiro, 24 de abril de 2019

1. Objetivo
O experimento do ensaio de tração não instrumentado busca analisar o comportamento mecânico
de um corpo de prova de vergalhão comum sob esforços externos de tração. Pretende-se obter
dados qualitativos e quantitativos a partir das informações fornecidas pela máquina manual univer-
sal de ensaios.

2. Introdução
O ensaio de tração baseia-se na aplicação de um esforço externo de tração axial num corpo de
prova padronizado, o que implica a deformação do material na direção do esforço, que tende a
alongá-lo até fraturar. Esse tipo de ensaio é amplamente utilizado, já que, a partir dos seus resulta-
dos, pode-se inferir propriedades mecânicas do material testado, tais como o módulo de elasticidade
(𝐸), a tensão de escoamento, o limite de resistência à tração e a tensão de ruptura. A Figura 1
abaixo ilustra, de maneira genérica, os componentes para realização de um teste de tração.

Figura 1. Representação esquemática de um ensaio de tração em um corpo de prova (em azul).

Os ensaios de tração são comumente realizados em máquinas universais de ensaio, nas quais é
possível trabalhar de diversas formas e realizar diferentes tipos de ensaios. Nas máquinas de en-
saio, os atuadores podem ser hidráulicos ou eletromecânicos. No primeiro caso, o pistão é movi-
mentado por injeção de óleo, enquanto máquinas eletromecânicas são baseadas em motores elé-
tricos, que permitem maior controle e precisão no deslocamento do cabeçote do pistão.
A variação dos parâmetros (força) e os resultados do ensaio podem ser controlados e medidos de
diversas formas. No caso mais simples, de um teste não instrumentado, nenhum dos parâmetros é
controlado digitalmente. A carga aplicada é controlada num relógio analógico que apresenta dois
ponteiros. Ambos seguem juntos de acordo com a aplicação da força, até o momento em que se
atinge a tensão de ruptura do corpo de prova (CP), em que um dos ponteiros retorna à marcação
inicial e o outro indica a carga de ruptura relacionada. Além disso, a aferição dos deslocamentos
também é analógica, usando-se um extensômetro de relógio comparador. Observe que, como trata-
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se de instrumentos analógicos, a imprecisão é alta, e os resultados podem apresentar elevados
erros.
Em outros casos, em que há instrumentação da bancada de testes, a força aplicada é medida com
mais precisão, assim como o deslocamento sofrido pelo corpo de prova. Além disso, a correlação
entre carga e deslocamento é mais precisa, já que não depende de duas avaliações visuais simul-
tâneas. As máquinas universais eletromecânicas, de maneira geral, apresentam características que
implicam um teste mais preciso.
Apesar das diferenças existentes, todos os tipos de ensaios visam à avaliação das propriedades
mecânicas do material testado, independente do grau de precisão e detalhamento.

3. Instrumentação e Metodologia
Como o objetivo da experiência é a realização de um ensaio não instrumentado, com avaliações
pouco detalhadas, os aparelhos selecionados devem se adequar ao requerido.
3.1. Instrumentos e Aparelhagem
O ensaio foi realizado em uma máquina universal de ensaios AMSLER®: uma máquina manual, em
que a força aplicada é controlada por um volante e o deslocamento é medido em um extensômetro
analógico. A Figura 2 (a) mostra a máquina utilizada, com destaque para o relógio de apresentação
da força aplicada e os dois registros para variação do deslocamento do pistão e da injeção de óleo.
Em segundo plano observam-se a coluna de aplicação de carga, com o pistão, as tubulações de
óleo, e a estrutura ilustrada na Figura 1. A Figura 2 (b), por sua vez, mostra o extensômetro insta-
lado no corpo de prova.

(a) Máquina Universal de Ensaios AMSLER® (b) Extensômetro de Relógio Analógico instalado.
Figura 2. Imagens reais dos aparelhos usadas no ensaio. Fotos de própria autoria.

O corpo de prova de seção circular usado foi obtido de um vergalhão estrutural de aço. O compo-
nente foi preparado e foram feitas as devidas marcações de referência na parte útil do corpo de
prova, usadas para determinar o comprimento inicial (𝐿𝑖 ). Da mesma forma foi medido o diâmetro
inicial do corpo de prova (𝑑𝑖 ).

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Uma das formas de acompanhamento e avaliação de resultados do teste é pelo gráfico qualitativo
elaborado pela movimentação da maquinaria. À medida que o pistão se desloca, um tubo cilíndrico
rotativo também se desloca e descreve o perfil do gráfico carga x deslocamento, sem valores. En-
tretanto, ao saber-se as cargas em determinados pontos característicos, é possível fazer relações
para interpretação numérica do resultado obtido. A Figura 3, abaixo, apresenta em evidência o com-
ponente da máquina responsável pelo processo descrito.

Figura 3. Destaque do componente de elaboração do perfil de carga x deslocamento no corpo de prova.

Essa aparelhagem já permite a realização do ensaio requerido e a análise dos resultados do


mesmo. A seção 3.2 abaixo detalha o procedimento feito ao longo do ensaio.
3.2. Metodologia do Experimento
A primeira parte do procedimento consiste na preparação do corpo de prova segundo normas téc-
nicas. Deve-se medir, com o auxílio de um paquímetro, os valores iniciais de diâmetro (𝑑𝑖 ) e com-
primento (𝐿𝑖 ) da parte útil, como mostra a Figura 4 abaixo.

Figura 4. Esquematização dos valores medidos no corpo de prova antes do início do ensaio.

Em seguida, a parte útil do corpo de prova é coberta de tinta e marcações milimétricas são feitas
para a leitura do comprimento final. Depois de validado, o corpo de prova é devidamente fixado à
coluna de testes usando-se as garras de fixação. Antes do início das anotações das medidas, deve-
se extrair os valores de pré-carga e pré-deslocamento. Nesse momento, o teste é iniciado.
O operador da máquina aumenta gradativamente o valor da carga aplicada. A cada aumento de
500 𝑘𝑔𝑓, anota-se a carga 𝐹, em 𝑘𝑔𝑓, e a deformação Δ𝐿, em 𝑚𝑚, associada. O primeiro fenômeno
a ser observado é quando a carga atinge a carga de escoamento. O limite de escoamento é ca-
racterizado por uma oscilação do ponteiro da máquina e por uma queda pontual no gráfico qualita-
tivo. A Figura 5 apresenta um gráfico típico de curva carga x deslocamento e o ponto de identificação
do limite de escoamento. Quando esses fatores forem identificados, anota-se o valor da carga cor-
respondente ao escoamento do material.

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Figura 5. Gráfico esquemático para identificação do limite de escoamento.

A partir desse momento, o operador aumenta a carga progressivamente, sem aferições, até que
ocorra a ruptura da peça. Quando a mesma ocorrer, um dos ponteiros retornará à marcação nula,
enquanto o outro marcará a carga de máxima. O comprimento final (𝐿𝑓 ) é obtido após a junção
dos dois componentes resultados da fratura do corpo de prova, e o diâmetro final (𝑑𝑓 ) é obtido na
seção da fratura. Observe na Figura 6 as medidas citadas.

Figura 6. Esquematização dos valores medidos no corpo de prova após a ruptura.

Com todas as aferições realizadas, é possível fazer o tratamento e interpretações dos dados para
estimar suas propriedades mecânicas.

4. Desenvolvimento Teórico
Essa seção visa a detalhar o procedimento teórico para determinação das propriedades mecânicas
do material analisado a partir dos dados coletados no ensaio. Vale ressaltar, em um primeiro mo-
mento, a relação existente entre deformação e deslocamento e a relação entre carga e tensão, para
fins de construção do diagrama tensão x deformação. A deformação é uma medida adimensional
que mitiga a influência do comprimento inicial da peça e a tensão leva em consideração a área de
atuação da carga:
Δ𝐿 𝐿 − 𝐿𝑖 𝐹
𝑒= = 𝑆= Eq. 1
𝐿𝑖 𝐿𝑖 𝐴0

Observe que, para a construção dos gráficos de tensão x deformação, usamos as tensões de en-
genharia (𝑒), que se trata de uma deformação média das deformações ao longo de um comprimento
𝐿 não constante durante o ensaio considerando-se o comprimento inicial. Da mesma forma trata-
mos a tensão, que é avaliada na área nominal 𝐴0 antes do início do ensaio.
4.1. Rigidez (𝑬)
A rigidez é medida pelo módulo de elasticidade, ou módulo de Young. Em um material, é dado pelo
coeficiente angular da reta (derivada) que define o regime elástico do material no gráfico de tensão
x deformação. Desse modo, é possível determinar esse coeficiente angular por uma regressão li-
near com os pares (deformação; tensão) antes do limite de escoamento do material, como mostra
a Figura 7 abaixo.

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Figura 7. Ilustração do procedimento de estimativa de módulo de elasticidade a partir da regressão dos pares (𝐞, 𝑺).

4.2. Tensão de Resistência a Escoamento (𝑺𝑬 )


A tensão de resistência a escoamento, ou limite de escoamento, é a tensão a partir da qual ocorre
o fenômeno do escoamento. É importante para a definição do coeficiente de segurança das estru-
turas, uma vez que normalmente se busca trabalhar dentro do regime elástico, cuja delimitação é
dada pelo limite de escoamento. A partir desse momento, há deformação plástica no material se a
carga aplicada aumentar. A equação Eq. 2 apresenta a relação que fornece o limite de escoamento:
𝐹𝐸
𝑆𝐸 = Eq. 2
𝐴0

onde 𝐹𝐸 é a força quando se inicia o escoamento e 𝐴0 é a área útil do corpo de prova antes do iní-
𝜋𝑑𝑖2
cio do ensaio, 𝐴0 = .
4

4.3. Tensão de Resistência à Tração (𝑺𝑹 )


A tensão de resistência à tração é obtida avaliando-se a maior força aplicada no corpo de prova, e
corresponde à tensão de engenharia máxima no corpo de prova. A força relacionada é determinada
diretamente pelo relógio analógico da máquina. É obtida por meio da relação abaixo:
𝐹𝑚á𝑥
𝑆𝑅 = Eq. 3
𝐴0

onde 𝐹𝑚á𝑥 é a força máxima ao longo do ensaio e 𝐴0 é a área útil do corpo de prova antes do início
do ensaio.
4.4. Tensão de Ruptura (𝑺𝑼 )
A tensão de ruptura é a última tensão de ensaio, aquela que determina o seu fim. A partir do limite
de resistência, ocorre estricção, e a redução da área da seção transversal, e, assim, a tensão real
aumenta até que ocorre a fratura do corpo de prova – apesar de a tensão de engenharia apresentar
uma queda, já que a força diminui para uma mesma área inicial. O valor da tensão aparente asso-
ciada é dado pela seguinte relação:
𝐹𝑈
𝑆𝑈 = Eq. 4
𝐴0

onde 𝐹𝑈 é a última força anotada pelo ensaio antes da ruptura do corpo de prova e 𝐴0 é a área útil
do corpo de prova antes do início do ensaio.
4.5. Valores Reais e Valores de Engenharia
Observe que todas as propriedades e tensões foram determinadas com base na área inicial do
corpo de prova, e não com a área correspondente no momento de aplicação da força analisada.
Isso é feito no meio da engenharia já que seria muito custoso definir a área da seção transversal

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para todos os momentos do ensaio. Desse modo, as relações abaixo ajustam as tensões e defor-
mações de engenharia (𝑆 e 𝑒 respectivamente) para as reais, com base no princípio de que, nas
deformações no regime plástico, os volumes são constantes:

𝜎 = 𝑆(1 + 𝑒) Eq. 5

𝜖 = ln(1 + 𝑒) Eq. 6

Para pequenas deformações, expandindo as relações acima em séries de potências e desprezando


os termos de ordem superior, concluímos que 𝜎 ≅ 𝑆 e 𝜖 ≅ 𝑒.
4.6. Redução de Área (RA)
A estricção ocorre depois de a carga máxima ser atingida. A estricção é a redução da seção trans-
versal do corpo na região onde ocorrerá a ruptura. A estricção pode ser “medida” a partir da redução
da área da seção transversal no trecho em que ocorre o fenômeno. A redução de área é um dos
indicadores da ductilidade do material. A relação abaixo explica o procedimento de cálculo da gran-
deza:

𝑑𝑖2 − 𝑑𝑓2
𝑅𝐴 = Eq. 7
𝑑02
5. Resultados
As primeiras aferições feitas foram relacionadas ao diâmetro e ao comprimento iniciais, que resul-
taram nos seguintes valores:
Tabela 1. Resultados obtidos nas medidas de parâmetros iniciais do corpo de prova.

Dados Iniciais do Corpo de Prova


Diâmetro Inicial (𝑑𝑖 ) 8 mm
Comprimento Inicial (𝐿𝑖 ) 55 mm

Após fixado o corpo de prova, mediu-se a pré-carga e a deformação associada antes do início do
ensaio. Os resultados estão expostos na Tabela 2 abaixo:
Tabela 2. Resultados da pré-carga aplicada no corpo de prova.

Dados de pré-carga
Pré-carga Deformação Δ𝐿
170 kgf 0,01 mm

Em seguida, à medida que o operador da máquina foi aumentando a carga aplicada, a cada 500
𝑘𝑔𝑓 aumentados, foi anotada a deformação longitudinal associada. Esse procedimento foi feito até
a detecção do escoamento do material, isso é, os dados obtidos estão dentro da região de compor-
tamento elástico.
Tabela 3. Resultados das medidas de carga e deformação no regime elástico

Cargas e Deformação (𝚫𝑳) associada


no regime elástico
Carga (kgf) Deformação 𝚫𝑳 (mm)
500 0,050
1500 0,073
2000 0,10
2500 0,12
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Nesse momento, é possível transformar os dados de força e deslocamento para tensão (𝑆) e de-
formação (𝜎). A tensão será dada pela razão entre a força aplicada e a área nominal 𝐴0 = 𝜋𝑑𝑖2 /4
enquanto a deformação segue a equação Eq. 1. Como os dados de tensão são comumente apre-
sentados em Pascal (𝑃𝑎 = 𝑁/𝑚2 ), faz-se necessário converter os valores de quilograma-força para
Newtons. Nessa conversão, adota-se o valor da gravidade local como 𝑔 = 9,81 𝑚/𝑠 2 . A Tabela 4
apresenta os resultados desse procedimento.
Tabela 4. Valores de tensão e deformação de engenharia

Tensão e Deformação associada


no regime elástico
Tensão (𝑷𝒂) Deformação 𝒆
3,3 × 107 1,8 × 10−4
9,8 × 107 9,1 × 10−4
2,9 × 108 1,3 × 10−3
3,9 × 108 1,8 × 10−3
4,9 × 108 2,2 × 10−3

O Gráfico 1 abaixo representa os dados contidos na Tabela 4 para visualização da tendência linear.
Uma regressão linear, utilizando o método de mínimos quadrados, pode ser feita para determinar a
reta que melhor se enquadra na dispersão dos pontos apresentados.

Diagrama Tensão x Deformação


Regime Elástico
600,00

500,00
Tensão S (GPa)

400,00

300,00

200,00

100,00

0,00
0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0025

Deformação 𝒆

Gráfico 1. Representação gráfica dos dados contidos nas tabelas 2 e 3.

Aplicando-se o método de mínimos quadrados para determinar a regressão linear dessa distribui-
ção, com a condição de que a reta deve interceptar a origem dos eixos (cuja explicação física é de
que, sem carga aplicada, não há deformação), determina-se uma linha de tendência que também é
apresentada no gráfico acima. A equação da reta é dada por:
𝑦 = 226,3 𝒙 [𝐺𝑃𝑎] Eq. 8

onde 𝑦 é a tensão aplicada e 𝑥 é a deformação associada. Como desenvolvido na seção 4.1, esse
valor representa o módulo de elasticidade (E) do material.
Em seguida, observou-se o início do escoamento do material – identificado pela queda do perfil
qualitativo elaborado pela máquina, e anotou-se a carga de 𝐹𝐸 = 2.760 𝑘𝑔𝑓, que representa 𝐹𝐸 =
27.076 𝑁. Segundo a equação Eq. 2, o valor do limite de escoamento é dado por:
𝐹𝐸
𝑆𝐸 = = 539 𝑀𝑃𝑎
𝐴0
7
O limite de resistência é calculado pela força máxima aplicada, que é determinada pelo ponteiro do
relógio analógico da máquina, segundo a equação Eq. 3:
𝐹𝑚á𝑥
𝑆𝑅 = = 707 𝑀𝑃𝑎
𝐴0
O processo de determinação da tensão de ruptura não é direto. Apesar de o gráfico confeccionado
pela máquina ter caráter qualitativo, é possível extrair valores por comparações. Após o término da
experiência, elaborou-se, na mesma folha de confecção do gráfico, uma linha referente à carga de
5.000 kgf e uma linha referente à carga nula. Na própria bancada de testes, mediu-se a distância
entre essas duas linhas, de maneira a obter-se uma relação entre distância e carga; assim, temos
que 10 cm representam 5.000 kgf.
A carga de ruptura pode ser estimada por esse procedimento. Medindo-se a distância entre o eixo
nulo de referência e o ponto de ruptura, e aplicando a relação anterior, chega-se a uma carga de
2.320 kgf. A Figura 8 apresenta o gráfico confeccionado e as medidas realizadas.

Figura 8. Fotografia do gráfico confeccionado pela máquina.

Seguindo o procedimento de cálculo para tensão de ruptura apresentado em 4.4, calcula-se que:
𝐹𝑈
𝑆𝑈 = = 453 𝑀𝑃𝑎
𝐴0
Como, após a ruptura, mediu-se o comprimento final 𝐿𝑓 e o diâmetro final 𝑑𝑓 do corpo de prova, é
possível também determinar a tensão de ruptura verdadeira 𝜎𝑈 , dividindo-se a carga de ruptura pela
área de ruptura. A Tabela 5 apresenta os resultados das aferições pós-ensaio.
Tabela 5. Resultados obtidos nas medidas de parâmetros finais do corpo de prova.

Dados Finais do Corpo de Prova


Diâmetro Final (𝑑𝑓 ) 4,75 mm
Comprimento Final (𝐿𝑓 ) 62 mm

A tensão real de ruptura é dada, então, por:


𝐹𝑈
𝜎𝑈 = = 1.284 𝑀𝑃𝑎
𝐴𝑈
Dado o comprimento final, também é possível determinar a deformação de engenharia no momento
da ruptura:

8
Δ𝐿
𝑒𝑈 = = 0,13
𝐿𝑖
A redução de área avaliada após o fenômeno da estricção foi de 𝑹𝑨 = 64,7 %, o que corrobora a
justificativa de que a tensão real no corpo de prova aumentou devido a uma redução da área da
seção, e não do aumento efetivo de carga.

6. Análise de Resultados
Os principais tipos de aços usados em vergalhões estruturais são o aço CA-50 (mais utilizado), o
CA-60 e o CA-25, a Tabela 6 apresenta algumas características mais comuns para os materiais
encontrados no mercado:
Tabela 6. Resultados obtidos nas medidas de parâmetros finais do corpo de prova.

Propriedade CA-50 CA-60 CA-25


Módulo de Elasticidade ~ 210 GPa
Limite de Escoamento 500 MPa 600 MPa 250 MPa
Limite de Resistência 550 MPa 660 MPa 300 MPa
Fonte: http://www.acofer.ind.br/vergalhao-para-construcao-civil.html

O resultado encontrado de módulo de elasticidade (E) de 226,3 GPa, se comparado aos valores
apresentados na tabela acima, é bastante satisfatório. A possibilidade de aquisição de alguns pares
de dados (carga e deslocamento) corrobora uma maior flexibilidade no método de cálculo e conse-
gue justificar valores tão próximos.
A resistência ao escoamento calculada (𝑺𝑬 ) de 539 MPa também se apresenta muito aceitável
em relação à faixa apresentada. De modo semelhante, a resistência à tração máxima (𝑺𝑹 ), cal-
culada em 707 MPa, é bem aceitável.
Uma outra análise interessante é o valor da tensão real de ruptura que, conforme esperado, é maior
que a tensão aparente de ruptura, isso é, 𝝈𝑼 > 𝑺𝑼 . De fato, a ruptura do componente ocorre quando
ocorre a maior tensão no corpo, que acontece pelo fato de a área da seção diminuir em virtude do
fenômeno de estricção. O valor real da tensão de ruptura também é maior que o valor real da tensão
no ponto de carga máxima (𝑆𝑅 ), como mostram os perfis esperados na figura abaixo.

Figura 9. Comparação dos perfis de tensão aparente e tensão real.

Se levarmos em consideração as fontes de erro tal como a dificuldade de visualização dos ponteiros
(no relógio do extensômetro e da marcação da força) e as possíveis incertezas e instabilidades da
própria máquina, o resultado comparativo mostra que o ensaio obteve sucesso e mostrou-se razo-
ável para determinação de propriedades mecânicas do material dentro de certos níveis de confiança
e detalhamento.

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7. Conclusão
Baseando-se na análise apresentada na seção anterior, entende-se que o ensaio de tração atingiu
o objetivo de terminar as propriedades desejadas. Sendo uma máquina não instrumentada, o me-
canismo de aquisição de dados dificulta a precisão dos resultados, mas não impossibilita sua inter-
pretação e validação. Por outro lado, caso se esteja buscando valores mais precisos ou a confecção
de uma curva tensão x deformação mais completa, sugere-se instrumentar a bancada de teste de
maneira a permitir a aquisição dos dados necessários.

8. Bibliografia
HIBBELER, R.C., Resistência dos materiais, 7ª ed., Pearson, São Paulo, 2010
J. M. Gere e B. J. Goodno “Mecânica dos Materiais”, 7a Ediçãao, Cengage Learning, 2010
http://www.acofer.ind.br/vergalhao-para-construcao-civil.html
Acesso em 22/04/2019;

https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/232084/mod_resource/content/0/PMT3100_Aula%2008_2014_2.pdf
Acesso em 21/04/2019;

https://www.materiais.gelsonluz.com/2017/10/ensaio-de-tracao.html
Acesso em 21/04/2019;

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