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™ + AMI dete oe Testemunho e direito. A testemunha em processo Problema filos6fico, 0 testemunho é também uma categoria empirica. Remete a prdtica efetiva do direito. E no recinto institu- cional e judicidrio do tribunal que o testemunho é construido, dito ¢ ouvido. O tempo do testemunho é assim definido pelo espago- tempo do processo, orientando o olhar para 0 lado da vida do direito e da pratica judicidria. Em direito, o testemunho designa uma categoria de “provas” especificas que remetem ao fato de testemunhar para que a verda- de seja “feita” e a justica aplicada. A prdtica judiciaria formula as 87 ices para que ve deverd dizer-se™ con oes a eeuindo as quais deverd di aitsnee crever sua validade. O define as re u a poderao circ xe entos que po ie ous walidades i ind entio uma pratica regulamer ronrara enti no judicatério. No entan. temunho nao é toda a fala juridica. Constitui somente to, o tester Otestemunhal, portanto, inscre um £0 civil 1 dispo. "etidicos ais um julgamento justo pod m 0 direito entao de esperar do testemunhg? E a certeza ou a exatidao que determina o fim do TOCE Ss? : O uso comum do testemnho o concebe eee de discurso: “O testemunho tem de inicio Situacig s ‘ico um sentido quase empy- rico: designa a acdo de testemunhar, isto é, de telatar o que se yj ou ouviu. [...] Digo “quase empiric’ ‘ a propria percepeao, mas ‘Transport ditas”! momento, uma etapa. O testemunho, aquilo que o Cédi designard pela expressao “prova testemunhal”situa-se nur sitivo juridico preocupado em coletar dados to precisos y quanto possivel, gragas aos qu: Td ser realizado. O que se te J, a narracy a, por conseguinte, as Coisas vistas . Se testemunhar é w quanto esta € por origem e costt- me que a fala predomina sobre a violéncia”, No entanto, essa —_ LP. Ricogur, Uherme de la Philosophie, Seuil, 19 filosofia, Sao Paulo, Loyol 2.Ip., Le juste, Esprii trad. Vasco Casimiro, Lis me — neutique du témoignage, in Lectures 3. Aunts 94, p. 110-111 [Ed. br.: Leituras 3 — Nas front a, 1996. (N. do'T’)] oe t, 1995, p. 10 [Ed. port: O justo ou a esséncia da justo boa, Instituto Piaget, 1997. (N. doT.}} go teste? . Transmissao: uma fiosofia - sa. Em seu Ambito, “a proibigcio do falso testemunho [...], a0 proteger a instituicdo da linguagem, instaura o vinculo de confianga mtitua entre os membros de uma mesma comunidade lingufstica”’ O testemunho em direito seria sustentado, portanto, por uma atica do testemunho, Varios regimes de testemunho estao presentes na vida do direito: o testemunho prestado, o testemuunho recebido no plano da legalidade, mas também a ética do testemunho no plano da moralidade. O testemunho poe assim em novos termos a questao da articulacdo entre a moral ¢ 0 direito. Falso testemunho e testemunho, na vida do direito, questionam oato de dara palavra, Evidenciam a fragilidade da prova de verdade que constitui o conjunto de um processo. A prépria expressao “prova testemunhal” que produz o direito exprime essa ambiguidade, uma vez que_o testemunho nao é, propriamente falando, uma prova, A ritica judiciaria, que pode ser concebida como construgao de uma hermenéutica do testemunho, ao querer rebaixar o testemunho ao estatuto de prova, ndo deixa de saber que nao é uma prova, Que lugar ocupa o testemunho, entao, nesse dispositivo insti- tucional particular que € 0 aparelho judiciario? Como o judiciario controla a validade do testemunho? O que podem nos ensinar, em semelhante contexto, ura hermenéutica da produgio do testemu- “ae nho e uma hermenéutica de sua recepga0? Como articular teste- Phe { munho em direito ¢ ética do testemunho? Se o testemunhoéum 4 (& elato, envolve esse relato uma relacdo de uma subjetividade, uma vez que o testemunho é inseparavel da intengao de testemunhar? Pode-se separar testemunho e promessa no debate entre coeréncia juridica e justiga? F. possivel a distingao entre o falso testemunho e a mentira? 3. Ibid., p, 213 Testemunt 0 @ direito. A testemunha em p ©

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