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A Revolução Somos Nós – Joseph Beuys

Edições SESC/SP

Antonio d’Avossa
Joseph Beuys – A revolução somos nós
P. 11 “Não tenho nada a ver com a política: conheço somente a arte”
Joseph Beuys é “o homem que quer transformar a política em arte”. Beuys é um dos marcos
na história da arte contemporânea expandindo os limites daquilo o que era considerado arte
tradicionalmente. “Seu conceito ampliado de arte representa o ponto de partida e de chegada
de uma concepção da criatividade humana que não pode mais ser circunscrita apenas à arte,
mas que inclui dentro de si outras disciplinas, a começas pela política e da economia; e, com
estas, todas as problemáticas sociais que demandam uma transformação real e radical”.
“Transformar, mudar, melhorar, indicar, moldar, comunicar, por meio da intuição, da ação,
da energia, do pensamento da solidariedade, da criatividade. Para Joseph Beuys, essas
palavras são ações do pensamento, concretizam a possibilidade mais alta e profunda de
conceber a política como um procedimento criativo, que coloca em primeiro lugar – ou
melhor, no centro de suas práticas – o próprio homem e sua liberdade.”
“escultura social”
Em 1971 Beuys exibiu sua obra nomeada “A revolução somos nós” que, de acordo com
d’Avossa empliou o conceito de arte abarcando todo o gênero humano. A partir de então seu
trabalho se volta para o homem, aquele nega seus status de passividade a fim de exaltar a
atividade, a criatividade e a vitalidade empenhadas “na metamorfose e na transformação da
estrutura social em um organismo gerador de criatividade libertadora”. (p. 12)
Para Beuys, qualquer transformação social se baseia na tríade nós, você e eu, devendo ser
posta em prática com a criatividade inerente a qualquer pessoa. “Todo homem é um artista”,
dizia Beuys. “Todo homem possui um capital de criatividade, em todos os campos. Este é o
único capital humano verdadeiro. Kunst = Kapital (BEUYS apud d’AVOSSA, p. 12).
Em relação ao significado da expressão “A revolução somos nós”Beuys explica: “Quero
dizer que as pessoas poderiam fazer a revolução se usassem seu próprio poder. Mas elas não
estão conscientes do enorme poder que têm, e é por isso que não faz nenhuma revolução. É
isto que quero dizer com este slogan. Mais uma vez as pessoas têm o poder de mudar a
situação, mas não têm consciência disso. Por isso reputo como meu dever informá-las do
enorme poder que possuem, e vou trabalahr cada vez mais por essa causa”. (BEUYS apud
d’AVOSSA, p. 12). Trata-se de restituir ao homem a capacidade criativa transformadora.
“Para se comunicar, o homem se serve da linguagem, usa gestos, a escrita, picha um muro,
pega a máquina de escrever e extrai letras dela. Em resumo, usa meios. Quais meios usar para
uma ação política? Eu escolhi a arte. Fazer arte é, portanto, um meio de trabalhar para o
homem, no campo do pensamento. Este é o lado mais importante do meu trabalho. O resto,
objetos, desenhos, performances, vem em segundo lugar. No fundo, não tenho muito a ver
com a arte. A arte me interessa apenas enquanto me dá possibilidade de dialogar com o
homem”.

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